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Material elaborado por Genesis da Silva Honorato

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SUMÁRIO

1. CONCEITO: ............................................................................... 3

2. SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA:........................................... 3

2.1. Sistema do cúmulo material: ................................................ 3

2.2. Sistema da Exasperação: ...................................................... 4

2.3. Sistema da Absorção: ........................................................... 4

3. CONCURSO MATERIAL OU REAL: ................................................ 5

4. CONCURSO FORMAL: ................................................................. 7

4.1. Aplicação da pena: ............................................................... 8

5. CRIME CONTINUADO: .............................................................. 11

5.1. Aplicação da pena: ............................................................. 14

6. MULTA NO CONCURSO DE CRIMES: ......................................... 16

7. CONCURSO DE CONCURSOS DE CRIMES OU CONCORRÊNCIA DE


CONCURSOS: ............................................................................................. 17

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .......................................................... 19

LEGISLAÇÃO CORRELATA ................................................................. 21


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CONCURSO DE CRIMES
1. CONCEITO:
O concurso de crimes nada mais é do que o instituto que se verifica
quando o agente, mediante uma ou várias condutas, pratica duas ou mais
infrações penais. Temos aqui, portanto, UNIDADE OU PLURALIDADE
DE CONDUTAS sendo sempre cometidas duas ou mais infrações penais.

Eu sei que o conceito pode parecer sempre trivial, mas acredite que
mais a frente ele vai ser o fator de diferenciação entre institutos que parecem
ser idênticos.

Como espécies de concurso temos:

a) CONCURSO MATERIAL;
b) CONCURSO FORMAL;
c) CRIME CONTINUADO.

2. SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA:


Meus caros, aqui temos 3 grandes sistemas (sim, três!). Os dois
primeiros são os mais conhecidos e o terceiro é bem específico.

2.1. Sistema do cúmulo material:


Por este sistema, temos o SOMATÓRIO das penas pelas quais o
agente foi condenado.
Adotamos o sistema do cúmulo para os seguintes casos:

a) Concurso Material;
b) Concurso formal imperfeito;
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c) Concurso das penas de multa.

2.2. Sistema da Exasperação:


Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave praticada pelo
agente, AUMENTADA DE DETERMINADO PERCENTUAL.
Adotamos esse sistema para os seguintes casos:

a) Concurso formal próprio;


b) Crime continuado (Tem diferença aqui. Vamos tratar daqui a
pouco).

2.3. Sistema da Absorção:


Conforme o professor CLEBER MASSON, aplica-se exclusivamente
a pena da infração penal mais grave, dentre as diversas praticadas pelo
agente, sem qualquer aumento.
Esse sistema foi consagrado pela jurisprudência em relação aos
CRIMES FALIMENTARES praticados pelo falido, sob a égide do
Decreto-lei 7.661/1945, em virtude do princípio da unidade ou unicidade dos
crimes falimentares, e preservado com a entrada em vigor da Lei
11.101/2005 - Lei de Falências.

ATENÇÃO: A unicidade do crime falimentar, contudo, não impede


o concurso material ou formal entre um crime falimentar e outro delito
comum.

Conforme aponta o STJ:


O princípio da unicidade estabelece que, havendo o
concurso de diversas condutas voltadas ao cometimento de
fraudes aos credores da empresa em processo de falência,
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considera-se a prática de apenas um único tipo penal, para


o qual deve ser aplicada a pena do mais grave deles (HC
94.632/MG, rel. Min. Og Fernandes, 6ª Turma, j.
12.03.2013. No mesmo sentido: REsp 1.617.129/RS, rei.
Min. Sebastião Reis Júnior, 6.a Turma, j. 07.11.2017)

Meus caros, passemos agora a analisar cada espécie de concurso:

3. CONCURSO MATERIAL OU REAL:


Conforme dispõe o Art. 69 do CP:

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que
haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas
de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido


aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata
o art. 44 deste Código.

§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o


condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis
entre si e sucessivamente as demais.

Meus caros, o mais importante aqui é o básico. Ou seja, temos:

a) Pluralidade de condutas; e
b) Pluralidade de resultados.

