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Volume 04
2) GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal parte especial 10
3) DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado
4) ESTEFAM, André. Direito Penal. Parte Especial. Vol. 03
5) JESUS, Damásio E. Direito Penal. Parte Especial. Vol. 03
6) MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. Vol. 03. Parte Especial
7) MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. Vol. 02
8) NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado
9) PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro
REVISÃO
CONCURSO MATERIAL
- Art. 69, CP
“Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e
sucessivamente as demais.”
CONCURSO FORMAL
- Ao contrário do concurso material, no concurso formal existe apenas uma
ação, que resulta em dois ou mais crimes
- O exemplo mais comum é o de atropelamento a embriaguez
- Exemplo: homem sai de balada embriagado, atropela e mata dois ciclistas
que estavam indo trabalhar. Aqui há dois crimes: homicídio (Art. 121/CP) e
embriaguez ao volante (Art. 306/CTB)
- Pega-se a pena mínima de um desses crimes e coloca um acréscimo, de
acordo com a regra de exasperação
- Concurso formal perfeito ou próprio: agente agiu com culpa, não queria
produzir os resultados, então aplica-se a exasperação
- Concurso formal imperfeito: agente age com dolo, queria produzir os
resultados. Nesse caso, não se aplica a regra de exasperação das penas,
mas sim somam-se as penas
CRIME CONTINUADO
- Mais de uma ação ou omissão, dois ou mais crimes
- Benefício penal, reconhecimento de uma regra de humanidade
- Esses crimes estão ligados uns aos outros, por terem conexão
- Exemplo: no espaço de uma semana, um único indivíduo conseguiu furtar
100 steps de pneus de veículos, em dias e horários diferentes
- Pega-se a pena de um crime e adiciona a majorante do art. 71
“Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um
sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.”
- A problemática aqui é reconhecer se o crime cumpre os requisitos objetivos,
onde TODOS devem estar presentes, chamada de teoria ùnica/pura
(concomitantes):
a) Crime da mesma espécie (tipo) = mesmas características e mesmo bem
jurídico protegido
b) Conexão modal = o modo de execução do crime deve ser igual
c) Conexão temporal = tem que estar no mesmo intervalo de tempo, não
podendo ultrapassar 30 dias
d) Conexão espacial = deve acontecer na mesma região, no mesmo local
- Brasil adota a teoria objetivo subjetiva (teoria mista): define que deve
haver, além dos requisitos acima, uma unidade de desígnio, chamada de dolo
único, caso contrário, não há continuidade delitiva.
- Exemplo: preciso de 100 steps, esse era o meu objetivo desde o começo
- Se não houver o dolo único alguns juízes entende que não houve crime
continuado
- Até 1984 não se admitia crimes continuados em crimes violentos, dolosos,
graves, hediondos (§ único art. 71), após a reforma começou a ser admitido
● Crime material
- O crime material só se consuma com a produção do resultado naturalístico
- Se não ocorrer um resultado, não houve consumação, apenas tentativa
- Exemplo 1: estupro - é um crime material porque precisa de um resultado
naturalístico
- Exemplo 2: homicídio - precisa haver morte para se consumar
CONCURSO DE AUTORES
- Autor = é aquele que executou o crime, que realiza a conduta, movimentando
o núcleo do tipo
- Coautor = auxilia na execução do crime, movimentando o núcleo do tipo
- Porém, autor e coautor podem trabalhar juntos
- Partícipe = é aquele que, de alguma forma, contribuiu com o crime, mas não
movimenta o núcleo do tipo, ou seja, não executa o crime, tendo um
comportamento acessório (não põe a mão na massa)
- Autoria mediata = é quando o autor se vale de uma pessoa sem
discernimento ou sem capacidade, podendo estar coagida, para que esta
execute o crime em seu lugar. Essa pessoa não tem culpabilidade, pois não
age com voluntariedade
07/02
CONCEITO DE ESTUPRO
- "Consiste na infração penal em que o agente obriga a vítima, através de
violência física ou de grave ameaça, a ter com ele conjunção carnal, ou,
ainda, a praticar ou permitir que com ele se pratique, qualquer outro ato de
natureza libidinosa"
- Conjunção carnal = penetração do pênis na vagina
- Ato libidinoso = qualquer outro tipo de relação sexual que não caracterize a
conjunção carnal, como o sexo oral e anal, por exemplo
- O crime pode acontecer de várias formas, incluindo o uso de objetos para sua
concretização, ou até mesmo que o agente não chegue a tocar a vítima, de
modo a se utilizar da internet, por exemplo
OBJETIVIDADE JURÍDICA
- Todo crime protege algo importante, um valor jurídico
- Estupro é um crime pluriofensivo, pois existem vários bens jurídicos sendo
tutelados, sendo eles:
a) LIBERDADE SEXUAL = do homem e da mulher
b) INTEGRIDADE FÍSICA = violência corporal
c) INTEGRIDADE PSICOLÓGICA = violência moral
d) VIDA = na modalidade qualificada, resultando na morte da vítima
10/02
NATUREZA HEDIONDA DO DELITO
Art. 1° - “São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados
no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados:
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1° e 2°);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e § 19, 2°, 39 e 49).”
