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1. Teoria monista, monística ou unitária: trata-se da teoria adotada pelo Código Penal
(art. 29, caput), nos termos da qual todos aqueles que concorrem para o crime incidem
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade, ou seja, como regra
geral, será atribuído um mesmo crime a todos os sujeitos ativos. Embora o crime seja
praticado por diversas pessoas, ele permanece sendo único e indivisível. A título de
exemplificação, se dois sujeitos resolvem praticar, juntos, o crime de latrocínio (art.
157, § 3º, II, do CP), ambos serão responsabilizados pelo crime independentemente de
apenas um deles ter efetuado o disparo da arma contra a vítima, enquanto o outro se
limitou a dar-lhe cobertura.
2. Teoria dualista: entende haver uma distinção entre o crime praticado pelos autores
e aquele cometido pelos partícipes. Para os defensores desta teoria, deverá existir um
crime único para os autores, e outro crime único para os chamados cúmplices.
Seguindo esse raciocínio, teríamos, por exemplo, uma infração para aquele que induz
os agentes à prática de roubo, e outra para os agentes em si, que, de fato, subtraem a
coisa alheia. Não foi recepcionada pelo Código Penal, mas alguns doutrinadores
entendem que o art. 29, § 1º, do CP, que trata da possibilidade de redução da pena
para os agentes cuja participação é de menor importância, se assemelha à proposta
desta teoria.
3. Teoria pluralista: como o próprio nome já diz, segundo esta teoria haveria uma
pluralidade de crimes, isto é, seriam consideradas tantas infrações penais quantos
fossem os autores e partícipes, devendo-se atribuir a cada agente um delito diferente.
Em resumo, é como se cada autor ou partícipe praticasse a sua própria infração penal,
não importando a sua colaboração para com os demais agentes. O nosso Código Penal
adota exemplos excepcionais dessa teoria, tais como nos crimes de corrupção, em que
o corruptor comete corrupção ativa – art. 333 –, e a conduta do funcionário público
corrompido é tipificada como corrupção passiva – art. 317–; e de aborto, em que a
gestante incorre no tipo previsto no art. 124, e o terceiro incorre nos arts. 125 ou 126.
Autoria e coautoria
O Código Penal não traz em nenhum de seus dispositivos os conceitos de autor e
partícipe, razão pela qual tais definições foram elaboradas, ao longo do tempo, pela
doutrina pátria. No que concerne à autoria, três concepções distintas tomaram
destaque. A primeira delas apresenta um conceito amplo, ou extensivo, de autor,
assim considerado todo aquele que concorre para o crime, desde que a sua conduta se
mostre relevante para o resultado, e exista o vínculo psicológico, não se falando, pois,
em diferenciação entre autor e partícipe. Por outro lado, a segunda concepção
exprime um conceito restritivo de autor, que seria apenas aquele que realiza, de fato,
a conduta descrita no tipo penal.
Por fim, a terceira concepção, denominada teoria do domínio do fato, tem por
premissa que o autor é a figura central no acontecer típico, possuindo o controle
central sobre a configuração do fato criminoso. Para esta teoria, o autor poderá ser
imediato ou direto, quando executar diretamente a conduta descrita pelo tipo penal,
ou poderá ser também mediato ou indireto, nas hipóteses em que se vale de outra
pessoa, que lhe serve como instrumento para a prática da infração penal.
Como regra geral, o Código Penal adotou a teoria restritiva – que se mostra majoritária
na doutrina pátria – e, portanto, autor será somente aquele que praticar a ação
nuclear prevista no tipo penal. Todavia, admite-se também a aplicação da teoria do
domínio do fato nos delitos dolosos, em que o autor será o sujeito ativo que tem o
domínio finalista do fato criminoso.
No que concerne ainda à autoria, esta poderá ser classificada como colateral quando
duas pessoas concorrerem para um mesmo resultado, mas não existir qualquer vínculo
subjetivo entre elas, isto é, quando dois sujeitos ativos distintos decidem cometer o
mesmo crime, no mesmo momento, sem que um saiba da intenção do outro. Neste
caso, muito embora ambos os sujeitos concorram para o mesmo resultado criminoso,
não existe concurso de pessoas, pois falta-lhe um dos principais requisitos para a sua
caracterização, que é o vínculo subjetivo. E se, diante da hipótese de autoria colateral,
não for possível determinar quem foi o responsável pelo resultado, a autoria será
considerada incerta, e ambos os agentes responderão pelo crime na modalidade
tentada.
A coautoria, por sua vez, pressupõe, sempre, que uma pluralidade de agentes realize,
ainda que em parte, a ação ou a omissão previstas no tipo penal. Coautores serão,
portanto, todos aqueles que realizarem, total ou parcialmente, o comportamento
típico. Haverá coautoria total quando todos realizarem, conjuntamente, o mesmo
comportamento, ao passo que se falará em coautoria parcial ou funcional quando
existir uma “divisão de tarefas” entre os agentes, cada um realizando uma parcela do
mesmo tipo penal.
Participação
O termo partícipe é utilizado para caracterizar aqueles sujeitos que, embora
concorram para a prática da infração penal, desempenham uma atividade acessória,
isto é, dependente da conduta principal do autor. A participação é, portanto, a
contribuição ao injusto praticado por outrem.
Assim como na autoria, algumas teorias também se desenvolveram na doutrina pátria
acerca da participação. São elas:
Circunstâncias incomunicáveis
Nos termos do art. 30 do Código Penal, “não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”, ou seja, tanto as
circunstâncias agravantes (arts. 61 a 64 do Código Penal) e atenuantes (arts. 65 e 66 do
Código Penal), quanto as causas de aumento ou diminuição de pena, quando atinentes
a um dos sujeitos do crime (coautor ou partícipe), não serão estendidas aos demais,
ainda que se trate de uma circunstância benéfica, com exceção, todavia, de quando se
tratar de elementares do crime.
Por exemplo, suponhamos que A e B decidem, juntos, matar o pai de B – crime de
homicídio previsto no art. 121 do Código Penal. Neste caso, somente a pena de B será
aumentada em virtude da circunstância agravante prevista no art. 61, II, e, do CP, isto
é, ter cometido o crime contra o seu ascendente. Em outras palavras, a regra é a de
que as circunstâncias ou condições de um dos agentes – ou seja, as de caráter pessoal
– não se comunicarão aos demais.
Por outro lado, quando a circunstância é elementar ao crime, ela será estendida ao
coautor ou coparticipante, desde que este tenha tido conhecimento da circunstância.
Por exemplo, se A, na qualidade de funcionário público, e B, pessoa estranha à
Administração Pública, mas que tem conhecimento da profissão de A, decidem, juntos,
subtrair um item da repartição na qual A exerce suas funções, ambos serão
responsabilizados pelo crime de peculato-furto, previsto no art. 312, § 1º, do CP, muito
embora somente A seja funcionário público.