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FACULDADE DE DIREITO PITAGORAS ALTAMIRA

TRABALHO SOBRE CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE CRIMES

CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE CRIMES

Altamira - Pará
FACULDADE DE DIREITO PITAGORAS ALTAMIRA

Concurso de pessoas é a consciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas


na mesma infração penal.
De acordo com o artigo 29 do Código Penal, aquele que, de qualquer forma,
contribua para o crime, responde penalmente pelo tipo penal por outrem, pois ajudou a
realizá-lo.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.
Desta forma, trata-se de norma ampliativa ou de extensão, que permite a
punibilidade de todos os que colaboraram para o mesmo crime.
O concurso de pessoas somente se configura quando o agente colabora para o
crime de forma consciente e voluntária. Se a colaboração é prestada sem o
conhecimento do crime, o concurso não se caracterizará.
No concurso de pessoas, a colaboração prestada também deve ser voluntária.
Desta forma, aquele que é coagido, de forma irresistível, a colaborar na prática
criminosa, também não responderá pelo crime.
Para responder em um concurso de pessoas, não basta a mera cumplicidade, ou
seja, o simples conhecimento do crime não é suficiente para a incriminação do
cúmplice, sendo necessária a prestação de uma colaboração para o resultado criminoso.

Teoria Monista e Dualista


O Código Penal brasileiro adotou, como regra geral, a teoria monista, que
determina que, no concurso de pessoas, todos os que colaboram para o crime devem
responder igualmente pelo mesmo tipo penal.
Contudo, a segunda parte do artigo 29 traz a previsão da teoria dualista,
determinando que cada um dos concorrentes será punido na medida de sua
culpabilidade. Assim, responderá cada agente de acordo com o grau e a intensidade de
suas participações no resultado criminoso, podendo ser aplicados tipos diferentes para o
mesmo grupo.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas [monista], na medida de sua culpabilidade [dualista]

Requisitos do Concurso de Pessoas

Pluralidade de Condutas
É imprescindível a presença de dois ou mais criminosos atuando em uma união
de ações e desígnios para o mesmo crime
Identidade de Fato
Todos devem colaborar para o mesmo fato criminoso

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Relevância Causal
É necessário que o agente preste uma colaboração que tenha relevância no
resultado e contribua efetivamente para a realização do fato criminoso
Liame Subjetivo
É o nexo psicológico entre os concorrentes, ou seja, a consciência e
voluntariedade na colaboração prestada para o crime.
Para ocorrer o liame subjetivo, não é obrigatório o ajuste prévio, bastando que
um dos criminosos, de forma consciente e voluntária, colabore com o outro,
aderindo psicologicamente à prática criminosa.

Comunicabilidade das Circunstâncias e Condições de Caráter Pessoal

As circunstâncias objetivas são aquelas relacionadas com a materialidade do


crime, ou seja, com a execução do fato criminoso, tais como a arma, o tempo e o lugar
do crime, a maneira de execução etc.
As circunstâncias subjetivas estão relacionadas com a motivação do crime, isto
é, o aspecto psicológico, tal como o motivo fútil.
As condições de caráter pessoal são qualidades especiais do autor do delito, as
características específicas de determinadas pessoas, como o médico, que é proibido de
dar atestados falsos e o funcionário público, agente necessário na corrupção ativa.
Os crimes que necessitam de uma característica específica do agente, ou seja, de
uma condição de caráter pessoal, são chamados de crimes próprios.

 Circunstancias Objetivas: Materialidade do Crime.


Exemplo: arma, tempo, lugar, forma de execução etc..
 Circunstâncias Subjetivas: Motivação do Crime
Exemplo: Futilidade
 Condição de Caráter Pessoal: Qualidades especiais do autor.
Exemplo: Funcionário público, médico etc.

Regras de Comunicabilidade
As circunstâncias objetivas se comunicam sempre que estiverem na esfera de
conhecimento dos participantes do crime.
As circunstâncias subjetivas e as condições de caráter pessoal se comunicam
entre os participantes do crime quando estiverem em sua esfera de conhecimento e
forem elementares do tipo penal.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias [subjetivas] e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.

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Cooperação dolosamente distinta


Ocorre a cooperação dolosamente distinta quando, no momento da execução do
crime, um dos criminosos executa um crime mais grave do que o planejado, sem que o
outro participante tenha previsão ou conhecimento de que este ocorrerá.
Nesta hipótese, responderá pelo crime mais grave aquele que o executou. O
outro participante responderá pelo crime menos grave, o qual, entre eles, foi acordado.
Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-
á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.

Concurso de pessoas nos crimes culposos e nos crimes de mão própria.

