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DIREITO PENAL

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 1


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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os crimes contra a administração pública, no que concerne à divisão topográfica,


estão inseridos no Título XI da Parte Especial do atual Código Penal brasileiro. O
respectivo título divide-se em quatro capítulos:

 Capítulo I- dos crimes praticados por funcionários públicos contra a


administração em geral;
 Capítulo II- dos crimes praticados por particular contra a administração
em geral;
 Capítulo II A- dos crimes praticados por particular contra a
administração pública estrangeira;
 Capítulo III- dos crimes contra a administração pública da justiça;
 Capítulo IV- dos crimes contra as finanças públicas.

CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A


ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

FUNCIONÁRIO PÚBLICO (art. 327):

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função


em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública.

O conceito de funcionário público ora disposto é diverso e mais amplo que


aquele apresentado pelo Direito Administrativo e se aplica tanto ao sujeito ativo
como ao sujeito passivo.

Não se deve confundir função pública (interesse público) com múnus público
(interesse particular) – são considerados funcionários públicos para fins penais:

 Diretor de Organização Social


 Administrador de loteria
 Advogados dativos
 Médico de hospital particular conveniado/credenciado ao SUS
 Estagiário de órgão/entidade pública

Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

ATENÇÃO! Percebe-se que o texto de lei não inclui a AUTARQUIA! Logo, não se
pode aplicar!

Como os crimes aqui cometidos decorrem da função, é comum serem chamados


de crimes funcionais. Assim, questiona-se de o particular poderia ser sujeito
ativo desse tipo de crime. Ora, se o particular, em conjunto com o funcionário

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público, se conhecer a condição deste, poderá ser responsabilizado


conjuntamente com o servidor sem nenhum problema.

Assim, são espécies de crimes funcionais:

 PRÓPRIOS: é aquele crime em que necessariamente deverá ser


praticado por funcionário público, sendo que, se faltar essa qualidade,
haverá atipicidade absoluta (ex.: prevaricação).

 IMPRÓPRIOS: são crimes que, desaparecendo a qualidade de servidor,


desaparece também o crime funcional, mas ainda será a conduta
tipificada como crime, havendo atipicidade relativa (ex.: peculato furto).

1. Relativamente ao tema dos crimes contra a administração pública,


especificamente quanto ao conceito penal de funcionário público, é correto
afirmar que:

a) o funcionário público, para os efeitos penais, é todo aquele que exerce cargo,
emprego ou função pública, desde que de forma remunerada;

b) a pessoa que exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal não


pode ser equiparada a funcionário público para fins penais;

c) a pessoa que trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou


conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública
não pode ser equiparada a funcionário público para fins penais;

d) o particular que atua em coautoria ou participação com o funcionário


público na prática do crime funcional responde pelos crimes de funcionário
público, desde que tenha conhecimento da qualidade funcional de seu
comparsa, pois referida condição é elementar do crime.

2. O conceito de funcionário público, para fins penais:

a) não alcança administrador de hospital credenciado para a prestação de


serviços para o Sistema Único de Saúde.

b) não alcança os titulares de cartório não abrangidos pelo regime estatutário.

c) não alcança quem trabalha em função pública, sem remuneração.

d) não alcança o depositário judicial nomeado como auxiliar do juízo para a


guarda e conservação de bens penhorados.

e) não alcança quem trabalha em cargo em comissão de empresa pública.

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PECULATO E SUAS MODALIDADES (art. 312):

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro


bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

 Peculato APROPRIAÇÃO (caput, 1ª parte): significa tornar, como


propriedade sua, bem móvel de que tem a posse;
 Peculato DESVIO (caput, 2ª parte): alterar o destino ou desviar bem
móvel de que tem a posse.

ATENÇÃO! As condutas previstas no caput do artigo em estudo são formas


PRÓPRIAS de peculato.

ATIVO Funcionário Público

SUJEITOS DO
PASSIVO Estado e eventuais prejudicados
CRIME

BEM Moralidade administrativa e o patrimônio público


JURÍDICO
TUTELADO

ELEMENTO Dolo ou culpa (prevista no §2°)


SUBJETIVO

CONDUTA Apropriar-se ou desviar bem de que tem posse o


funcionário público, em proveito próprio ou alheio.

CONSUMAÇÃO Consuma-se com a inversão do ônus da posse


e TENTATIVA (apropriação) ou com a alteração (desvio) do destino do
bem. No peculato furto (§ 1º), haverá consumação
quando o agente apreende a coisa e torna sua (material
e instantâneo).

Admite a tentativa (plurissubsistente).