O concurso material de crimes pode ser de duas espécies:

A) HOMOGÊNEO: Os crimes cometidos são idênticos;


B) HETEROGÊNEO: Os crimes são diversos.
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Quanto ao momento adequado para a soma das penas, deve-se


observar que se HOUVER A CONEXÃO entre as infrações penais, com a
consequente unidade processual, a regra do concurso material é aplicada pelo
juiz que PROFERE A SENTENÇA.
O juiz deverá fixar, separadamente a pena de cada uma das infrações
penais e em seguida soma-las.
Todavia, se NÃO HOUVER CONEXÃO, as disposições inerentes
ao concurso material serão aplicadas pelo JUÍZO DA EXECUÇÃO.

Outro ponto relevante é observar o §1º do Art. 69, CP (releia):

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido


aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata
o art. 44 deste Código.

Temos aqui, portanto, a possibilidade de se cumular, na aplicação das


penas de crimes em concurso material, uma pena privativa de liberdade,
desde que tenha sido concedido sursis, com uma restritiva de direitos.

CONCURSO MATERIAL E SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO:
Atenção para este ponto que já apareceu em provas!
O professor MASSON diz que a suspensão condicional do processo
somente é admissível quando, no concurso material, a somatória das
penas impostas ao acusado preencha os pressupostos do Art. 89 da Lei
9.099/1995. O total das penas mínimas, portanto, deve ser igual ou inferior
a 1 (um) ano.
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4. CONCURSO FORMAL:
Aqui temos o concurso de crimes em que o agente mediante uma única
conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
Conforme o Art. 70 do CP:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria


cabível pela regra do art. 69 deste Código.

Aqui temos 2 grandes requisitos:

a) Unidade de conduta; e
b) Pluralidade de resultados.

ATENÇÃO: No que tange à unidade de conduta, somente se


concretiza quando os atos são realizados no mesmo contexto temporal e
espacial. Não importa, obrigatoriamente, em ato único, pois há condutas
fracionáveis em diversos atos. É neste sentido o entendimento do STF (HC,
91615/ RS – 2007) que diz haver concurso formal a ação única que tenha
como resultado a lesão ao patrimônio de vítimas diversas, e não crime único.

O concurso formal pode ser:

A) HOMOGÊNEO: Crimes idênticos;


B) HETEROGÊNEO: Crimes diversos;
C) PERFEITO (PRÓPRIO): O agente não possui desígnios
autônomos em relação à cada crime.
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D) IMPERFEITO (IMPRÓPRIO): Verifica-se a conduta dolosa do


agente e os crimes derivam de desígnios autônomos. Envolve
crimes DOLOSOS, qualquer que seja a espécie de dolo, conforme
entendimento do STJ no HC 191.490/RJ – 2012, noticiado no
informativo 505.

O código Penal adotou a TEORIA OBJETIVA sobre o concurso


formal, vale dizer, bastam a unidade de conduta e a pluralidade de resultados
para a caracterização do concurso formal. Assim, pouco importa se o agente
agiu ou não com unidade de desígnios.

Agora, precisamos estabelecer uma diferença importante: Trata-se da


diferença entre crime formal próprio e o crime preterdoloso.
Meus caros, como eu falei no início, os conceitos são importantes para
estabelecer essas diferenças. Vejamos uma tabela:

CONCURSO FORMAL CRIME PRETERDOLOSO:


PRÓPRIO:
É espécie de concurso de crimes. Apenas 1 crime.
Portanto, temos 2 ou mais crimes
sendo considerados.

Temos 2 ou mais crimes dolosos e Aqui temos uma conduta inicial


ou demais são culposos ou ainda dolosa e um resultado agravador de
todos são culposos. natureza culposa.

4.1. Aplicação da pena:


Lembre-se que o CP adotou o sistema da exasperação. Assim, se o
concurso for homogêneo, o juiz tomará qualquer das penas e a aumentará de
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1/6 a ½ (metade). Sendo o concurso heterogêneo, o juiz tomará a pena mais


grave e a aumentará também de 1/6 a ½ (metade).

