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CONCURSO DE PESSOAS

Quem de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Conceito de concurso de pessoas: colaboração compreendida por duas ou mais pessoas para a realização de um
crime ou uma contravenção penal.

São 2 as espécies de concurso:

Coautoria: aqueles que executam o comportamento que a lei define como crime. Muito embora a conduta de cada
um possa ser diferente, todos cooperam no cometimento de delito e por isso sofrem penas semelhantes.

Participação: é aquele que mesmo não praticando a conduta descrita na lei como crime, contribui, de qualquer
modo, para sua realização. Este reponde pelo crime, porém, com diminuição de pena.

Há dois tipos de participação:

Material: cumplicidade

Moral: determinação.

Segundo interpretações a respeito do concurso de pessoas, podemos dizer que:

Autor- aquele que realiza a ação (o verbo tipificado) e Partícipe aquele que sem realizar a ação (verbo) concorre de
alguma forma para o resultado ou consumação do crime.

Participação Moral: pode ser através de instigação, que é quando o agente já tem uma conduta ilícita em mente,
sendo apenas reforçada pelo partícipe; e induzimento que se dá quando o faz brotar a idéia no agente pelo partícipe,
ele não tinha idéia de cometer o crime, mais passa a ter após.

Participação Material: que se faz pelo auxílio, como numa vigilância exercida durante o cometimento de um crime
ou um empréstimo de uma arma de fogo.

PARA POLICIAIS MILITARES

Vale ressaltar que o PM que presencia um crime, por exemplo uma subtração de bens de uma pessoa e nada faz,
pode incorrer como partícipe de furto.

Requisitos de concurso de pessoas:

- Pluralidade de conduta: é necessário que cada uma das pessoas tenha realizado ao menos uma conduta.

- Nexo de causalidade: apenas aqueles cujas condutas tenham efetivamente contribuído para o resultado podem
responder pelo delito.

- Vínculo subjetivo ou psicológico: é a vontade de todos contribuir para a produção do resultado. Importante
lembrar que neste caso não se exige a necessidade de um acordo prévio.

- Identidade do crime: teoria unitária ou monista, todos os envolvidos devem responder pelo mesmo crime mesmo
que tenha apenas colaborado para que o comparsa concretizasse a subtração.

- Cooperação (dolosa) diversa do crime: quando uma pessoa desejava participar apenas de outro crime menos
grave, responde por este, mas se havia condições de prever que o crime mais grave ocorreria, sua pena será
aumentada.

CIRCUSNTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS

São as que não se estendem não se transmite aos coautores ou partícipes de uma infração penal, se referem
exclusivamente a determinado agente, apenas em relação a ele.

Elementares: os fatores que se relacionam com a definição básica de uma infração penal.
Circunstâncias: os fatores que se agregam ao tipo fundamental, com a intenção de aumentar ou diminuir a pena,
exemplo: “o relevante valor moral”, “motivo torpe ou fútil”.

CONCURSO DE CRIMES

Conceito: quando o agente, através de uma ou mais condutas, comete duas ou mais infrações penais.

Modalidades do concurso de crimes:

1)Concurso Material: o agente mediante duas ou mais ações ou omissões. Pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não também é nominado de concurso real ou cúmulo material, onde as penas são somadas, desde que os delitos
tenham alguma conexão entre eles e estejam sendo apurados na mesma ação.

*Espécies de concurso material:

A) homogêneo: os crimes são idênticos, mas em circunstância de tempo, local ou modo de execução sejam diversos.

B) heterogêneo: quando os crimes praticados não forem idênticos.

A soma das penas: só é possível quando as sanções são iguais (ex: detenção, reclusão), no caso de não serem
idênticas, o juiz não somará as penas e o réu cumprirá primeiro a reclusão e depois a detenção.

A Lei nº 9714/98 alterou o capitulo das penas e criou modalidades de penas restritiva de direitos que podem ser
cumpridas concomitantemente com a pena de prisão.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)...

§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir
a pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998).

2)Concurso Formal: ocorre quando o agente mediante uma única ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, onde as penas são somadas, desde que os delitos tenham alguma conexão e estejam sendo
julgados numa mesma ação penal.

*Espécies de concurso formal:

A) homogêneo: quando os crimes forem idênticos, o juiz aplicará uma só pena acrescida de 1/6 a 1/2.

B) heterogêneo: quando os crimes praticados não forem idênticos, o juiz aplicará a pena do mais grave acrescida
também de 1/6 a1/2.

A pena aplicada no concurso formal não pode ser superior a que seria aplicada no caso do concurso material, daí o
nome de concurso material benéfico.

Concurso formal perfeito e imperfeito:


Perfeito ou imperfeito é quando o agente não tem autonomia de desígnios em relação aos resultados e cuja
consequência é a aplicação de uma pena só aumentada em 1/6 a1/2.

Imperfeito ou impróprio ocorre quando o agente atua com dolo direto em relação aos crimes praticados, querendo
os resultados, hipótese que as penas serão somadas.

Crime continuado:
Ocorre quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois crimes da mesma espécie, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outra semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro.

Distinção entre crime habitual e continuado:


O Crime Habitual pressupõe reiteração de condutas, a prática de um ato isolado não constitui crime, já na
Continuidade delitiva, cada conduta isoladamente constitui crime, mas, em virtude dos requisitos legais, aplica-se
uma só pena com base no sistema de exasperação.

Concurso material benéfico aplicado ao crime continuado:


O parágrafo único do Art. 71 do Código Penal prevê no tocante ao crime continuado, o cabimento do concurso
material benéfico, quando a aplicação do triplo da pena puder resultar em pena superior à eventual soma.