- Natureza hedionda: o crime de Estupro possui natureza hedionda em sua
totalidade, desde o caput até os parágrafos
- Direito Comparado: estupro em outros países
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14/02
DESENVOLVIMENTO DO CRIME DE ESTUPRO
CONTEMPLAÇÃO LASCIVA
- É o ato de obrigar alguém a despir-se sem que o autor realize algum
comportamento carnal com a vítima e nem obrigar a mesma a realizar ato
libidinoso com ela mesma
- A contemplação lasciva não caracteriza estupro, mas sim outros tipos de
crimes
● Apenas "olhar" uma pessoa, sem tocá-la ou sem obrigar a mesma a ter
uma atitude corporal de cunho sexual, pode caracterizar estupro ?
R: Não, mas, dependendo da hipótese, pode configurar o crime de
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL - art. 215-A do CP
- Exemplo: caso em que o agente se masturba sobre a vítima em um ônibus
coletivo
- Outras situações (Jurisprudência - TISP/TURJ - STI-STF): O agente impõe à
vítima a obrigação de "tirar" a roupa (apenas para observar ela nua, sem ter
atitude sexual em face dela)
a) Se tiver 14 anos ou mais, caracteriza constrangimento ilegal (art.146 do
CP)
b) Se tiver menos de 14 anos, pode caracterizar o crime do art. 218-A (na
hipótese de satisfação da lascívia)
c) Se o agente tem a intenção de tirar fotos, filmar, registrar por qualquer
meio, etc. pessoa menor de 18 anos, caracteriza o delito de PEDOFILIA -
arts. 240 e seguintes do ECA - Lei n° 8.069/90)
d) Se maior de 18 anos pode caracterizar o art. 216-B do CP - registro não
autorizado da intimidade sexual
- Pedofilia = nome dado pela imprensa, nem todas condutas relacionadas às
crianças caracteria pedofilia
Art. 240 - “Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente”
● Forçar uma pessoa a beijar, pode ser caracterizado como crime de
estupro?
R: Depende do beijo
Beijo casto: selinho, beijo furtivo (roubado), não caracteriza estupro, mas
antes caracterizava crime - art. 61 da LCP ( Dec. Lei 3688/41 - contravenção
penal de importunação ofensiva ao pudor)
Com o advento da Lei 13.718/2018, temos duas posições:
a) 1ª corrente = fato atípico, sendo desproporcional a pena
b) 2ª corrente = art. 215-A do CP - importunação sexual (prevalece)
Beijo lascivo: agressivo, de natureza libidinosa, que demonstra luxúria,
caracteriza "estupro" na modalidade ato libidinoso (análise de caso:
Marcelinho Paraíba - jogador de futebol-2011)
Jurisprudência - STJ-STF: aplicar o princípio da proporcionalidade /
razoabilidade - analisando o desvalor da conduta.
Observação: se o beijo tinha por intenção humilhar a vítima, caracteriza
injúria real - crime contra a honra (art. 140 § 2° do CP).
CASUÍSTICAS
- Agente que se esfrega na vítima em lugares lotados (ex: ônibus, metrô,
etc.) =caracteriza (Frotteurismo - França) importunação sexual (art. 215-A
do CP) - da mesma forma, "passar a mão"
“Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.”
- Práticas sexuais com animais (Zoofilia) = caracteriza o crime ambiental de
Maus-Tratos aos animais (art. 32 da Lei 9.605/98)
“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três
meses a um ano, e multa.”
- Práticas sexuais com cadáveres (Necrofilia) = caracteriza crime de
vilipêndio ao cadáver (art. 212 do CP)
“Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.”
- Práticas sexuais com pessoas menores de 14 anos, inconscientes ou
com enfermidades mentais = caracteriza estupro de vulnerável (art. 217-A
do CP)
“Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.”
- Filmar ou fotografar uma pessoa "nua" sem sua autorização =
caracteriza o crime de registro não autorizado da intimidade sexual (art.
216-B)
“Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com
cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem
autorização dos participantes:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.”
- Divulgar na internet fotos ou cenas de estupro, nudez ou de sexo de
certa pessoa sem sua autorização = caracteriza o crime do art. 218-C,
chamado "Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de
vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia"
“Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação
de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro
registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.”
SUJEITOS DO CRIME
- Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum)
- Sujeito passivo: qualquer pessoa (crime comum)
- Tanto homem quanto mulher podem ser vítimas e autores
● Marido pode estuprar a própria mulher?
R: Sim. Violação da liberdade e dignidade sexual (Lei 13.718/18 - majorante
art. 226, lI do CP)
“De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou
por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.”
● Mãe pode responder como partícipe de crime de estupro praticado pelo
pai ou padrasto?
