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educação brasileira
Introdução:
Desenvolvimento:
Uma ideia pode ser definida como um substantivo sinônimo de conhecimento,
informação ou a noção que se tem de algo. Sendo as ideias uma forma de
informação, podemos entender sua dinâmica de propagação pela teoria da
informação e levar em consideração a habilidade da linguagem. Como sabemos
existe a linguagem verbal e não verbal sendo esta a primeira refere-se ao que
chamamos de currículo real, em sua definição Libâneo diz: “currículo real é o
currículo que de fato acontece na sala de aula em decorrência de um projeto
pedagógico e dos planos de ensino” (Libâneo, 2001, p.99). E sobre a segunda
forma, linguagem não verbal caracteriza o currículo oculto que também é descrita
por Libâneo como: “O currículo oculto representa tudo o que os alunos aprendem
pela convivência espontânea em meio às várias práticas, comportamentos, gestos,
percepções que vigoram no meio social e escolar’’(Libâneo, 2001, p.100). Em um
nível mais fundamental o que acontece em ambas ocasiões é transferência de
informação que por sua vez constrói conhecimentos e transmite valores, ambos
tendo um potencial semelhantemente transformador, podemos dizer que informação
é a maneira de uma mente influenciar outra. Controlar o discurso que está presente
no ambiente escolar, sobretudo no currículo oculto é uma poderosa e quase
imperceptível ferramenta de manobra das massas populacionais garantindo a
manutenção de um sistema que é construído para favorecer uma classe específica
com cor e gênero delimitados.
Esse discurso heteronormativo está presente em diversas esferas da sociedade,
incluindo na mídia, nas leis, religiões, escolas e nas interações sociais. Ele
influencia a forma como as pessoas são representadas em filmes, programas de
TV, livros e publicidades, desabonando características de grupos por ela
inferiorizados além de moldar as expectativas em relação aos papéis de gênero e
aos relacionamentos. A pregação de uma falsa meritocracia que leva à prática do
julgamento daqueles que não logram êxito nesse sistema como exemplos
incompetentes preguiçosos azarados removendo a real responsabilidade do estado
em reduzir as desigualdades e garantir dignidade da pessoa humana. A admissão
dessas ideias denota uma falta de consciência de classe e em meio a isso uma
expectativa que ignora particularidades individuais.
A heteronormatividade na mídia desempenha um papel significativo na maneira
como as relações e identidades LGBTQ+ são apresentadas, onde muitas vezes, a
mídia tende a retratar relacionamentos heterossexuais como a norma, anulando ou
satirizando personagens por seu gênero, sua classe ou raça . Isso pode afetar a
percepção pública e reforçar estereótipos prejudiciais, daí a prerrogativa de muitos
para justificar seu preconceito. Ainda de forma mais indireta, estúdios de animações
famosos quando posto sobre a luz da semiótica revela uma tendência a desenhar
seus personagens vilões com traços e articulações baseados em elementos
LGBTQ+ em enquanto os heróis possuem características heteronormativas, as
cozinheiras e empregadas comumente representadas por pessoas negras.
Nos livros, a heteronormatividade pode ser observada na falta de representação de
personagens LGBTQ+ ou na representação limitada ao estereótipo desses
personagens. Também pode se manifestar na ausência de narrativas que abordam
questões relacionadas à diversidade sexual e de gênero. Isso contribui para a
exclusão e o isolamento de leitores LGBTQ+ é como diz Lionço e Diniz (2009,p.9):
‘’A diversidade sexual comparece nas escolas e nos instrumentos pedagógicos de
modo diferenciado. Tende a ser invisibilizada, é escassamente tematizada como
conteúdo didático pedagógico, e frequentemente a homofobia é subestimada em
seus efeitos danosos às crianças e adolescentes.’’
