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endo a educação dos filhos uma responsabilidade inerente à vocação
matrimonial, é fundamental compreendermos os ensinamentos da Igre-
ja Católica acerca do matrimônio e da educação.
A Igreja Católica ensina de forma clara e absoluta que o matrimônio foi
promovido a Sacramento por Jesus. Isto se baseia no Evangelho de São Ma-
teus, capítulo 19, versículos 4 a 9:
Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por
isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois
formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto,
não separe o homem o que Deus uniu.
É óbvio que Jesus deseja que os casais tenham filhos e os levem até Ele
não apenas física, mas também espiritualmente – o que é o próprio funda-
mento de nossa responsabilidade como educadores, inerente a nossa voca-
ção matrimonial.
Não foi por acaso que o primeiro milagre de Jesus ocorreu durante uma
festa de casamento, nem que a realização do milagre em questão tenha sido
um pedido de Sua própria Mãe. Jesus deseja que compreendamos que o
matrimônio é uma vocação sagrada e um Sacramento, e que se cumprirmos
Sua vontade no que diz respeito às responsabilidades da união matrimonial,
receberemos uma abundância de graças e bênçãos, muitas delas pela interse-
ção de Sua Mãe Santíssima.
De acordo com a Igreja Católica, a finalidade primeira do casamento
consiste em duas responsabilidades equivalentes: a procriação e a educação
da prole.
São responsabilidades equivalentes.
São igualmente importantes.
A educação dos filhos é um dever dos pais, uma grave responsabilidade
que emana da vocação para o Sacramento do Matrimônio. Por meio de
diversos escritos papais, sabemos que esta educação abrange a formação
diária das crianças, cuja finalidade é que sejam bons católicos, porém os pais
também devem garantir que, na educação acadêmica de seus filhos, seja em
casa ou na escola, a Fé Católica “permeie todos os ramos do conhecimento”.
É disso que se trata o homeschooling.
O homeschooling é uma reafirmação do casamento entre marido e mu-
lher. É um estilo de vida que pode trazer muitas mudanças positivas a casa-
mentos nos quais, por exemplo, a esposa andava distante.
Esta afirmação pode parecer absurda, mas é absolutamente verdadeira. É
verdadeira porque, quando os esposos se valem de suas graças sacramentais
para cumprir a vocação matrimonial de ensinar seus filhos, eles recebem novas
graças, tanto santificantes quanto atuais. Essas graças lhes permitem vivenciar
um casamento e uma vida familiar autenticamente católicos. Eles passam a en-
tender melhor suas crenças e valores religiosos ao transmiti-los aos seus filhos.
O comprometimento e o sacrifício diário ajudam os pais homeschoolers
a crescer espiritualmente. O ato de educar os próprios filhos mantém ínti-
mo vínculo com os objetivos do matrimônio, com a vocação matrimonial.
Quanto mais nos dedicamos a ensinar nossos filhos, melhor compreendemos
nossa vocação e maiores são as chances de sermos bem-sucedidos como edu-
cadores.
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Um testemunho público
Casti Connubii
Nesta encíclica, o Papa Pio XI, inspirado pelo Espírito Santo, instrui os
casais cristãos a respeito das graças que recebemos pelo Sacramento do Ma-
trimônio, que nos auxiliam a obedecer aos deveres da vocação matrimonial.
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Pio XI prossegue explicando por que alguns pais não conseguem cumprir
com seus deveres:
Assim como é lei da providência divina, na ordem sobrenatural, que o ho-
mem não colha o fruto completo dos Sacramentos, recebidos depois do uso
da razão, se não cooperar com a graça, assim também a graça própria do
matrimônio permaneceria em grande parte talento inútil sepultado na terra
se os cônjuges não aproveitassem as forças sobrenaturais, cuidando de culti-
var e fazer frutificar as preciosas sementes da graça. Mas, se, ao contrário, se
esforçam quanto podem por ser dóceis à graça, poderão suportar os encargos
do seu próprio estado, cumprir os deveres e sentir-se-ão, por virtude de tão
grande Sacramento, fortificados, santificados e como que consagrados.3 (Ên-
fase da autora)
O poder de educar
3 Idem.
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No verão de 1991, o Pe. John Hardon, que foi um grande teólogo cató-
lico, deu um curso de verão no Christendom College sobre o Sacramento
do Matrimônio, onde tratou dos princípios cristãos básicos acerca do tema.
