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CONCURSO DE CRIMES
2a EDIÇÃO/2023
1. CONCEITO 2
3. CONCURSO MATERIAL 3
3.1. PREVISÃO LEGAL 3
3.2. REQUISITOS 3
3.3. REGRA DE FIXAÇÃO DE PENA 3
3.4. MOMENTO PARA A SOMA DAS PENAS 4
4. CONCURSO FORMAL 4
4.1. CONCEITO E PREVISÃO LEGAL 4
4.2. REQUISITOS 5
4.3. ESPÉCIES 5
4.4. APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO FORMAL PRÓPRIO 8
4.5. APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO 8
4.6. TEORIAS SOBRE O CONCURSO FORMAL 9
5. CRIME CONTINUADO 9
5.1. CONCEITO E PREVISÃO LEGAL 9
5.2. NATUREZA JURÍDICA 10
a) TEORIA DA UNIDADE REAL 10
5.3. MODALIDADES 10
5.4. GENÉRICO OU COMUM - ART. 71, CAPUT 11
5.4.1. REQUISITOS 11
5.5. TEORIAS SOBRE A PLURALIDADE DE DESÍGNIOS 13
5.5.1. TEORIA OBJETIVA PURA OU PURAMENTE OBJETIVA 13
5.5.2. TEORIA MISTA OU OBJETIVO-SUBJETIVA 13
5.6. ESPÉCIES DE CRIME CONTINUADO 15
5.7. FIXAÇÃO DA PENA 16
5.8. CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO (Art. 71, § único): 17
5.8.1. REQUISITOS 17
5.8.2. FIXAÇÃO DA PENA 17
5.9. QUESTÕES COMPLEMENTARES 18
5.9.1. CONTINUIDADE NOS CRIMES CONTRA A VIDA 18
5.9.2. SUCESSÃO DAS LEIS PENAIS NA CONTINUIDADE DELITIVA 18
5.9.3. CRIME CONTINUADO E CONCURSO MATERIAL BENÉFICO 18
5.9.4. DIFERENÇA ENTRE CRIME HABITUAL E CRIME CONTINUADO 19
5.9.5. CONCURSO DE CRIMES E SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 19
5.9.6. MULTA NO CONCURSO DE CRIMES 20
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1. CONCEITO
Dá-se o concurso quando agente, com uma ou mais condutas, realiza pluralidade de crimes. É
📌 OBSERVAÇÃO
■ No concurso de crimes, pode haver unidade ou pluralidade de condutas, mas sempre haverá a
pluralidade de crimes.
■ Podemos ter concurso de crimes de qualquer espécie e até mesmo entre crimes e contravenções.
a) SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL: “o juiz individualiza a pena de cada um dos crimes praticados pelo
agente e as soma no final. Adotamos o cúmulo material no concurso material (art. 69, CP), no concurso formal
impróprio (art. 70, caput, 2ª parte, CP) e no concurso das penas de multa (art. 72, CP)”.
b) SISTEMA DA EXASPERAÇÃO: “o juiz aplica a pena mais grave dentre as cominadas para os vários
crimes praticados pelo agente. Em seguida, majora essa pena de um quantum anunciado em lei. Adotamos o
sistema da exasperação no concurso formal próprio (art. 70, caput, 1ª parte, do CP) e na continuidade delitiva
c) SISTEMA DA ABSORÇÃO: “pelo sistema da absorção, a pena aplicada ao delito mais grave acaba por
absorver as demais, que deixam de ser aplicadas. Não é adotado em nosso ordenamento jurídico”.
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/09/24/sao-dois-os-sistemas-utilizados-para-aplicacao-da-pena-no-concurso-de-delitos-o-cumulo-
material-e-o-da-absorcao/
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3. CONCURSO MATERIAL
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. SISTEMA DO CÚMULO
MATERIAL
3.2. REQUISITOS
Temos os seguintes requisitos:
a) Pluralidade de condutas;
b) Pluralidade de crimes;
Esses vários crimes podem ser idênticos, ou seja, uma pluralidade de crimes da mesma espécie
sistema do cúmulo material, ou seja, todas as penas de todos os crimes praticados pelo agente são somadas
pelo juiz.