PENAS

Conceito: É a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de um ilícito penal e consiste na privação ou
restrição de bens jurídicos determinados pela lei, cuja finalidade é a readaptação do condenado ao convívio social e
a prevenção em relação à prática de novas infrações penais.

a) Privação ou restrição de liberdade: é exemplo de privação de direito (de ir e vir, de liberdade). A limitação de fim
de semana, por sua vez, é exemplo de pena restritiva de liberdade (que, no Código Penal, entretanto, integra o rol
das penas denominadas restritivas de direitos).

b) Perda de bens: consiste na reversão de pertences do condenado ao Fundo Penitenciário Nacional.

c) Multa: consiste no pagamento de valores impostos na sentença.

d) Prestação social alternativa: substitui a pena privativa de liberdade, evitando-se, assim, o encarceramento dos
delinquentes nas infrações de menor e médio potencial ofensivo, em especial a aplicação das penas restritivas de
direitos, dispostas no artigo 43 e seguintes do Código Penal.

e) Suspensão ou interdição de direitos: pode consistir, por exemplo, na proibição do exercício de profissão ou de
função pública, na suspensão da carteira de habilitação, na proibição de frequentar certos locais, etc.

Espécies de penas vedadas pela Constituição Federal:


“que não haverá penas: de morte, salvo em caso de guerra declarada; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados;
de banimento; cruéis.”

A adoção da pena de morte no país tem vedação constitucional.

A vedação de pena de caráter perpétuo estabelece que o cumprimento de penas privativas de liberdade não pode
exceder 30 anos. O art. 31 da Lei das Execuções Penais estabelece que seja obrigatório o trabalho interno do
condenado a pena privativa de liberdade, na medida de suas aptidões. Todavia, Caso ele se recuse a trabalhar não
poderá ser forçado.

É vedado também o banimento do brasileiro nato ou naturalizado do território nacional. Por sua vez, a deportação, a
expulsão e a extradição de estrangeiros são admissíveis, na medida em que possuem natureza administrativa, e não
de sanção penal.

São proibidas as penas cruéis, como por exemplo, a serem cumpridas em regime degradante ou desumano,
tampouco são permitidos açoites. Como chicotadas, marcações com ferro em brasa e etc.

Finalidades da Pena
Três teorias procuram explicar as finalidades da pena:

a) Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é punir o infrator pelo mal causado à vítima, aos seus
familiares e à coletividade. Como o próprio nome diz, a pena é uma retribuição.

b) Teoria relativa ou da prevenção: a finalidade da pena é a de intimidar, evitar que delitos sejam cometidos.

c) Teoria mista ou conciliatória: a pena tem duas finalidades, ou seja, punir e prevenir.

Fundamentos da pena
Preventivo: a existência da norma penal incriminadora visa intimidar os cidadãos, no sentido de não cometerem
ilícitos penais, pois, ao tomarem ciência de que determinado infrator foi condenado, tenderão a não realizar o
mesmo tipo de conduta.

Retributivo: a pena funciona como castigo ao transgressor de forma proporcional ao mal que causou, dentro dos
limites constitucionais.

Reparatório: consiste em compensar a vítima ou seus parentes pelas consequências advindas da prática do ilícito
penal. A obrigação de reparar o dano, efeito secundário da sentença condenatória.

Readaptação: busca-se também com a aplicação da pena a reeducação, a reabilitação do criminoso ao convívio
social, devendo ele receber estudo, orientação, possibilidade de trabalho, lazer, aprendizado de novas formas
laborativas etc.

Penas Principais
Penas privativas de liberdade: reclusão e detenção para os crimes (art. 33 do CP). Para as contravenções penais, a
espécie de pena privativa de liberdade prevista é a prisão simples (art. 6º da Lei das Contravenções Penais - Decreto-
lei nº 3.688/41).

Restritivas de direitos: prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana (art. 43 do CP).

Multa (art. 49 do CP).

DETRAÇÃO

Configura-se no abatimento, na pena ou na medida de segurança a ser executada, do tempo da prisão provisória ou
de internação já cumprida pelo condenado. A detração deve recair também sobre três espécies de penas restritivas
de direito (prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos e limitação de finais de semana –
CP, Art. 43, IV, V, VI). Contudo não haverá detração sobre a pena de multa.

REMISSÃO DE PENA

A remição da pena é um instituto pelo qual se dá como cumprida parte da pena por meio do trabalho ou do estudo
do condenado pelo desempenho da atividade laborativa ou do estudo.

DA APLICAÇÃO DA PENA

a) Primeira fase: analise das circunstancias judicial do artigo 59 do CP, onde analisara a culpabilidade, 57 os
antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstancias e as consequências do
crime, bem como o comportamento da vitima, para se fixar a pena-base.

b) Segunda fase: analise das circunstancias agravantes e atenuantes genéricas, previstas nos artigos 61 e 65,
respectivamente. Vale ressaltar que o artigo 66 trata das atenuantes inominadas e o artigo 62 trata das agravantes
aplicadas nos casos de concursos de pessoas. Salienta-se também que as circunstancias atenuantes não pode
conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal, aplicação inversa se faz no caso das agravantes, que também
não podendo conduzir a pena acima do máximo disposto em lei

c) Terceira fase: análise das causas de diminuição (minorantes) e aumento (majorantes) de pena, representadas no
código pelas frações, por exemplo, o crime de roubo sofre a majorante de 1/3 até 1/2, se a violência ou a ameaça e
exercida com emprego de arma. Diferentemente do aplicado na segunda fase, neste momento ao aplicar a
diminuição ou aumento, as penas poderão ficar abaixo do mínimo legal ou acima do máximo previsto em lei.

SUSPENSÃO DA PENA

Conceito de Sursis: é a suspensão da execução da pena privativa de liberdade imposta ao condenado mediante o
cumprimento de certas condições, chamado geralmente de “suspensão condicional da pena”.

2 sistemas de sursis mais conhecidos no mundo:


Probation system (sistema anglo-americano): o juiz reconhece a cupabilidade do réu, mas não da sentença
condenatória, suspendendo o processo;

Franco-belga (ou Belga-Francês, ou europeu continental): o juiz não só reconhece a culpabilidade como também
condena o réu. Tadavia, preenchidas as condições impostas por lei, suspende a execução da pena. (sistema adotado
pelo nosso Código Penal).

Audiência Admonitória: O sursis é concedido pelo juiz na própria sentença. Haverá a condenação do réu a uma pena
privativa de liberdade, mas o juiz, no mesmo ato, desde que presentes os requisitos legais, concede a suspensão
condicional da pena ao réu. Se o condenado não comparecer a audiência admonitória, o sursis será casado,
impedindo-lhe, portanto, o cumprimento da pena privativa de liberdade que lhe fora imposta.