R: Sim. Art. 13 § 2° CP - chamado de crime omissivo impróprio, sendo
conivente com a conduta abusiva ou, por um acaso vc teria carregador ai?
de celular kk
“§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”
- Tudo isso pq a mãe tem a obrigação de comunicar às autoridades, visto que
tem o dever de cuidar do filho
- Desse modo também será réu do processo junto com o infrator
● Homem pode ser estuprado pela mulher?
R: Sim, é que vem sendo denominado de "estupro masculino" pela doutrina.
Nesse caso é mais comum o estupro de vulnerável
17/02
● Se um homem é estuprado por uma mulher, e essa vem a engravidar, ele
pode exigir que ela aborte?
R: Existem duas correntes, uma que diz que seria permitido e outra que
discorda. A corrente que prevalece é a de que isso não é permitido, levando
em consideração a dignidade da pessoa humana (não da pra obrigar ela) e a
ausência de previsão legal. No âmbito civil, o genitor poderia pedir ausência
de responsabilidade paterna.
TIPICIDADE SUBJETIVA
- DOLO: é a vontade livre e consciente de constranger a vítima à conjunção
carnal ou à prática de ato libidinoso; O agente tem consciência de que pratica
um ato sexual violento e de que contraria a vontade (ou passou por cima
dessa vontade) da vítima
- Sobre a existência ou não de dolo específico, existem dois posicionamentos:
1. Tradicionalista: o dolo tinha que ser específico, ou seja, só existia estupro
se o ato fosse voltado para a satisfação da libido
2. Contemporâneo: não há dolo específico, o dolo é genérico, pois o
constrangimento sexual pode ser voltado para qualquer finalidade
(vingança, humilhação, desprezo ou qualquer outro motivo torpe)
- Obs 01: alguns posicionamentos teóricos singulares acreditam que o dolo
específico envolve o constrangimento para o ato sexual (conjunção carnal e
ato libidinoso)
- Obs 02: não existe estupro culposo
- Estupro corretivo: estuprador comete a conduta se justificando estar
“corrigindo” algo que ele mesmo julga errado por meio do crime]
- Obs 03: tortura na região genital é diferente de estupro (alteração de tipo)
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
● CONSUMAÇÃO
- Se dá com a introdução do pênis na vagina (conjunção carnal) ou com a
execução do ato libidinoso (sexo oral, anal, etc.)
- Crime material = o estupro é um crime material, pois a consumação ocorre
com a conjunção carnal ou com a prática de atos libidinosos
- Toques lascivos antecedentes à penetração já são suficientes à consumação
- Exemplo: João obriga a vítima a se despir e começa a lhe apalpar as partes
íntimas para se excitar. Antes da penetração, é surpreendido pela polícia.
Não houve a conjunção carnal, porém o delito já se consumou com a prática
dos atos libidinosos anteriores
● TENTATIVA
- É quando o estuprador não consegue consumar o crime em decorrência de
alguma interrupção alheia a sua vontade (fuga da vítima; flagrante)
- Porém, é preciso que fique demonstrada a intenção de praticar o referido
delito
- Crime plurissubsistente = a conduta envolve a prática de mais de um ato
- Exemplo 1: João, mediante grave ameaça, determina que a vítima o
acompanhe até local ermo. Lá chegando, começa a se despir e determina
que a vítima faça o mesmo, momento em que é surpreendido pela polícia e
não consuma o ato - responde por tentativa de estupro (intenção de
praticar)
- Exemplo 2: João, mediante grave ameaça, determina que a vítima o
acompanhe até local ermo. Ainda no trajeto, é surpreendido pela polícia -
responde por constrangimento ilegal (crime subsidiário), pois não é
possível identificar a especial finalidade/intenção do agente
24/02
ALGUNS CASOS DE CONCURSO DE CRIMES
- Torpeza do agente, crime grave, violento, hediondo, causa dano físico e
psicológico na vítima
- Estupro e cárcere privado: se existir privação momentânea da liberdade:
crime único de estupro (princípio da consunção); se manter a vítima por
considerável espaço de tempo em situação de restrição de liberdade -
concurso material de crimes: estupro (213) + 148 § 1° V do CP
- Estupro e lesão corporal: lesão simples (art 129 "caput" do CP) é absorvida
pelo estupro; lesão grave ou gravíssima (art. 129 §1°, 2° do CP): Estupro
Qualificado (art. 213 § 1° do CP)
- Estupro e homicídio: O agente quis matar a vítima (agiu com "animus
necandi"): Estupro (213) + Homicídio (121 § 2°, V) em concurso material; O
agente matou a vítima do estupro culposamente (agiu com culpa) - Estupro
qualificado pela morte da vítima (art. 213 § 2° CP)
- Aqui pode ser preterdoloso, onde o agente mata a vítima a título de culpa,
sem vontade de causar o resultado final morte
- Estupro e vilipêndio ao cadáver: o agente estupra e mata a vítima, depois
pratica atos sexuais no cadáver: responde no mesmo contexto acima, com
acréscimo da figura do art. 212 do CP (vilipêndio ao cadáver) - Caso
"Maníaco do Parque"
- “Sexopatas”
- Após a morte não há estupro, e sim vilipêndio ao cadáver (necrofilia)
- Para tanto é necessário auxílio da perícia para que se comprovem tais
práticas
ESTUPRO QUALIFICADO
Art. 213, CP - “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§1° Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§2° Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.”
