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A TRANSVERSALIDADE ENTRE ENSINO SUPERIOR E A

EDUCAÇÃO BÁSICA NA BUSCA DE UMA EDUCAÇÃO PARA A PAZ

SALLES FILHO, Nei Alberto – NEP/UEPG/PR


prof.neialberto@hotmail.com

OLIVEIRA, Márcia Alves de – SMEPG/PR


malvesoli@bol.com.br

ALMEIDA, Maria de Fátima Mello de – SMEPG/PR


fatiall@bol.com.br

Eixo Temático: Violências nas escolas


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente trabalho vem discutir a complexidade do cotidiano escolar, o contexto diverso em


que questões voltadas às relações humanas e interpessoais estão presentes e a necessidade da
formação continuada e da transversalidade entre ensino superior e educação básica sendo a
escola o lugar favorável e propício a trabalhar os conflitos, a convivência e os valores, já que
“conflito e convivência são duas realidades sociais inerentes a toda forma de vida em
sociedade”. (JARES, 2006, p. 17). Noções de paz em uma perspectiva de Educação para a
Paz, Convivência e de uma Cultura de Paz são necessárias e primordiais em nossos dias,
qualificando nossa formação através de uma pedagogia dinâmica e que ressalta mudanças de
atitudes no que se refere à formação inicial, acadêmica e continuada. Com base nestas
questões e principalmente nas palavras de Freire (1979, p.84): "Educação não transforma o
mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo", a Universidade Estadual de
Ponta Grossa buscou aproximar teoria, realidade e prática bem como as diversas modalidades
de ensino com a criação em 2008 do Núcleo de Estudos e Formação de Professores em
Educação para a Paz e Convivências, NEP, que através da formação continuada, que tem
como eixo principal nortear discussões e práticas a partir da realidade de cada instituição
embasada em autores que buscam a sistematização das idéias centrais em torno da educação
para a paz, cultura de paz e violência, ao aliar todas as dimensões do ser humano. Ressalta-se
que o NEP atua em parceria com as escolas das redes municipal e estadual de educação,
professores de ensino superior, acadêmicos de diversas licenciaturas, famílias e comunidade.
Em suas ações estão à realização de grupos de estudos, seminários temáticos, palestras,
formação continuada, página na internet e redes virtuais, trabalhos de conclusão de curso de
graduação e especialização.

Palavras-chave: Educação para a Paz e convivência. Formação continuada. NEP


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Introdução

Na complexidade do cotidiano escolar e sendo este espaço voltado a receber em seu


interior a diversidade que envolve o ser humano, devemos pensar na educação que nela deve
ocorrer enquanto lugar favorável e propício a trabalhar os conflitos, a convivência e os
valores, já que “conflito e convivência são duas realidades sociais inerentes a toda forma de
vida em sociedade”. (JARES, 2006, p. 17)
Em um contexto diverso muitas questões voltadas as relações humanas e interpessoais
estão presentes e ao pensar em todas as situações de conflito e violência que presenciamos no
dia a dia em nossa sociedade ressalta-se a necessidade de uma educação que trabalhe de
diferentes formas valores, ressignificando-os, para atender a amplitude do desenvolvimento
humano.
Noções de paz em uma perspectiva de Educação para a Paz1 e Convivência bem como
de uma Cultura de Paz são necessárias e primordiais em nossos dias, qualificando e
construindo nossa formação através de uma pedagogia dinâmica e que ressalta mudanças de
atitudes no que se refere à formação inicial, acadêmica e continuada.
Em uma abordagem de aprendizagem significativa e que envolve a construção do real
e que esclarece a importância da Educação para a Paz fazer parte do currículo escolar não
apenas como mais uma matéria deste, o MEC (1989, pg.23) nos afirma que:

A escola é a instituição onde os cidadãos iniciam a aprendizagem daqueles valores e


atitudes que asseguram uma convivência livre e pacífica [...], o lugar onde se
convive na tolerância e na igualdade, contribuindo assim, mais ainda do que
mediante os conhecimentos, para iniciar a vida social e democrática de crianças e
jovens.

