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Pedagogia da autonomia - Resenha Crítica

Por: Katiussy Patrícia de Lima Oliveira


FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura).

Paulo Reglus Neves Freire foi um educador e filósofo brasileiro. É considerado um dos
pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento
chamado pedagogia crítica. É também o Patrono da Educação Brasileira. Paulo Freire divide
seu livro Pedagogia da Autonomia em três capítulos, onde discute um conjunto de saberes
necessários a todos aqueles interessados em construir um relacionamento transformador,
dentro e fora da sala de aula. De forma clara e objetiva convida o leitor crítico para que
interfira no texto e acrescente novos elementos na análise. Deixa visível que todo
conhecimento é inacabado em um processo que se desenvolve continuamente, o saber não se
esgota. É um exercício permanente, onde o professor também é aprendiz, aprende enquanto se
ensina, numa postura aberta, curiosa, respeitosa e ética, não apenas transmitindo conteúdo,
preparando para vestibular e mercado financeiro, educar é muito mais ético e humano que
isso. Afirma no primeiro capítulo que “ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção ” (p. 22). Dessa forma,
não há ensino sem aprendizado, alunos aprendem e ensinam com os professores, o ensino não
depende somente do professor e o aprendizado não somente do aluno. “ Não há docência sem
discência” (p. 23), ou seja, não há ensino sem aprendizado, professor e aluno não se limitam a
objeto um do outro, mas participam do mesmo processo da construção da aprendizagem. O
educador democrático em sua prática deve tornar mais sólido a capacidade crítica do
educando, sendo necessário seguir uma ordem lógica para efetuar algo, para que se torne
crítico, pesquisador, criador, persistente, não só transferindo conteúdos, mas ensinando a
pensar certo, e isso não cabe somente ao professor, mas a toda a escola o dever de respeitar os
saberes do educando. “ É por isso que transformar a experiência educativa em puro
treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício
educativo: o seu caráter formador ” (p. 33). O professor deve manter uma postura ética, e se
começa pelo exemplo, ensinar a pensar certo é, portanto, fazer o certo. O autor deixa claro sua
indignação a toda forma de discriminação que separe as pessoas em raça e classes.
No segundo capítulo, Paulo Freire trata do reconhecimento de ser condicionado, respeitando a
autonomia do educando, e esse respeito faz parte da ética do educador, lembrando que ensinar
não é transferir conhecimentos. Quando o educador entra na sala de aula, tem que está aberto
as perguntas, a curiosidade, tendo sensibilidade para compreender o educando na sua forma
de ser. Exige do professor um olhar crítico sobre sua prática com seus alunos, para que se
cumpra seu dever de respeitar a dignidade, a autonomia dos mesmos. “ É que o trabalho do
professor é o trabalho do professor com os alunos e não do professor consigo mesmo” (p. 64).
Freire no capítulo três, fala das qualidades essenciais na formação do professor, a segurança
em si mesmo, levar a sério sua prática, gostar acima de tudo do que faz ou do que está se
preparando para exercer, com generosidade, com comprometimento, com amor, sentir prazer
de ver seu aluno em desenvolvimento. Fala ainda no mesmo capítulo que a educação é uma
forma de intervenção no mundo, não se pode ser conivente com a insensatez, a malvadez que
assolam os seres humanos. Mas é através da educação, que se abre um olhar mais atento,
saber escutar, criar diálogos abertos e respeitosos e assim transformando a educação e a forma
de ver o mundo. Ensinar exige acima de tudo, querer bem aos educandos, demonstrar afeto. O
autor fala que essa afetividade não o assusta, que não tem medo de expressá-la, mas significa
uma forma de selar um compromisso com os educandos. “ Na verdade, preciso descartar
como falsa a separação radical entre seriedade docente e afetividade” (p. 141).
Portanto, nessa obra, Paulo Freire orienta e incentiva educadores e educadoras a refletirem
sobre suas práticas pedagógicas, mostrando que é possível aperfeiçoar o trabalho em sala de
aula, cada vez mais voltado para o bem dos educandos, com esperança e possibilidades de
mudança, para uma educação de qualidade e respeito.

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