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Direito Penal III

Penas Restritivas de Direito (art. 43 e seguintes)

 Conceito: Pena que substitui a pena privativa de liberdade para restringir o


desencarceramento, desde que preenchidos os requisitos do artigo

 Função e finalidade
• função de política criminal
• finalidade de desencarceramento

 Características
• Autonomia: uma vez substituída, ela é autônoma, não pode aplicar uma PRD + PPL
no mesmo crime; não é acessória
• Substitutividade: PRD é aplicada em substituição à outra pena (PPL) anterior; não
está prevista à um determinado crime

 Requisitos (art. 44)


1- Se o crime for doloso, o crime não pode ser cometido por violência ou grave
ameaça, e a pena aplicada de até 4 anos.
- Se o crime for culposo, não importa o crime e nem a pena
2- Não reincidente em crime doloso
3- As circunstâncias judiciais do art. 59, devem ser favoráveis

 Espécies
•Prestação pecuniária (art. 45, §1º): se destina à vítima ou algo beneficente
•Perda de bens e valores (art. 45, §3º): proveito econômico ou prejuízo do crime
•Prestação de serviço (art. 46, §4º): se tiver 2 anos de PPL, torna-se prestação de
serviços, invés de fazer 1 hora por dia por 2 anos, faz-se 2 horas por dia por 1 ano
•Limitação de fim de semana(art. 48)
•Interdição temporária de direitos (art. 47,III): crimes cometidos de acordo com os
incisos; se o crime for de trânsito, a pena será aplicada de acordo com o código de
trânsito, se a teve a intenção de matar está no CPP (usa o carro para cometer um
crime)

 Aplicação – quantitativa
Para saber a quantidade de PRD aplicadas, precisa saber a quantidade da pena
aplicada
- 1 pena: 1 PRD ou 1 multa
- se a pena for maior do que 1 ano, o juiz irá substituir por 2 PRD ou por 1 PRD e 1
multa

 Aplicação – qualitativa
Irá aplicar a PRD de acordo com a gravidade do crime, as consequências caudadas, etc.

 Conversão
Se a pessoa deixa de cumprir a PRD, a PRD é convertida para PPL
Sursis – Suspensão condicional da pena (art. 77 à 81, CP)
Pena é suspensa e durante o pedido de prova (2 à 6 anos), o condenado fica sujeito à algumas
condições. Ao final, se o sursis não for revogado, a pena será extinta.

 Origem
• Sistema anglo-americano
-a suspensão se dá antes da decisão e após a instrução
-o processo que é suspenso (antes de condenar suspende)

• Sistema franco-belga (origem do sursis)


-a suspensão se dá após a dosimetria da pena, após a condenação
-a pena é suspensa (depois de condenar suspende)
-primeiro analisa se a PPL pode ser substituída por PRD (tem reincidência pois ele é
condenado)

• Sistema do “probation of first affenders act”


-antes de oferecer denúncia, é suspensa a perseguição

 Espécies
• Sursis Simples
-requisitos: a pena aplicada tem que ser de até 2 anos; não pode ser reincidente em
crime doloso; as circunstâncias precisam ser valoráveis; não pode ser cabível a
substituição por PRD; se for reincidente, mas ter sido uma multa, pode ter sursis (art.
77, CP)
-condições: ou presta serviços à comunidade ou terá limitação no final de semana.
Juiz decide outras condições também pelo crime que foi praticado durante o primeiro
ano, analisado no período de prova de 2 a 4 anos. (art. 78,§1º)

• Sursis Especial
-requisitos: a pena aplicada tem que ser de até 2 anos; não pode ser reincidente em
crime doloso; as circunstâncias precisam ser valoráveis; não pode ser cabível a
substituição por PRD; se for reincidente, mas ter sido uma multa, pode ter sursis;
reparar o dano e circunstâncias favoráveis (art. 78,§2º)
-condições: proibição de frequentar determinados lugares; proibição de ausentar
da comarca; comparecimento obrigatório ao juízo (art. 78,§2º,a,b,c) 2 a 4 anos

• Sursis Etário
-requisitos: pena até 4 anos; não pode ser reincidente em crime doloso, salvo se for
multa; as circunstâncias precisam ser valoráveis; ser maior que 70 anos (art. 77, §2º)

• Sursis Humanitário
-requisitos: pena até 4 anos; não pode ser reincidente em crime doloso, salvo se
for multa; circunstâncias precisam ser valoráveis; razões de saúde (art. 77,§2º)

Condições legais: as condições do Sursis simples e do Sursis especial


Condições judicias: artigo 79, caput

 Revogação obrigatória e facultativa

• art. 81, CP, 1,2 e 3


• revogação: suspensão é revogada, a pena que estava suspensa é aplicada (art. 81,§1º)
 Prorrogação

Se durante o período de prova, o condenado é processado, sursis vai ser prorrogada


enquanto dura o processo, art. 81,§2º. Se já alguma situação que permite a revogação
facultativa, o juiz ao invés de revogar, pode prorrogar o sursis no tempo máximo, art.
81,§3º