Requisitos para o sursis:

I - objetivos:
a) condenação a PPL não superior a 2 (dois) anos (em regra);
b) impossibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito.
II - subjetivos:
a) não ser reincidente em crime doloso (exceto se a condenação anterior foi exclusivamente à pena de
multa- art. 77, § 1 o CP e Súmula 499 do STF);
b) circunstâncias judiciais favoráveis (culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do
agente, assim como os motivos e as circunstâncias do crime autorizarem a concessão do sursis).
Espécies de sursis:

São 4 (quatro):
a) sursis simples ou comum: aplica-se ao não reincidentes, pena privativa de liberdade não superior a 2 anos.
Aplicado quando o condenado não reparou o dano. Periodo de prova de 2 a 4 anos.

b) sursis especial: aplica-se ao não reincidentes, pena privativa de liberdade não superior a 2 anos. Aplicado quando
o condenado reparou o dano. Seus requisitos são mais rigidos do que a sursis simples, porém, as condições são mais
brandas. Periodo de prova de 2 a 4 anos.

c) sursis etário: aplicável aos condenados que contarem com mais de 70 (setenta) anos de idade na data da
sentença, cuja pena privativa de liberdade imposta não seja superior a 4 (quatro) anos. Contudo, o período de prova
será de 4 (quatro) a 6 (seis) anos;

d) sursis humanitário: aplicável aos condenados a pena privativa de liberdade não superior a 4 (quatro) anos, desde
que o estado de saúde justifique a suspensão da pena (pacientes terminais). O período de prova será de 4 (quatro) a
6 (seis) anos.

Condições para o sursis Sursis simples


Para o sursis simples, impõem-se as seguintes condições:
a) prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana (primeiro ano do período de
prova-art. 78, § 1°, CP).
Sursis especial
Para o sursis especial, impõem-se as seguintes condições, cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de se ausentar da comarca sem a autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal mensalmente para justificar as atividades exercidas.
Essas são as chamadas condições legais, ou seja, impostas pela lei. Há, ainda, as condições judiciais, nos
termos do art. 79 do CP, que poderão ser impostas pelo juiz, além daquelas que a lei determinar. Por
fim, há as condições legais indiretas, que são aquelas causas ensejadoras da revogação do sursis (art. 81,
CP).
Período de prova
É o lapso temporal dentro do qual o condenado beneficiado pelo sursis deverá cumprir as condições
impostas, bem como demonstrar bom comportamento. É também denominado de período depurador,
sendo de 2 (dois) a 4 (quatro) anos nos sursis simples e especial, e de 4 (quatro) a 6 (seis) anos nos
sursis etário e humanitário.

Revogação do sursis
Poderá ser obrigatória ou facultativa.
Revogação do sursis será obrigatória se:
a) o beneficiário vier a ser condenado irrecorrivelmente por crime doloso;
b) não reparar o dano, salvo motivo justificado;
c) descumprir as condições do sursis simples.
Revogação do sursis será facultativa se:
a) o beneficiário vier a ser condenado irrecorrivelmente por contravenção ou crime culposo, salvo se imposta pena
de multa;
b) descumprir as condições do sursis especial;
c) descumprir as condições judiciais.

Prorrogação do período de prova


Conforme previsto no art. 81, § 2°, do Código Penal, se o beneficiário estiver sendo processado por outro crime ou
contravenção, considerar-se-á prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. Ainda, o § 3° do
precitado dispositivo legal aduz que, quando facultativa a revogação, o juiz pode, em vez de decretá-la, prorrogar o
período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.

Extinção da punibilidade: Com o encerramento do prazo do período de prova sem que tenha havido revogação,
considerar-se-á extinta a pena privativa de liberdade suspensa (art. 82, CP).

LIVRAMENTO CONDICIONAL
Conceito
Livramento Condicional é a libertação antecipada do condenado, mediante o cumprimento de certas
condições, pelo prazo restante da pena que deveria cumprir. Trata-se direito público subjetivo do
condenado, ou seja, não pode ser negado por mera discricionariedade do magistrado. Preenchidos os
requisitos, deverá ser concedido. A competência para a concessão do livramento condicional, em regra,
é do juiz da execução penal.
Requisitos para a concessão do livramento condicional
São de 2 (duas) ordens:
Objetivos:
a) condenação a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, nos termos Art. 83 do
Código Penal;
b) reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, nos termos do Art. 83, IV, do Código Penal;
c) cumprimento de parte da pena, nos termos do Art. 83, I e II, do Código Penal;
d) mais de 1/3, para condenado de bons antecedentes e primários;
e) mais de 1/2, se o condenado for reincidente em crime doloso;
f) entre 1/3 e 1/2, se o condenado não for reincidente em crime doloso, mas tiver maus antecedentes;
g) mais de 2/3, se condenado por crime hediondo ou assemelhado, desde que não seja reincidente
específico (nesse caso, não fará jus ao LC).
Subjetivos:
a) comportamento satisfatório durante a execução da pena;
b) bom desempenho no trabalho;
c) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
d) prova da cessação de periculosidade para os condenados por crime doloso cometido com violência ou grave
ameaça.

Condições para o Livramento Condicional


Podem ser de 2 (duas) ordens:
Obrigatórias:
a) Obter o condenado ocupação lícita;
b) Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação;
c) Não mudar da comarca da execução sem prévia autorização;
Facultativas (ou Judiciais)
a) Não mudar de residência sem comunicar o juízo; .
b) Recolher-se à habitação em hora fixada;
c) Não frequentar determinados lugares;
Legais indiretas - ausências das causas geradoras de revogação do benefício.

Revogação do Livramento Condicional


Pode ser:
Obrigatória: condenação irrecorrível a PPL pela prática de crime havido antes ou durante o benefício.
Facultativa: condenação irrecorrível, por crime ou contravenção, à pena não privativa de liberdade ou se houver
descumprimento das condições impostas.

Período de prova no Livramento Condicional


É o período em que o condenado observará as condições impostas, pelo prazo restante da PPL que havia para
cumprir. Findo este período sem revogação do LC, o juiz julgará extinta a punibilidade do agente.

