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Módulo 2 – Gustavo Junqueira

AULA1

PROGRESSÃO

Sistemas de Cumprimento de Penas

Sistema da Filadélfia, Pensilvânia


Características:
- Isolamento na cela;
- Oração;
- Forte disciplina;
- Trabalho individual;
Criticas:
- Inviolabilidade econômica para a manutenção de oficinas individuais
- O trabalho artesanal não se justifica com a industrialização e as linhas de produção;
- Ofensa a liberdade religiosa

Sistema de Auburn – silente system


Características:
- Isolamento noturno e nos dias de folga em celas pequenas e escuras;
- trabalho em comum;
- trabalho em silêncio e total disciplina

Críticas:
- Inviabilidade de integração em razão do silencio;
- desumano;
- resistência dos sindicatos e corporações de ofício que não aceitavam a concorrência desleal.

Sistema Progressivo, inglês, holandês, australiano, irlandês.

É baseado em um sistema de bônus and marks  o bom comportamento é castigado


buscando orientar a conduta do condenado.

O prêmio é a devolução gradativa da liberdade, e o castigo a maior restrição da liberdade.

Progressão: é a passagem e um regime mais grave para outro mais ameno.

A súmula 491 do STJ proíbe a progressão por salto.


Crítica: antes da súmula, a progressão por salto (direto do fechado para o aberto) era admitia
em 2 casos:

- Se o sujeito já cumpriu com bom comportamento parcela suficiente da pena duas


progressões, mas a morosidade da Justiça faz com que nenhum pedido de progressão tenha
sido apreciado. A progressão por salto servirá para “compensar” a morosidade da Justiça,
impedindo que o condenado seja prejudicado pela ineficiência do Estado.

- Se a base de cálculo, ou seja, apena fixada, foi reformada pelo Estado (apelação, HC, Revisão
Criminal)– que assim admite seu erro – e, pela pena corrigida, p sentenciado já teria direito a
duas progressões. A progressão por alto serviria para compensar a demora no julgamento da
primeira progressão, uma vez que causada pelo erro do Estado ao fixar a pena original.
Nos dois casos arrolados é absolutamente justificável a progressão por salto para compensar
os erros do aparelho persecutório do Estado.

A justificativa legal para a súmula estava na redação (já revogada) do art. 112 da LEP: a pena
privativa de liberdade será executada de forma progressiva, com a transferência para regime
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando preso tiver cumprido ao menos um sexto
da pena no regime anterior (...). No entanto, a nova redação do art. 112 da LEP não exige o
cumprimento de parcela da pena no regime (imediatamente) anterior: A pena privativa de
liberdade será executada de forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinado pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos...

Requisitos da progressão

Em regra a progressão exige um requisito temporal, relacionado ao cumprimento de parcela


da pena, e outro requisito relacionado ao bom comportamento, classificado como subjetivo.

1- Requisito temporal (objetivo)

 Crimes praticados até dia 23 de janeiro de 2020:

- Comuns: 1/6 da pena;


- Hediondos e equiparados: 2/5 se primário e 3/5 se reincidente.

 Crimes praticados após 23 de janeiro de 2020:

I- Condenado em crime sem violência ou grave ameaça 16% Retroativa


II- Reincidente em crime sem violência ou grave ameaça ** 20% Irretroativa
III- Condenado em crime com violência ou grave ameaça 25% Irretroativa
IV- Reincidente em crime com violência ou grave ameaça** 30% Irretroativa
V- condenado por crime hediondo ou equiparado 40% Não mudou
VI- Condenado por hediondo ou equiparado com morte 50% Irretroativa
– comando de organização criminosa pra pratica de crime
hediondo.
- milícia privada
VII- reincidente em crime hediondo ou equiparado ** 60% Retroativa
VIII- reincidente em crime hediondo ou equiparado com 70% Retroativa
morte *
** Antes da vigência da Lei 13964/19(pacote anticrime), era pacifica orientação que seriam
exigidos 3/5 da pena do condenado por crime hediondo e reincidente, não importando se a
reincidência seria em razão de condenação anterior por crime hediondo ou crime comum.

A antiga legislação tratava do “condenado por crime hediondo, e reincidente”.