Concurso de crimes (art. 69 a 71, CP)

 Conceito
•dois ou mais crimes, ligados entre si por algum vínculo
•ocorre quando o agente pratica crimes da mesma espécie e em condições de
execução semelhantes, os subsequentes serão continuação dos anteriores, sendo
aplicada a pena de um só dos crimes, ou a mais grave, se diversas, aumentada de um
sexto a dois terços

 Espécies
•material (art. 69,CP)
-ocorre quando o agente, através de mais de uma conduta (ação ou omissão),
pratica dois ou mais crimes, ainda que idênticos ou não.
Ex: Agente A, armado com um revólver, mata B e depois rouba C
Consequência: sistema do cúmulo material (o agente deve ser punido pela soma
das penas privativas de liberdade
Ex: três tentativas de homicídio em concurso material. Neste caso; o magistrado
deve, primeiramente, aplicar a pena para cada uma das tentativas e, no final, efetuar a
adição.

•formal (art. 70,CP)


-ocorre quando o agente, mediante uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou
mais crimes, ainda que idênticos ou não
Ex: agente A, com a intenção de tirar a vida da agente B, grávida de 8 meses,
desfere várias facadas em sua nuca, B e o bebê morrem.

-próprio: Sistema de exasperação


* causa de aumento de pena
* faz a dosimetria de uma pena e na terceira fase aumenta de 1/6 a ½
* o que vai indicar se vai ser 1/6 ou 1/2, depende da quantidade de
crimes
1/6 – 2 crimes
1/5 – 3 crimes
1/4 – 4 crimes
1/3 – 5 crimes
1/2 – 6 crimes
Homogêneo: avança o sinal vermelho e mata duas pessoas (2 homicídios culposos)
Heterogêneo: avança o sinal vermelho, mata uma pessoa e fere outra (homicídio e
lesão corporal)

Pode ser: dolo + culpa: atira contra 1 (dolo) e acerta o braço de outro (culpa)
culpa + culpa: dirige de forma imprudente (culpa) e atropela 5 pessoas na
calçada (culpa)

-impróprio: desígnios autônomos


* ele queria o resultado daquele crime
* uma única conduta
* pluralidade de crimes
* desígnios autônomos
* sistema do cúmulo material
Ex: coloca uma bomba num avião para matar 1 pessoa, mas todas as
pessoas morrem, e ele sabe que todos vão morrer (dolo direto)
dolo + dolo

•continuado (art. 71, CP)


Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticos, ou a mais grave, se
diversas, aumentado, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3
Ex: indivíduo é preso após cometer vários furtos, o qual água sempre da mesma
forma. A pena do furto é de 1 a 4 anos, na hipótese da prática de 50 furtos e aplicação
da pena máxima em cada, não seria interessante para o Estado o cumprimento de
4x50=200 anos de pena
Crime Continuado (art. 71)

 Conceito
Dá-se quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, mediante duas
ou mais condutas, as quais; pelas condições de tempo, lugar, modo de execução e
outras, podem ser tidos como continuação dos outros
Ex: Furto simples ou qualificado com o mesmo modo de execução
Obs: crime de mesma espécie é os que estão no mesmo artigo

 Requisitos
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois ou mais crimes
da mesma espécie e, obedece as condições de tempo, lugar e modo de execução e as
outras semelhantes devem ser havidas como continuação da primeira.

 Espécies
•próprio
•normal
•simples
•específico

 Teorias
•objetiva
•subjetiva
•mista (foi a adotada)

 Consequência para a prova: exasperação


*próprio: + 1/6 a 2/3 ou até 3x

Obs: “Lex Granior” – lei penal mais grave (súmula 711 STF)

Obs: multa sempre será somada; distinta e integralmente (mesmo no concurso de


crimes)

Obs: no crime continuado não se aplica o art. 72. Jurisprudência


Causas Extintivas de Punibilidade (art. 107 e seguintes)

• conclusão anônima para aplicar a pena


• nas causas extintivas, o injusto nasce punível, mas por evento posterior o Estado abdica
do poder de punir
• o art. 107 do CP mostra o rol, que não é taxativo, para as causas de extinção da
punibilidade
*ação penal privada: só a vítima pode entrar com a queixa crime, por exemplo em
relação de casos de casamento. Induzimento a erro essencial – ação penal personalíssima e
privada

A) Morte do agente
 Morre a pretensão punitiva contra o agente se caso ele morra, não de como aplicar a
pena em outra pessoa – deve apresentar a certidão de óbito

B) Anistia, graça ou indulto


 Perdão político
Anistia – poder legislativo (congresso) retira o caráter criminoso praticados em certos
períodos, os efeitos primários e secundários são retirados
Ex: reincidência é retirada