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse


do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

 Peculato FURTO (§1°): chamado de peculato impróprio, não é


necessário que o agente detenha a posse de dinheiro, valor ou outro bem

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móvel em razão do cargo que ocupa, exigindo-se apenas que a sua


qualidade de funcionário público FACILITE a prática da subtração.

 Peculato CULPOSO (§2°): quando o funcionário concorre culposamente


para o crime doloso de outrem.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença


irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.

REPARAÇÃO DO DANO

DOLOSO (§1° e §2°) CULPOSO (§3°)


Antes do recebimento da denúncia Antes da sentença irrecorrível –
ou queixa – redução de 1/3 a 2/3 extinção da punibilidade
(art. 16)
Após o recebimento da denúncia Após a sentença irrecorrível –
ou queixa – atenuante genérica redução da pena (metade)
(art. 65, III)

1. Semprônio, conhecido autor de delitos patrimoniais, convence Marcondes,


estagiário do Ministério Público do Estado da Bahia, a valer-se da facilidade
proporcionada pela função pública exercida e permitir o seu acesso à sede da
instituição. Semprônio e Marcondes ingressam em sala-cofre contendo telefones
celulares e valores em espécie apreendidos por força de operação do Ministério
Público deflagrada no dia anterior, utilizando-se do crachá do estagiário,
subtraindo em seguida o material sob custódia da instituição.

Com base no exposto, é correto afirmar que:

a) Marcondes não pode ser considerado como funcionário público para fins
penais;

b) o delito de peculato é próprio, razão pela qual apenas Marcondes


responderá pela infração, enquanto Semprônio deverá responder somente
por furto;

c) Semprônio e Marcondes responderão por peculato, uma vez que é


irrelevante a condição de funcionário público para caracterização do delito;

d) Marcondes e Semprônio responderão pelo delito de peculato, uma vez que


a condição de funcionário público do agente corresponde a circunstância
inerente ao tipo penal, que se comunica ao extraneus;

e) Semprônio e Marcondes responderão por furto, uma vez que a tipificação


pelo delito de peculato tem como objeto material apenas os bens de
titularidade pública.

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2. Nos termos do Código Penal, assinale a alternativa que corretamente


contenha um crime contra a administração pública que admite modalidade
culposa.

a) Concussão.

b) Corrupção passiva.

c) Advocacia Administrativa.

d) Peculato.

e) Prevaricação.

3. Em caso de peculato culposo:

a) a reparação do dano, desde que anterior à denúncia, extingue a punibilidade.

b) a reparação do dano, desde que anterior ao recebimento da denúncia,


extingue a punibilidade.

c) a reparação do dano, desde que anterior à decisão irrecorrível, extingue a


punibilidade.

d) a reparação do dano posterior à denúncia e anterior à sentença


condenatória irrecorrível permite redução da pena pela metade.

e) a reparação do dano posterior ao recebimento da denúncia permite redução


da pena em dois terços.

PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM (art. 313):

Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do


cargo, recebeu por erro de outrem:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Conhecido por “peculato-estelionato”. Trata-se de figura análoga ao crime de


apropriação de coisa havida por erro. Neste caso, o funcionário público,
percebendo o erro de terceiro, não o desfaz, apropriando-se de coisa recebida.
Vale lembrar que o ERRO DEVE SER ESPONTÂNEO, sendo que o erro provocado
pelo funcionário público pode ensejar o crime de estelionato. Esse crime admite
a tentativa.

INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (art. 313-A):

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos,


alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem ou para causar dano:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Conhecido por “peculato-eletrônico”. Cuidado com este artigo em específico,


porque apenas o funcionário público AUTORIZADO a cuidar dos sistemas
informatizados ou banco de dados da Administração Pública pratica o crime em

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comento; e ele exige uma finalidade específica, qual seja, de OBTER VANTAGEM
OU CAUSAR DANO (dispensável para a consumação do crime - formal).

MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE


INFORMAÇÕES (art. 313-B):

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou


programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
competente:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da


modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o
administrado.

Neste crime exige-se apenas a figura do funcionário público (próprio) e não há


finalidade específica, consumando-se com a modificação ou alteração de dados
e se esta conduta resultar algum dano para a Administração Pública há um
aumento (1/3 a 1/2) de pena.

EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO


(art. 314):

Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em
razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS PÚBLICAS (art. 315):

Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em


lei:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Esse crime se diferencia do peculato desvio, no que tange ao tipo de aplicação.


No peculato desvio, o agente desvia o valor em proveito próprio ou alheio. Já no
emprego irregular de verbas públicas, a destinação dada ao valor é apenas
diversa daquela prevista em lei (norma penal em branco), não havendo, neste
caso, proveito para o agente.