AÇÃO PENAL
- Redação original do CP: Regra- Ação Penal Privada;
- Lei n° 12.015/09: Regra - "Ação Penal Pública Condicionada" (polêmicas -
Adin - 4301)
- Lei n° 13.718/18 (vigência atual) todos os crimes do Capítulo I e II do Título
VI: "Ação Penal Pública Incondicionada (art. 225 do CP)”
- Estudo paralelo: A questão da sobrevitimização nos crimes de natureza
sexual (Criminologia - Vitimologia)
BASE NORMATIVA
- Violação sexual mediante fraude
Art. 215, CP - “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.”
LEI N° 12.015/09
- Procedeu a alteração dos dois delitos, unificando a "Posse Sexual Mediante
Fraude" (art. 215) e o "Atentado ao Pudor Mediante Fraude" (art. 216):
criando a figura da "VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE": art. 215 CP-
atual
- Princípio da continuidade normativo típica. Crime único, posição
predominante na doutrina e jurisprudência
- Exemplo: médico que diz examinar paciente, mas na verdade está praticando
ato sexual sem nem a vítima perceber
CONCEITO
- "Consiste na infração penal em que o agente, objetivando a conjunção carnal
ou o ato libidinoso diverso, emprega algum tipo de fraude, levando a vítima ao
engano quanto a identidade do agente ou quanto à legitimidade da relação
sexual, ou ainda, quando o autor do crime emprega qualquer outro meio que
dificulte a livre manifestação da vítima" ("'Stuprum per fraudem" - Nelson
Hungria)
- "Estelionato sexual"
- Bem jurídico tutelado: liberdade sexual
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28/02
ELEMENTOS OBJETIVOS
- Núcleos da conduta:
a) "TER": conseguir, obter, possuir, receber, usufruir (conjunção carnal)
b) "PRATICAR": realizar, levar a efeito ou efetivar (ato libidinoso)
c) "MEDIANTE "FRAUDE": meio enganoso, ardil, engodo, estratégia para
enganar, cilada, armação (manha para enganar - sagacidade)
SUJEITOS
- Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum)
- Sujeito passivo: qualquer pessoa, inclusive menor de idade (crime comum)
- Observação 1 = se a vítima for menor de 14 anos, incorre em estupro de
vulnerável
- Observação 2 = Na redação originária do CP 1940: apenas a "MULHER
HONESTA" - poderia figurar no POLO PASSIVO: Se fosse "virgem"(ou menor
de 18 anos) teríamos a incidência da circunstância qualificadora - (Pena de
01 a 03 era elevada para 02 a 06 anos) - no passado só era vítima desse
crime a mulher que era recatada, submissa, virgem, vinculada a uma família,
pois caso ela não fosse honesta não seria vítima desse crime, exemplo:
prostituta, que frequentava bares, mãe solteira, sem vínculo familiar estável.
Atualmente isso não é mais discutido, qualquer um pode ser vítima
- Configuração atual: qualquer pessoa pode ser vítima (inclusive
garotas/garotos de programa)
- Objetividade Jurídica: Liberdade Sexual (a fraude vicia o consentimento da
vítima para o ato)
ELEMENTO SUBJETIVO
- Consumação: é caracterizada com a prática do ato sexual
- Por ser um crime sexual, sendo possível dividi-lo em etapas, aceita-se a
existência da tentativa
- Porém, a doutrina entende que o ato libidinoso ou a conjunção carnal, ainda
que incompletos (tentados), caracterizam a consumação do crime
,,
ASPECTOS POLÊMICOS
- Embriaguez/droga: a embriaguez da droga, quando não praticada pelo
agente, não caracteriza o crime em questão (caracterizando fato atípico)
- Promessa de casamento:
- Fraude grosseira:
03/03
ASSÉDIO SEXUAL
Art. 216-A - “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
(vetado parágrafo único)
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18
(dezoito) anos.”
- Frente ao crime de importunação sexual, que se assemelha ao de assédio e
tem pena de reclusão de 1 a 5 anos, a pena para esse crime é praticamente
irrisória
- PL n° 2254, de 2021: projeto de lei em tramitação para aumentar a pena do
crime de assédio sexual de um a dois anos de detenção para dois a quatro
anos de reclusão; e cria causa de aumento de pena se o crime é cometido
pela internet ou em ambiente virtual
CONCEITO
- Em um ambiente de trabalho, o agente se utiliza da sua posição hierárquica
para obter vantagem sexual
- "Relação hierárquica": posições, graus, postos funcionais diferentes
- É um crime que ocorre no ambiente profissional (laboral)
- Crime formal, pois aqui basta o constrangimento, independentemente do
aceite da vítima, ou seja, o agente não precisa chegar ao ponto de obter a
vantagem sexual para consumar o crime, basta que a vítima se sinta
constrangida
- Crime próprio: não é qualquer pessoa que pode ser sujeito ativo e sujeito
passivo, pois existe o requisito do vínculo hierárquico entre ambos, devendo o
agente estar em posição superior (domínio) e a vítima em posição inferior
TIPO OBJETIVO
- “Constranger alguém” = o assédio sexual pode ser um crime apenas
verbalizado (mas pode enquadrar situações com toque físico), bastando o
constrangimento sexual
- Não é necessário a existência do ato libidinoso ou conjunção carnal para que
o crime seja consumado
- Diante da situação, pergunta-se: “O agente constrangeu a vítima?”; “O agente
tinha posição hierárquica superior à da vítima?”; “Existia o dolo para obter
favorecimento sexual?”