Também é possível o concurso de pessoas nos crimes culposos, no entanto, não


é possível a figura do partícipe, mas somente da coautoria. Nos crimes de mão própria
também é possível o concurso de pessoas, mas nesta hipótese não a coautoria, somente é
possível a figura do partícipe.

Concurso de crimes ocorre quando o agente, por meio de uma ou mais de uma conduta
(ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, estes podendo ser idênticos ou não.
O concurso de crimes é subdividido em concurso material, concurso formal e crime
continuado, previstos, respectivamente, nos artigos 69, 70 e 71 do Código Penal.

Concurso Material (Art. 69 do CP)

Ocorre quando o agente, através de mais de uma conduta (ação ou


omissão), pratica dois ou mais crimes, ainda que idênticos ou não. Exemplo: Agente
A, armado com um revólver, mata B e depois rouba C. Neste exemplo, há duas
condutas e dois crimes diferentes (homicídio e roubo), a este resultado com crimes
diferentes atribui-se o termo Concurso Material Heterogêneo, já para crimes idênticos,
o termo é Concurso Material Homogêneo.
No Concurso Material, o agente deve ser punido pela soma das penas
privativas de liberdade. É imprescindível que o juiz, ao somar as penas, individualize
cada pena antes da soma. Exemplo: Três tentativas de homicídio em Concurso
Material. Neste caso, o magistrado deve, primeiramente, aplicar a pena para
cada uma das tentativas e, no final, efetuar a adição. Somar as penas antes da
individualização viola, claramente, o princípio da individualização da pena, fato que
pode anular a sentença.

Na hipótese de a sentença cumular pena de reclusão e detenção, a de reclusão


deverá ser cumprida primeira.

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Concurso Formal (Art. 70 do CP)

Ocorre quando o agente mediante uma conduta (ação ou omissão) pratica


dois ou mais crimes, ainda que idênticos ou não. Exemplo: Agente A, com a intenção
de tirar a vida da Agente B, grávida de 8 meses, desfere várias facadas em sua nuca, B
e o bebê morrem.

Aplica-se a pena mais grave, aumentada de 1/6 até 1/2, e somente uma das
penas, se iguais, aumentada de 1/6 até 1/2. Aplicam-se as penas, cumulativamente, se
a ação ou omissão for dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos.

I. Concurso formal homogêneo: dois ou mais crimes idênticos.

Exemplo: Avançar o sinal vermelho e matar duas pessoas. Dois Homicídios Culposos.

II. Concurso formal heterogêneo: dois ou mais crimes diversos.

Exemplo: Avançar o sinal vermelho e matar uma pessoa e ferir outra. Homicídio e
Lesão Corporal.

III. Concurso formal perfeito: o agente não possuía o intuito de praticar os crimes de
forma autônoma (culpa).

Exemplo 1: Agente A atira em B para matá-lo, a bala atravessa e atinge C. Dolo +


Culpa.

Exemplo 2: Motorista que dirige de forma imprudente a acaba matando três pessoas.
Culpa + Culpa.

IV. Concurso formal imperfeito: o agente possuía o intuito de praticar os crimes de


forma autônoma (dolo).

Exemplo 1: Agente A que atira em C e D, seus desafetos. Dolo + Dolo.

Na hipótese IV, a pena sempre será somada.

Crime continuado (Art. 71 do CP)


O artigo 71 do Código Penal prevê que:

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"Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou


mais crimes da mesma espécie e, pelas condições do tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação
do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticos, ou a mais grave,
se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos


com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
deste Código".

Entende-se que são delitos da mesma espécie os que estiverem previstos no mesmo
tipo penal, tanto faz que sejam figuras simples ou qualificadas, dolosas ou culposas,
tentadas ou consumadas.

A figura do crime continuado do caput do artigo 71 do Código


penal constitui um favor legal ao agente que comete vários delitos. Cumpridas as
condições do mencionado dispositivo, os fatos serão considerados crime único por
razões de política criminal, sendo apenas agravada a pena de um deles, se idênticos,
ou do mais grave, se diversos, à fração de 1/6 a 2/3. O reconhecimento de tal
modalidade exige uma pluralidade de condutas sucessivas no tempo, que ocorrem de
forma periódica e se constituem em delitos da mesma espécie (ofende o mesmo bem
jurídico tutelado pela norma – não se exigindo a prática de crimes idênticos).

É o caso do indivíduo que é preso após cometer vários furtos, o qual agia
sempre da mesma forma. A pena do furto é de 1 a 4 anos, na hipótese da prática de 50
furtos e aplicação da pena máxima em cada um, não seria interessante para o Estado o
cumprimento de 4x50=200 anos de pena aplicada ao condenado, o que feriria também
o princípio da ressocialização do apenado.

Altamira - Pará

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