Prorrogação do período de prova


Se durante o período de prova o liberado (condenado) responder a ação penal por crime (e não contravenção
penal!) havido durante a vigência do livramento condicional, deverá o juiz da execução penal prorrogar o período de
prova até o trânsito em julgado, não podendo declarar extinta a punibilidade enquanto isso (art. 89, do Código
Penal). A prorrogação ora tratada não é automática, consoante doutrina e jurisprudência majoritárias, exigindose,
pois, decisão judicial nesse sentido.

MEDIDAS DE SEGURANÇA
Conceito: espécie de sanção penal imposta pelo Estado a um imputável ou semi-imputável com reconhecida
periculosidade, desde que se tenha praticado um fato típico e antijurídico.
Natureza jurídica e objetivo: aspecto preventivo, pressupõe periculosidade.
Natureza jurídica da sentença que impõe medida de segurança: é absolutória imprópria. Absolutória, pois a
inimputabilidade é causa que isenta o réu de pena; imprópria, pois a sentença, embora absolva o réu, impõe-lhe
sanção penal.

Espécies de Medidas de Segurança


Detentiva: ser apenado com reclusão. Ex: internação do imputável ou semi-imputável em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico.
Restritiva: apenado com detenção, aqui o tratamento é ambulatorial.
OBS: A escolha entre as medidas de segurança detentiva e restritiva deve ser guiado pelo grau de periculosidade do
réu.
Prazo de duração da medida de segurança
Mínimo: variável de 1 a 3 anos que ao término deverá constar na sentença, o agente deverá ser reavaliado o grau de
periculosidade.
Máximo: prazo máximo de 30 anos.

AÇÃO PENAL
Direito de ação penal.
Conceito
É o direito que a parte acusadora (Ministério Público ou ofendido) tem de, através do devido processo legal,
provocar o Estado-Juiz a dizer o direito objetivo no caso concreto, e, para isto, há necessidade do exercício de um
direito, que é a ação.

Notitia criminis.
Conceito: é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato
delituoso.
Espécies de Notitia criminis:
a) De cognição imediata (espontânea): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de suas atividades
rotineiras;
b) De cognição mediata (provocada): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de um expediente
escrito;
c) De cognição coercitiva: nesse caso a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da
apresentação de indivíduo preso em flagrante.
d) Notitia criminis inqualificada: ao receber uma denúncia anônima, realizasse diligências para verificar se os fatos
procedem somente então se inicia as investigações.

Ação penal pública


Dentro dos casos de ação penal pública (exclusiva do Ministério Público), ainda há outra subdivisão, em ação penal
pública incondicionada e condicionada.
Na ação penal pública incondicionada, o Ministério Público promoverá a ação independentemente da vontade ou
interferência de quem quer que seja bastando para tanto, que concorram às condições da ação e os pressupostos
processuais.
Na ação penal pública condicionada, a atividade do Ministério Público fica condicionada também a manifestação de
vontade do ofendido ou de seu representante legal.
Ação penal privada é promovida pelo sujeito passivo ou seu representante legal, pois o crime atinge imediata e
profundamente o interesse do sujeito passivo do crime, em face disso o Estado lhe confere o próprio direito de ação,
conquanto mantenha o direito de punir através do devido processo legal.

A Denúncia e a Queixa
A peça acusatória iniciadora da ação penal, consistente em uma exposição por escrito dos fatos que constituem em
tese o ilícito penal, com a manifestação expressa da vontade de que se aplique a lei penal a quem é
presumivelmente seu autor e a indicação das provas em que se alicerça a pretensão punitiva.
Denúncia: é a peça acusatória inaugural da ação penal pública (condicionada e incondicionada). O prazo para
apresentação da denúncia é de quinze dias, se o indiciado estiver solto, e cinco dias, se estiver preso.
Queixa: é a peça acusatória inicial da ação penal privada. O prazo para apresentação da queixa-crime é de seis
meses, contados do dia em que o ofendido vier, a saber, quem é o autor do crime.

Decadência
Consiste na perda do direito de ação pelo ofendido, diante de sua inércia em razão do decurso do prazo fixado em
Lei.
Decadência e ação privada subsidiária da pública:
Nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não apresentar qualquer manifestação no prazo legal, surgirá a
possibilidade de o ofendido ingressar com a ação privada subsidiária, nos 6 meses subsequentes ao término do
prazo do Ministério Público.

Renúncia
É uma forma de extinção de punibilidade pelo direito de queixa, portanto refere-se somente a ação penal privada. É
um ato unilateral, é a desistência do direito de ação por parte do ofendido.
Formas de Renúncia:
Expressa: consta declaração escrita e assinado pelo ofendido.
Tácita: ato incompatível com a intenção de exercer o direito de queixa. Ex: casamento com o autor do crime.

Renúncia e reparação do prejuízo


Estipula que não implica renúncia tácita o fato de receber o ofendido a indenização devida em razão da prática
delituosa. Essa regra, entretanto, não se aplica às infrações de menor potencial ofensivo.

Perdão do ofendido
É um ato pelo qual o querelante desiste do prosseguimento da ação penal privada em andamento. Pressupõe,
portanto, que já tenha havido recebimento da queixa e também que não tenha havido trânsito em julgado da
sentença condenatória.

HOMICÍDIO
Corresponde, à conduta do agente de exterminar a vida humana extrauterina, agindo com vontade livre e consciente
(no caso do homicídio doloso) de eliminá-la, embora seja possível a prática de tal delito por negligência, imprudência
ou imperícia, situações configuradoras do homicídio culposo.
Espécies de homicídio:
a) Homicídio doloso simples: corresponde à forma básica do crime.
b) Homicídio doloso privilegiado:
I - relevante valor social: é o motivo relacionado com os interesses de uma coletividade.
II - relevante valor moral: é o motivo relacionado com os interesses individuais do criminoso, tais como o ódio,
misericórdia, compaixão.
III- domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: homicídio praticado pelo agente
que se encontra com estado anímico bastante abalado (a emoção deve ser violenta, e não simplesmente
passageira).
Concurso de agentes: as hipóteses previstas para o homicídio privilegiado são incomunicáveis aos coautores e
partícipes por se tratarem de circunstâncias de caráter pessoal não elementar do crime de homicídio.

