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Resumo
Introdução
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EDUCAÇÃO PARA A PAZ: processo contínuo e permanente, de educação em valores, com fim e meios
acordes, desde e para a ação, com dimensão transversal.
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criada no conflito e na violência buscando-se ações pedagógicas que atendam a essa dimensão
de currículo, pois, nas palavras de Comenius:
os pontos fracos da natureza humana não podem ser prevenidas eficazmente a não
ser quando se evitam desde a juventude [...] Por essa razão, se quereis ver
ordenados, verdes e floridos os povos, as escolas, as casas, fundai antes de tudo as
escolas e conseguireis que com o ensino e a prática apropriada reverdeçam e sejam
uma arte verdadeira e oficinas de virtudes (COMENIUS, apud LOPES, 1984,
p. 210)
Neste sentido ainda cabe observar e destacar o que a UNESCO2 diz através do
Manifesto 2000 por uma Cultura da Paz e Não Violência3, estabelecendo seis princípios para
se buscar uma cultura de paz ressaltando-se os quatro pilares da educação que fazem parte
integrante do relatório enviado a UNESCO pela comissão internacional de educação sob a
coordenação de Delors (1997): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e
aprender a ser.
Com base nas questões acima citadas e principalmente nas palavras de Freire ( 1987,
p.87): "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o
mundo", a Universidade Estadual de Ponta Grossa buscou aproximar teoria, realidade e
prática bem como as diversas modalidades de ensino com a criação do NEP4 que através da
formação continuada, que tem como eixo principal nortear discussões e práticas a partir da
realidade de cada instituição embasada em diversos autores que buscam a sistematização das
idéias centrais em torno da educação para a paz, cultura de paz e violência.
NEP
2
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
3
Preservar a vida, rejeitar a violência, ouvir para compreender, ser generoso; preservar o planeta e redescobrir a
solidariedade
4
Núcleo de Estudos e Formação de Professores em Educação para a Paz e Convivências
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Sabemos que uma política de formação profissional direcionada para nossa realidade
precisa, pois, nascer no chão da escola para voltar-se a ela, atentando para as
múltiplas dimensões em sua formação e implementação, capazes de construir
competências coletivas e definir a intencionalidade da prática educativa. (ALVES,
2009, p.94)
Ao perceber a formação do professor e que esta está aliada a Educação para a Paz
possibilita uma escola voltada para os valores humanos, para as discussões sobre as questões
ambientais, para a mediação de conflitos e principalmente de respeito ao ser humano que está
sob a orientação desse professor.
No grupo de estudos têm-se como base três palavras – violências, paz e conflitos – as
quais podem originar situações de paz ou de violências em nossos relacionamentos pessoais,
sociais e até profissionais.
Observando as escolas, professores, alunos, funcionários e pais verifica-se que em
algumas situações o stress, a falta de tempo, os inúmeros compromissos, a televisão e a falta
de diálogo estão ocasionando conflitos que em algumas situações acabam gerando a violência
dentro e fora da escola.
Perante este cenário o NEP/UEPG, formado por professores do ensino superior e
ensino fundamental, alunos de curso de graduação de Pedagogia e demais licenciaturas
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Curso de Formação – realizado durante três dias no período de recesso escolar no mês
de julho, sendo manhã e tarde. O curso é dividido em duas partes: parte teórica e
histórica sobre a Educação para a Paz, práticas pedagógicas que podem ser aliadas aos
conteúdos curriculares, vivências que possibilitando uma maior sensibilização com as
questões afetivas, sociais e pessoais. Trabalha-se também a questão de mídias,
Educação Ambiental e a mediação de conflitos.
Projeto de intervenção escolar – este dura um semestre e possibilita ao cursista
colocar em prática seus conhecimentos sobre Educação para a Paz, dentro de suas
realidades, procurando na medida do possível envolver a equipe gestora, funcionários,
professores, alunos e pais. Todos envolvidos em discussões e ações sobre violência e
paz.