#CRITÉRIO USADO PELO JUIZ PARA FIXAR O AUMENTO:


O juiz observará exclusivamente o número de crimes cometidos.
Assim, atente-se para a tabela constante do livro do professor MASSON:

NÚMERO DE CRIMES: AUMENTO DE PENA:

2 1/6
3 1/5
4 ¼
5 1/3
6 ou mais ½

ATENÇÃO: No caso de termos 7 crimes ou mais, o juiz deverá


aplicar o aumento no máximo (metade) e as demais infrações serão contadas
para fins de circunstâncias judiciais desfavoráveis para a dosimetria da pena-
base.

Cuidado com o que foi dito agora! Não confunda com o aumento
decorrente do concurso em si, pois este incidirá sobre a terceira fase da
dosimetria (por se tratar de causa de aumento de pena).

#CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO E SISTEMA DE APLICAÇÃO


DA PENA:
Este é mais um detalhe importante e que já foi antecipado no início do
caderno. Atente-se que, no caso de concurso formal impróprio ou imperfeito,
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não será aplicado o sistema da exasperação, mas sim o do cúmulo material


(soma de penas).
Se há desígnios autônomos, há dolo na conduta que produz a
pluralidade de resultados, e o agente deve responder por todos os resultados
a que deu causa, sem nenhum tratamento diferenciado.

#CONCURSO MATERIAL BENÉFICO:


Meus caros, aqui preciso que você volte a ler o Art. 70 e preste atenção
no seu §único:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria


cabível pela regra do art. 69 deste Código.

Lembre-se que o Art. 69 é que trata do concurso material de crimes.


Vamos entender a lógica desse parágrafo.

Pessoal, direito penal, por mais chato que seja (um amante de civil e
empresarial falando rsrs), tem lógica também! Pense que se você comete
mais de um crime, a regra, obviamente, é responder por todos eles sem
nenhum tipo de benevolência por parte do Estado. Todavia, o sistema da
exasperação nasce para dar ao agente benefício na aplicação da pena
quando temos hipóteses de crimes culposos (por isso também que o formal
impróprio adota a regra do cúmulo material e não a exasperação).
Assim, seguindo essa lógica, se o que nasce para beneficiar acaba se
tornando mais rígido e maléfico, não faz sentido manter a regra.
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Assim, sendo prejudicial a exasperação, deve incidir o cúmulo


material, pois a soma é mais vantajosa. Leia o exemplo do livro do professor
MASSON:
"A”, com a intenção de ser promovido na empresa em que trabalha,
arremessa, dolosamente, uma pedra contra a cabeça de “B”, com o escopo
de tirá-lo da disputa pela vaga (motivo torpe), matando-o. Em face de sua
imprudência, uma vez que o local em que foi praticada a conduta estava
repleto de pessoas, a pedra atinge também a perna de “C”, nele produzindo,
culposamente, lesões corporais. Após o regular trâmite da ação penal, é
condenado pela prática dos dois crimes, em concurso formal perfeito.
Levando-se em conta o mínimo legal de cada um dos crimes, como
devem as penas ser aplicadas?
O homicídio qualificado tem a pena mínima de 12 anos de reclusão, e
as lesões corporais culposas, detenção de 2 meses.
De acordo com o sistema da exasperação, o cálculo seria: 12 anos de
reclusão (crime mais grave) + 1/6 (aumento mínimo) = 14 anos de reclusão
(pena final).
Já para o sistema do cúmulo material, o cálculo seria outro: 12 anos
de reclusão (homicídio qualificado) + 2 meses de detenção (lesões culposas)
= 12 anos de reclusão e 2 meses de detenção (pena final).
Conclui-se, pois, ser em alguns casos o sistema do cúmulo material
melhor do que o da exasperação, prevalecendo sobre este. Fala-se, no caso,
em concurso material benéfico ou favorável.

5. CRIME CONTINUADO:
Vamos entrar na última modalidade de concurso de crimes.
Conforme o Art. 71 do CP:
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Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e,
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços.

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas


diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70
e do art. 75 deste Código.

Fique muito atento para os pontos destacados no Artigo, pois são os


objetos de cobrança em provas.

No que tange à Natureza Jurídica, temos que saber que foi adotada a
TEORIA DA FICÇÃO JURÍDICA, ou seja, a continuidade delitiva é uma
ficção criada pelo Direito. Existem, na verdade, vários crimes, considerados
como um único delito para fins de aplicação da pena (guarde isso!).