Graça e indulto: perdão concedido pelo Presidente da República. A graça é individual e


específica a pessoa beneficiada, o indulto é geral
- a graça tira a pena da própria pessoa
- a graça e o indulto só extingue os efeitos penais primários, os secundários
persistem

C) “asolitio criminis”
 O congresso lança uma lei revogando o crime. Ex: adultério
 Extingue os efeitos primários e secundários
 A extinção/revogação de um artigo não pode ser confundido com asolitio criminis. Ex:
estupro é uma continuidade no CP, o qual inclui novas formas de se considerar o
estupro, revoga um artigo, mas adicionam outro, complementando outro ou
adicionando (continuidade) da prática descrita

D) Prescrição, decadência e perempção


 Direito de sujeição (decadência) é a perda desse direito. A prescrição é a perda de
pedir ao judiciário uma sentença condenatória – na decadência não depende do
judiciário. Ex: compra pela internet, a troca é em 7 dias, se você não troca nesse
período, o direito decai em 7, 90 dias. Não precisa pedir ao judiciário e por isso é
sujeição.
 Decadência: crimes de ação penal privada ou pública condicionada à representação –
a vítima escolhe se dá início a persecução penal ou não. O estado confere à vítima esse
direito. (perde o direito de dar o início no processo)
•persecução penal abrange a investigação e o processo. Se a vítima se mantém inerte,
o direito decai, independe do juiz, é um direito dela à dar o início a persecução penal
(basta representar no prazo decadencial de 6 meses). Se extingue a penalidade do
agente pelo percurso do tempo.
•não existe decadência para o MP
 Perempção: perda do direito de prosseguir com a ação penal (já está em curso) o
agente fica inerte (não movimenta o processo). Ex: na alegação final não pede a
condenação. Não prossegue com o processo. (perde o direito de prosseguir )
Extinção de punibilidade

 Ação penal pública incondicionado (prescrição)


E a ação penal pública cujo exercício não se subordina a qualquer requisito. Não
depende, portanto, de prévia manifestação de qualquer pessoa para ser iniciada. É
mesmo irrelevante a manifestação da ofendida (não escolhe se vai representar, ela
representa sozinha – lesão corporal)
 Ação penal pública condicionada à representação (prescrição e decadência)
É aquela que, embora deva ser ajuizado pelo MP, depende da representação da vítima,
ou seja, a vítima tem que querer que o autor do crime seja denunciado. Nestes crimes,
o IP pode se iniciar: representação do ofendido ou de seu representante legal (pode
escolher se quer representar ou não – ameaça, injúria, etc)
 Ação penal privada (perempção, decadência e prescrição)
É o tipo de ação judicial em que a própria vítima é quem precisa prestar a queixa, com
o auxílio de um advogado, que elabora a queixa-crime

Perempção (art. 60, CP)


4 causas de perempção
 inércia do querelante por 30 dias seguidos
 a morte do querelante seguida do não comparecimento de algum sucessor até 60 dias
 o não comparecimento do querelante a algum ato processual
 a extinção de pessoa jurídica seguida de falta de sucessor

Prescrição: Só é estado pode punir, porém, não é ilimitado ou passível de ser exercido
por tempo indeterminado
 Perda do direito de ajuizar uma demanda
 Espécie de sanção para que o estado aja num prazo adequado
 Pessoa saber pelo que está sendo punido, então não deve punir 20 anos depois
 Prazos se adequam à realidade do crime

•Prazos Prescricionais
3 anos – se a pena é menor que 1 ano
4 anos – se a pena é de 1 ano até 2 anos
8 anos – se a pena é maior que 2 anos até 4 anos
12 anos – se a pena é maior que 4 anos até 8 anos
16 anos – se a pena é maior que 8 anos até 12 anos
20 anos – se a pena é maior que 12 anos

•Espécies de prescrição

Prescrição da pretensão punitiva (PPP)


• prazo pra condenar
• não tem pena aplicada
• segue pela pena máxima comida
• estado não pode proferir uma condenação
• não existe os efeitos penais da condenação

Prescrição da pretensão executória (PPE)


• prazo para executar a pena (condenação)
• segue pela pena aplicada
• estado não possui o direito de executar a condenação, pois prescreveu, mas ela
existe
• existem os efeitos penais

Tipos/modalidade de PPP
a) PPP propriamente dita: calculada com base na maior pena prevista no tipo legal
(pena abstrata)
b) PPP retroativa: calculada na pena fixada pelo juiz na sentença condenatória e
aplicável na sentença condenatória para trás
c) PPP superveniente/intercorrente/subsequente: Calculada com base na pena
efetivamente fixada pelo juiz na sentença condenatória e aplicável sempre após a
condenação de primeira instância.

Marcos interruptivos (art. 117, CP)

PPP
- recebimento da denúncia
- decisão de pronúncia
- acórdão confirmatório da pronúncia
- condenação

PPE
- reincidência
- início ou continuação do cumprimento da pena ( suspensão/interrupção)

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