Homicídio qualificado
Sendo punido o agente com pena que varia entre 12 e 30 anos de reclusão, e que todo homicídio qualificado
configura crime hediondo.
Considera-se homicídio qualificado quando tiver sido praticado por:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: ligada à motivação do agente para a
prática do crime.
II - por motivo fútil: também ligada à motivação do delito. É a morte provocada por um motivo de somenos
importância, ínfimo, desproporcional, desarrazoado.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum: trata-se de qualificadora considerada de caráter objetivo, uma vez que não está vinculada à
motivação do crime, mas sim ao modo ou ao meio de execução de que se vale o agente para a sua prática.
IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível à defesa
do ofendido: trata-se de qualificadora de caráter objetivo, está ligada à forma como crime foi praticado.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: trata- se de qualificadora de
caráter subjetivo, uma vez que também está relacionada com a motivação do crime, onde o agente pratica o
homicídio como forma de assegurar a execução de outro crime.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino - trata-se da nova modalidade qualificada de
homicídio, denominada de feminicídio, incluída no CP pela Lei 13.104/2015: qualificadora de caráter subjetivo
considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou
menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
VII - contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição trata-se de mais uma
qualificadora do homicídio, inserida no CP pela Lei 13.142/2015: denominado de "homicídio funcional”: para a
incidência, exigirá que o agente delitivo esteja ciente da condição especial da vítima ou de seus parentes, cônjuges
ou companheiros.

Homicídio culposo
É punido com detenção de 1 a 3 anos. Será verificado quando o agente não querendo ou não assumindo o risco,
produzir a morte de alguém por imprudência, negligência ou imperícia.

Homicídio majorado culposo


No homicídio culposo, o agente não observar regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Nesses casos, sua pena será aumentada em 1/3, incidirá somente no caso de homicídio culposo.

Perdão judicial
Ocorre quando as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária. O mesmo se diga se um pai, por imprudência, atropela o próprio filho, ao sair de sua garagem.

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO.


Considerações iniciais: o Direito Penal não pune aquela pessoa que quer dar cabo de sua própria vida, mas sim o
agente que induz, instiga ou auxilia alguém a praticar suicídio. Em outras palavras, a atividade do suicida é atípica, já
que, em regra, não se pode punir a destruição de um bem próprio, somente alheio. Daí explicar-se que a autolesão é
impunível, já que o agente pode fazer o que bem quiser de seu corpo (desde que não o faça para recebimento de
seguro contra acidentes pessoais, o que configuraria fraude). Quem induzir, instigar ou auxiliar alguém a tirar sua
própria vida será autor do crime e não partícipe.

INFANTÍCIDIO
Considerações iniciais:
Estado puerperal: Estado puerperal é o conjunto de alterações físicas e psíquicas que ocorrerem no organismo da
mulher em razão do fenômeno do parto que acarrete forte rejeição àquele que está nascendo ou recém-nascido,
visto como responsável por todo aquele sofrimento.

ABORTO
Considerações iniciais: o termo "aborto" não corresponde à ação de se eliminar a vida de um feto, mas sim o
resultado da ação criminosa, assim, o "aborto" corresponde à eliminação do produto da concepção, tutelando a lei a
vida humana intrauterina.
Espécies de aborto:
a) - autoaborto;
b) - aborto consentido;
c) - aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante;
d) - aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante;
e) - aborto qualificado.

Aborto legal
Previsto no Art. 128 do Código Penal, e admitido, em duas situações, a prática do aborto:
a) - se a gravidez gerar risco de vida à gestante;
b) - se a gravidez resultou de estupro, desde que a gestante consinta com o abortamento, ou, se incapaz, haja
autorização do representante legal.

Aborto eugênico (feto anencefálico)


Não vem definida no Código Penal a possibilidade de realizar o aborto se o feto possuir má formação ou mesmo
anencefalia (ausência de tronco cerebral). O STF, na ADPF Nº 54 (Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental), decidiu pela possibilidade de realização do aborto do anencéfalo, desde que haja laudo médico
dando conta da situação do feto.

DAS LESÕES CORPORAIS


Considerações iniciais: o crime de lesão corporal atenta a integridade física ou saúde corporal. Para que se verifique
o crime em tela, é imprescindível que a vítima sofra uma efetiva alteração de seu corpo ou saúde, de modo a causar-
lhe um dano.

Espécies de lesão corporal:


a) leve;
b) grave;
c) gravíssima;
d) seguida de morte;
e) privilegiada;
f) culposa;
g) majorada;
h) qualificada pela violência doméstica.

OSB: A pluralidade de ofensas à integridade física ou à saúde de terceiro caracteriza crime único e não vários crimes.
A provocação de pequenas lesões, desde que contem com o consentimento do ofendido, não caracteriza crime de
lesão corporal. É o caso de colocação de brincos e piercings. Quem o faz não comete crime! O médico que pratica
cirurgia plástica, quebrando cartilagens (nariz, por exemplo), ou retirando ossos e tecidos, comete lesão corporal?
Entende-se que não, visto que não tem o dolo de causar um dano à vítima, mas, ao contrário, de melhorar seu corpo
ou saúde. Tipo subjetivo: a lesão corporal pode ser punida por três formas: dolo, culpa e preterdolo.

Lesão corporal dolosa leve:


Estará caracterizada quando não se verificar qualquer das outras espécies de lesão corporal (grave, gravíssima,
seguida de morte), com pena de detenção de 3 meses a 1 ano. Determina que a vítima represente (condição de
procedibilidade da ação penal) quando se tratar de lesão corporal leve.

Lesão corporal grave:


a) resultar incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;
b) resultar perigo de vida;
c) resultar debilidade permanente de membro, sentido ou função;
d) se resultar aceleração de parto.
Lesão corporal gravíssima:
a) incapacidade permanente para o trabalho;
b) enfermidade incurável;
c) perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
d) deformidade permanente;
e) aborto.

A lesão corporal preterdolosa: É a lesão corporal seguida de morte, mas também admitida tal modalidade nas
formas grave e gravíssima.