ATENÇÃO: A unidade do crime continuado se opera


exclusivamente para fins de aplicação da pena. Para as demais
finalidades há concurso, tanto que a prescrição, por exemplo, é
analisada separadamente em relação a cada delito, como se extrai do art.
119 do Código Penal e da Súmula 497 do Supremo Tribunal Federal:
“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena
imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação”

São requisitos do crime continuado:


a) Pluralidade de condutas;
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b) Pluralidade de crimes da MESMA ESPÉCIE;


c) Condições semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução
e outras semelhantes.

Vejamos uma tabela com os apontamentos necessários sobre esses


requisitos:

PLURALIDADE DE Lembrar que nada impede que seja uma conduta


CONDUTAS: composta de diversos atos.

PLURALIDADE DE Para a jurisprudência, crimes da mesma espécie


CRIMES DA MESMA são aqueles tipificados pelo mesmo
ESPÉCIE: dispositivo legal, consumados ou tentados, seja
na forma simples, privilegiada ou qualificada.
Mas não basta só isso!

Os crimes precisam possuir a mesma estrutura


jurídica, ou seja, devem ser idênticos os bens
jurídicos tutelados. Nesse sentido, roubo e
latrocínio, embora previstos no art. 157 do
Código Penal (são crimes do mesmo gênero),
não são crimes da mesma espécie.

CONDIÇÕES Tempo: A jurisprudência consagrou um critério


SEMELHANTES: objetivo, pelo qual entre um crime parcelar e
outro não pode transcorrer um hiato superior a
30 (trinta) dias. Mas, em ação penal
pela prática de crime contra a ordem tributária,
o Pretório Excelso excepcionalmente admitiu a
continuidade delitiva com intervalo temporal de
até 3 (três) meses entre as condutas.

Espaço: A jurisprudência firmou o


entendimento de que os diversos delitos devem
ser praticados na mesma cidade, ou no
máximo em cidades limítrofes, ou ainda
contíguas, isto é, próximas entre si.
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Modo: semelhança entre a maneira de execução


pela qual os crimes são praticados, isto é, o
agente deve seguir sempre um padrão análogo
em suas diversas condutas.

Ocasião: O agente, para executar os crimes


posteriores, deve se valer da ocasião
proporcionada pelo crime anterior.

UNIDADE DE Temos 2 teorias:


DESÍGNIO:
1) TEORIA OBJETIVO-SUBJETIVA:
Não basta a presença dos requisitos
objetivos previstos no art. 71, caput, do
Código Penal. Reclama-se também a
unidade de desígnio, isto é, os vários
crimes resultam de plano previamente
elaborado pelo agente. ADOTADA
PELA JURISPRUDÊNCIA: RHC
93.144/SP.

2) TEORIA OBJETIVA PURA: Basta a


presença dos requisitos objetivos
elencados pelo Art. 71 do CP.

5.1. Aplicação da pena:


Nós temos 3 espécies de crime continuado:
a) Simples ou comum: é aquele em que as penas dos delitos
parcelares são idênticas.

b) Qualificado: as penas são diferentes.

Nestes dois casos, o juiz adotará o vetor do número de crimes para aplicar o
aumento de 1/6 a 2/3. Seguimos aqui a mesma regra já estudada no concurso
formal.
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ATENÇÃO: É possível o aumento da pena na fração máxima (2/3) quando


não se conhece, com exatidão, o número de delitos praticados pelo agente,
desde que sejam vários e prolongados em amplo espaço de tempo, conforme
o STF no HC 127.158/MG – 2015.

Lembre-se que se forem oito ou mais crimes, deve-se aplicar o


máximo de aumento e os restantes serão considerados circunstâncias
judiciais desfavoráveis.

c) Específico: é o previsto no parágrafo único do art. 71 do Código


Penal, o qual se verifica nos crimes dolosos, contra vítimas
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.
Aplica-se a pena de qualquer dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, aumentada até o triplo.

ATENÇÃO: Está superada a súmula 605 do STF que vedava a


continuidade delitiva nos crimes contra a vida.