No caso de termos uma pena de reclusão e outra de detenção, executa-se primeiro a de reclusão.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não
suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste
Código.
Assim, de acordo com o que se extrai do art. 69, § 1°, do CP, há a possibilidade de acumular, na
aplicação das penas em concurso material de crimes, uma pena privativa de liberdade em que tenha sido
É necessário verificar se há compatibilidade entre a pena privativa de liberdade com a pena restritiva
de direitos, pois outras modalidades foram criadas a partir dessa lei. (Exemplo: a pena privativa de liberdade é
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compatível com a pena de perda de bens e valores ou com a prestação pecuniária.). Assim sendo, o art. 69, §1º
do CP deve ser interpretado com um olhar diferenciado, compatibilizando a essência do dispositivo com as
penas criadas após a redação do artigo, ou seja, com a pena de perda de bens e valores e com a prestação
pecuniária.
Dispõe o §2º:
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que
■ se elas forem compatíveis entre si: poderão ser cumpridas simultaneamente (exemplo: prestação de
■ se elas forem incompatíveis entre si: serão cumpridas sucessivamente (exemplo: prestação de
será efetuada pelo juiz (na sentença condenatória) ou pelo tribunal (no acórdão condenatório).
🚨JÁ CAIU
Sobre concurso de crimes, no concurso para Juiz de Direito do Acre (Ano: 2019; VUNESP), foi considerada
praticado um roubo com emprego de arma de fogo contra duas vítimas que caminhavam na rua e,
posteriormente, passados três meses do crime anteriormente noticiado, em cidade diversa daquela onde
ocorrera o crime anterior, veio a praticar roubo simples contra vítima diversa da anterior, a fixação da pena
deverá observar o concurso formal pela primeira conduta e concurso material entre esta e a segunda.”
4. CONCURSO FORMAL
quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
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Art. 70 - CONCURSO FORMAL PRÓPRIO - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um 1/6 até 1/2. SISTEMA DA EXASPERAÇÃO.
🚨JÁ CAIU
Na prova para Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará (Ano: 2021; Instituto AOCP) e de forma , foi
considerada incorreta a seguinte assertiva: Em relação ao concurso formal próprio, o Código Penal adotou o
sistema da exasperação, aplicando-se a pena de qualquer dos crimes, se idênticos, ou então a mais grave,
📌 OBSERVAÇÃO
O dolo pode ser tanto genérico quanto específico.
🚨JÁ CAIU
Sobre a (in)exigência de dolo específico, na prova para Promotor de Justiça do Estado de Santa Catarina (Ano:
2019; Consulplan), foi considerada incorreta a seguinte assertiva: Para a configuração do concurso formal de
delitos (art. 70 do CP), e a aplicação da pena com a causa de aumento correspondente, a conduta realizada não
pode ser praticada na forma de “dolo específico”, sendo portanto admissível somente o “dolo genérico”.
4.2. REQUISITOS
Os requisitos são:
b) Pluralidade de crime.
4.3. ESPÉCIES
Temos as seguintes espécies:
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c) PRÓPRIO OU PERFEITO OU NORMAL: O agente, apesar de provocar dois ou mais resultados, não
tem intenção independente em relação a cada crime (não há desígnios autônomos). O concurso formal
⬥ Entre crimes culposos (exemplo: cometimento de três homicídios culposos na direção de veículo
automotor).
🚩 NÃO CONFUNDA 2
O agente produziu dois ou mais resultados Quando o agente, com uma única conduta, pratica
criminosos, mas não tinha o desígnio de praticá-los dois ou mais crimes dolosos, tendo o desígnio de
Ex1: João atira para matar Maria, acertando-a. Ocorre Ex1: Jack quer matar Bill e Paul, seus inimigos. Para
que, por culpa, atinge também Pedro, causando-lhe tanto, Jack instala uma bomba no carro utilizado
lesões corporais. João não tinha o desígnio de ferir pelos dois, causando a morte de ambos. Jack matou
Ex2: motorista causa acidente e mata 3 pessoas. Não Ex2: Rambo vê seu inimigo andando de mãos dadas
havia o desígnio autônomo de praticar os diversos com a namorada. Rambo pega seu fuzil e resolve
Ambos morrem.