- Exemplo: e-mail, mensagem, propostas indecentes, comentários sobre a
roupa da funcionária, ter toque físico extravagante
- Dolo especial = é necessário que haja um dolo de cunho sexual (se não
houver, não enquadra ação criminal, no máximo cível)
SUJEITOS
- Crime bipróprio: o assédio é um crime bipróprio, pois deve ter uma
característica específica tanto no polo ativo (superioridade hierárquica)
quanto no polo passivo (posição subalterna)
- O crime de "assédio sexual" exige um vínculo de subordinação entre sujeito
ativo e sujeito passivo
- Ausente esse elemento, afasta-se essa tipificação jurídica
● Sujeito ativo
- Qualquer pessoa que seja superior hierárquico
- Exige-se uma condição fático-jurídica do agente: ser superior hierárquico da
vítima ou possuir ascendência inerente ao emprego, cargo ou função
- Superior hierárquico: é a pessoa que detém um PODER JURÍDICO
(promover, demitir, instaurar sindicância, etc.) sobre o subalterno em razão do
emprego, cargo ou função que exerce
,
● Sujeito passivo
- É o “subalterno”, o “inferior hierárquico"
- Vítima menor de 18 anos causa aumento de pena
- Se a vítima for menor de 14 anos, pode ser caracterizado como estupro de
vulnerável
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
- Crime formal: se consuma sem a necessidade de produção de um resultado
naturalístico (alteração no mundo real)
● Consumação: consuma-se com o ato de CONSTRANGER independente do
agente obter a vantagem ou o favorecimento sexual (que consiste no
exaurimento do crime)
- O assédio consuma-se com um ÚNICO ATO
- CRIME FORMAL (não há resultado naturalístico material)
- NÃO EXIGE-SE HABITUALIDADE: apesar de existir uma aparência de crime
habitual, tal circunstáncia não é exigida para a configuração do delito de
assédio sexual - CRIME
- INSTANTÂNEO (Posições divergentes: Rogério S. Cunha, Rodolfo Pamplona
Filho)
● Tentativa:
- Admite tentativa (em tese), porém é difícil na prática
- É um crime plurissubsistente, ou seja, em regra a conduta envolve a prática
de mais de um ato).
- Exemplo: agente envia carta para a vítima praticando assédio, mas, por
circunstâncias alheias à vontade do agente, a carta é extraviada
BASE NORMATIVA
- O “constranger” do estupro se difere do “constranger” do assédio sexual:
a) Estupro: constranger tem carater violento, de ameaça
b) Assédio sexual: constranger tem carater de incomodo, molestia,
incomodo, importunação
NÚCLEO DA CONDUTA
- “Constranger”: incomodar, molestar, embaraçar, envergonhar, etc. (Elemento
normativo do Tipo)
- O “constranger” do estupro se difere do “constranger” do assédio sexual:
a) Estupro: constranger tem carater violento, de ameaça
b) Assédio sexual: constranger tem carater de incomodo, molestia,
incomodo, importunação
- “Elogios” em ambiente de trabalho, se forem incômodos e vexatórios para a
vítima, pode se enquadrar no crime de assédio
- Porém, se envolver uma ameaça explícita, já perde o caráter do crime de
assédio e se torna estupro
TIPICIDADE SUBJETIVA
- Dolo específico: o assédio é feito com a intenção de obter vantagem sexual
- Se o agente não tem a intenção de obter vantagem sexual, o crime muda e
não é mais assédio, podendo ser, por exemplo, um crime de stalker
- DOLO: vontade livre e consciente de constranger a vítima prevalecendo-se
de sua superioridade hierárquica; DOLO ESPECÍFICO: especial fim de agir-
obter vantagem ou favorecimento sexual.
- Não havendo dolo específico, não existe o crime do art. 216-A do CP
(podemos ter a configuração de Crime contra a honra - Calúnia, Injúria,
Difamação, etc. -art. 138, 139 e 140 do CP - Crime de perseguição - art.
147-A CP)
- Obs: se a intenção do agente é rebaixar, humilhar ou desprezar a vítima,
teremos o ASSÉDIO MORAL.