Meus caros, lembrem-se ainda que o crime continuado em qualquer


de suas espécies, constitui-se em causa obrigatória de aumento da pena, e
incide, por corolário, na terceira fase de aplicação da pena. Se, entretanto,
os diversos crimes parcelares forem objetos de variadas ações penais, em
juízos distintos, não unificadas antes do trânsito em julgado, é possível a
unificação das penas em sede de execução, com fulcro no art. 82 do Código
de Processo Penal.

#CRIME CONTINUADO E CONFLITO DE LEIS NO TEMPO:


Aqui você precisa lembrar da famosa súmula 711 do STF:
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A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao


crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação
da continuidade ou da permanência

#PRESCRIÇÃO E CRIME CONTINUADO:


Lembrar que a ficção jurídica só para fins de aplicação da pena.
Conforme o Art. 119 do CP:
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da
punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

Dispõe ainda a súmula 497 do STF:


Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-
se pela pena imposta na sentença, não se computando o
acréscimo decorrente da continuação

#SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E CRIME


CONTINUADO:
Necessário respeitar o limite da pena mínima do crime, de 1 ano, aí já
computado o aumento decorrente da continuação.
É o que estabelece a Súmula 723 do Supremo Tribunal Federal:
Não se admite a suspensão condicional do processo por
crime continuado, se a soma da pena mínima da infração
mais grave com o aumento mínimo de 1/6 (um sexto) for
superior a 1 (um) ano

6. MULTA NO CONCURSO DE CRIMES:


Meus caros, devemos prestar atenção ao Art. 72 do CP:
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas
distinta e integralmente.
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Pelo texto do artigo, percebemos que o sistema adotado para aplicação


da multa é o do cumula material, tanto no caso de concurso formal, quanto
de concurso material.
No âmbito de aplicação da multa em casos de crime continuado,
prevalece na jurisprudência que a adoção da teoria da ficção jurídica pelo art.
71 do Código Penal implica na aplicação de uma única pena de multa, por se
tratar de crime único para fins de dosimetria da sanção penal. Assim já
decidiu o STJ no AgRg no REsp 607.929/PR – 2007 bem como no HC
95.641/DF – 2008 e REsp 905.854/SP – 2007.
A pena de multa, aplicada no crime continuado, escapa à
norma contida no art. 72 do Código Penal. As penas de
multa, no caso de concurso de crimes, material e formal,
aplicam-se cumulativamente, diversamente do que ocorre
com o crime continuado, induvidoso concurso material de
crimes gravado pela menor culpabilidade do agente, mas
que é tratado como crime único pela lei penal vigente, como
resulta da simples letra dos arts. 71 e 72 do Código Penal,
à luz dos arts. 69 e 70 do mesmo diploma legal (AgRg no
REsp 607.929/PR – 2007).

7. CONCURSO DE CONCURSOS DE CRIMES OU


CONCORRÊNCIA DE CONCURSOS:
É possível o concurso de concursos de crimes entre as modalidades.
O professor CLEBER MASSON traz um excelente exemplo:

Imagine-se, exemplificativamente, que determinada pessoa pratique,


em um dia, três homicídios culposos em concurso formal, e, no outro dia,
mais dois crimes de homicídio culposo, também em concurso formal. Entre
esses dois blocos de concursos haverá concurso material. A imputação seria
assim definida: art. 121, §3°, por três vezes, na forma do art. 70, caput, lª
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parte, em concurso material (art. 69, caput) com art. 121, §3º, por duas vezes,
na forma do art. 70, caput, 1/ parte, todos do Código Penal.

#COMO SERIA O CÁLCULO DA PENA?


O juiz calcularia em 3 etapas:

1) No primeiro bloco de crimes, pena do homicídio culposo


aumentada de 1/6 até ½. Exasperaria em 1/5, pois 3 delitos
praticados (vide tabela já feita);
2) No segundo bloco de crimes, pena de homicídio culposo
aumentada de 1/6 a ½. Exasperaria de 1/6, pois 2 delitos praticados.
3) De posse das duas penas já calculadas, aplicaria o cúmulo entre
elas, somando-as.

É isso, pessoal! Bons estudos e espero que tenham gostado do caderno.