No entanto, a nova lei aponta o “reincidente em crime hediondo”, permitindo concluir que
apenas para o reincidente “especifico” em crime hediondo e é considerado reincidente em
razão da condenação anterior por crime hediondo, seria exigido o marco de

%. Se a condenação anterior, que gera a reincidência, foi por crime comum, bastaria o
cumprimento de 40% da pena,

Sobre o tema, duas posições:


1º posição (MP): nada mudou. Basta para a incidência do inciso VII (60%) que o sujeito seja
condenado por crime hediondo, e reincidente não importando se a reincidência em como
fonte crime comum ou crime hediondo. Argumentos:

a) O legislador não quis amenizar o cumprimento da pena, mas sim trazer marcos mais
rigorosos.
b) A lei não exigiu, no inciso VII, reincidência específica em crime hediondo, pois quando exige
o legislador se vale da expressão “reincidência específica”, como no art. 83,V do CP.

2ª Posição:

Apenas para o reincidente especifico em crime hediondo pode ser exigido o cumprimento de
60% da pena, pois apenas ele é “reincidente em crime hediondo”.

Argumentos:

a) Não importa a vontade do legislador, que, aliás, só pode ser conhecida pela letra da lei.
b) Não é verdade que o legislador brasileiro empregue a expressão “reincidência especifica”
sempre que exige identidade entre o crime anterior e o crime posterior. São vários os casos
em que tal identidade é exigida, mas não há o emprego da expressão “reincidência
específica” que, aliás, não tem sentido preciso na doutrina brasileira. A expressão
“reincidente em” é usada no art. 44 §3º do CP, no 77 do CP, no 83, II do CP, no art. 296 do
CTB...
c) Deve prevalecer o sentido literal do dispositivo quando limita o poder do Estado, como
manda o princípio da legalidade.

A segunda posição foi pacificada pelo STJ no Tema 1084.

** O mesmo entendimento deve ser aplicado nos incisos II e IV. Assim, só se pode exigir 30%
da pena do condenado reincidente específico em crime com violência ou grave ameaça. Da
mesma forma, apenas o reincidente específico em crime sem violência ou grave ameaça.

Observações sobre o requisito temporal da progressão

1- Súmula 715 do STF pacificou que os benefícios da execução penal serão calculados com
base na pena total aplicada, e não na unificação em 30 ou 40 anos.
2- Nos termos do art. 112 § 6º da LEP, a pratica de falta grave interrompe a contagem do
prazo para progressão. No mesmo sentido a Súmula 534 do STJ. Em outras palavras,
praticada a falta grave, será desprezado o empo de pena já cumprido (para a contagem da
progressão), e reiniciada a contagem a partir da falta com base na pena que resta a
cumprir.
3- A segunda progressão será calculada com base na pena que resta a cumprir. Fundamento:
“pena cumprida é pena extinta”.

2- Bom comportamento/ aptidão para progredir / requisito subjetivo

Em regra, o bom comportamento será atestado pela autoridade carcerária.

Súmula 439 STJ: o exame criminológico não está proibido, mas só será admitido em decisão
judicial que justifique sua necessidade nas peculiaridades do caso concreto.

Obs: Não é fundamento suficiente:


- A gravidade do crime
- a reincidência
- longa pena a cumprir

Falta grave e bom comportamento

Nos termos do art. 112 § 7º, após a pratica de falta grave, o bom comportamento deverá ser
reconhecido:
- após um ano da pratica de falta
- ou antes, se já cumprido o requisito temporal para a progressão após a prática de falta, que
interrompe a contagem.

Além de estabelecer os prazos para a reabilitação/depuração da falta grave, o art. 112 § 7º


acaba com a controversa possibilidade de cumular períodos de reabilitação.

Observações:

1- O termo inicial de contagem do prazo para a segunda progressão é o dia em que


cumpridos os requisitos para a primeira progressão, e não o dia em que a decisão foi
deferida.
2- Em outras palavras, é hoje pacífica a orientação que a decisão que defere a progressão
tem conteúdo declaratório, ou seja, seus efeitos retroagem (eficácia ex tunc) ao sai
que cumpridos os requisitos.
Obs: Hoje prevalece nos tribunais superiores que se determinada a realização do exame
criminológico, o termo inicial para a segunda progressão seria a data em que realizado o
criminológico, pois só assim estariam cumpridos os requisitos. Crítica: O exame criminológico
também é declaratório, pois apenas declara a aptidão para progredir. Não é um requisito uma
vez que não disposto em lei... é apenas a prova da aptidão para progredir... a aptidão é o
requisito, o exame é uma das possíveis comprovações. Confundir o requisito com a prova do
requisito é o mesmo que confundir a data em que deve ser deferida a progressão com a data
da juntada do cálculo, ou confundir a data da morte com a data da juntada do atestado de
óbito.