Pode ocorrer em duas situações: Ocorre, portanto, quando o sujeito age com dolo em
· DOLO + CULPA: quando o agente tinha dolo de relação a todos os crimes produzidos.
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· CULPA + CULPA: quando o agente não tinha a Aqui é DOLO + DOLO. Pode ser:
intenção de praticar nenhum dos delitos, tendo · Dolo direto + dolo direto (exemplo 1);
todos eles ocorrido por culpa (exemplo 2). · Dolo direto + dolo eventual (exemplo 2).
Regra geral: exasperação da pena: No caso de concurso formal imperfeito, as penas dos
· Aplica-se a maior das penas, aumentada de 1/6 diversos crimes são sempre SOMADAS. Isso porque o
O concurso formal perfeito caracteriza-se quando o agente pratica duas ou mais infrações penais mediante
uma única ação ou omissão. O concurso formal imperfeito, por sua vez, revela-se quando a conduta única
(ação ou omissão) é dolosa e os delitos concorrentes resultam de desígnios autônomos. Essa distinção entre
os dois tipos de concurso formal varia de acordo com o elemento subjetivo que animou o agente ao iniciar a
sua conduta. A expressão "desígnios autônomos" refere-se a qualquer forma de dolo, seja ele direto ou
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eventual. A morte da mãe e da criança que estava em seu ventre, oriundas de uma só conduta (facadas na
nuca da mãe), resultaram de desígnios autônomos. Em consequência disso, as penas devem ser aplicadas
cumulativamente, conforme a regra do concurso material. STJ. 6ª Turma. HC 191490-RJ, Rel. Min. Sebastião
uma). Em seguida, majora essa pena de um quantum que é estabelecido pela lei (sistema da exasperação).
📌 OBSERVAÇÕES
■ O aumento de 1/6 até ½ varia conforme o número de infrações. Incide na terceira fase de aplicação
da pena.
4) O aumento decorrente do concurso formal deve se dar de acordo com o número de infrações.
🚨JÁ CAIU
Na prova para Juiz de Direito do Estado de Goiás (Ano: 2021; FCC), a banca considerou incorreta a seguinte
assertiva: o acréscimo na pena privativa de liberdade pelo concurso formal impróprio, incidente na terceira
■ O sistema da exasperação não pode resultar numa pena maior do que o resultado da soma das
penas, ou seja, uma pena maior do que aquela que seria aplicada no cúmulo material.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
crimes, e por isso o juiz deverá aplicar o sistema do cúmulo material, ou seja, o juiz irá individualizar as penas
e somá-las.
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Concurso formal e desígnios autônomos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4588e674d3f0faf985047d4c3f13ed0d>. Acesso em: 19/06/2022
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1) O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura o concurso formal
🚨JÁ CAIU
Na prova para Delegado de Polícia Civil da Paraíba (Ano: 2022; CEBRASPE), foi considerada correta a seguinte
assertiva: O roubo perpetrado contra diversas vítimas em um único evento, estando comprovados os desígnios
de resultados para caracterização do concurso formal. Pouco importa se o agente agiu ou não com unidade de
desígnios. Esta foi a teoria adotada pelo Código Penal, uma vez que o art. 70, caput, 2ª parte, admite concurso
5. CRIME CONTINUADO
Art. 71 - CRIME CONTINUADO GENÉRICO - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução
e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de
Verifica-se a continuidade delitiva (ou crime continuado), estampada no art. 71 do CP, quando o
sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crimes da mesma espécie, guardando entre si
um elo de continuidade (em especial, as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução). (...) o
instituto está baseado em razões de política criminal. O juiz, ao invés de aplicar as penas correspondentes aos
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vários delitos praticados em continuidade, por ficção jurídica, para fins da pena, considera como se um só crime
foi praticado pelo agente, devendo ter a sua reprimenda majorada. (CUNHA, 2020, p. 630-631).
