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CONCURSO DE CRIMES

Quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações


ou de omissões, pratica dois ou mais crimes, surge o concurso
de crimes ou de penas.

A) Cúmulo Material: considera que as penas dos vários delitos


devem ser somadas. Adotado em nosso CP, no caso do concurso
material (art. 69).

B) Sistema da exasperação da pena: aplica-se a pena do crime


mais grave, aumentado de um “quantum” determinado. Também
adotado em nosso CP, no caso do concurso formal (art. 70) e do
SISTEMAS crime continuado (art. 71).

C) Sistema do cúmulo jurídico: a pena aplicável não é da soma


dos concorrentes, mas é de tal severidade que atenda à gravidade
dos crimes cometidos (não se chega a soma de todos os delitos).
Não foi adotado pelo CP.

D) Sistema da absorção: a pena mais grave absorve a menos


grave . Critica-se essa orientação, eis que deixa impune a prática
de vários delitos (não foi adotado pelo CP). É, em verdade, critério
para resolver conflito aparente de normas (no Brasil).

Ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.

Homogêneo – quando os crimes são idênticos, previstos na


CONCURSO
mesma figura típica (vários homicídios, por exemplo);
MATERIAL

Heterogêneo – quando os crimes não são idênticos, previstos em


figuras típicas diversas (furto e estupro, por exemplo).
OBSERVAÇÕES * no concurso material aplica-se o sistema do cúmulo material – somam-
se as penas. Aplica-se cumulativamente as penas em que haja incorrido –
art. 69, “caput”, do CP;
* em caso de somatória das penas, tratando-se de penas diferentes
(reclusão e detenção), executa-se primeira a de reclusão, eis que mais
grave (art. 69, 2ª parte);
* se uma das penas não for suspensa (sursis), para os demais não poderá
haver a suspensão – art. 69, § 1º;
* a duração da pena total, todavia, não pode ultrapassar os 40 anos,
consoante o art. 75 do CP;

Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o sujeito, praticando


uma só conduta, comete dois ou mais crimes. Mediante uma só
conduta (positiva ou negativa), comete dois ou mais resultados
puníveis.

Homogêneo – quando os crimes se encontram descritos pela


CONCURSO mesma figura típica (crimes iguais), como, por exemplo, várias
FORMAL mortes, numa acidente automobilístico;

Heterogêneo – quando os crimes se acham definidos em normas


penais diversas (crimes diferentes), como, por exemplo, num
atropelamento culposo, com morte de uma pessoa e lesão em
outra.

Próprio (ou perfeito) – art. 70, “caput”, 1ª parte – aquele mediante uma
PODE SER: ação ou omissão, dolosa ou culposa, deflagra 2 ou mais resultados,
com unidade de designo (a vontade do agente é dirigida a um fato só).

Utiliza-se o sistema de exasperação – art. 70, “caput”, 1ª parte: a) se os crimes


forem iguais – aplica-se somente uma das penas, aumentada de 1/6 à 1/2; b) se os
crimes forem diversos – aplica-se a pena mais grave, aumentada de 1/6 à 1/2.

Impróprio ou (imperfeito) – art. 70, “caput”, 2ª parte – aquele onde com uma ação ou
omissão dolosa resulta em 2 ou mais fatos típicos, com desígnios autônomos ou pluralidade
de desígnios, isto é, o agente quis mais de um resultado (ele desejava os vários
resultados).

Utiliza-se o sistema do cúmulo material – art. 70, “caput”, 2ª parte.


NÚMERO DE CRIMES PERCENTUAL DE
AUMENTO
2 1/6
3 1/5

4 1/4
5 1/3

6 ou + 1/2

É uma ficção jurídica para evitar a pena alta pelo concurso material
(sistema do cúmulo material), ficando no sistema da exasperação.
Há, em realidade, vários delitos, praticados em vários atos.

CRIME
a) teoria objetivo-subjetiva – além dos requisitos de ordem objetiva,
CONTINUADO o crime continuado exige elementos de ordem subjetiva, ou seja,
unidade de desígnios (unidade de dolo)
b) teoria objetiva – dispensa a unidade de desígnios, sendo
suficientemente a homogeneidade demonstrada objetivamente
pelas circunstâncias exteriores.

O sistema brasileiro adotou a teoria objetiva pura, bastando que exista a continuidade de
uma ação, com semelhança no tempo e modo para ser considerado crime continuado.

a) Várias ações ou omissões (pluralidade de condutas)

b) Determinando resultados ou crimes da mesma


espécie (mesmo tipo penal)
REQUISITOS

c) Necessidade de conexão temporal, local, modal e


outros – é a continuação tendo em vistas as
circunstâncias objetivas
Crime continuado e crime habitual – no crime habitual, há apenas uma
conduta, composta de vários atos, inócuos penalmente que, reunidos,
constituem uma infração penal. É uma reiteração de atos, penalmente
indiferentes “de per si”, que constituem um todo, mas um delito apenas. O
conjunto de vários atos, praticados com habitualidade, configurará o crime.
Ex.: curandeirismo (art. 284, I) e casa de prostituição (art. 229).
OBSERVAÇÕES
Crime continuado e crime permanente – no crime permanente há apenas
uma violação jurídica com resultado que se prolonga no tempo. Sua
consumação se prolonga no tempo. Ex.: sequestro, cárcere privado, etc.

Crime continuado e habitualidade criminosa – o delinquente habitual faz do


crime uma profissão e pode infringir a lei várias vezes do mesmo modo,
mas não comete crime continuado.

a) Continuado simples – art. 71, “caput” (comum) – sistema


de exasperação (como nos crimes formais).
O aumento de 1/6 a 2/3 varia de acordo com o número de
infrações.

APLICAÇÃO DA PENA b) Qualificado ou específico – art. 71, § único – sistema


NO CRIME de exasperação (crimes dolosos, com violência ou grave
CONTINUADO ameaça à pessoa, e contra vítima diversas).
A jurisprudência entendeu que o aumento, no crime
continuado qualificada, é de 1/6 ao triplo, pois não constou
da lei o mínimo de aumento (e varia de acordo com o
número de infrações e considerando, ainda, a
culpabilidade, antecedentes, conduta social, etc.).

NÚMERO DE CRIMES AUMENTO


2 1/6
3 1/5
4 1/4
5 1/3
6 1/2
7 ou + 2/3

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