A paz, valor emergente e amplamente discutido na atualidade passa a ter um


significado maior na formação das novas gerações e nos sistemas educacionais em uma
dimensão transversal, iniciando na educação infantil, passando pelo ensino fundamental,
aprofundando-se no ensino médio e adentrando as discussões nas universidades, ou seja,
todos os níveis de escolaridade, com a finalidade de destacar as capacidades, habilidades e
sensibilizar os sujeitos que se encontram imersos em uma sociedade que historicamente foi

1
EDUCAÇÃO PARA A PAZ: processo contínuo e permanente, de educação em valores, com fim e meios
acordes, desde e para a ação, com dimensão transversal.
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criada no conflito e na violência buscando-se ações pedagógicas que atendam a essa dimensão
de currículo, pois, nas palavras de Comenius:

os pontos fracos da natureza humana não podem ser prevenidas eficazmente a não
ser quando se evitam desde a juventude [...] Por essa razão, se quereis ver
ordenados, verdes e floridos os povos, as escolas, as casas, fundai antes de tudo as
escolas e conseguireis que com o ensino e a prática apropriada reverdeçam e sejam
uma arte verdadeira e oficinas de virtudes (COMENIUS, apud LOPES, 1984,
p. 210)

Ressalta-se ainda que as discussões, objetivos, metodologia do tema transversal


educação para a paz enquanto parte integrante do currículo deve ser adequada à faixa etária
que se estiver trabalhando, daí à importância e a necessidade de se desenvolver uma formação
continuada que possibilite aos profissionais que atuam na educação terem respaldo teórico e
prático para articular propostas pedagógicas que venham de encontro às reais necessidades da
modalidade de ensino a qual atendem.
De acordo com Milani e Guimarães para se construir uma Cultura de Paz passa-se por
uma transformação e reconstrução na qualidade das relações sociais, portanto para que esta de
fato ocorra em nossa sociedade, é necessário antes de tudo passar por uma mudança de
paradigma, com ações concretas com o objetivo de refletir sobre fatos reais e de qual é a
leitura destes fatos pelos sujeitos envolvidos.
Nas palavras de Behrens (2006, p. 16) “A educação tem papel relevante nesse
movimento de reconstrução, pois precisa propiciar meios para soterrar o paradigma
conservador vigente e com ele o processo de injustiça, a visão individualista e competitiva, a
violência e o desrespeito aos direitos humanos”. Nessa perspectiva cabe aos educadores que
são os responsáveis pela formação de caráter e personalidade das novas gerações buscarem
meios, alternativas e trabalhos pedagógicos que lhes proporcione conhecimentos científico,
acadêmico e prático para mediar situações complexas do cotidiano escolar.
O professor/educador tem papel de extrema relevância no que se refere à educação
para a paz enquanto atividade pedagógica sendo ele o mediador, o articulador e o orientador
de mudanças significativas nas situações de conflito, podendo ou não torná-lo positivo a partir
de suas intervenções, qualificando as relações, onde o ouvir, o olhar, o falar e principalmente
o sentir passam a ter mais expressão e o respeito a si mesmo e ao outro ficam evidenciados.
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Segundo Jares (2006, p. 20), a pedagogia da convivência tem conteúdos de natureza


distinta, portanto nossa história de vida nos dá caminhos e instrumentos para o conhecimento
e para a vida de forma pró ativa. Segundo Jares, esses conteúdos podem ser agrupados em três
categorias:

Conteúdo de natureza humana: o direito à vida e a paixão da vida, a dignidade, a


felicidade, esperança.
Conteúdo de relacionamento: ternura, respeito, não-violência, a aceitação da
diversidade e a rejeição de qualquer forma de discriminação, a solidariedade, a
igualdade
Conteúdo de cidadania: justiça social e o desenvolvimento, o secularismo, o estado
de direito, direitos humanos. (JARES, 2006, p.20)

Neste sentido ainda cabe observar e destacar o que a UNESCO2 diz através do
Manifesto 2000 por uma Cultura da Paz e Não Violência3, estabelecendo seis princípios para
se buscar uma cultura de paz ressaltando-se os quatro pilares da educação que fazem parte
integrante do relatório enviado a UNESCO pela comissão internacional de educação sob a
coordenação de Delors (1997): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e
aprender a ser.
Com base nas questões acima citadas e principalmente nas palavras de Freire ( 1987,
p.87): "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o
mundo", a Universidade Estadual de Ponta Grossa buscou aproximar teoria, realidade e
prática bem como as diversas modalidades de ensino com a criação do NEP4 que através da
formação continuada, que tem como eixo principal nortear discussões e práticas a partir da
realidade de cada instituição embasada em diversos autores que buscam a sistematização das
idéias centrais em torno da educação para a paz, cultura de paz e violência.