O crime continuado é uma espécie de concurso de crimes e é causa de aumento da pena (incide na 3ª
📌 OBSERVAÇÃO
Crime continuado e prescrição:
6) Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença,
não se computando o acréscimo decorrente da continuação. (Súmula n. 497/STF)
Afirma que todas as condutas praticadas que, por si sós, já se constituiriam em infrações penais, são
um único crime. Segundo essa teoria, para todos os efeitos, Carlos praticou apenas um único furto.
Sustenta que cada uma das condutas praticadas constitui-se em uma infração penal diferente. No
entanto, por ficção jurídica, esses diversos crimes são considerados, pela lei, como crime único. Segundo essa
teoria, Carlos praticou dez furtos, entretanto, considera-se, fictíciamente, para fins de pena, que ele cometeu
apenas um.
c) TEORIA MISTA
Defende que, se houver crime continuado, surge um terceiro crime, resultado do próprio concurso.
Segundo essa teoria, Carlos praticou uma nova categoria de crime, chamada de furto por continuidade delitiva.
5.3. MODALIDADES
Temos as seguintes modalidades: genérico e específico.
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inexistência de continuidade delitiva entre roubo e extorsão. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dc363817786ff182b7bc59565d864523>. Acesso em: 19/06/2022
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5.4. GENÉRICO OU COMUM - ART. 71, CAPUT
5.4.1. REQUISITOS
a) Pluralidade de condutas;
b) Pluralidade de crimes da MESMA ESPÉCIE: crimes previstos no mesmo tipo penal e que protegem
o mesmo bem jurídico. Assim, por exemplo, não é possível a continuidade entre roubo e extorsão, pois
protegem o mesmo bem, mas estão em tipos diferentes. Da mesma forma, o roubo e o latrocínio (mesmo tipo,
1ª Corrente (minoritária): crimes da mesma espécie são os que apresentam características comuns
entre si. Para essa corrente, pouco importa se os crimes estão ou não no mesmo tipo penal (exemplos: roubo e
extorsão; furto mediante fraude e estelionato; apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição
previdenciária). Essa posição é boa para ser usada em concursos da Defensoria Pública.
2ª Corrente: crimes da mesma espécie são os que se encontram no mesmo tipo penal e que possuem
a mesma estrutura jurídica, ou seja, eles devem ofender os mesmos bens jurídicos. Esta posição é majoritária
Ementa - EMENTAS: 1. PENA. Criminal. Prisão. Fixação. Dosimetria. Exacerbação da pena-base. Exigência do
art. 59 do CP. Atendimento. Fundamentação suficiente. Nulidade. Inexistência. Não carece de fundamentação
idônea a sentença penal condenatória que fixa a pena-base acima do mínimo legal, se os elementos
jurídicas distintas. Inexistência da correlação representada pela lesão do mesmo bem jurídico. Crimes de
espécies diferentes. HC denegado. Inaplicabilidade do art. 71 do CP. Recurso em habeas corpus a que se nega
provimento. Não pode reputar-se crime continuado a prática dos delitos de roubo e de latrocínio.
1. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal e ambas as Turmas desta Corte, após evolução
jurisprudencial, passaram a não mais admitir a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso
ordinário constitucional, nas hipóteses em que esse último é cabível, em razão das competências do Pretório
Excelso e deste Superior Tribunal tratarem-se de matéria de direito estrito, previstas taxativamente na
Constituição da República. 2. Esse entendimento tem sido adotado pela Quinta Turma do Superior Tribunal de
Justiça – com ressalva da posição pessoal da Relatora –, também nos casos de manejo do habeas corpus em
substituição ao recurso especial, sem prejuízo de, eventualmente, deferir-se a ordem de ofício, em caso de
flagrante ilegalidade. 3. Os crimes de roubo e latrocínio, pelos quais o Paciente foi condenado, apesar de
serem do mesmo gênero, não são da mesma espécie. No crime de roubo, a conduta do agente ofende o
patrimônio. No delito de latrocínio, ocorre lesão ao patrimônio e à vida da vítima, não havendo
homogeneidade de execução na prática dos dois delitos, razão pela qual tem aplicabilidade a regra do
concurso material. Precedentes. 4. Ausência de patente constrangimento ilegal que, eventualmente, imponha
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Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em conjunto. Isso
porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies diversas. STJ. 5ª
Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/4/2018 (Info 899).