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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

Roubo qualificado consistente na subtração de dois aparelhos celulares,


pertencentes a duas pessoas distintas, no mesmo instante. A jurisprudência deste
Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de configurar-se concurso formal a
ação única que tenha como resultado a lesão ao patrimônio de vítimas diversas,
e não crime único (HC 91.615/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, j. 09.2007)

Os desígnios autônomos que caracterizam o concurso formal impróprio referem-


se a qualquer forma de dolo, direto ou eventual. A segunda parte do art. 70 do
CP, ao dispor sobre o concurso formal impróprio, exige, para sua incidência, que
haja desígnios autônomos, ou seja, a intenção de praticar ambos os delitos. O
dolo eventual também representa essa vontade do agente, visto que, mesmo não
desejando diretamente a ocorrência de um segundo resultado, aceitou-o. Assim,
quando, mediante uma só ação, o agente deseja mais de um resultado ou aceita
o risco de produzi-lo, devem ser aplicadas as penas cumulativamente, afastando-
se a regra do concurso formal perfeito (HC 191.490/RJ, rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, 6ª Turma, j. 27,09.2012)

Para configurar o crime continuado, na linha adotada pelo Direito Penal brasileiro,
é imperioso que o agente: a) pratique mais de uma ação ou omissão; b) que as
referidas ações ou omissões sejam previstas como crime; c) que os crimes sejam
da mesma espécie; d) que as condições do crime (tempo, lugar, modo de
execução e outras similares) indiquem que as ações ou omissões subsequentes
efetivamente constituem o prosseguimento da primeira. É assente na doutrina e
na jurisprudência que não basta que haja similitude entre as condições objetivas
(tempo, lugar, modo de execução e outras similares). É necessário que entre
essas condições haja uma ligação, um liame, de tal modo a evidenciar-se, de
plano, terem sido os crimes subsequentes continuação do primeiro. O
entendimento desta Corte é no sentido de que a reiteração criminosa indicadora
de delinquência habitual ou profissional é suficiente para descaracterizar o crime
continuado (RHC 93.144/SP).
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Consignou, ademais, que o aumento de 2/3 da pena se harmonizaria com a


jurisprudência pacífica da Corte, no sentido de que o “quantum” de exasperação
da pena, por força do reconhecimento da continuidade delitiva, deveria ser
proporcional ao número de infrações cometidas. Considerou, por fim, que a
imprecisão quanto ao número de crimes praticados pelo paciente não obstaria a
incidência da causa de aumento da pena em seu patamar máximo, desde que
houvesse elementos seguros, como na espécie, que demonstrassem que vários
seriam os crimes praticados ao longo de dilatadíssimo lapso temporal (HC
127.158/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 2ª Turma, j. 23.06.2015, noticiado no
Informativo 791. No STJ: HC 311.146/SP, rei. Min. Newton Trisotto
(Desembargador convocado do TJ-SC), 5.a Turma, j. 17.03.2015, noticiado no
informativo 559).

Se reconhecida a continuidade delitiva específica entre estupros praticados contra


vítimas diferentes, deve ser aplicada exclusivamente a regra do art. 71, parágrafo
único, do Código Penal, mesmo que, em relação a cada uma das vítimas,
especificamente, também tenha ocorrido a prática de crime continuado. A
quantidade de infrações praticadas quanto a todas as vítimas deve ser avaliada
de uma só vez, refletindo na fixação do patamar de aumento decorrente da
incidência do crime continuado específico, em cuja estipulação também deverão
ser observadas as demais circunstâncias mencionadas no art. 71, parágrafo
único, do CP. Esse procedimento não faz com que a continuidade delitiva
existente em relação a cada vítima específica deixe de ser considerada, mas
apenas com que a sua valoração seja feita em conjunto, o que é possível porque
os parâmetros mínimo e máximo de aumento previstos no art. 71, parágrafo
único, são mais amplos do que aqueles estabelecidos no caput do mesmo artigo"
(STJ: REsp 1.471.651/MG, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j.
13.10.2015, noticiado no Informativo 573).
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LEGISLAÇÃO CORRELATA

Concurso material

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica


dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena


privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.

§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado


cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente
as demais.

Concurso formal

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois


ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um
sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação
ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra
do art. 69 deste Código.

Crime continuado

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica


dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços.

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos


com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

Multas no concurso de crimes

Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e


integralmente.

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