Problema prático:

Progressão regime – mulher – mãe – aplica para crime hediondo


Art. 112 (...)
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa.

Obs: A condenação por associação ao tráfico não impede a progressão do art. 112 § 3º da LEP. Apenas a
condenação por organização criminosa. Não se admite analogia incriminadora.

Observações finais

1- Nos termos do art. 33 § 4º do CP, nos crimes contra a administração pública, a progressão fica
condicionada à reparação do dano, com acréscimos legais.
2- Prevalece que a incapacidade econômica não justifica a possibilidade de progressão sem reparar o
dano.
3- Nos crimes praticados em concurso de pessoas, o STF já entendeu que a obrigação de reparar o dano é
solidário, ou seja, cada envolvido tem o dever de reparar o dano, e enquanto o dano não for reparado
nenhum dos condenados terá progressão.
4- O STF já entendeu que o inadimplemento da multa pelo réu solvente é um atentado contra a corte, e
demonstra audiência de mérito para a progressão.

REGRESSÃO

É a passagem de um crime mais ameno para outro mais grave.

É admitida a regressão por salto. No entanto, apesar de admitida a regressão por salto, não é
regra, mas sim a exceção. Se possível a regressão do regime aberto para o semiaberto, deve
ser preferida, e a opção pela regressão direta (por salto) do regime aberto para o fechado é
excepcional, e depende de fundamentação suficiente.

A regressão independe de progressão anterior, ou seja, mesmo fixado o regime semiaberto


inicial, será possível a regressão para o regime fechado.

Hipóteses de Regressão

Art. 118 – A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeito à forma regressiva, com a
transferência dos regimes mais rigorosos, quando condenado:

I- Praticar fato definido como crime doloso ou falta grave.

Evidente a falta de técnica do legislador que incide em grave redundância, uma vez que a
prática de crime doloso é falta grave (art. 52 da LEP).

Importante lembrar da Súmula 526 do STJ: Desnecessário o transito em julgado da


condenação por crime doloso para o reconhecimento da falta grave. Possível concluir que
é desnecessária condenação definitiva pelo crime doloso para a regressão.

Obs: A Súmula 526 do STJ não dispensa qualquer tipo de apuração. Dispensa transito em
julgado de condenação por crime doloso, permitindo, assim, que a prática de crime doloso
– que constitui fata grave – seja apurada por outros meios, ou seja, por procedimento
administrativo (como qualquer outra falta). Sem apuração administrativa e sem
condenação definitiva em processo penal, não há apuração suficiente da prática de falta
pela prática de crime doloso, e não pode ser admitida a regressão.

REGRESSÃO CAUTELAR / SUSPENSÃO DO REGIME

É consolidado entendimento do STJ que a notícia sobre a prática de falta grave ou prática de
crime doloso (que é, também, falta grave) permite que o juiz suspensa o regime atual, ou seja,
determine regressão cautelar, enquanto perdura a apuração da falta.

Dica: atentar sobre a atualidade a informação que justificou a regressão cautelar, bem como
sua pertinência.

Crítica: não há previsão legal de regressão cautelar ou suspensão de regime. A justificativa


consagrada estaria no “poder geral de cautela” do magistrado. No entanto, prevalece na
doutrina que não há poder geral de cautela no processo penal, especialmente quando
tratamos de cautelares pessoais. As cautelares pessoais devem ser típicas. No mesmo sentido,
a CIDH, no caso Iribarne x Chile concluiu que é inviável a decretação de prisão que não esteja
expressamente prevista na lei (CADH – art. 7.2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade
física, salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas nas constituições e nas leis).

II- Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena
em execução, torne incabível o regime (art. 111 da LEP)

Importante perceber que o art. 118, II da LEP classifica como regressão a unificação das penas
se uma das penas tem seu regime prejudicado.

Merece especial atenção a ressalva da legislação que só admite regressão pelo inciso II no caso
de condenação por crime praticado antes do início do cumprimento da pena. É que se o
crime foi praticado durante o cumprimento da pena, já aconteceu regressão nos termos do
art. 118, I da LEP, e admitir nova regressão pelo mesmo fato, bis in idem violador de direitos
humanos.