Lesões corporais contra policiais ou integrantes das Forças Armadas ou seus familiares: Tem aplicação quando
qualquer crime de lesão corporal dolosa (leve, grave, gravíssima ou seguida de morte) for cometido contra:
a) integrante das Forças Armadas;
b) integrante da polícia federal, da polícia rodoviária federal, da polícia ferroviária federal, da polícia civil ou da
polícia militar ou corpo de bombeiros militares - art. 144 da Constituição Federal;
c) integrante do sistema prisional;
d) integrante da Força Nacional de Segurança Pública;
e) cônjuge ou companheiro de qualquer das autoridades ou agentes mencionados nos tópicos anteriores em razão
dessa condição;
f) parente consanguíneo até terceiro grau de qualquer das autoridades ou agentes mencionados nos tópicos
anteriores em razão dessa condição.

Lesão corporal seguida de morte:


Pressupõe que o agente atue com dolo na causação das lesões corporais e com culpa na produção do resultado
agravador (morte). Impossível a modalidade tentada do crime em tela, eis que o resultado agravador, produzido a
título de culpa, impede tal figura (afinal, a culpa é incompatível com a tentativa).

Lesão corporal privilegiada:


Ocorre quando o agente age por motivo de relevante valor moral ou social, ou sob o domínio de violenta emoção,
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o magistrado poderá reduzir a pena de um sexto a um terço. Nos
casos de lesão corporal privilegiada, poderá o juiz, não sendo grave, substituir a pena de detenção pela de multa.
Também poderá fazê-lo quando houver lesões recíprocas.

Lesão corporal culposa:


É punida com 2 meses a 1 ano de detenção. Qualquer situação em que o agente atue com imprudência, negligência
ou imperícia, causando ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem, será caracterizadora do crime em tela.
Por se tratar de crime culposo, inadmissível a tentativa. Quando a lesão corporal culposa for praticada na direção de
Veículo automotor, não será aplicado o Código Penal, mas sim o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997, art.
303).

Lesão corporal majorada e perdão judicial:


O Art. 129, § 7°, do Código Penal, bem assim o § 8°, recebem a mesma disciplina do homicídio culposo e doloso
majorado e perdão judicial. No tocante à majoração da pena em 1/3 (um terço).

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO
A caracterização do delito se dá pela prática de qualquer ato sexual - cópula vagínica, anal, sexo oral etc. - desde que
apta à transmissão da moléstia venérea. Trata-se de crime de ação vinculada porque o tipo penal especifica que sua
configuração só pode se dar pela prática de atos sexuais.
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
O delito em estudo configura-se pela prática de qualquer ato capaz de transmitir a doença. O tipo penal exige que se
trate de moléstia grave. As doenças venéreas, sendo elas graves, tipificam o crime, desde que o perigo de contágio
não decorra de ato sexual.

PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM


A conduta típica consiste em “expor alguém a perigo”, que significa criar ou colocar a vítima em situação de risco. O
crime de exposição a perigo pressupõe que este perigo seja direto e iminente.

ABANDONO DE INCAPAZ
Abandonar o incapaz significa deixá-lo sem assistência afastando-se dele, de modo que seja exposto a risco. A
pessoa que não tem a vítima sob seus cuidados e a encontra em situação de abandono, mas não lhe presta
assistência, comete delito de omissão de socorro.

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO


Expor e abandonar o recém-nascido.

OMISSÃO DE SOCORRO
a) Falta de assistência imediata, que se verifica quando o agente pode prestar o socorro pessoalmente à
pessoa que dele necessita, e não o faz.
b) Falta de assistência mediata, que se dá quando o agente, não podendo prestar o socorro pessoalmente,
deixa de solicitar auxílio às autoridades públicas quando havia meios para tanto. Para se livrar da
responsabilização penal, o agente deve acionar de imediato as autoridades.

CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO HOSPITALAR EMERGENCIAL


Protelação do atendimento médico de emergência em hospitais ou clínicas da rede privada, caso não assinem
documento se comprometendo a pagar pelo atendimento. A falta de socorro nesses casos já configuraria o crime de
omissão de socorro. O legislador buscou evitar a própria exigência da assinatura do cheque-caução, da nota
promissória ou de outra garantia como condição para o atendimento. Configura-se também a infração penal se o
agente condiciona o atendimento ao prévio preenchimento de formulários administrativos, pretendendo o
legislador que primeiro atenda-se o paciente para depois serem tomadas as providências burocráticas. Note- se que
só haverá crime se o funcionário exigir a assinatura ou o preenchimento do formulário, condicionando o
atendimento a tais providências por parte da vítima ou seus familiares. É necessário, ainda, que se trate de pessoa
em quadro de emergência médica, conforme exige o próprio tipo penal.

MAUS TRATOS
Consiste em expor a risco a vida ou a saúde da vítima por uma das formas enumeradas no tipo penal. As formas de
execução do crime de maus-tratos são:
a) Privação de alimentos;
b) Privação de cuidados indispensáveis;
c) Sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados;
d) Abuso dos meios de disciplina e correção.

Distinções entre diversos crimes:


a) entre os crimes de Maus-tratos e Tortura
Se o meio empregado pelo agente provocar na vítima intenso sofrimento físico ou mental, estará configurado o
crime do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/97 (Lei Antitortura), que tem redação bastante parecida com a figura do crime de
maus-tratos que diz respeito ao abuso dos meios de correção ou disciplina. O crime de tortura, todavia, por possuir
pena bem maior, é reservado para condutas mais graves, em que o sofrimento causado na vítima, de acordo com o
texto legal, é intenso, de grandes proporções. A análise deve ser feita caso a caso. Configuram o crime de tortura,
por exemplo, amarrar a vítima e chicoteá-la, aplicar ferro em brasa ou queimá-la várias vezes com cigarro etc. A
redação do crime de tortura é “submeter alguém sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo corporal ou medida de
caráter preventivo”.
b) entre os crimes de Maus-tratos e o previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente
Se o agente não expõe um menor a perigo, mas o sujeita a situação vexatória ou a constrangimento, configura-se o
crime do art. 232 da Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
c) entre os crimes de Maus-tratos e o previsto no Estatuto do Idoso
Um novo tipo penal foi incluído em nossa legislação no art. 99 da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) para punir,
de forma específica, o crime de maus-tratos contra pessoa idosa. O novo crime, em verdade, possui a mesma pena
do art. 136, contudo dispensa a relação de guarda, autoridade ou vigilância para com o idoso.
d) entre os crimes de Maus-tratos e Lesões Corporais Leves
A diferença entre esses dois crimes reside no dolo. Nas lesões corporais, o dolo é de dano, porque o agente quer
machucar a vítima. Nos maus-tratos, o dolo é de perigo.