Não há como reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e o de latrocínio porquanto são
delitos de espécies diversas, já que tutelam bens jurídicos diferentes. STJ. 5ª Turma. AgInt no AREsp
⚠️ ATENÇÃO
O STJ já admitiu a continuidade para crimes que estão em crimes distintos. A jurisprudência ainda está
se sedimentando.
✔ mesma condição de tempo (conexão temporal): Em regra, não pode ultrapassar o prazo de 30
dias entre o primeiro e o último crime parcelar. Contudo, há jurisprudência admitindo exceções (a exemplo de
crimes tributários).
d) Unidade de desígnios.
⚠️ ATENÇÃO
O código penal se contenta com esses requisitos objetivos, mas a jurisprudência vem exigindo o dolo
global ou unitário, ou seja, os vários crimes devem decorrer de um plano anterior do agente. Se não houver,
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5.5. TEORIAS SOBRE A PLURALIDADE DE DESÍGNIOS
Temos duas teorias que explicam a necessidade ou não da pluralidade de desígnios.
Para a caracterização do crime continuado, basta a presença dos requisitos objetivos expressamente indicados
pelo art. 71, CP. Essa teoria é indicada na Exposição de Motivos do Código Penal (item 59).
Exposição de motivos, item 59: “O critério da teoria puramente objetiva não se revelou na prática maiores
inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva. O projeto
optou pelo critério que mais adequadamente se opõe ao crescimento da criminalidade profissional,
organizada e violenta, cujas ações se repetem contra vítimas diferentes, em condições de tempo, lugar, modos
de execução e circunstâncias outras, marcadas por evidente semelhança. Estender-lhe o conceito de crime
continuado importa em beneficiá-la, pois o delinqüente profissional tornar-se-ia passível de tratamento penal
menos grave que o dispensado a criminosos ocasionais. De resto, com a extinção, no Projeto, da medida de
segurança para o imputável, urge reforçar o sistema, destinado penas mais lingas aos que estariam sujeitos à
imposição de medida de segurança detentiva e que serão beneficiados pela abolição da medida. A Política
Criminal atua, neste passo, em sentido inverso, a fim de evitar a libertação prematura de determinadas
🚨JÁ CAIU
Na prova para Juiz de Direito do Estado de São Paulo (Ano: 2018, VUNESP) a banca considerou correta a
seguinte assertiva: Segundo a Exposição de Motivos da Parte Geral, o Código Penal, quanto ao tempo e ao lugar
exige a unidade de desígnios. Essa posição é adotada pelo STF e pelo STJ (Exemplos: STF – HC 109.730,
Se o agente praticou reiteradamente crimes contra o patrimônio, isso indica uma delinquência
uma habitualidade criminosa não é possível reconhecer o crime continuado. A habitualidade criminosa ocorre
1. Este Superior Tribunal de Justiça vem adotando a teoria mista, segundo a qual, para a caracterização da
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continuidade delitiva, afigura-se imprescindível o preenchimento de requisitos de ordem objetiva (mesmas
condições de tempo, lugar e forma de execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre
os eventos). 2. Maiores incursões no tema, com a finalidade de constatar eventual unidade de desígnios ou a
presença dos demais requisitos do instituto, demandaria incursão aprofundada no exame das provas,
O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão no sentido de que para caracterizar a continuidade delitiva
é necessária a demonstração da unidade de desígnios, ou seja, o liame volitivo que liga uma conduta a outra,
não bastando, portanto, o preenchimento dos requisitos objetivos (mesmas condições de tempo, espaço e
modus operandi). 2. No caso, observa-se que o Tribunal a quo, ao aplicar a regra do art. 71 do Código Penal,
adotou a teoria puramente objetiva, deixando de valorar os aspectos subjetivos. (...) (REsp 421.246/SP, Rel.