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ATIVO Funcionário Público


SUJEITOS DO
CRIME
PASSIVO Estado e eventuais prejudicados

BEM JURÍDICO Moralidade administrativa e o patrimônio público


TUTELADO
ELEMENTO Dolo
SUBJETIVO
CONDUTA Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a efetiva aplicação irregular das verbas
e TENTATIVA públicas. (material e instantâneo).
A simples destinação admite a tentativa
(plurissubsistente).

1. Um contribuinte foi até o balcão de atendimento do setor fiscal e apresentou


documento para a comprovação de quitação do tributo. Todavia, faltou com o
respeito contra o funcionário autorizado para o registro no sistema. O
funcionário, diante da ofensa, alterou os dados inseridos para que constasse
pagamento parcial e não total do tributo. Com isso, o contribuinte foi acionado
judicialmente para pagamento do tributo que já tinha quitado. A conduta do
funcionário está inserida no crime de:

a) prevaricação.

b) modificação não autorizada de sistema de informações.

c) sonegação de documento.

d) falsidade ideológica.

e) inserção de dados falsos em sistema de informações.

2. Funcionário que modifica ou altera sistema de informações, sem estar


autorizado, e de cuja ação resulta danos à Administração, está sujeito à pena de
detenção de três meses a dois anos, acrescida:

a) de dois terços até o dobro.

b) de um terço até o dobro.

c) de dois terços até metade.

d) de um terço até metade.

e) de metade até três quartos.

3. Dar às verbas ou às rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:

a) não constitui crime, sendo somente irregularidade administrativa.

b) constitui crime contra a Administração Pública praticado por funcionário


público.

c) configura crime de peculato-furto.

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d) caracteriza crime de peculato mediante erro de outrem.

e) constitui crime de prevaricação.

CONCUSSÃO (art. 316):

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

ATIVO Funcionário Público


SUJEITOS DO
CRIME
PASSIVO Estado e eventuais prejudicados

BEM Moralidade administrativa e o patrimônio público


JURÍDICO
TUTELADO
ELEMENTO Dolo
SUBJETIVO
CONDUTA Exigir vantagem indevida em decorrência do cargo ou
cobrar tributos com excesso.
A exigência pode ser DIRETA ou INDIRETA, não
fazendo necessária a promessa de mal determinado.
Sendo indispensável que a conduta do agente implique
em uma violência MORAL, no sentido de coagir o
sujeito passivo a lhe dar a vantagem indevida.
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a simples exigência de vantagem
e TENTATIVA indevida (formal) – o recebimento é mero exaurimento
do crime.
Embora de difícil configuração, admite-se a tentativa
(modalidade, escrita).

ATENÇÃO!

 A vantagem não precisa ser de cunho financeiro-econômico para a


configuração do crime, mesmo porque a lei não traz tal restrição.
 Havendo crime de concussão, ainda que o particular entregue a quantia
exigida, não haverá o crime de corrupção, uma vez que há
constrangimento, uma ameaça por parte do funcionário público em
relação ao particular.
EXCESSO DE EXAÇÃO (art. 316, §1° e §2°):

§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria


saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu


indevidamente para recolher aos cofres públicos:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

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Exação é a cobrança pontual de tributos. Portanto, o que esse tipo penal tem por
fim punir não é a exação em si mesma, mas o seu excesso, sabido que o abuso
de direito é considerado ilícito. Assim, quando o funcionário cobra tributo além
da quantia efetivamente devida, comete o excesso de exação.

ATENÇÃO! Apesar de estar localizado em um § único do art. 316, é um crime


AUTÔNOMO em relação ao caput.

1. Determinado ocupante de cargo público indicou duas servidoras para o


exercício de cargos em comissão. Valendo-se da posição hierárquica, desde a
data da investidura de cada uma delas, o agente passou a exigir, para si,
vantagem mensal indevida, à ordem de R$ 2.000,00. Referido comportamento
foi reiterado 49 vezes, alcançando o valor total de R$ 146.000,00. Os
pagamentos ocorriam mediante envelopes depositados sobre a mesa de
trabalho do acusado ou mediante transferências bancárias, com manutenção de
rigoroso controle por parte do agente, que mantinha contracheque das
servidoras e caderno de registro de créditos.

Para o enquadramento jurídico-penal, é correto afirmar que tal comportamento


constitui o delito de:

a) apropriação indébita.

b) concussão.

c) extorsão.

d) constrangimento ilegal.

e) peculato.