RIXA
Briga ou a contenda travada entre mais de duas pessoas (no mínimo três participantes), sem que se possa
identificar, de maneira individualizada, agressora e agredida. Embora possa parecer contraditório, na rixa o sujeito
ativo e o sujeito passivo se confundem (agressor pode ser agredido e vice-versa). Trata-se de crime que protege, a
um só tempo, a incolumidade física dos próprios contendores, bem assim a incolumidade pública, que pode ser
posta em xeque em uma briga generalizada.
a) Ex. proposito - é a rixa preordenada, na qual dois ou mais grupos de contendores, de maneira prévia, ajustam a
"briga" generalizada. Nesse caso, sendo possível a identificação de cada um, não se poderia falar em crime de rixa,
mas de lesões corporais qualificadas;
b) Ex. improviso - é a rixa que ocorre sem um prévio ajuste, de inopino, subitamente. Para alguns doutrinadores,
essa é a típica rixa.

CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA


CALÚNIA
Fazer uma falsa acusação de fato definida como crime, tendo o agente, com tal conduta, a intenção de afetar a
reputação da vítima perante a sociedade. Deve, portanto, imputar um fato determinado, e não genérico, se o agente
atribuir à vítima fato definido como contravenção penal, não se configura o crime de calúnia, logo, será falsa
imputação de fato criminoso, neste caso poderemos estar diante de uma difamação.
DIFAMAÇÃO
Desacreditar uma pessoa maculando sua reputação no meio social ainda que seja o fato verdadeiro.
INJÚRIA
O agente ofende a vítima atribuindo-lhe uma quantidade negativa, infamante aquilo que ela pensa de si mesma,
ofendendo sua autoestima.
Exclusão do crime: O Código Penal traz algumas causas específicas de exclusão do crime (excludentes de ilicitude),
apenas no tocante à difamação e à injúria, a saber:
a) a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
b) a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cientifica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou
difamar;
c) o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento do dever de ofício.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL
No crime de constrangimento ilegal, busca-se proteger o livre arbítrio do ser humano, que não pode ser compelido a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. a liberdade individual da pessoa, que, não pode ser
brigada a fazer ou deixar de fazer algo senão de acordo com sua própria vontade.
Causas de exclusão do crime:
Duas situações em que não ficará configurado o crime de constrangimento ilegal. Entende-se majoritariamente que
são duas as causas excludentes da antijuridicidade, a saber:
a) intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada
por iminente perigo de vida;
b) se a coação é exercida para impedir suicídio.

AMEAÇA
Ameaça ofende a liberdade pessoal da vítima, perturba a tranquilidade e a sensação de segurança, que deixa de ter
sua autodeterminação (ir e vir, fazer ou não fazer) intocada.

SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO


O sequestro e cárcere privado visa tutelar a liberdade de locomoção do ser humano, vale dizer, seu livre-arbítrio, sua
vontade de ir, vir ou permanecer onde bem entender, sem intromissão de quem quer que seja.

Formas qualificadas, formas qualificadas do crime de sequestro ou cárcere privado, nas seguintes hipóteses:
a) se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou maior de 60 anos;
b) se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
c) se a privação da liberdade dura mais de 15 dias;
d) se o crime é praticado contra menor de 18 anos;
e) se o crime é praticado com fins libidinosos.

REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO


Onde uma pessoa fica totalmente submissa à outra. Basta que a conduta do empregador se enquadre em uma das
figuras expressamente elencadas no tipo penal:
a) submissão da vítima a trabalhos forçados ou jornada exaustiva;
b) sujeição a condições degradantes de trabalho;
c) restrição, por qualquer meio, da liberdade de locomoção em razão de dívida contraída para com o empregador ou
preposto deste;
d) cerceamento do uso de meios de transporte, com intuito de reter a vítima no local de trabalho;
e) manutenção de vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderar de documentos ou objetos pessoais do
trabalhador, com o fim de retê-lo.

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO
Conceito: A legislação buscou a proteção a inviolabilidade do domicílio, tendo como bem jurídico tutelado a
tranquilidade e a liberdade doméstica, punindo-se aquele que a perturbar, e não como um proteção da posse ou da
propriedade em primeiro plano.
a) clandestinamente: o agente ingressa na casa da vítima sem que ela saiba ou perceba sua presença;
b) astuciosamente: o agente emprega alguma fraude (ex.: o agente ingressa ou permanece em casa alheia
disfarçado de funcionário dos correios ou de companhia telefônica);
c) contra a vontade expressa de quem de direito: manifestação in duvidosa, clara, do morador, que dissente com a
entrada ou permanência do agente em sua casa;
d) contra a vontade tácita de quem de direito: manifestação implícita do morador de dissentir o ingresso ou
permanência do agente em sua casa, o que se pode deduzir das circunstâncias.
Exclusão do crime
Não se configura a violação de domicílio nas hipóteses abaixo:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado, ou na iminência de o ser. Além
dessas hipóteses, outras podem ser invocadas como forma de exclusão do crime em tela: a legítima defesa, o estado
de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal, o exercício regular de direito (todas previstas no art. 23 do
Código Penal), em caso de desastre ou para prestar socorro.

VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA
Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada dirigida a outrem. O tipo penal em análise se
refere à correspondência fechada, não abrangendo o conhecimento indevido de teor de correio eletrônico. Em
relação a este, a violação constitui crime especial previsto no art. 154- A do Código Penal, que pune a invasão de
dispositivo informático alheio. Quando a violação da correspondência constituir meio para a prática de crime mais
grave, ficará por este absorvida.