Objetivo-subjetiva).
continuado é um benefício legal, é uma ficção jurídica criada para favorecer o réu. Habitualidade criminosa é a
🚨JÁ CAIU
Sobre a teoria objetiva, na prova para Promotor de Justiça do Estado de Santa Catarina (Ano: 2019; MPE-SC) a
banca considerou incorreta a seguinte assertiva: O art. 71 do CP adotou a teoria objetiva na definição do crime
continuado. Por este motivo, a jurisprudência dominante no STF e STJ não exige a configuração de eventuais
📌 OBSERVAÇÃO
Crimes parcelares são os diversos crimes da mesma espécie que compõem o crime continuado, ou
2) A continuidade delitiva, em regra, não pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos
praticados em período superior a 30 (trinta) dias.
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5.6. ESPÉCIES DE CRIME CONTINUADO
a) SIMPLES: crime continuado simples ocorre quando os diversos crimes da mesma espécie têm
b) QUALIFICADO: crime continuado qualificado ocorre quando os diversos crimes da mesma espécie
têm penas diversas. Como os crimes possuem penas diversas, o juiz, ao aplicar a pena, deve pegar a pena mais
c) ESPECÍFICO: Ocorre no caso de: • crimes dolosos • cometidos com violência ou grave ameaça à
🚩 NÃO CONFUNDA 5
Ocorre quando o agente pratica Ocorre quando o agente pratica Ocorre no caso de:
dois ou mais crimes que possuem dois ou mais crimes que possuem • crimes dolosos
a mesma pena. penas diferentes. • cometidos com violência ou
Ex: três furtos simples Ex: dois furtos simples Ex: José segue duas mulheres que
aplica-se a pena de um só dos aplica-se a pena do crime mais aplica-se a pena de um só dos
triplo (3x).
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em caso de estupro de vulnerável com violência presumida praticado contra vítimas diferentes, a continuidade
delitiva é simples (e não específica). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d324a0cc02881779dcda44a675fdcaaa>. Acesso em: 19/06/2022
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O critério para o aumento é O critério para o aumento é A exacerbação da pena deverá se
Aplica-se o concurso material em caso de estupro de vulnerável com violência presumida praticado
A jurisprudência do STJ entende que, nas hipóteses de estupro praticado com violência presumida, não
incide a regra do concurso material nem da continuidade delitiva específica. Neste caso, deverá ser aplicada a
continuidade delitiva simples (art. 71, caput, do CP), desde que estejam preenchidos, cumulativamente, os
requisitos de ordem objetiva (pluralidade de ações, mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução) e
o de ordem subjetiva, assim entendido como a unidade de desígnios ou o vínculo subjetivo havido entre os
eventos delituosos. STJ. 6ª Turma. REsp 1602771/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/10/2017.
• Crime continuado do caput do art. 71 do CP: o critério para se determinar o quantum da majoração (entre
1/6 a 2/3) é apenas a quantidade de delitos cometidos. Assim, quanto mais infrações, maior deve ser o
aumento.
• Crime continuado específico (art. 71, parágrafo único, do CP): a fração de aumento será determinada
pela quantidade de crimes praticados e também pela análise das circunstâncias judicias do art. 59 do Código
Penal. STJ. 5ª Turma. REsp 1718212/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/04/20186.
Constatando-se a ocorrência de diversos crimes sexuais durante longo período de tempo, é possível o
aumento da pena pela continuidade delitiva no patamar máximo de 2/3 (art. 71 do CP), ainda que sem a
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Critério para aumento da pena no crime continuado. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/55a0ce8200cf39c3028ebc66f356bf7e>. Acesso em: 19/06/2022
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quantificação exata do número de eventos criminosos. STJ. 5ª Turma. HC 311.146-SP, Rel. Min. Newton Trisotto
Parágrafo único – CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO - Nos CRIMES DOLOSOS, contra VÍTIMAS DIFERENTES,
COMETIDOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
Ele envolve crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa.