NEP

A trajetória da existência do Grupo de Extensão Universitária denominado Núcleo de


Formação de Professores em Educação para a Paz e Convivências, com a abreviatura de
NEP/UEPG está se fazendo através do trabalho de professores do ensino superior da UEPG

2
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
3
Preservar a vida, rejeitar a violência, ouvir para compreender, ser generoso; preservar o planeta e redescobrir a
solidariedade
4
Núcleo de Estudos e Formação de Professores em Educação para a Paz e Convivências
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juntamente com professores do ensino fundamental da Rede Municipal e Estadual de Ponta


Grossa.
A possibilidade de um grupo de extensão onde se alia o conhecimento científico das
universidades com a prática dos professores do ensino fundamental surgiu após um projeto de
pesquisa intitulado “Configurando elementos teóricos e práticos da Educação para a Paz”,
realizado entre os anos de 2004 e 2006, onde ao seu término houve uma grande reflexão sob
os dados e resultados encontrados. Esta reflexão estava pautada sob qual o melhor caminho a
seguir, como fazer com que o trabalho com a Educação para a Paz pudesse se efetivar de
forma produtiva que levasse a uma educação participativa e dialógica.
O resultado dessa reflexão foi à criação do NEP/UEPG em 2008 com a preocupação
com a formação inicial e continuada dos professores que estão ou irão estar em salas de aula,
trabalhando com alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, resolvendo conflitos,
praticando a Educação Inclusiva e formando um ser humano por completo.
Em Alves, temos:

Sabemos que uma política de formação profissional direcionada para nossa realidade
precisa, pois, nascer no chão da escola para voltar-se a ela, atentando para as
múltiplas dimensões em sua formação e implementação, capazes de construir
competências coletivas e definir a intencionalidade da prática educativa. (ALVES,
2009, p.94)

Ao perceber a formação do professor e que esta está aliada a Educação para a Paz
possibilita uma escola voltada para os valores humanos, para as discussões sobre as questões
ambientais, para a mediação de conflitos e principalmente de respeito ao ser humano que está
sob a orientação desse professor.
No grupo de estudos têm-se como base três palavras – violências, paz e conflitos – as
quais podem originar situações de paz ou de violências em nossos relacionamentos pessoais,
sociais e até profissionais.
Observando as escolas, professores, alunos, funcionários e pais verifica-se que em
algumas situações o stress, a falta de tempo, os inúmeros compromissos, a televisão e a falta
de diálogo estão ocasionando conflitos que em algumas situações acabam gerando a violência
dentro e fora da escola.
Perante este cenário o NEP/UEPG, formado por professores do ensino superior e
ensino fundamental, alunos de curso de graduação de Pedagogia e demais licenciaturas
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promove encontros para estudos teóricos, cursos, seminários, palestras, mesas-redondas,