Pela letra da lei, a chegada de nova condenação por crime praticado durante o cumprimento
da pena não legitima a regressão na pena que está sendo cumprida. Infelizmente, na prática, é
comum que os julgadores ignores a ressalva legal, impondo nova (dupla) regressão pelo
mesmo fato.

§ 1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos
incisos superiores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa
cumulativamente imposta.

Para o condenado em regime abeto, além das hipóteses de regressão dos incisos I e II, temos
ainda:

a) A regressão por frustrar os fins da execução – entende-se, hoje, como o


descumprimento das condições do regime aberto.
b) A regressão do condenado solvente, que não paga pena de multa.

Crítica: para parte da doutrina, a previsão é inconstitucional, pois é prisão por dívida.

Quem deve provar a solvência? Pelos princípios constitucionais penais, o MP (distribuição do


ônus da prova).

§2º - Nas hipóteses do inc. I e do §1º, deverá ser ouvido previamente o condenado.

A oitiva só é necessária no caso de regressão por prática de crime doloso, falta grave,
descumprimento das condições do regime aberto e inadimplemento da multa pelo réu
solvente. Nesses casos, deve ser permitida necessariamente a autodefesa, para que réu tenha
possibilidade de convencer o magistrado sobre a inadequação da regressão.

No caso de regressão pelo art. 118, II, como o tema é a chegada de condenação por outro
crime, e a decisão condenatória não poderia ser desfeita ou ignorada pelo juízo da execução, a
oitiva é desnecessária.

Nos dois casos, permanece imprescindível a defesa técnica.

Para a “regressão cautelar”, prevalece que é desnecessária a oitiva.

Prevalece, ainda, que a oitiva do art. 118 §2º é judicial.


REMIÇÃO e TRABALHO DO PRESO

Trabalho do Preso

O trabalho é direito (art. 41 da LEP) e dever (art. 39 da LEP) do preso.

Remuneração pelo trabalho: Nos termos do art. 29 da LEP, o trabalho deve ser remunerado, e
o valor não pode ser inferior a ¾ do salário mínimo.

Nos termos do art. 29 § 2º da LEP, o produto a remuneração pelo trabalho deverá atender:

a) Indenização dos danos causados pelo crime;


b) Assistência à família;
c) Pequenas despesas sociais;
d) Ressarcimento ao estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado,
em proporção a ser fixada, sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.
e) Formação de pecúlio.

Jornada de trabalho: a jornada de trabalho terá a duração de trabalho mínima de 6 horas e


máxima de 8 horas. Pela letra da lei, o trabalho com duração inferior a 6h diárias seria
desprezado, assim como seriam ignoradas horas de trabalho além das 8 diárias. No entanto, é
pacífica orientação dos tribunais que mesmo as jornadas inferiores a 6h devem ser somadas
até que alcancem o mínimo de 6h, e então será contado 1dia de trabalho. Da mesma forma, é
contada a “hora-extra” de trabalho além das 8h, e, somadas 6 horas-extras, será contado 1 dia
“extra” de trabalho.

Para o preso provisório, o trabalho é facultativo.

Trabalho externo: O trabalho externo é excepcional para o condenado em regime fechado,


deve ser autorizado no caso do condenado em regime semiaberto e será a regra no regime
aberto.

Nos termos do art. 36 da LEP, o trabalho externo para o condenado em regime fechado exigirá
escolta. Nesse caso, devem ser tomadas toas as cautelas para evitar a fuga e a indisciplina. O
limite máximo de presos será de 10% do total de empregados da obra. A prestação de trabalho
para entidade privada depende do consentimento do preso.

O art. 37 prevê a prestação de trabalho externo sem escolta. Exige, no entanto, o


cumprimento de 1/6 da pena, aptidão, disciplina, e responsabilidade. O dispositivo não é claro,
e não indica qual o regime de cumprimento tratado, mas é consolidada a orientação de que
cuidaria do regime semiaberto.

Apesar da dicção legal, é hoje pacifica a orientação pela possibilidade de trabalho externo, do
condenado em regime semiaberto, esmo sem o cumprimento de 1/6 da pena. Basta a prova
de aptidão, disciplina e responsabilidade. A justificativa é que diante da ausência de estrutura
do aparato prisional para oferecer trabalho ao condenado, seria pouco razoável a exigência do
requisito temporal.