5.8.1. REQUISITOS
São requisitos:
a) Pluralidade de condutas;
c) Elo de continuidade;
d) Crimes dolosos;
Além dos requisitos relativos ao art. 71, caput, CP, o crime continuado específico também exige outros
requisitos do art. 71, § único: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos e
circunstâncias do crime.
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5.9. QUESTÕES COMPLEMENTARES
súmula está superada, pois ainda não existia o crime continuado específico quando da elaboração da súmula.
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
🚨JÁ CAIU
Na prova para Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul (Ano: 2022; CEBRASPE) foi considerada correta
a seguinte assertiva: Ao crime continuado e ao crime permanente é aplicada a lei penal mais grave caso a sua
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente.
Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da
infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Entretanto, se, no caso concreto, o crime continuado for prejudicial ao réu, o juiz deverá desprezar o
sistema da exasperação e aplicar o sistema do cúmulo material. Assim sendo, no crime continuado,
🚨JÁ CAIU
Na prova para Juiz de Direito do Estado do Mato Grosso (Ano: 2018; VUNESP) foi considerada correta a seguinte
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assertiva: Entende-se por “concurso material benéfico” a regra estabelecida em lei pela qual a pena aplicada
pelo concurso formal não poderá superar a pena aplicada pelo concurso material.
No crime habitual, todos os atos somam um único crime. No crime habitual, cada ato isolado é irrelevante para
o Direito Penal. No crime continuado, um único crime, por si só, possui relevância para o direito penal. Exemplo:
“A” pratica um único furto. A conduta de “A” é criminosa e possui relevância para o direito penal. Se “A” praticar
vários furtos sequenciais, isso poderá constituir o crime continuado. O crime continuado é composto de vários
delitos autônomos que, por uma ficção jurídica, são tidos como único crime para fins de aplicação da pena.
para crimes em que a pena mínima cominada seja de até um ano. No caso de concurso de crimes, o total das
Súmula 723 do STF: “Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da
pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de 1/6 for superior a 1 ano.
Por ocasião do crime continuado, considera-se a pena mínima e considera-se o menor aumento do
crime continuado (1/6). Se a somatória da pena e seu aumento não ultrapassar 1 ano, cabe a suspensão
O mesmo raciocínio deve ser aplicado ao concurso formal, ou seja, considera-se a pena mínima e o
menor aumento (1/6). Se a somatória da pena não ultrapassar 1 ano, caberá a suspensão condicional do
processo.
Em relação ao concurso material, somam-se as penas mínimas de cada um dos crimes. Exemplo:
foram cometidos dois crimes e, neste caso, considera-se a pena mínima do crime 1 e a pena mínima do crime 2,
as quais serão somadas. Se a somatória da pena não ultrapassar 1 ano, caberá a suspensão condicional do
processo.
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. (Súmula n. 243/STJ)
7) No concurso de crimes, o cálculo da prescrição da pretensão punitiva é feito considerando cada crime
8) No caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de competência e transação penal será o
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. SISTEMA DO
CÚMULO MATERIAL.
O art. 72 do CP claramente adota o sistema do cúmulo material. Na pena de multa, as penas sempre
serão somadas.
🚨JÁ CAIU
No concurso para Juiz de Direito do Estado de Goiás (Ano: 2021; FCC), foi considerada correta a seguinte
assertiva: No cálculo da pena, se reconhecido o concurso formal, próprio ou impróprio, as penas de multa são
pena de multa no concurso material e à pena de multa do concurso formal. Assim sendo, o dispositivo não se
aplica à pena de multa no crime continuado. O STJ entende que, como o crime continuado é ficção jurídica para
fins de aplicação da pena, tal ficção é válida para a pena privativa de liberdade e para a pena de multa.
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