Mesas-redondas – estas são realizadas mensalmente e tem como objetivo de
aprofundar alguns temas relacionados à Educação para a Paz com os participantes do
curso de formação e também aberto a comunidade. São realizados convites através das
redes sociais e nas escolas parceiras do NEP/UEPG. Não há emissão de certificados
para a comunidade.
Seminário final – este é realizado no final do semestre e é o momento em que cada
participante do curso relata sua experiência com pontos positivos, negativos e já com
propostas para um projeto futuro. Neste seminário também tem a participação de
palestrantes e é também aberto à comunidade.
Os participantes que cumprem todo o processo e realizam as atividades propostas tem
o direito à certificação via NEP/UEPG. Percebe-se que muitos dos cursistas não se preocupam
com o certificado e sim com o trabalho em si e principalmente com formação dos alunos que
estão sob suas responsabilidades.
Estamos vivenciando várias situações de conflitos, violências, de descuidado com as
pessoas, com a natureza e até mesmo consigo mesmo, porém ai invés de ficarmos
amedrontados com estas questões, acreditamos em um mundo possível de ser viver com
igualdade, mediação de conflitos e seres realmente humanos.
Temos em Alves:
Com o olhar voltado para a escola, percebeu-se que seriam necessários além do
trabalho com os alunos, professores e funcionários, também promover a participação dos pais,
pois em algumas situações o que o aluno estava discutindo em sala de aula tornava-se distante
dos acontecimentos do seu dia-a-dia.
Iniciou-se o trabalho em algumas escolas parceiras, denominado COR AÇÃO, onde os
pais, mães, crianças e adolescentes eram convidados a pensar questões sobre violências, paz,
conflitos e vivenciar situações de carinho e de afeto.
Formavam-se dois grupos de trabalhos em salas diferentes, onde um era dos pais,
mães e avós que discutiam as questões de relacionamento familiar, reflexões sobre a forma de
direcionar as suas vidas e temas relacionados com a temática.
Em outra sala reuniam-se as crianças e adolescentes para numa linguagem acessível,
onde eles poderiam também refletir, discutir e expressar como eles sentiam e viam as
questões de paz e violências em suas casas, na escola e no bairro onde moram. O trabalho era
feito através de músicas, poesias, histórias infantis, ilustrações e sensibilização para o ouvir, o
tocar, o sentir.
Para finalizar a COR AÇÃO, era feito uma apresentação das crianças e adolescentes
aos seus pais ou responsáveis no saguão das escolas e logo após um momento de vivência, de
carícia, de abraço e muita ternura entre filhos e pais, netos e avós e crianças e seus
responsáveis.
Este trabalho dignifica o ser humano e o leva a ser mais do que um número na
sociedade e sim uma pessoa que tem voz, sentimento e vontade de fazer a diferença.
Em Boff, encontramos:
A carícia que nasce do centro confere repouso, integração e confiança. Daí o sentido
do afago. Ao acariciar a criança, a mãe lhe comunica a experiência mais orientadora
que existe: a confiança fundamental na bondade da realidade e do universo; a
confiança de que, no fundo, tudo tem sentido; a confiança de que a paz e não o
conflito é a palavra derradeira; a confiança na acolhida e não na exclusão do grande
Útero. (BOFF, 2011, p. 120)
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Na carícia da mãe com seu filho, podemos relacionar com a carícia que devemos ter
com a nossa vida, com tudo o que nos cerca e dessa forma realizarmos uma formação que
provoque e leve a Educação para a Paz, promovendo em nossa sociedade a Cultura de Paz tão
almejada e desejada por todos os humanos que pensam no bem comum.
Na busca desse saber, o professor independente da sua área e nível de atuação deve
estar apaixonado pelo trabalho que realiza e ter como meta a diminuição entre as questões
sociais, culturais e étnicas que na maioria das vezes levam a violência dentro e fora das salas
de aula.
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REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, RJ.:
Editora Vozes, 2011
_____. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra. 1996
JARES, Xesús R. Educação para a paz: sua teoria e sua prática. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
SERRANO, Glória Pérez. Educação em Valores. Como Educar para a Democracia. 2.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.