2. João, servidor público da Secretaria de Fazenda do Estado Alfa, no exercício


da função, de forma dolosa, livre e consciente, exigiu tributo que sabia indevido.

De acordo com o Código Penal, João, em tese, praticou crime de

a) concussão, cuja pena é de reclusão de dois a dez anos e multa.

b) excesso de exação, cuja pena é de reclusão de três a oito anos e multa.

c) emprego irregular de rendas públicas, cuja pena é de reclusão de um a


quatro anos e multa.

d) peculato, cuja pena é de reclusão de dois a dez anos e multa.

e) corrupção ativa, cuja pena é de detenção de três a oito anos e multa.

CORRUPÇÃO PASSIVA (art. 317):

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

 Corrupção PRÓPRIA: quando ilegal o ato a ser praticado.

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 Corrupção IMPRÓPRIA: quando legal o ato a ser praticado.

A distinção tem apenas relevância na dosimetria da pena!

ATIVO Funcionário Público


SUJEITOS DO
CRIME
PASSIVO Estado e eventuais prejudicados, incluindo a
pessoa constrangida pelo funcionário
público, desde que não tenha praticado o
crime de corrupção ativa.
BEM Moralidade administrativa e o patrimônio público
JURÍDICO
TUTELADO
ELEMENTO Dolo
SUBJETIVO
CONDUTA SOLICITAR OU RECEBER, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou ACEITAR PROMESSA de tal vantagem.
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a solicitação, recebimento ou
e TENTATIVA aceitação de promessa de vantagem indevida (formal)
– o recebimento é mero exaurimento do crime.
Embora de difícil configuração, admite-se a tentativa
(modalidade, escrita).

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.

ATENÇÃO! O crime de corrupção é formal, porém a conduta é mais reprovável


quando o sujeito ativo efetivamente retarda ou deixa de praticar qualquer ato
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional, razão pela qual a pena deve
ser majorada. É a “corrupção exaurida”.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com


infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

1. Suponha que o funcionário público Evaresnildo tenha solicitado diretamente


para si, no exercício de sua função e em razão dela, vantagem indevida
consistente em R$10.000,00 (dez mil reais) para elaborar um laudo de saúde
que favorecia um adolescente infrator em cumprimento de medida
socioeducativa de internação, sendo que o laudo possibilitaria a colocação
imediata do adolescente em liberdade.

Nesse caso, Evaresnildo cometeu o crime de:

a) Corrupção passiva.

b) Violência arbitrária.

c) Roubo.

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d) Violação de sigilo funcional.

e) Condescendência criminosa.

FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (art. 318):

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou


descaminho (art. 334):

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Crime REMETIDO, pois o agente do contrabando e descaminho comete crime


diverso de quem auxilia a prática da conduta, facilitando o crime de contrabando
de descaminho. Vale lembrar que para que haja esse crime, o agente deve ter
capacidade de facilitar, em razão da função do cargo.

ATENÇÃO! Em se tratando de drogas e armas, o agente sai do CP e entra na lei


especial.

ATIVO Funcionário Público


SUJEITOS DO
CRIME PASSIVO Estado

BEM Administração pública


JURÍDICO
TUTELADO
ELEMENTO Dolo
SUBJETIVO
CONDUTA Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (Art. 334).
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a facilitação, independentemente do
e TENTATIVA êxito do contrabando ou descaminho (formal).
Admite-se a tentativa (plurissubsistente).

CONSUMAÇÃO Evidenciando o interesse da União relativo ao crime


previsto no art. 334, firma-se a competência da Justiça
Federal.

PREVARICAÇÃO (art. 319, CP):

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-


lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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ATIVO Funcionário Público


SUJEITOS DO
CRIME

PASSIVO Estado e eventuais prejudicados

BEM Regular funcionamento da administração pública


JURÍDICO
TUTELADO

Dolo.
ELEMENTO
SUBJETIVO Exige uma finalidade específica: “satisfazer interesse ou
sentimento pessoal”.
RETARDAR OU DEIXAR DE PRATICAR (omissiva),
CONDUTA indevidamente, ato de ofício, ou PRATICÁ-LO
(comissiva) contra disposição expressa de lei.

CONSUMAÇÃO Consuma-se com a efetiva satisfação (formal).


e TENTATIVA A forma comissiva admite a tentativa
(plurissubsistente).

PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA (art. 319-A, CP):

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir


seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

ATIVO Diretor de Penitenciária ou agente público


SUJEITOS DO que tenha a responsabilidade de vedar
CRIME aparelhos de comunicação ao preso
(policiais penais, por ex.).
PASSIVO Estado e eventuais prejudicados

BEM Regular funcionamento da administração pública


JURÍDICO
TUTELADO
ELEMENTO Dolo.
SUBJETIVO
Deixar o DIRETOR DE PENITENCIÁRIA e/ou agente
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o
CONDUTA acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo.

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 13


DIREITO PENAL

CONSUMAÇÃO Consuma-se com a efetiva omissão (formal).


e TENTATIVA Por se tratar de crime omissivo próprio, não se admite a
tentativa.

CONDESCÊNCIA CRIMINOSA (art. 320):

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado


que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

ATIVO Funcionário Público


SUJEITOS DO
CRIME PASSIVO Estado e eventuais prejudicados

BEM Moralidade administrativa


JURÍDICO
TUTELADO
Dolo.
ELEMENTO
SUBJETIVO Não há uma finalidade específica, mas a omissão deve
ser norteada pelo espírito de indulgência.
Deixar o funcionário, POR INDULGÊNCIA, de
CONDUTA responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente.
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a efetiva omissão (formal).
e TENTATIVA A forma comissiva admite a tentativa
(plurissubsistente).

ATENÇÃO! Na PREVARICAÇÃO (o agente deixa de praticar, indevidamente, ato


de ofício para satisfazer sentimento pessoal) ≠ CONSCEDÊNCIA CRIMINOSA (o
agente deve se omitir por indulgência, isto é, clemência, bondade, misericórdia).

1. Com relação ao crime de prevaricação, assinale a alternativa correta.

a) Somente o funcionário público pode ser sujeito ativo do delito de


prevaricação.

b) O sujeito passivo do crime é a sociedade.

c) A moralidade administrativa é o bem juridicamente protegido pelo tipo


penal que prevê o delito de prevaricação.

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d) A culpa é o elemento subjetivo exigido pelo tipo penal que prevê o delito de
prevaricação.

e) A ação penal é de iniciativa privada.

2. Em uma situação hipotética, a ex-companheira de um servidor da Defensoria


Pública comparece à Instituição para solicitar assistência jurídica diante de um
mandado de citação em ação de reintegração de posse. Para prejudicá-la, o
servidor deixa de encaminhar o documento ao Defensor Público responsável no
prazo devido. Essa conduta caracteriza, em tese, o crime de:

a) concussão.

b) advocacia administrativa.

c) peculato.

d) prevaricação.

e) condescendência criminosa.

3. Assinale a alternativa correta em relação aos crimes contra a administração


pública.

a) A conduta prevista no tipo penal da condescêndência criminosa exige que o


autor seja hierarquicamente subordinado a vitima do crime.

b) A perda do cargo, do mandato ou da função pública, é um dos efeitos


automáticos da condenação pela prática do crime de condescêndência
criminosa.

c) No crime de condescêndência criminosa, o agente terá a pena reduzida pela


metade quando tiver agido com intuito de satisfazer interesse pessoal.

d) O delito de condescêndência criminosa é crime omissivo puro não sendo


punido na forma tentada.

e) Para a tipificação do crime de condescêndência criminosa, o agente deve


agir com a motivação de obter vantagem indevida.

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (art. 321):

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a


administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

 Patrocínio DIRETO: o funcionário público pessoalmente advoga os


interesses privados perante a Administração Pública;
 Patrocínio INDIRETO: quando o funcionário público se vale de
interposta pessoa para a defesa dos interesses privados perante a
administração;

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 15


DIREITO PENAL

ATENÇÃO! O patrocínio não exige, em contrapartida, qualquer ganho ou


vantagem econômica.

ATIVO Funcionário Público


SUJEITOS DO
CRIME
PASSIVO Estado e eventuais prejudicados

BEM Moralidade administrativa


JURÍDICO
TUTELADO
ELEMENTO Dolo.
SUBJETIVO
PATROCINAR, direta ou indiretamente, INTERESSE
CONDUTA PRIVADO perante a Administração Pública.

CONSUMAÇÃO Consuma-se com o efetivo benefício auferido ao


e TENTATIVA particular.
Admite a tentativa

VIOLÊNCIA ARBITRÁTIA (art. 322): Entende-se que esse crime foi revogado
tacitamente pela Lei 13.869/2019 (Lei de Abuso de Autoridade).

ABANDONO DE FUNÇÃO (art. 323):

Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

ATENÇÃO! É indispensável a comprovação de que o abandono expôs a


Administração Pública a perigo concreto.

EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO


(art. 324):

Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências


legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que
foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

ATENÇÃO! Norma penal em branco “exigências legais”.