No caso das publicidades, a heteronormatividade muitas vezes se reflete na
representação de casais e famílias que se encaixam no modelo tradicional
heterossexual, ignorando a diversidade de modelos familiares e relações afetivas,
alem da vasta quantidade de mães solteiras que tambem constituem modelo de
familia. E em consonância muitas religiões têm ensinamentos, crenças e práticas
que tradicionalmente afirmam a heterossexualidade como a única forma aceitável
de expressão sexual. Isso pode resultar em discriminação, exclusão e
marginalização de pessoas desviantes a norma, dentro das comunidades religiosas,
bem como na sociedade em geral. Além disso, a interpretação de textos sagrados e
dogmas religiosos muitas vezes é usada para justificar a exclusão e o preconceito
contra tais pessoas e de forma triste essas ideias quando não desconstruídas
ultrapassam os templos de tais religiões e difundem para o currículo oculto das
instituições sociais e de ensino apesar da liberdade do estado laico.
Conclusão:
Pela grande importância que tem o currículo escolar para o futuro da nação e para a
formação cidadã, devemos debatê-lo cada vez mais, especialmente o currículo
oculto. Precisamos nos preocupar com a contextualização dos conteúdos de forma
mais honesta e fiel à nossa realidade pluralista. A curto e médio prazo, a promoção
de formação continuada para todos os professores e uma revisão das
representatividades em nosso material didático pode ser um bom passo rumo a uma
educação que respeite a diversidade de gênero, povos e garanta o exercício da
cidadania.
Acredito firmemente que a humanidade tem o potencial de alcançar uma sociedade
mais igualitária e justa. Embora existam desafios significativos, como desigualdade
de gênero, discriminação racial, desigualdade econômica e social, a história tem
demonstrado que avanços significativos podem ser feitos em direção à igualdade.À
medida que a consciência sobre questões de equidade e justiça social aumenta,
mais pessoas se envolvem em debates e ações para promover mudanças positivas.
Movimentos sociais, avanços legislativos e mudanças culturais têm contribuído para
o progresso em direção a uma sociedade mais igualitária.
Talvez de forma mais filosófica, consciência de que somos iguais, literalmente feitos
da mesma coisa, átomos e que nossas mentes, assim como a matéria, também é
produto de uma construção a partir de uma partícula fundamental, chamada bit,
informação. Sendo assim tudo o que compõe a nossa existência é efêmero e
mutável, corpo e mente feitos de pequenas peças perfeitamente iguais e a partir
dessas singularidades todo resto se cria por adaptação, e o papel das ciências é
exatamente o de descobrir como transformar essas organizações para atender aos
nossos sonhos, sem nos esquecer do que nos faz organismos complexos e
poderosos neste planeta, sinergia, é a sabedoria da natureza em decidir nos fazer
pluricelulares que têm muito a nos ensinar, onde, a partir de diferentes unidades
vivas (células), nos tornamos um corpo com um potencial maior do que apenas a
soma das partes. Afinal, essa seria a definição de sinergia, todos, com suas
particularidades, unidos como um só organismo.
No entanto, é importante ressaltar que alcançar a igualdade plena requer um
esforço contínuo e colaborativo de toda a sociedade. Cada indivíduo desempenha
um papel importante na promoção da igualdade em seus próprios círculos e
comunidades.É importante promover uma representação mais diversificada e
inclusiva na mídia, que reflita com precisão a variedade de identidades e
relacionamentos existentes na sociedade, até o momento em que diferenças se
torne algo tão normal que precise ser falado e já esteja subentendido no melhor
sentido da palavra.Portanto, embora o caminho para a igualdade plena possa ser
longo e desafiador, com esforço coletivo e compromisso com a justiça social, a
humanidade pode sim alcançar este estado de igualdade e equidade.
Referencias:
LIBÂNEO, Antônio Carlos, Organização e gestão da escola: teoria e pratica –
Goiania: Ed.Alternativa, 2001
LIONÇO, Tatiana; DINIZ, Débora. Homofobia & Educação: um desafio ao silêncio.
In: Homofobia & educação: um desafio ao silêncio. 2009. p. 196-196.
Currículo oculto: o que aprendemos além do conteúdo programático?.khanacadem,
2023. Disponível em:https://blog.khanacademy.org/pt-br/curriculo-oculto/.
acesso:07/02/2024.