Este documento discute os diferentes tipos de concurso de crimes no direito penal brasileiro, incluindo concurso formal, crime continuado e continuidade delitiva. Explica que o concurso formal ocorre quando uma única ação ou omissão resulta em mais de um crime, enquanto o crime continuado envolve uma série de crimes da mesma espécie ligados por tempo, local e modo de execução. A pena aplicada depende do tipo de concurso.
Este documento discute os diferentes tipos de concurso de crimes no direito penal brasileiro, incluindo concurso formal, crime continuado e continuidade delitiva. Explica que o concurso formal ocorre quando uma única ação ou omissão resulta em mais de um crime, enquanto o crime continuado envolve uma série de crimes da mesma espécie ligados por tempo, local e modo de execução. A pena aplicada depende do tipo de concurso.
Este documento discute os diferentes tipos de concurso de crimes no direito penal brasileiro, incluindo concurso formal, crime continuado e continuidade delitiva. Explica que o concurso formal ocorre quando uma única ação ou omissão resulta em mais de um crime, enquanto o crime continuado envolve uma série de crimes da mesma espécie ligados por tempo, local e modo de execução. A pena aplicada depende do tipo de concurso.
E CONTINUIDADE DELITIVA Professor Diego Pureza Concurso formal: O concurso formal ou ideal está previsto no artigo 70 do Código Penal: “Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica- se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior”. Age em concurso formal o sujeito que, mediante uma só ação ou omissão, prática dois ou mais crimes, idênticos ou não.
São, portanto, requisitos do concurso formal de delitos:
(A) a unicidade da conduta e; (B) a pluralidade de crimes. Exemplo: JOÃO, conduzindo seu automóvel, com manifesta imprudência, perde o controle de direção do veículo e atropela ANTONIO e MARIA, causando a morte dos pedestres. JOÃO, praticou dois homicídios culposos na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal. Embora se exija conduta única para a configuração dessa espécie de concurso, nada impede que esta mesma conduta seja fracionada em diversos atos, no que se domina ação única desdobrada.
Exemplo: JOÃO ingressa em ônibus coletivo e subtrai, mediante
grave ameaça, os pertences pessoais dos passageiros. O crime permanece único, praticado mediante diversos atos, caracterizando o concurso formal de delitos. A doutrina classifica essa forma de concurso em: os crimes decorrentes da conduta única são da mesma Homogêneo espécie. Heterogêneo os crimes são de espécie distintas. Próprio, o agente, apesar de provocar dois ou mais resultados, perfeito ou não age com desígnios autônomos, isto é, não tem normal intenção independente em relação a cada crime. Impróprio, imperfeito ou o sujeito age com desígnios autônomos. Esta espécie anormal só tem cabimento nos crimes dolosos. Nota-se que estas classificações não são excludentes. É perfeitamente possível que verifique-se um concurso formal próprio ou impróprio e homogêneo ou heterogêneo.
As regras de aplicação da pena vão depender do tipo de concurso
formal (se perfeito ou imperfeito): (A) Aplicação da pena no concurso formal perfeito (ou próprio)
No concurso formal perfeito incide o sistema da exasperação: o juiz
aplica uma só pena se idênticas, ou a maior, se diferentes, aumentada de um sexto até metade. Quanto maior o número de infrações, maior deve ser o aumento.