A natureza hedionda do crime não interfere na possibilidade de cumprimento da pena com


trabalho externo.
No HC 110605 o STF entendeu que o microempresário pode usufruir de trabalho externo
desde que consiga comprovar as circunstâncias do trabalho.

REMIÇÃO

É o desconto como pena cumprida por dias de trabalho ou estudo.

A remição é contada como pena cumprida, e não descontada da pena a cumprir.

A remição será contada para todos os fins (progressão, LC, Unificação das penas).

Ainda que facultativo o trabalho – e o estudo – durante a prisão cautelar, a atividade deverá
ser contada para a remição.

Se praticada a falta grave, o juiz poderá determinar a perca de até 1/3 dos dias remidos. É
consolidado o entendimento dos tribunais superiores que o marco de 1/3 é o máximo, e para
aplica-lo o juiz deverá fundamentar e explicar a razão pela qual a perda deve ser aplicada no
máximo (HC 130715 STF). É consolidado entendimento do STJ que apenas uma falta
especialmente grave pode resultar na perda do limite máximo de 1/3 dos dias remidos (HC
550207 e HC 487886).

Consolidado também entendimento do STJ que o critério para determinar o número de dias
remidos perdidos será encontrado no art. 57 da LEP: na aplicação dos castigos, serão
considerados: natureza de falta, os motivos, as circunstâncias e consequências do fato, a
pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.

A falta grave pode impor a perda de dias remidos em razão de dias de trabalho e estudo já
efetivados, mas ainda não declarados.

Se em razão de acidente o preso não puder trabalhar ou estudar, continuará a beneficiar-se da


remição, até que se recupere.

A remição será declarada pelo juiz das execuções, após manifestação do MP e da defesa.

Remição presumida: se o Estado não oferece condições para o trabalho/estudo e o preso se


dispõe a trabalhar ou estudar, deve receber dias de remição sob a presunção de que estaria
trabalhando ou estudando, se possível. A remição presumida é, hoje, repudiada pelos
Tribunais.

Remição Pelo Trabalho

Será deferida a remição pelo trabalho na razão de 1 dias de remição a cada 3 dias de trabalho.

Só é possível a remição pelo trabalho para o condenado que cumpre pena em regime fechado
ou semiaberto.

A Súmula 562 do STJ consolidou que é possível a remição pelo trabalho extramuros, desde que
o condenado cumpra pena em regime fechado ou semiaberto.

Remição pelo Estudo


Será definida a remição pelo estudo na razão de 1 dias de remição a cada 12 horas de estudo,
divididas em ao menos 3 dias. Pela dicção legal, se o preso estuda mais de 12 horas no
intervalo de 3 dias, o excesso seria desprezado. No entanto, apesar da letra da lei, por
imperativo de isonomia, o STJ entendeu que deve ser contada a “hora –extra” de estudo,
mesmo que supere 12 horas a cada 3 dias.

A remição pelo estudo é possível no regime fechado, no semiaberto, no aberto e também no


livramento condicional.

É admitido o ensino à distância, desde que certificado pelas autoridades competentes.

Prêmio pela conclusão do ciclo: nos termos do art. 126 § 5º da LEP o empo remido pelo estudo
será acrescido em 1/3 se concluído o ensino fundamental, médio ou superior.

Consolidada a desnecessidade de bom aproveitamento no estudo para remição.

ENCEJA e ENEM – a Resolução 391/21 do CNJ regulamenta o reconhecimento de dias remidos


pela aprovação no ENCEJJA e no ENEM.

A aprovação no ensino fundamental permite o deferimento de 177 dias (1600 horas de estudo
+ 1/3)

A aprovação no ensino médio permite o deferimento de 133 dis de remição (1200 horas + 1/3)

Sobre remição pela leitura e práticas educativas não escolares – Res. 391 do CNJ.

Caso Prático – Pedro...

Considerando a possibilidade de remição de pena pelo estudo ou pelo trabalho, responda se é


possível também a remição por estudo e trabalho simultaneamente, indicando o fundamento
legal.

É sim possível cumular remição pelo trabalho e pelo estudo, desde que as horas de trabalho e
estudo sejam compatíveis, nos moldes do artigo 126, § 3° da LEP1 .

O STF já entendeu que é possível cumular, no mesmo dia, jornada de trabalho e estudo, como
manda o art. 126 §3º da LEP – RHC 187940

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