Sua exposição foi tão bela, que todos que a ouviram sentiram uma profunda
gratidão a Deus por tamanho dom.
Pe. Hardon começou falando sobre a Lei Divina segundo a qual todo
casamento deve ser monogâmico, ou seja, o homem deve ter apenas uma es-
posa e a mulher, apenas um marido, até que um dos dois morra. E todo casa-
mento entre pessoas batizadas é intrinsecamente indissolúvel. Não importa
o quanto vociferem os não cristãos, os ortodoxos orientais, os protestantes
ou mesmo os católicos – não pode haver e jamais haverá qualquer mudança
nesta Lei Divina. A unidade e indissolubilidade do matrimônio foi sempre
um ensinamento universal da Igreja de Jesus Cristo.
4 Idem.
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Graças
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O casamento é permanente
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Caridade sobre-humana
Em termos práticos
Pessoas casadas sabem muito bem que não é fácil obedecer ao comando
de Cristo de “dar a outra face”. O difícil não é perdoar nossos inimigos: o
difícil é perdoar nosso cônjuge! E às vezes nossos filhos!
O Pe. Hardon dizia que o segredo para se ter um casamento e uma vida
familiar pacíficos e felizes é perceber que nossos cônjuges, nossos filhos, nos-
sos pais e demais familiares são todos potenciais veículos da graça para nós.
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Não há outras criaturas que nos sejam mais próximas, mais constantes e
mais providenciais. Não importa quão difíceis ou exigentes sejam nossos
familiares, eles são um dom de Deus, um dom de Sua amável providência,
uma oportunidade para que cresçamos espiritualmente.
Contudo, perceber qual a vontade de Deus e escolher cumpri-la requer
oração constante e diária. O Pe. Hardon nos lembrava que, além de viver
uma vida santa em nossa vocação para o casamento católico, nossa fa-
mília deve, em meio à sociedade pagã atual, dar o testemunho de Cristo
e Seus ensinamentos. Em um mundo que “abandonou Cristo, O ignora
e chega a confrontá-Lo abertamente”, nós e nossas famílias devemos ser
uma fonte de graça para nossa sociedade, que está “literalmente lutando
para sobreviver”. Nosso apostolado evangelizador deve agir de família
para família.
Humanae Vitae
Note-se, mais uma vez, que o Papa enfatiza o fato de que maridos e espo-
sas, tendo recebido o Sacramento do Matrimônio, são consagrados para que
cumpram os deveres próprios do estado conjugal.
5 http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_25071968_huma-
nae-vitae.html
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Escolas do governo
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6 In: http://w2.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_31121929_di-
vini-illius-magistri.html
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palmente enquanto estas têm relação com a religião e a moral..” Esta é uma
fala importante, que os pais devem trazer na memória, pois nos lembra que
as graças sacramentais vêm sempre ao auxílio dos pais-professores em todas
as disciplinas acadêmicas.
Educação familiar
Estas são palavras fortes proferidas pelo Papa. Quando as crianças são
deformadas e corrompidas em escolas sem Deus, trata-se de uma versão
mais real e mais terrível do massacre dos inocentes narrado na Bíblia, diz o
Papa. Vale notar que essa fala data de muito antes de que crianças da quinta
série aprendessem a colocar camisinhas em bananas em sala de aula.
Seguem-se, nas próximas páginas, trechos da encíclica Acerca da Educa-
ção da Juventude, do Papa Pio XI.