Exemplo: motorista reincidente que, negligentemente, atropela e
mata casal. Análise da fixação da pena: Art. 68 do CP (cálculo da pena seguindo três fases) 1ª FASE: pena-base em 2 anos (não havendo circunstancias judiciais, nem favoráveis, nem Homicídio desfavoráveis) culposo 2ª FASE: pena intermediaria em 2 anos e 4 meses art. 302 do CTB, (majorada em 1/6, considerando a agravante da pena de 2 a 4 reincidência) anos. 3ª FASE: pena definitiva em 2 anos e 10 meses (exasperada em 1/5 em razão do concurso formal de delitos) Não se descarta a hipótese de o sistema da exasperação se revelar prejudicial ao réu. Neste caso, lembrando que o concurso formal foi criado para beneficiar o agente, deve o magistrado preferir o cúmulo das penas. Trata-se de denominado concurso material benéfico, estabelecido no artigo 70, parágrafo único, do Código Penal:
“Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste Código”. Exemplo: JOSÉ, com intenção de matar, atira em ANTÔNIO. Todavia, JOÃO, que passava pelo local, também foi atingido. ANTÔNIO morreu e JOÃO ficou levemente ferido. Estamos diante de um típico caso de concurso formal heterogêneo perfeito. Se aplicada a regra da exasperação, a pena do crime mais grave (homicídio, reclusão de 6 a 20 anos) será aumentada de 1/6 até a metade. Imagine-se que, diante do caso concreto, o magistrado sentenciante conclua pela fixação da pena mínima (6 anos) majorada também do mínimo (1/6), totalizando 7 anos de prisão. Nessa hipótese, deverá ser reconhecido o concurso material benéfico, pois fica evidente que a soma das penas mínimas das duas infrações (homicídio e lesão corporal leve) resulta em pena menor (6 anos e 3 meses de prisão). (B) Aplicação da pena no concurso formal imperfeito (impróprio)
No concurso formal imperfeito, o agente pratica uma única
conduta, todavia seu objetivo é provocar dois ou mais crimes. Por existir desígnios autônomos, as penas deverão ser somadas, aplicando-se a mesma regra do concurso material de crimes. Crime continuado: Verifica-se a continuidade delitiva (ou crime continuado), estampada no art. 71 do CP, quando o sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crimes da mesma espécie, aguardando entre si um elo de continuidade (em especial, as mesma condições de tempo, lugar e maneira de execução). Eis o art. 71 do CP: “Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”. Nota-se, portanto, que o instituto está baseado em razões de política criminal. O juiz, ao invés de aplicar as penas correspondentes aos vários delitos praticados em continuidade, por ficção jurídica, para fins da pena, considera como se um só crime foi praticado pelo agente, devendo ter sua reprimenda majorada.
A continuidade delitiva divide-se em duas espécies: crime
continuado genérico e especifico. Vejamos cada qual, separadamente. Crime continuado genérico ou comum Previsto no artigo 71, caput, do Código Penal, dá-se o crime continuado genérico (ou comum) quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. Apresenta os seguintes requisitos: (A) Pluralidade de condutas; (B) Pluralidade de crimes da mesma espécie; Em resumo:
crimes da mesma espécie = mesmo tipo penal + igual bem jurídico.
(C) Elo de continuidade: é também requisito do crime continuado o elo de continuidade entre as condutas. Esse elo se revela através:
(C.1) Das mesmas condições de tempo: a lei não anuncia qual o
hiato temporal máximo que deve existir entre o primeiro e o último delito de cadeia, alertando a jurisprudência que não pode suplantar 30 (trinta) dias. (C.2) Das mesmas condições de lugar: Para a jurisprudência, haverá as mesmas condições de lugar quando os crimes são praticados na mesma comarca (ou em comarcaras vizinhas).
(C.3) Da mesma maneira de execução (modus operandi): bem
como alerta BITENCOURT: a lei exige semelhança e não identidade. A semelhança na maneira de execução se traduz no modus operandi de realizar a conduta delitiva. Maneira de execução é o modo, a forma, o estilo de praticar o crime, que, na verdade, é apenas mais um dos requisito objetivos da continuação criminosa. (C.4) Outras circunstâncias semelhantes: abrangendo quaisquer outras circunstâncias das quais se possa concluir pela continuidade. Crime continuado específico O crime continuado especifico está previsto no artigo 71, parágrafo único, do Código Penal: “Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça a pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código”. Manda a lei que se observe a regra do concurso material benéfico e o limite máximo de pena a cumprir no Brasil (30 anos). Qual lei deve ser aplica se, no decorrer da prática de um crime continuado, sobrevém lei mais grave? Ilustrando:
A sumula nº711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.”