Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PETER GUTTENHÖFER
SALVANDO A INFÂNCIA
Em nossa bela Terra a natureza está em perigo. Flores e animais maticamente demonstra isso: cada movimento da criança sem
estão deixando o planeta, o clima ao redor do mundo está doente. supervisão é um perigo em potencial! Brincar é proibido. In-
fância e velhice são apenas efeitos colaterais irritantes e inevi-
Mas algo mais está em risco: a infância.
táveis da vida ........ A infância deve ser “aproveitada”! Logo que
A pressão sobre as crianças está aumentando em todos os cantos aparecem os primeiros sinais da imaginação própria da criança
do mundo: elas devem aprender a ler aos três/quatro anos e estão pequena - o governo entra em cena e exige a frequência escolar
expostas a um curriculo engessado, inadequado e rígido estabe- obrigatória para todos; a criança entrar na escola com quatro
lecido pelo governo. São, ainda, induzidas a apresentar desem- anos é tendência mundial. Além disso, os professores são noto-
penhos constantemente melhores, num ambiente onde o ensino riamente mal pagos em quase todos os países do mundo, fazendo
é intelectualizado e repleto de testes. Quase sem chances de se com que professores e alunos sintam-se igualmente infelizes e
movimentarem e de vivenciarem a arte e o brincar. pareçam se tornar “inimigos” entre si.
Além disso, em seus lares, essas crianças enfrentam famílias de- A prática educacional mostra que a criança é vista como um ob-
sestruturadas, stress dos pais, desemprego, pobreza e a solidão jeto de socialização, não como sujeito de seu próprio ser. Ela é
em frente à TV e ao computador. Mesmo os filhos de pais ricos vista não como uma pessoa habilitada a desenvolver-se livre-
são igualmente pobres! mente e a educar-se, mas como portador de uma obrigação: ir
Sugiro que tomemos pelo menos alguns passos básicos para para escola. Na verdade, é o adulto que tem a obrigação, o dever
salvar a infância: ofereçamos para os nossos filhos dez anos de de oferecer educação à criança pois a criança nasce com direitos.
infância no mínimo! Só assim terão imaginação e criatividade Essa nova consciência se reflete na Convenção dos Direitos da
suficientes para um novo e melhor modo de vida na Terra, como Criança das Nações Unidas, ratificada por quase todas as nações
adultos. Referimo-nos aqui ao resgate da terra e das forças da do mundo. Mas só podemos nos aproximar do ideal formulado
vida rejuvenescedoras do nosso planeta. se primeiro reconhecermos as palavras de Janusz Korczak, "A
criança não se torna humana, ela nasce humana".
Devemos repensar completamente o nosso conceito de "escola"!
Precisamos de escolas onde as crianças possam viver, brincar e A pressão na escola, o ambiente familiar e o abuso infantil –
trabalhar para que seu dom inato de imaginação possa se trans- onde o instinto sexual bruto e o egoísmo exacerbado são com-
formar gradualmente na criatividade adulta, onde as crianças binados com o instinto marcante de posse desenfreada – geram
possam viver sem pressão e medo e possam ser felizes e saudáveis uma infância destroçada.
ao mesmo tempo que aprendem. Foi difícil reconhecer a criança como sujeito de sua própria
educação, mas essa ideia acabou por se manifestar na nossa
consciência. O próximo passo necessário será perceber, de acordo
1. ESCOLAS AMEAÇAM A INFÂNCIA! com Steiner, que "toda a educação é auto educação e que os
A civilização moderna que começou na Europa Ocidental e se nossos professores e educadores são, no fundo, apenas o am-
espalhou pelo mundo é hostil às crianças. A vida urbana dra- biente da criança que possibilita a sua auto-educação." Adaptar
4. ESCOLA BÁSICA
Nos primeiros sete anos nós tratamos de possibilitar a infância i.e. Dr. Peter Guttenhoefer
a saúde individual, a cultura geral e o exercitar do trabalho prático. guttenhoefer@gmx.de