ASPECTOS FINAIS
● Causa de aumento de pena
- Se a vitima tem menos de 18 (dezoito) anos a pena aumenta em 1/3 (um
terço) - art. 216-A 5 28 - CP
● Distinção do crime de importunação sexual (art. 215-A)
- No assédio sexual o agente deve se prevalecer da superioridade hierárquica
(ou ascendência)
- Na importação sexual esse elemento não existe
- Crítica da doutrina quanto a desproporcionalidade das penas:
a) Importunação Sexual = pena: reclusão de 01 a 05 anos - mais elevada
b) Assédio Sexual = pena: detenção de 01 a 02 anos) - violação da
proporcionalidade das penas
● Assédio fora das dependências físicas do trabalho
- Admite-se, desde que o assediador venha a se valer da prerrogativa de
superior hierárquico (vínculo de subordinação)
- Não é necessário que seja no ambiente físico de trabalho em si, pois o que
conta é a utilização do poder hierárquico
● Aspectos probatórios
- É um crime problemático na prática, onde predomina a palavra da vítima
- Comum gravações telefônicas ou ambientais de imagens e voz (teses de
ilicitude de prova); aceitação do STJ/STF - princípio da proporcionalidade
- Muitas vítimas não denunciam por medo
- Ação Penal: Pública Incondicionada (art. 225 do CP) - corre em Segredo de
Justiça - art. 234-B do CP
,
Art. 215-A, CP - ”Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso
com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.”
CONCEITO
- Consiste no crime em que o agente, pratica, sem a permissão da vitima, um
ato libidinoso, com o objetivo de satisfazer seu desejo sexual ou de terceira
pessoa
SUJEITO
SUJEITO ATIVO
- Qualquer pessoa (crime comum)
SUJEITO PASSIVO
- Qualquer pessoa (crime comum);
- Observação 1 = Se a vítima for menor de 14 anos, configura-se o crime do
art. 218-A do CP (satisfação da lascívia na presença de criança e
adolescente) ou, dependendo da situação, o estupro de vulnerável - art.
217-A do CP
- Observação 2 = o crime exige "sujeito passivo determinado" (ou seja, uma
pessoa certa - ou algumas pessoas certas) o dispositivo fala "contra alguém".
OBJETIVIDADE JURÍDICA
- Liberdade Sexual: protege-se a capacidade de autodeterminação da vítima
sob o prisma sexual
07/03
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO
NÚCLEO DA CONDUTA
a) "Praticar" = realizar, executar, fazer, levar a efeito ou efetivar
b) "Ato libidinoso" = é um ato erotizado, que visa a satisfação da lascivia do
agente (lascivo, erótico, voluptuoso)
- Exemplo: esfregar o pênis na vítima, apalpar seios ou nádegas, cabelo,
beijo (não lascivo), ejacular na vítima, etc.
- Obs: o "ATO LIBIDINOSO" é um "elemento normativo do tipo", ou seja,
demanda um juízo de valor do magistrado que aplicará razoabilidade e
proporcionalidade
DISSENSO DA VÍTIMA
- O tipo exige que a vítima NÃO CONCORDE com a prática do ato libidinoso,
não haja de forma recíproca ao ato de cunho sexual
- Dissenso = não precisa ser declarado e formal, basta a não concordância,
que pode até mesmo ser manifestada através de gestos e postura
- Muitas vezes o sujeito passivo nem sabe que está sendo vítima deste crime
- O dissenso da vítima é uma "elementar explícita" da importunação sexual
- Se a vítima concordar = o fato se torna atípico, salvo se for menor de 14
anos ou portadora de alguma enfermidade mental - estupro de vulnerável (art.
217-A CP)
TIPICIDADE SUBJETIVA
- Dolo = o agente deve ter vontade livre e consciente de praticar o ato
libidinoso (passar a mão, se esfregar, masturbar-se, etc.)
- Elemento subjetivo do injusto = satisfação da própria lascívia ou a lascívia
de terceiro
- Dolo específico
- Observação: não existe modalidade culposa para o delito
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
● Consumação
- O crime se consuma com a execução do ato libidinoso (esfregar na vítima,
apalpar partes pudicas da vitima, masturbação, etc.);
● Tentativa
- Admite tentativa, pois é um crime plurissubsistente (várias condutas)
- Difícil acontecer no aspecto prático
- Exemplo: a vítima percebe que o agente vai começar a se masturbar e grita
dentro do ônibus.
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
- É um crime material
- Ou seja, precisa de resultado para se consumar, caso contrário se
caracteriza como tentativa
ASPECTOS FINAIS
- Ação Penal: é ação Pública Incondicionada (art. 225 do CP)
- Corre em Segredo de Justiça - art. 234-B do CP
- Prisão = após o advento da Lei n° 13.718/18 admite-se "prisão em flagrante"
do autor da importunação sexual (crime com pena de reclusão de 01 a 05
anos)
- Observação: admite-se fiança (presentes os requisitos art. 321 do CP)
- Admite-se o "sursis processual" (pena mínima de 01 ano de reclusão)
REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA
INTIMIDADE SEXUAL (216-B)
Art. 216-B - “Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e
privado sem autorização dos participantes:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em
fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa
em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.”