É portanto da máxima importância não errar na educação, como não errar na
direção para o fim ultimo com o qual está conexa intima e necessariamente
toda a obra da educação. Na verdade, consistindo a educação essencialmente
na formação do homem como ele deve ser e portar-se, nesta vida terrena, em
ordem a alcançar o fim sublime para que foi criado, é claro que, assim como
não se pode dar verdadeira educação sem que esta seja ordenada para o fim
7 Nas próximas páginas, a autora citará longamente a encíclica Divini Illius Magistri. A tradu-
ção em português de todos os trechos citados consta como documento oficial no site da Santa
Sé: http://w2.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_31121929_divi-
ni-illius-magistri.html
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último, assim na ordem actual da Providencia, isto é, depois que Deus se nos
revelou no Seu Filho Unigênito que é o único « caminho, verdade e vida »,
não pode dar-se educação adequada e perfeita senão a cristã.
É isto mesmo que Pio X, de s. m., declara com esta límpida sentença:
“Em tudo o que fizer o cristão, não lhe é licito desprezar os bens sobrenatu-
rais, antes, segundo os ensinamentos da sabedoria cristã, deve dirigir todas as
coisas ao bem supremo como a fim último: além disso todas as suas ações,
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enquanto são boas ou más em ordem aos bons costumes, isto é, enquanto
concordam ou não com o direito natural e divino, estão sujeitas ao juízo e à
jurisdição da Igreja.”
Obrigação parental
Sobre este ponto é de tal modo unânime o sentir comum do gênero humano
que estariam em aberta contradição com ele, quantos ousassem sustentar que
a prole pertence primeiro ao Estado do que à família, e que o Estado tenha
sobre a educação direito absoluto. Insubsistente é pois a razão que estes adu-
zem, dizendo que o homem nasce cidadão e por isso pertence primeiramente
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ao Estado, não reflectindo que o homem, antes de ser cidadão, deve primeiro
existir, e a existência não a recebe do Estado mas dos pais, como sabiamente
declara Leão XIII: “os filhos são alguma coisa do pai e como que uma exten-
são da pessoa paterna: e se quisermos falar com rigor, não por si mesmos, mas
mediante a comunidade doméstica no seio da qual foram gerados, começam
eles a fazer parte da sociedade civil”.
Portanto: “o poder dos pais é de tal natureza que não pode ser nem suprimido
nem absorvido pelo Estado, porque tem o mesmo princípio comum com a
mesma vida dos homens”, diz na mesma Encíclica Leão XIII.
Do que porém não se segue que o direito educativo dos pais seja absoluto ou
despótico, pois que está inseparavelmente subordinado ao fim último e à lei
natural e divina, como declara o mesmo Leão XIII noutra memorável Encí-
clica “sobre os principais deveres dos cidadãos Cristãos”, onde assim expõe
em síntese a súmula dos direitos e deveres dos pais: “Por natureza os pais têm
direito à formação dos filhos, com esta obrigação a mais, que a educação e
instrução da criança esteja de harmonia com o fim em virtude do qual, por
benefício de Deus, tiveram prole.”
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Com efeito nunca deve perder-se de vista que o sujeito da educação cristã é
o homem, o homem todo, espírito unido ao corpo em unidade de natureza,
com todas as suas faculdades naturais e sobrenaturais, como no-lo dão a
conhecer a recta razão e a Revelação: por isso o homem decaído do estado
original, mas remido por Cristo, e reintegrado na condição sobrenatural
de filho de Deus, ainda que o não tenha sido nos privilégios preternaturais
da imortalidade do corpo e da integridade ou equilíbrio das suas incli-
nações. Permanecem portanto na natureza humana os efeitos do pecado
original, particularmente o enfraquecimento da vontade e as tendências
desordenadas.
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A tais instruções práticas não desdenhou descer o Apóstolo das gentes nas
suas epístolas, particularmente naquela aos Efésios onde, entre outras coisas,
adverte: “O’ pais, não provoqueis à ira os vossos filhos”, o que é efeito não
tanto de excessiva severidade quanto principalmente da impaciência, da igno-
rância dos modos mais adequados à frutuosa correcção e ainda do já dema-
siado e comum relaxamento da disciplina familiar, aonde crescem indómitas
as paixões dos adolescentes.