16 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB


DIREITO PENAL

VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (art. 325):

Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui
crime mais grave.

§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de


SENHA ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas
de informações ou banco de dados da Administração Pública;

II – se utiliza, indevidamente, do ACESSO RESTRITO.

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

ATENÇÃO! Em regra é comissivo, mas pode ser omissivo próprio quanto ao


núcleo “facilitar”.

VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA (art. 326):


Entende-se que esse crime foi revogado tacitamente pela Lei 8.666/1993
(Antiga Lei de Licitações).

1. Assinale a alternativa correta no que concerne aos crimes contra a


Administração.

a) O crime de advocacia administrativa apenas se consuma se o interesse


patrocinado pelo agente for ilegítimo.

b) O crime de corrupção passiva apenas se consuma quando há solicitação,


recebimento ou aceitação de promessa indevida pelo funcionário.

c) O crime de concussão apenas se consuma quando a vantagem exigida é


efetivamente auferida.

d) O crime de abandono de função apenas se consuma se do fato resultar


prejuízo público.

e) O crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de


informações apenas se consuma se houver dano para a Administração ou
para o administrado.

2. O crime de Advocacia Administrativa, previsto no Código Penal, consiste em:

a) Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

b) Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer
em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.

c) Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a


administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 17


DIREITO PENAL

d) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo


contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.

e) Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda


que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

3. O funcionário público que revela fato de que tem ciência em razão do cargo e
que deva permanecer em segredo, pode ser processado pela prática do crime
de:

a) corrupção passiva.

b) corrupção ativa.

c) prevaricação.

d) violação de sigilo funcional.

e) advocacia administrativa.

18 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB


DIREITO PENAL

CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM


GERAL

USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (art. 328):

Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

A conduta de usurpar significa “tomar para si” sem ter o direito à função pública,
ou seja, o sujeito pratica função própria da administração indevidamente, sem
estar legitimamente investido na função de que se trate.

ATENÇÃO! É imprescindível que o sujeito pratique atos de ofício como se


legitimado fosse, com o ânimo de usurpar, consistente na vontade deliberada de
praticá-lo.

O fato de o delito ser perpetrado por particular não impede os funcionários


públicos de incidir em tal conduta. Funcionário público que praticar ato
funcional que não é de sua competência pode também responder por usurpação
de função pública!

ATIVO Qualquer pessoa (comum)


SUJEITOS DO
CRIME PASSIVO Estado e eventuais prejudicados

BEM Administração Pública


JURÍDICO
TUTELADO
ELEMENTO Dolo.
SUBJETIVO
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a efetiva prática de algum ato de ofício,
e TENTATIVA independentemente da produção de resultado (formal).
Admite-se a tentativa.
A obtenção de vantagem qualifica o crime.

RESISTÊNCIA (art. 329):

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a


funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à


violência.

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 19


DIREITO PENAL

Opor-se à execução significa criar obstáculo de ato legal. No entanto, não é


qualquer oposição que leva ao crime. Necessário que seja mediante violência ou
ameaça dirigida ao funcionário ou a quem o auxilia.

A consumação se dá com a efetiva prática de violência ou ameaça,


independentemente da produção de resultado, ou seja, do impedimento da
prática do ato (formal). Se este não for executado, o crime será qualificado
(exaurimento do crime de resistência - material).

Se durante o ato de execução pública for gerado violência sobre o agente


executor da medida, o indivíduo responderá por lesões corporais em concurso
de crimes.

DESOBEDIÊNCIA (art. 330):

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Para haver tal crime, é preciso que haja uma ordem lícita necessariamente de
funcionário público no exercício da função que seja capaz de dar tal ordem.
Exige-se que a ordem legal seja dirigida expressamente a quem tem o dever de
obedecê-la e, ainda, que haja a notificação pessoal do responsável pelo
cumprimento da ordem. A conduta é a ação dolosa comissiva ou omissiva (a
depender do tipo de ordem).

A consumação se dá quando houver desobediência, independentemente do


prejuízo material efetivo para a Administração. O crime é de MERA CONDUTA.

ATENÇÃO! O crime de desobediência é subsidiário, configurando apenas


quando inexistir sanção específica (cominação de sanção civil ou
administrativa) para o caso do descumprimento da ordem pelo seu destinatário.

DESACATO (art. 331):

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

A conduta é desacatar (desprezar, menosprezar, humilhar) funcionário público


no exercício da função ou em razão dela. É uma forma especial de injúria,
caracterizado como uma ofensa à honra e ao prestígio dos órgãos que integram
a Administração Pública.