FURTO
Trata-se de infração penal cuja objetividade jurídica é a proteção do patrimônio alheio, mais especificamente dos
bens móveis alheios. Corresponde à ação do agente de tirar alguma coisa da vítima, desapossá-la, apoderando-se
dos bens a ela pertencentes. A subtração exige, portanto, a inexistência de consentimento da vítima.
a) subjetivo: intenção, absintio, de utilizar temporariamente o bem subtraído, sem a intenção, portanto, de
permanecer indefinidamente com ele;
b) objetivo: deve-se restituir a coisa subtraída com um interstício de tempo não muito longo (cláusula aberta), bem
como em sua integralidade e sem danos. Se a subtração de uma coisa alheia ocorrer para a superação de uma
situação de perigo, nem mesmo podemos aventar furto de uso, mas sim de estado de necessidade, que afasta a
criminalidade da conduta (causa excludente da antijuridicidade).

ROUBO
É um dos mais violentos ilícitos contra o patrimônio, já que, conforme veremos mais à frente, tem como
elementares a violência ou a grave ameaça contra a vítima, que se vê acuada diante do roubador. Trata-se de
infração penal cuja objetividade jurídica imediata é a proteção do patrimônio alheio, mais especificamente dos bens
móveis alheios.
Exige-se:
a) grave ameaça;
b) violência;
c) qualquer meio que reduza ou impossibilite a resistência da vítima.

LATROCÍNIO
Homicídio cujo objetivo era o roubo, famoso roubo seguido de morte. É considerado crime hediondo.

EXTORSÃO
Consiste em constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo.

Diferença entre extorsão e roubo


A diferença havida entre os crimes de extorsão e roubo é que no roubo o bem é retirado da vítima enquanto que na
extorsão ela própria é quem o entrega ao agente. Assim, a principal distinção entre o crime de extorsão e o de roubo
se faz pela colaboração da vítima. Se for imprescindível a colaboração para o agente obter a vantagem econômica,
tem-se o crime de extorsão. No entanto, se for dispensável a colaboração da vítima, ou seja, mesmo que a vítima
não entregue o bem o agente iria subtraí-lo, aí há o crime de roubo.

Extorsão mediante sequestro


Consistente na privação da liberdade da vítima para o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate. Trata-se de crime pluriofensivo, em que são tutelados vários bens jurídicos:
liberdade de locomoção, integridade física e patrimônio.
Diferença entre sequestro relâmpago e extorsão mediante sequestro
O sequestro relâmpago; como já mencionado, é uma modalidade de crime de extorsão cometido mediante a
restrição da liberdade da vítima (e não a privação total), necessária para a obtenção da indevida vantagem
econômica. Isso não se confunde com a também restrição da liberdade, que pode ser causa de aumento de pena do
crime de roubo (art. 157, § 2°, V, CP), mas desde que realizada pelo tempo necessário para a abordagem da vítima e
para que esta não delate o agente (e não como condição necessária para a obtenção da vantagem almejada pelo
roubador). Por sua vez, há que se distinguir da extorsão mediante sequestro, a qual se caracteriza pela privação total
da liberdade de locomoção da vítima, a qual é capturada pelo agente, com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem (econômica e indevida) como condição ou preço do resgate.

DANO
a) Destruir: é a mais grave das condutas em relação ao objeto material, pois este deixa de existir em sua
individualidade, é extinto, eliminado.
b) Inutilizar: nesta modalidade o bem continua existindo, porém, sem poder ser utilizado para finalidade a que se
destina. É evidente que esses bens podem ser consertados, mas, no momento do crime, foram inutilizados pelo
agente, é o que basta.
c) Deteriorar: o bem continua existindo e apto para suas funções, contudo, com algum estrago parcial. O
consentimento da vítima para a prática do dano exclui o delito, na medida em que se trata de bem disponível, desde
que a vítima seja pessoa capaz (maior de idade e no gozo das faculdades mentais).
Qualifica mediante:
a) Emprego de violência ou grave ameaça;
b) Emprego de substância explosiva ou inflamável;
c) Dano em patrimônio público e outros entes;
d) Motivo egoístico ou prejuízo considerável à vítima.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Indicando que o agente irá apoderar- se, assenhorear-se, fazer sua a coisa de outrem, onde o agente passa a portar-
se como se fosse dono da coisa. São requisitos para a configuração da apropriação indébita:
a) entrega livre do bem pela vítima ao agente;
b) a posse ou detenção do bem deve ser desvigiada;
c) ao entrar na posse ou detenção do bem, o agente não deve, desde logo, querer dele apoderar-se ou deixar de
restituí-lo ao dono.

ESTELIONATO
Estelionato é um crime marcado pelo emprego de fraude, uma vez que o agente, valendo-se de alguma artimanha,
consegue enganar a vítima e convencê-la a entregar-lhe algum bem e, na sequência, locupleta-se ilicitamente com
tal objeto. No estelionato, o golpista emprega artifício, ardil ou qualquer outra fraude:
a) Artifício: se mostra presente quando, para enganar a vítima, o agente lança mão de algum artefato, faz uso de
algum objeto para ajudá-lo no engodo.
b) Ardil: é a conversa enganosa, ou seja, o agente engana a vítima com mentiras verbais.
c) Qualquer outro meio fraudulento: é uma fórmula genérica, inserida no tipo penal para abranger qualquer outra
artimanha capaz de enganar o sujeito passivo, como, por exemplo, o silêncio.
O tipo penal do estelionato exige, ainda, que a vantagem obtida pelo agente seja ilícita. Caso seja lícita a vantagem
obtida por meio da fraude, o crime será o de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345). Por se tratar de crime
contra o patrimônio, a vantagem ilícita visada pelo estelionatário deve ser, necessariamente, de cunho patrimonial.

DA RECEPTAÇÃO
As condutas incriminadas são:
a) Adquirir: obter a propriedade, a título oneroso (compra e venda ou permuta) ou gratuito (doação).
b) Receber: obter a posse, ainda que transitoriamente.
c) Transportar: levar um objeto de um local para outro.
d) Conduzir: dirigir veículo de origem ilícita.
e) Ocultar: esconder, colocar o objeto em local onde não seja visto pelas pessoas em geral.

Receptação e contrabando ou descaminho


Quem adquire objeto ciente de que é produto de contrabando ou descaminho comete receptação, exceto se o fizer
no exercício de atividade comercial ou industrial, hipótese em que estará tipificada figura específica do próprio crime
de descaminho.
Aquisição de CDs falsificados constitui crime específico de violação de direito autoral.
Receptação de coisa imóvel, bens imóveis não podem ser objeto de receptação.

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