Cuidem por isso os pais e com eles todos os educadores, de usar retamente da
autoridade a eles dada por Deus, de Quem são verdadeiramente vigários, não
para vantagem própria, mas para a reta educação dos filhos no santo e filial «
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Pois que uma escola não se torna conforme aos direitos da Igreja e da família
cristã e digna da freqüência dos alunos católicos, pelo simples fato de que
nela se ministra a instrução religiosa, e muitas vezes com bastante parcimô-
nia. Para este efeito é indispensável que todo o ensino e toda a organização
da escola: mestres, programas, livros, em todas as disciplinas, sejam regidos
pelo espírito cristão, sob a direção e vigilância maternal da Igreja católica,
de modo que a Religião seja verdadeiramente fundamento e coroa de toda a
instrução, em todos os graus, não só elementar, mas também media e superior.
“É mister, para Nos servirmos das palavras de Leão XIII, que não só em
determinadas horas se ensine aos jovens a religião, mas que toda a restante
formação respire a fragrância da piedade cristã. Porque, se isto falta, se este
hálito sagrado não penetra e rescalda os ânimos dos mestres e dos discípulos,
muito pouca utilidade se poderá tirar de qualquer doutrina; pelo contrário,
virão daí danos e não pequenos”.
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E que dizer da imensa obra, mesmo em prol da felicidade temporal, dos mis-
sionários evangélicos que juntamente com a luz da fé levaram elevam aos
povos bárbaros os bens da civilização, dos fundadores de muitas e variadas
obras de caridade e de assistência social, da interminável série de santos edu-
cadores e santas educadoras que perpetuaram e multiplicaram a sua obra,
nas suas fecundas instituições de educação cristã, para auxílio das famílias e
benefício inapreciável das nações?
São estes os frutos benéficos sobre todos os aspectos da educação cristã,
precisamente pela vida e virtude sobrenatural em Cristo que ela desenvolve
e forma no homem; pois que Jesus Cristo, Nosso Senhor, Mestre Divino, é
igualmente fonte e dador de tal vida e virtude, e ao mesmo tempo modelo uni-
versal e acessível a todas as condições do gênero humano, com o seu exemplo,
particularmente à juventude, no período da sua vida oculta, laboriosa, obe-
diente, aureolada de todas as virtudes individuais, domesticas e sociais, diante
de Deus e dos homens. (Acerca da Educação Cristã da Juventude)
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A responsabilidade divina
A missão que Deus confiou aos pais de se interessarem pelo bem material e
espiritual da sua prole e de dar a ela uma formação harmônica e repassada de
verdadeiro espírito religioso, não lhes poderá ser arrebatada sem grave lesão
do direito.
Esta formação deve certamente ter por finalidade também preparar a juventu-
de para cumprir com inteligência, consciência e galhardia aqueles deveres de
patriotismo que dá à pátria terrestre a devida medida de amor, de dedicação e
colaboração. Mas por outra parte, uma formação que se esqueça, ou, o que é
pior ainda, propositalmente descure de dirigir os olhos e o coração da juven-
tude para a pátria sobrenatural, seria uma injustiça contra a juventude, uma
injustiça contra os inalienáveis deveres e direitos da família cristã, um excesso
a que se deve remediar também em favor do bem público e do Estado. (...)
As almas dos filhos que Deus deu aos pais, assinaladas no batismo com o selo
real de Cristo, são um depósito sagrado por Deus vigiado com cioso amor.
O mesmo Cristo que disse “deixai que as crianças venham a mim”, ameaçou
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também, não obstante sua bondade e misericórdia, terríveis males àqueles que
escandalizam os prediletos do seu coração. (...)
De tudo o que existe sobre a terra, somente a alma tem vida imortal. Um sis-
tema de educação que não respeitasse o recinto sagrado da família, protegido
pela santa lei de Deus, que procurasse minar-lhe os alicerces, que fechasse à
juventude o caminho que conduz a Deus, às fontes de vida e de alegria do Sal-
vador (Is 12, 3), que considerasse o apostatar Cristo e a Igreja como símbolo
de fidelidade ao povo ou a uma determinada classe, pronunciaria contra si
mesmo a sentença de condenação, e experimentaria, a seu tempo, a inelutável
verdade das palavras do profeta: “Aqueles que se afastam de ti serão escritos
na terra” (Jr 17, 13).