ATENÇÃO! Vale ressaltar que, de acordo com a doutrina, o desacato só ocorrerá


se a ofensa for na PRESENÇA do funcionário público. Caso contrário, haverá
crime contra a honra.

A ofensa pode se dar no exercício da função (independentemente do local) ou


fora da função, mas em razão dela (nexo funcional). Simplificando... Quando o
funcionário não está no exercício da função, por estar em férias, por exemplo, a
ofensa deve ser a ele dirigida em razão de sua condição de funcionário público.
É necessário, então, haver nexo entre a ofensa e a condição de funcionário
público.

20 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB


DIREITO PENAL

A consumação ocorre independentemente de prejuízo material efetivo para a


Administração. Pode haver tentativa, na forma plurissubsistente do crime.

CUIDADO COM A SÚMULA! É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante


queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para
a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício
de suas funções (Súmula 714 do STF).

1. Antônio e Breno, bacharéis em direito, fazendo-se passar por oficiais de


justiça, compareceram em determinada joalheria alegando que teriam de
cumprir mandado judicial de busca e apreensão de parte da mercadoria, por
suspeita de crime tributário. Para não cumprir os mandados, solicitaram a
quantia de R$ 10.000, que foi paga pelo dono do estabelecimento.

Nessa situação, Antônio e Breno responderão pelo crime de

a) concussão.

b) corrupção ativa.

c) corrupção passiva.

d) usurpação de função pública.

e) tráfico de influência.

2. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário


competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio, é conduta
que configura o crime de:

a) desobediência.

b) resistência.

c) roubo.

d) furto.

e) estelionato.

3. Caio, funcionário da ouvidoria de determinado órgão público, no exercício de


suas funções, é surpreendido por João, totalmente insatisfeito com a demora em
seu atendimento. Quando chega a sua vez de ser atendido, João passa a afirmar,
na frente de diversas pessoas, que Caio é um “incompetente”, que “certamente
teria retardo mental” e que explicaria suas necessidades “com bastante calma
para que até uma pessoa como Caio pudesse entender”. Caio, então, sentindo-se
humilhado, informa o fato a Policiais Militares que faziam a segurança em frente
ao órgão em que exercia suas funções. Considerando apenas as informações
narradas, a conduta de João, de acordo com as previsões do Código Penal,
configura:

a) resistência;

b) desobediência;

c) desacato;

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 21


DIREITO PENAL

d) violência arbitrária;

e) atipicidade.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (art. 332):

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua


que a vantagem é também destinada ao funcionário.

O crime é conhecido como “a venda da fumaça”. Neste caso, o particular vende a


Administração Pública, isto é, ele usa da Administração como pretexto para
auferir vantagem. Trata-se de um tipo penal misto alternativo ou crime de ação
de múltipla ou de conteúdo variado.

ATIVO Qualquer pessoa (comum)

SUJEITOS DO
PASSIVO Estado e eventuais prejudicados
CRIME

BEM Administração pública


JURÍDICO
TUTELADO

ELEMENTO Dolo.
SUBJETIVO

A conduta é solicitar (pedir), exigir, cobrar, ou obter


par si para outrem vantagem ou promessa de
CONDUTA vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público.

Consuma-se com a mera solicitação, exigência,


cobrança de vantagem ou promessa de vantagem, para
CONSUMAÇÃO influir em funcionário público, independentemente de
e TENTATIVA prejuízo material.

Admite a tentativa.

ATENÇÃO! Não é necessário que o agente tenha mesmo a influência ou que ele
realmente consiga modificar a atuação do funcionário público (o resultado
concreto da influência não é elementar do tipo), basta que ele use tal pretexto
para solicitação, exigência, cobrança ou recebimento de vantagem ou
promessa de vantagem.

22 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB


DIREITO PENAL

CORRUPÇÃO ATIVA (art. 333):

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para


determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
dever funcional.

ATIVO Qualquer pessoa (comum)


SUJEITOS DO
CRIME PASSIVO Estado e eventuais prejudicados, incluindo a
pessoa constrangida pelo funcionário
público, desde que não tenha praticado o
crime de corrupção ativa.
BEM JURÍDICO Administração Pública
TUTELADO
ELEMENTO Dolo
SUBJETIVO Exige-se um elemento subjetivo específico que é a
finalidade de “determinar que pratique, omita ou
retarde o funcionário público ato de ofício”.
CONDUTA OFERECER OU PROMETER vantagem indevida a
funcionário público.