- Esse dispositivo foi incluído em 19 de dezembro de 2018 pela Lei n° 13.772,
sendo um crime relativamente novo
- É um crime de violação da privacidade, da intimidade da pessoa
- Procedeu a criação do Capítulo 1-A no Título VI do Código Penal, capítulo
chamado DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL, criando o delito de
Registro não autorizado da Intimidade Sexual (art. 216-B do CP)
- Antecedentes: Caso "Blue Moon e Blue Sky" - ilha Porchat (2018)
- Novatio Legis Incriminadora = é uma nova lei incriminadora, um novo crime
- Finalidade = coibir exposição não autorizada da intimidade das pessoas -
Crime que decorre do avanço tecnológico
CONCEITO
<
SUJEITOS
SUJEITO ATIVO
- Qualquer pessoa: homem ou mulher (crime comum)
SUJEITO PASSIVO
- Qualquer pessoa: homem ou mulher (crime comum)
OBJETIVIDADE JURÍDICA
- Proteção da liberdade sexual (autonomia) e da intimidade da vítima (direito de
proteção dos aspectos íntimos - art. 52 X da CF)
Art. 52 - “Compete privativamente ao Senado Federal:
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”
MENOR DE 18 ANOS
- O consentimento não tem validade jurídica, tipificam-se os delitos de
PEDOFILIA (art. 240 e seguintes do ECA- Lei 8069/90)
MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS
- Podem excluir a ilicitude do fato, ou seja, não há crime
- Ex: nudez artística, fotos e filmes eróticos ou pornográficos, peças teatrais,
etc
- Observação: nesses casos, não pode existir o envolvimento de menores de
18 anos ou enfermos mentais
ESTUDO DE CASOS
- "Caso Xuxa Meneguel" - Filme "Amor Estranho Amor" (1982)
- "Caso do artista nu” - Peça de teatro do MAM São Paulo - (2017)
FIGURA EQUIPARADA
216-B - Parágrafo único. “Na mesma pena incorre quem realiza montagem
em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir
pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.”
- Não é o registro verdadeiro da imagem, é uma "adulteração" (processo de
montagem)
- Observação: são os casos de montagem de vídeo ou de foto, utilizando-se
de recursos tecnológicos para a produção de uma foto ou filmagem (ex:
photoshop, slideshow maker, etc.) Trata-se de uma outra pessoa (não é a
vítima verdadeira....)
QUESTÕES
● E se o autor, além de filmar a imagem, faz a divulgação das cenas na
internet?
R: Ele irá responder por DOIS CRIMES em concurso material: 216-B
(Registro não autorizado da Intimidade Sexual - Pena: 06 meses a 01 ano de
detenção) + 218-C do CP (Divulgação de cena de estupro, estupro de
vulnerável, cena de sexo, nudez ou pornografia - Pena: 01 a 05 anos de
Reclusão)
● E se o agente fizer uma "montagem" do vídeo e divulgar na internet? Ex:
pega o rosto de certa pessoa (recorta) e inclui em uma cena de sexo e
divulga na internet.
R: Nesse caso, o agente responderá pelo 216-B, parágrafo único (Registro
não autorizado da Intimidade Sexual Equiparado - Pena: 06 meses a 01 ano
de detenção) + 218-C do CP (Divulgação de cena de estupro, estupro de
vulnerável, cena de sexo, nudez ou pornografia - Pena: 01 a 05 anos de
Reclusão)
Efeito "extra penal": Indenização por Danos Morais (imagem)
TIPICIDADE SUBJETIVA
- Dolo = é a vontade livre e consciente de produzir, registrar, fotografar, filmar,
conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter Íntimo e
privado, estando ciente da falta de autorização dos participantes
- Dolo genérico = tanto faz se é para satisfazer a lascívia, para se divertir,
para humilhar a vítima, vender para terceiros, extorquir a vítima, etc
- Não detém dolo específico - SALVO Exceção da figura equiparada
- Figura equiparada = a figura do 216-B exige DOLO ESPECÍFICO, pois o
dispositivo narra: adulterar para o fim de incluir a pessoa em cena de nudez
ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CONSUMAÇÃO
- Crime formal = não precisa produzir resultado para se consumar
- Se consuma com o efetivo registro, produção, com a obtenção da fotografia
ou da filmagem
- No momento em que a foto é "batida" ou a imagem é "gravada",
independentemente do fim a ser alcançado (divulgar, satisfazer lascívia,
vender, etc)
TENTATIVA
- Apesar de ser formal, é admissível a tentativa, pois se trata de crime
plurissubsistente, ou seja, um crime de muitas ações
- Exemplo: o agente inicia a gravação da cena, mas por circunstâncias alheias
à sua vontade, não consegue obter a imagem (problemas no aparelho,
descoberta da vítima, etc.)