Concílio Vaticano II
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E ainda: “...o amor conjugal não deve apenas conter seus instintos, mas
superar seus egoísmos incessantemente.”
Catechesi Tradendae12
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dos os dias, vivida segundo o Evangelho. Torna-se ainda mais marcante quan-
do, ao ritmo dos acontecimentos familiares — como por exemplo a recepção
dos Sacramentos, a celebração de grandes festas litúrgicas, o nascimento de
um filho, um luto — se tem o cuidado de explicar em família o conteúdo cris-
tão ou religioso de tais acontecimentos.
Cânon 226.2:
Os pais, já que deram a vida aos filhos, têm a obrigação gravíssima e o
direito de os educar; por consequência, aos pais cristãos compete primaria-
mente cuidar da educação cristã dos filhos, segundo a doutrina da Igreja.
Cânon 774.2:
Antes de todos, os pais têm obrigação de, com a palavra e o exemplo, for-
mar os filhos na fé e na prática da vida cristã; semelhante obrigação impende
sobre aqueles que fazem as vezes dos pais e sobre os padrinhos.
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Cânon 835.4:
Também os demais fiéis, ao participarem activamente, a seu modo, nas
celebrações litúrgicas, sobretudo na eucarística, têm uma parte que lhes é
própria no múnus santificador; de modo peculiar participam neste múnus
os pais, vivendo em espírito cristão a vida conjugal e cuidando da educação
cristã dos filhos.
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tivando essas virtudes cristãs em si próprios, assim como seus filhos. O Papa
João Paulo II prossegue sua Exortação ressaltando o direito educacional
prioritário dos pais, chamando-o de “missão”:
Para os pais cristãos a missão educativa, radicada como já se disse na sua
participação na obra criadora de Deus, tem uma nova e específica fonte no
sacramento do matrimónio, que os consagra para a educação propriamente
cristã dos filhos, isto é, que os chama a participar da mesma autoridade e do
mesmo amor de Deus Pai e de Cristo Pastor, como também do amor materno
da Igreja, e os enriquece de sabedoria, conselho, fortaleza e de todos os outros
dons do Espírito Santo para ajudarem os filhos no seu crescimento humano
e cristão.
O dever educativo recebe do sacramento do matrimónio a dignidade e a vo-
cação de ser um verdadeiro e próprio “ministério” da Igreja ao serviço da
edificação dos seus membros. Tal é a grandeza e o esplendor do ministério
educativo dos pais cristãos, que Santo Tomás não hesita em compará-lo ao
ministério dos sacerdotes. (...)
A consciência viva e atenta da missão recebida no sacramento do matrimónio
ajudará os pais cristãos a dedicarem-se com grande serenidade e confiança ao
serviço de educar os filhos e, ao mesmo tempo, com sentido de responsabili-
dade diante de Deus.
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É óbvio que o plano de Deus para as famílias cristãs é que os pais edu-
quem seus filhos. Não se trata de uma missão fortuita, mas de um trabalho
em tempo integral, um dever e uma ordem, que necessita ser cumprido dia
após dia. Ele abrange primeiramente a educação religiosa e a preparação
para os Sacramentos, mas também inclui a devida supervisão para que toda
a instrução se dê segundo a perspectiva católica.
Alguns pais optam pelo homeschooling por motivos acadêmicos e com
frequência julgam a tarefa demasiado difícil. Porém, aqueles comprometidos
com a Fé e com os autênticos valores católicos encontram forças para sofrer
todas as pressões e carregar tão pesadas cruzes, impostas inclusive por mem-
bros da família.