direcionados nas discussões sobre paz, violência, conflitos, relacionamentos, práticas
educativas e possibilidades de parcerias que possam contribuir para a melhor compreensão da
realidade em que estamos inseridos.
A mudança de pensamento inicialmente deve acontecer de dentro para fora de cada
pessoa, porém a educação formal, a escola em si, pode contribuir e muito nesta mudança de
conceitos e atitudes e formação das novas gerações para que sejam comprometidas com a
Educação para a Paz, a Educação Ambiental e principalmente com a mediação de conflitos na
busca de uma sociedade sensível, humana e participativa. Segundo (ASSMANN,2007, p. 26)
“ A educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social necessária para
reorientar a humanidade.”
Na busca dessa educação sensível as questões sociais presentes, iniciou-se o trabalho
de formação interna dos membros do NEP/UEPG, onde se realiza aprofundamento teórico de
autores relacionados com os temas abordados no parágrafo anterior seguido de discussão
sobre os mesmos, leitura de mundo através da observação de cada participante, planejamento
de cursos e palestras, momento de sensibilização e de aprender a escutar o outro.
Em (FREIRE, 1996, p. 135): “Como sujeito que se dá ao discurso do outro, sem
preconceitos, o bom escutador fala e diz de sua posição com desenvoltura. Principalmente
porque escuta, sua fala discordante, em sendo afirmativa, porque escuta, jamais é autoritária”.
As reflexões realizadas na formação interna dos participantes levou a criação do Curso
de Formação em Educação para a Paz, onde é ofertado à professores do ensino fundamental e
médio das escolas da região e a outros profissionais de áreas afins que desejam conhecer e
aprofundar os temas sobre Educação para a Paz.
Nos cursos procura-se aliar a teoria sobre Educação para a Paz, Educação Ambiental,
mediação de conflitos com práticas pedagógicas que possibilitem aos participantes algumas
formas de se trabalhar os temas propostos e principalmente proporcionar aos mesmos uma
reflexão sobre a sua própria vida e os valores que traz dentro de si e o que realmente deseja de
seus alunos.
Como diz (FREIRE, 1996, p. 33-34) “Por que não discutir com os alunos a realidade
concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em
que a violência é a constante e a convivência de pessoas é muito maior com a morte do que
com a vida”, nesta perspectiva elaborou-se o curso de formação dividido em três etapas:
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 Curso de Formação – realizado durante três dias no período de recesso escolar no mês
de julho, sendo manhã e tarde. O curso é dividido em duas partes: parte teórica e
histórica sobre a Educação para a Paz, práticas pedagógicas que podem ser aliadas aos
conteúdos curriculares, vivências que possibilitando uma maior sensibilização com as
questões afetivas, sociais e pessoais. Trabalha-se também a questão de mídias,
Educação Ambiental e a mediação de conflitos.
 Projeto de intervenção escolar – este dura um semestre e possibilita ao cursista
colocar em prática seus conhecimentos sobre Educação para a Paz, dentro de suas
realidades, procurando na medida do possível envolver a equipe gestora, funcionários,
professores, alunos e pais. Todos envolvidos em discussões e ações sobre violência e
paz.
 Mesas-redondas – estas são realizadas mensalmente e tem como objetivo de
aprofundar alguns temas relacionados à Educação para a Paz com os participantes do
curso de formação e também aberto a comunidade. São realizados convites através das
redes sociais e nas escolas parceiras do NEP/UEPG. Não há emissão de certificados
para a comunidade.
 Seminário final – este é realizado no final do semestre e é o momento em que cada
participante do curso relata sua experiência com pontos positivos, negativos e já com
propostas para um projeto futuro. Neste seminário também tem a participação de
palestrantes e é também aberto à comunidade.
Os participantes que cumprem todo o processo e realizam as atividades propostas tem
o direito à certificação via NEP/UEPG. Percebe-se que muitos dos cursistas não se preocupam
com o certificado e sim com o trabalho em si e principalmente com formação dos alunos que
estão sob suas responsabilidades.
Estamos vivenciando várias situações de conflitos, violências, de descuidado com as
pessoas, com a natureza e até mesmo consigo mesmo, porém ai invés de ficarmos
amedrontados com estas questões, acreditamos em um mundo possível de ser viver com
igualdade, mediação de conflitos e seres realmente humanos.
Temos em Alves:

Mas, se ao contrário, em nossas mentes e corações, tivermos valores de otimismo,


sentiremos que, em todas as situações, haverá aspectos positivos. Se o entusiasmo é
o clarear de nossas mentes, perceberemos a vida em muitos tons e sons, com matizes
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de luzes e cores, sabores e amores. A cor e o valor do mundo dependem do nosso


olhar e do nosso amar. O mundo ao meu redor são luzes dos meus pensamentos.
(ALVES, 2009, p. 59)

Com o olhar voltado para a escola, percebeu-se que seriam necessários além do
trabalho com os alunos, professores e funcionários, também promover a participação dos pais,
pois em algumas situações o que o aluno estava discutindo em sala de aula tornava-se distante
dos acontecimentos do seu dia-a-dia.
Iniciou-se o trabalho em algumas escolas parceiras, denominado COR AÇÃO, onde os
pais, mães, crianças e adolescentes eram convidados a pensar questões sobre violências, paz,
conflitos e vivenciar situações de carinho e de afeto.
Formavam-se dois grupos de trabalhos em salas diferentes, onde um era dos pais,
mães e avós que discutiam as questões de relacionamento familiar, reflexões sobre a forma de
direcionar as suas vidas e temas relacionados com a temática.
Em outra sala reuniam-se as crianças e adolescentes para numa linguagem acessível,
onde eles poderiam também refletir, discutir e expressar como eles sentiam e viam as
questões de paz e violências em suas casas, na escola e no bairro onde moram. O trabalho era
feito através de músicas, poesias, histórias infantis, ilustrações e sensibilização para o ouvir, o
tocar, o sentir.
Para finalizar a COR AÇÃO, era feito uma apresentação das crianças e adolescentes
aos seus pais ou responsáveis no saguão das escolas e logo após um momento de vivência, de
carícia, de abraço e muita ternura entre filhos e pais, netos e avós e crianças e seus
responsáveis.
Este trabalho dignifica o ser humano e o leva a ser mais do que um número na
sociedade e sim uma pessoa que tem voz, sentimento e vontade de fazer a diferença.
Em Boff, encontramos:

A carícia que nasce do centro confere repouso, integração e confiança. Daí o sentido
do afago. Ao acariciar a criança, a mãe lhe comunica a experiência mais orientadora
que existe: a confiança fundamental na bondade da realidade e do universo; a
confiança de que, no fundo, tudo tem sentido; a confiança de que a paz e não o
conflito é a palavra derradeira; a confiança na acolhida e não na exclusão do grande
Útero. (BOFF, 2011, p. 120)
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Na carícia da mãe com seu filho, podemos relacionar com a carícia que devemos ter
com a nossa vida, com tudo o que nos cerca e dessa forma realizarmos uma formação que
provoque e leve a Educação para a Paz, promovendo em nossa sociedade a Cultura de Paz tão
almejada e desejada por todos os humanos que pensam no bem comum.

Perspectivas para o futuro

Educação para a Paz é o caminho para reencontrarmos a nossa essência, o significado


de nossas vidas e principalmente o valor que cada indivíduo possui. Não é nada fácil
realizarmos este trabalho numa sociedade onde os antivalores estão presentes e o
individualismo é a forma de vida da maioria das pessoas que compõe a sociedade.
Porém, a semente deve ser lançada, plantada, com respaldo científico, leitura,
formação e informação correta sobre os conceitos que estão envolvidos na Educação para a
Paz. Ao participar de um grupo de estudos pode-se ampliar os horizontes e através das
discussões, das leituras de cada autor, da análise de obras, conseguimos verificar conceitos
que talvez não estivessem muito corretos e formular outros a partir da troca de conhecimentos
entre professores do ensino superior com professores do ensino fundamental.
Ao unirmos a teoria das universidades, o estudo direcionado, a formulação de projetos
e a reflexão sobre a prática pedagógica com a experiência que cada professor do ensino
fundamental trás, proporciona um ganho de conhecimentos e vivência que ambos os
participantes levam para suas vidas pessoais e profissionais.
Em Freire, encontramos:

O saber alicerçante da travessia na busca da diminuição da distância entre mim e a


perversa realidade dos explorados é o saber fundado na ética de que nada legitima a
exploração dos homens e das mulheres pelos homens mesmos ou pelas mulheres.
Mas este saber não basta. Em primeiro lugar, é preciso que ele seja
permanentemente tocado e empurrado por uma calorosa paixão que o faz quase um
saber arrebatado. (FREIRE, 1996, p.156)

Na busca desse saber, o professor independente da sua área e nível de atuação deve
estar apaixonado pelo trabalho que realiza e ter como meta a diminuição entre as questões
sociais, culturais e étnicas que na maioria das vezes levam a violência dentro e fora das salas
de aula.
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Ao dispor-se a fazer um curso de formação na área da Educação para a Paz, durante o


período de recesso escolar, percebe-se uma vontade de encontrar caminhos para uma relação
mais afetuosa, procurando conhecer técnicas que venham a colaborar para a mediação de
conflitos, para um dialogo verdadeiro de escuta e principalmente aprender a ouvir e olhar com
mais qualidade as situações que estão envolvidas no ambiente escolar.
Com estas palavras de Freire, acima citadas, o NEP/UEPG segue sua caminhada
tendo sempre em mente que enquanto profissionais da educação atuantes diretamente nas
relações pessoais e interpessoais e que se relacionam com a complexidade humana, devemos
estar constantemente nos aperfeiçoando e buscando qualificar nosso saber através da
formação continuada, tornando o trabalho pedagógico uma práxis educativa no contexto
escolar e comunidade a qual a escola estiver inserida.

REFERÊNCIAS

ALVES, Maria Dolores Fortes. Favorecendo a inclusão pelos caminhos do coração:


complexidade, pensamento ecossistêmico e transdisciplinaridade. Rio de Janeiro: WAK. ED,
2009.

ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo a sociedade aprendente. Petrópolis. RJ:


Vozes, 2007

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, RJ.:
Editora Vozes, 2011

CALLADO, Carlos Velázquez. Educação para a Paz: promovendo valores humanos na


escola através da Educação Física e dos jogos Cooperativos. Santos, SP: Projeto Cooperativo,
2004.

FERNÀNDEZ, Izabel. Prevenção da violência e solução de conflitos: o clima escolar como


fator de qualidade. São Paulo: Madras, 2005.

_____. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra. 1996

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

JARES, Xesús R. Educação para a paz: sua teoria e sua prática. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2002.

____. Pedagogía de La convivencia. 1. ed. Barcelona: Editorial Grão, 2006.

SERRANO, Glória Pérez. Educação em Valores. Como Educar para a Democracia. 2.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.

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