ASPECTOS FINAIS
- Distinção da "Lei Carolina Dieckmann": não confundir o art. 216-B do CP, com
o crime de "Invasão de Dispositivo Informático" - art. 154-A § 1° do CP (Lei n°
12.737/12) onde o agente "invade" um computador ou qualquer outro
dispositivo câmera digital, banco de dados da internet, etc.) para "subtrair"
imagens íntimas da vítima, sem a sua autorização
- Aspectos Probatórios: há necessidade de perícia na imagem pelo Instituto
de Criminalística - I.C. - art. 159 do CPP - Cadeia de Custódia da Prova -
Núcleo de Perícia em Imagens e Sons
- Modificações na Lei n° 11.340/06 "Lei Maria da Penha": a Lei 13.772/18
modificou a Lei Maria da Penha quanto às formas de violência doméstica (art.
7°, II - Lei n° 11.340/06) - A "violação da intimidade" é uma forma de agressão
psicológica à mulher, caracterizando violência doméstica
- Ação Penal: é Pública Incondicionada (art. 225 do CP) e corre em Segredo
de Justiça, pois envolve questão de intimidade - art. 234-B do CP
- Crime de pequeno potencial ofensivo: art. 216-B prevê pena de Detenção
de 06 meses a 01 ano - cabe aplicação dos benefícios da Lei 9099/95 -
Transação Penal (art. 76) e Sursis Processual (art. 89)
- Estudo de Caso: "Caso Carolina Dieckmann - 2012"
CONCEITO
- Consiste em uma modalidade de estupro considerada mais grave pelo
legislador, por ser a vítima menor de quatorze anos ou portadora de
enfermidade ou deficiência mental que lhe retire o necessário discernimento
para o ato, ou, ainda, por não poder, em razão de qualquer outra causa,
oferecer resistência
OBJETIVIDADE JURÍDICA
- O que se protege é a dignidade sexual das pessoas vulneráveis (do homem e
da mulher)
<
ERRO DE TIPO
- É o erro quanto ao elemento do tipo, devendo ele ser inescusável, inevitável e
invencível
- Afasta-se o dolo e tem-se a punição a título de culpa, ou seja, o agente seria
absolvido pela atipicidade, já que não existe estupro culposo
- Exemplo: menina menor de idade, se passando por mais velha, mente a
idade e mantém relação sexual com um homem. Nesse caso, o agente errou
na idade da vítima
15/03
SUJEITOS
SUJEITO ATIVO
- Qualquer pessoa, homem ou mulher (crime comum sob a perspectiva do polo
ativo)
SUJEITO PASSIVO
- Qualquer pessoa, homem ou mulher
- Porém, a lei impõe circunstancias “fático-jurídicas” que enquadram
especificamente no tipo penal do artigo (crime especial sob o polo passivo)
- Para ser vítima, é necessário que se enquadre nos requisitos de
vulnerabilidade impostos pelo artigo da lei (idade, incapacidade mental,
incapacidade de resistir, etc.)
DISSENSO
- Pode ocorrer com o consentimento da vítima ou não
- Se a vítima consentir: o consentimento voluntário não afasta a tipificação do
crime, pois considera-se um consentimento inocente ("notentia Consilli"), não
se relativiza
- Observação: o consentimento só passará a ser válido com 14 anos
completos, salvo se não constituir outro delito (218 CP - 240 e seguintes -
ECA - Lei 8069/90)
ESTUPRO
- É crime material
ERRO DE TIPO
- O agente poderá incorrer em erro quanto ao elemento "idade da vítima"
- Exemplo: vítima com compleição física avantajada, experiência sexual,
documentos falsos, etc. - Aplicação do art. 20 do CP (afastamento do dolo -
não existe estupro culposo - Absolvição por exclusão da culpabilidade)
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
- A vítima está totalmente indefesa
- Sua capacidade de resistir foi totalmente anulada (anulação completa)
- Revivescência = a vítima lembra de flashes mas não consegue se lembrar
exatamente o que aconteceu
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CONSUMAÇÃO
- Se da com a introdução do pênis na vagina (conjunção carnal) ou com a
execução do ato libidinoso (sexo oral, anal, etc.)
TENTATIVA
- É admissível por ser um crime plurissubsistente
- Exemplo: agente ameaça a vítima com intenção de constrangê-la
sexualmente, mas a vítima consegue fugir
- Observação: dificuldade prática (problema probatório)
- Entendimentos antes da Lel 12.015/09 - Tentativa de Estupro / Estupro
consumado: crime progressivo - "Prelúdio do Coito"; Impossibilidade desse
entendimento nos tempos atuais
- Estupro e desistência voluntária: art. 15 do CP
AÇÃO PENAL
<,
ASPECTOS FINAIS
● Aplicação da causa de aumento do art. 9° da Lei 8.072/90
- O art. 9° da Lei dos Crimes Hediondos estabelecia que em certos tipos de
crimes hediondos (arts. 157, § 39, 158, § 2°,159, caput e seus §§ 19, 2° e 39,
213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e
sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código
Penal) a pena aplicada nesses crimes seria aumentada em METADE caso
tais crimes fossem praticados contra as pessoas elencadas no art. 224 do CP.
- No entanto, o art. 224 do CP foi revogado pela Lei 12015/09, surgindo a
dúvida:
BASE NORMATIVA
Art. 218 - “Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia
de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”