Párocos, bispos e outros religiosos devem apoiar os pais que se dispõem
a fazer tantos sacrifícios para cumprir sua missão e seu dever de educar seus
filhos em casa. O Papa João Paulo I, em setembro de 1978, falando a um
grupo de arcebispos e bispos americanos, recordou a importância da oração
em família. Ele afirmou que a igreja do lar, através da oração em família, é
capaz de liderar a renovação da Igreja e a transformação de todo o mundo.
“Um apostolado extremamente relevante” para o século XX, acreditava ele,
é a transmissão do amor de Deus de pais para filhos e o bom exemplo dos
pais como uma forma de incentivar a fé das novas gerações.
Em conclusão, o Papa João Paulo I implorou aos bispos americanos:
Queridos irmãos, queremos que vocês conheçam nossas prioridades. Preci-
samos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance em prol da família cristã,
para que nosso povo possa cumprir sua grande vocação com alegria cristã e
compartilhar de forma íntima e efetiva da missão salvadora da Igreja, que é
a missão de Cristo.
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Carta às Famílias16
Que consolo e privilégio para os pais saber que a Igreja considera seu
trabalho de educadores como um genuíno apostolado!
Após alguns parágrafos lidando com o fato de a educação ser um dom
do ser e afirmando que “a educação é, portanto, antes de tudo, uma ‘oferta’
recíproca da parte de ambos os pais”, diz o Papa:
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Nós, pais, somos parte do plano de Deus, designados para instruir nossos
filhos e ajudá-los a alcançar a eterna felicidade com Ele no paraíso. Desde
o momento em que concebemos os filhos criados por Deus e passamos a
criá-los com o propósito de que alcancem a eternidade com Ele, recebemos
graças que nos qualificam a ensinar-lhes tudo o que precisam saber para
obter a salvação eterna.
Os pais são os primeiros e principais educadores dos próprios filhos e têm
também neste campo uma competência fundamental: são educadores porque
pais. Eles partilham a sua missão educadora com outras pessoas e institui-
ções, tais como a Igreja e o Estado; todavia, isto deve verificar-se sempre na
correcta aplicação do princípio da subsidiariedade. Este implica a legitimida-
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de e mesmo o ónus de oferecer uma ajuda aos pais, mas encontra no direito
prevalecente deles e nas suas efectivas possibilidades o seu limite intrínseco
e intransponível. O princípio da subsidiariedade põe-se, assim, ao serviço do
amor dos pais, indo ao encontro do bem do núcleo familiar. Na verdade, os
pais não são capazes de satisfazer por si sós a todas as exigências do processo
educativo inteiro, especialmente no que toca à instrução e ao amplo sector da
sociabilização. A subsidiariedade completa assim o amor paterno e materno,
confirmando o seu carácter fundamental, porque qualquer outro participante
no processo educativo não pode operar senão em nome dos pais, com o seu
consenso e, em certa medida, até mesmo por seu encargo.
A família é chamada a cumprir a sua tarefa educativa na Igreja, participando
assim na vida e missão eclesial. A Igreja deseja educar sobretudo através da
família, para isso habilitada pelo sacramento do matrimónio com a “graça de
estado” que dele se obtém e o específico “carisma” que é próprio da inteira
comunidade familiar.
Como é estimulante ver que a Igreja deseja que os pais assumam a tarefa
de educar seus filhos! A Igreja afirma que, pelo Sacramento do Matrimônio,
os pais tornam-se capazes dessa tarefa.
Um dos campos onde a família é insubstituível, é certamente o da educação
religiosa, graças à qual a família cresce como “igreja doméstica”. A educação
religiosa e a catequese dos filhos colocam a família no âmbito da Igreja como
um verdadeiro sujeito de evangelização e de apostolado. Trata-se de um di-
reito intimamente conexo com o princípio da liberdade religiosa. As famílias
e, mais em concreto, os pais têm a faculdade de livremente escolherem para
os seus filhos um determinado modelo de educação religiosa e moral segundo
as próprias convicções. Mas ainda quando eles confiam tais obrigações a ins-
tituições eclesiásticas ou a escolas geridas por pessoal religioso, é necessário
que a sua presença educativa continue a ser constante e activa.
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