Disciplina: Direito Penal

Professor(a): Rodrigo Pardal

Aula: 01| Data: 29/07/2021

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

LEI PENAL NO TEMPO

1. Premissa
2. Retroatividade da Lei Penal
3. Modalidades de Lei Benéfica
4. Crime Permanente e Lei Penal no Tempo
5. Crime Continuado e Lei Penal no Tempo
6. Combinação de Leis Penais

LEI PENAL NO TEMPO

1. Premissa

Em regra, uma lei só se aplica se for anterior aos fatos (anterioridade da lei penal).

Portanto, em regra, a lei não retroage, ou seja, ela não se aplica para fatos ocorridos antes da sua entrada em
vigor.

2. Retroatividade da Lei Penal

A lei penal retroage desde que para beneficiar o réu. É o disposto no art. 2º do Código Penal.

Lei penal no tempo

“Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o

agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado.”

A lei benéfica se aplica também para fatos amparados pela coisa julgada? Sim, inclusive para fatos amparados
pela coisa julgada (art. 2º, parágrafo único, CP).

Neste caso em que houve coisa julgada, caberá ao juízo da execução penal aplicar a lei mais benéfica (art. 66, I,
Lei 7210/84 – Lei de Execução Penal e súmula 611 do STF).

Súmula 611-STF: “Transitada em julgado a sentença condenatória,

compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.”

3. Modalidades de Lei Benéfica

a) Abolitio criminis: É a lei que descrimina uma conduta.

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b) Novatio legis in mellius: É a lei que beneficia o acusado, mas mantém a conduta criminosa (Ex.: Art. 28 da Lei de
Drogas).

4. Crime Permanente e Lei Penal no Tempo

Crime permanente é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo. Ex.: Art. 159, CP - Extorsão
mediante sequestro.

A lei prejudicial se aplica ao crime permanente, mas desde que entre em vigor antes de cessar a permanência
(Súmula 711, STF).

Súmula 711
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
ou da permanência.”

5. Crime Continuado e Lei Penal no Tempo

O crime continuado está inserido no tema concurso de crimes, conforme art. 71 do CP.

Crime continuado
“Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-
lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços.

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,

cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do
art. 70 e do art. 75 deste Código.”

A lei prejudicial se aplica ao crime continuado, mas desde que entre em vigor antes de cessar a continuidade.

6. Combinação de Leis Penais

Exemplo:

O art. 12 da Lei 6368/76, antiga Lei de Tóxicos, previa para o crime de tráfico a pena de reclusão de 03 a 15 anos.

Com o advento da Lei 11343/06, art. 33, esse mesmo crime passou a ser apenado com a pena de reclusão de 05 a
15 anos.

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A grande problemática é que, enquanto a Lei 6368/76 possuía uma pena mínima de 03 anos (inferior a atual lei),
a Lei 11343/06 contém uma causa de diminuição de pena que varia de 1/6 até 2/3.

Indaga-se: Seria possível utilizar a pena mínima de uma lei e a causa de diminuição da nova lei?

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