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Disciplina: Direito Penal Especial

Professor(a): Denis Pigozzi


Aula: 08| Data: 11/08/2021

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (continuação)


2. Peculato
2.3. Peculato Desvio
2.4. Peculato Furto
2.5. Peculato Mediante Erro de Outrem

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA


1. Falsificação de Documento Público

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (continuação)

2. Peculato

2.3. Peculato Desvio

Encontra-se disciplinado no art. 312, 2ª parte, do CP.

“Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou


qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.”

Sujeito ativo: O funcionário público que tem a posse em decorrência do cargo.

Conduta típica: Desviar, ou seja, alterar o destino. Ex: dinheiro que era para saúde é desviado para pagamento de
empreiteiro.

Consumação: Esse peculato consuma-se quando a coisa pública chega a outro destino.

Indaga-se: O que é peculato de uso? É a figura de quem se utiliza do bem e depois devolve este. De acordo com a
doutrina e jurisprudência, essa figura do peculato de uso é atípica desde que o bem seja infungível (não pode ser
substituído) até porque o agente não tem o dolo de desviar e nem de desviar. Porém não se pode falar em
peculato de uso em si tratando de bens fungíveis, como, por exemplo, dinheiro, pois nesses casos há sempre
apropriação ou desvio.

2.4. Peculato Furto

“Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou


qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

CARREIRAS FISCAIS
Damásio Educacional
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.”

Trata-se de um peculato impróprio, pois se trata de uma figura equiparada.

Sujeito ativo: Quem pratica peculato furto? É o funcionário público que não tem a posse do bem, nessa situação,
esse funcionário público subtrai ou concorre dolosamente para que terceiro o subtraia. Se o funcionário tivesse a
posse do bem, o crime seria peculato apropriação ou desvio.

Tipo objetivo:

(i) Subtrair
(ii) Concorrer para: Nesse caso a concorrência é dolosa para que o bem seja subtraído. Na verdade, o
funcionário público concorre ou facilita para que o bem seja subtraído. Ex: Deixa a porta aberta para
que outro subtraia o bem; empresta crachá; fornece a senha etc.

Ambos responderão por peculato furto, mesmo que o terceiro seja um particular.

(iii) Valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário público. Se praticar a
subtração sem se valer dessa facilidade, responderá pelo crime de furto do art. 155 do CP.

Consumação: A consumação ocorre com a subtração, seja pelo funcionário ou por terceiro.

2.5. Peculato Mediante Erro de Outrem

Peculato mediante erro de outrem


“Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”

Esse crime é chamado de peculato estelionato. Em breves palavras, nesse peculato, terceiro errou e após isso o
funcionário público se apropriou de bem ou de utilidade que no exercício do cargo recebeu.

Atualmente, dificilmente o pagamento é feito no órgão público ou para o funcionário público, de modo que esse
tipo penal não tem relevância.

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

1. Falsificação de Documento Público (Art. 297-CP)

“Art. 297-CP - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou


alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.”

 A falsificação de documento é também chamada de falsidade material.

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 Objetividade jurídica: É a fé pública, ou seja, a confiança que as pessoas precisam ter no documento público.

 Sujeito ativo: qualquer pessoa que NÃO tenha competência ou atribuição para elaborar o documento. Agora
conforme art. 297, § 1°-CP, se o autor for funcionário público, e se prevaleça do cargo, a pena é aumentada de
sexta parte (Ex.: trabalha no local, manuseia o documento, etc.).

 Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do agente. Aqui, trata-se de documento
público. Documento público é aquele elaborado por funcionário público, no exercício de suas funções e
obedecidas às formalidades legais. Ex.: RG, CPF, CNH título de eleitor, CTPS, passaporte, certidão de nascimento.
O documento público deve ser assinado, impresso, ter relevância jurídica e idoneidade.

Cuidado: existem os documentos públicos por equiparação, e são aqueles previstos no artigo 297, § 2º:

 Documentos emitidos por paraestatais (Ex: Autarquia, Sociedade de Economia Mista, Fundação
Pública, Empresa Pública);

 Títulos ao portador ou transmissíveis por endosso (Ex.: cheque, nota promissória);


 Ações de sociedade comercial;
 Livros mercantis; e
 Testamento particular.

Cuidado: documento formalmente público seria documento particular, mas a lei exige uma forma pública,
como na escritura pública de compra e venda, é documento público.

 Conduta típicas: as condutas são falsificar (contrafação/criar materialmente/fabricar/fazer), no todo ou em


parte. A outra conduta é alterar que significa modificar um documento que já existe, inserindo ou tirando dados,
é alteração.

 Requisitos da falsidade:

Idoneidade da falsificação - é a capacidade de enganar as pessoas em geral; o documento tem que ter
aparência de verdadeiro. De acordo com a jurisprudência, a falsificação grosseira não gera crime (crime
impossível); e

Relevância Jurídica – a falsificação tem que ser capaz de causar dano, tem que ter relevância. De acordo
com a jurisprudência, a falsificação inócua/irrelevante não gera crime, sendo atípico.

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