Consuma-se com o oferecimento ou da promessa de


vantagem indevida, independentemente de seu
CONSUMAÇÃO recebimento ou aceitação pelo funcionário, bem como
e TENTATIVA de eventual prejuízo efetivo para a Administração.
(formal) – o recebimento é mero exaurimento do crime.
Admite-se a tentativa (forma escrita).

ATENÇÃO! Não caracteriza o crime de corrupção ativa a conduta do particular


que solicita ao funcionário público para “dar um jeitinho” em alguma situação de
seu interesse, pois não há oferecimento ou promessa de vantagem indevida –
funcionário público que cede ao pedido será responsabilizado por corrupção
passiva privilegiada.

CORRUPÇÃO PASSIVA x CORRUPÇÃO ATIVA


Uma vez que o particular ofereça ou promessa vantagem indevida com o
objetivo de influir no comportamento do agente público, é óbvio que duas
situações são possíveis: o agente público pode aceitar ou não a proposta
realizada pelo particular.
Além disso, ainda existe a possibilidade de que o agente público solicite a
vantagem indevida sem que o particular ofereça vantagem alguma, caso em
que o particular poderá, ou não, atender ao pedido do funcionário público.
Com tantas combinações possíveis, é interessante observar o seguinte
esquema, que mostra quais delitos ocorrerão nessas situações:

Particular OFERECE a vantagem = art. 333,


CP;

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 23


DIREITO PENAL

CASO 1: Funcionário Público ACEITA a vantagem =


Oferecimento e art. 317, CP;
Aceitação.
Caso 2: Particular OFERECE a vantagem = art. 333,
Oferecimento e CP;
Recusa. Funcionário Público NÃO ACEITA a
vantagem = fato atípico;
Caso 3: Solicitação Funcionário Publico SOLICITA a vantagem
e Recusa. = art. 317, CP;
Particular NÃO ATENDE a solicitação = fato
atípico;
Caso 4: Solicitação Funcionário Publico SOLICITA a vantagem
e Atendimento. = art. 317, CP;
Particular ATENDE E DAR a vantagem =
fato atípico;

Conforme apresentamos acima, é muito importante que você perceba que é


possível existir corrupção passiva sem corrupção ativa, e vice-versa!
Além disso, note que a aceitação do particular em entregar a vantagem após
a solicitação do funcionário público não incorrerá em crime! Tal resultado
acontece porque o verbo DAR não integra o tipo penal de corrupção ativa!
O particular, portanto, só irá cometer o delito do art. 333 se OFERECER ou
FIZER PROMESSA de tal vantagem. A iniciativa deve ser dele, e não do
funcionário público!
O mesmo, no entanto, não se aplica ao funcionário público. Se ele solicitar
ou aceitar a proposta do particular, responderá por corrupção passiva em
ambos os casos. A razão para um tratamento mais severo contra o
funcionário público decorre do fato de que seu dever de moralidade é maior
que o do particular!

1. O particular que solicita vantagem econômica de suspeito sob falso pretexto


de exercer influência sobre o delegado responsável pelo inquérito policial, para
que não o indicie, pratica:

a) exploração de prestígio.

b) tráfico de influência.

c) advocacia administrativa.

d) corrupção ativa.

e) corrupção passiva.

2. Conforme disposto na legislação penal brasileira, “oferecer ou prometer


vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir
ou retardar ato de ofício”, qualifica o crime de:

a) desacato.

b) prevaricação.

c) corrupção ativa.

24 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB


DIREITO PENAL

d) corrupção passiva.

e) usurpação de função pública.

DESCAMINHO (art. 334):

O contrabando e o descaminho foram separados com a Lei 13.008/14,


permanecendo assim a forma típica. Como são crimes muito parecidos, vejamos
a diferença:

CONTRABANDO DESCAMINHO
É a entrada ou saída de mercadoria Fraudar todo ou parte do tributo, do
total ou parcialmente PROIBIDA no imposto, devido pela entrada, saída
Brasil (este crime se consuma no ou consumo da mercadoria (aqui a
momento em mercadoria é PERMITIDA, porém o
que a mercadoria ultrapassa as infrator frauda o pagamento do
fronteiras do País, para dentro ou imposto devido sobre ela).
para fora, por via alfandegária ou O STF e o STJ entendem que o
clandestina). pagamento de tributo posterior ao
crime não extingue a punibilidade do
agente, visto que se trata de delito
formal.

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido


pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem:

I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;

II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;

III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina
no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;

IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de


atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos.

§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer


forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências.

§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em


transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 25


DIREITO PENAL

ATIVO Qualquer pessoa (comum)


SUJEITOS DO
CRIME PASSIVO Estado

BEM Ordem tributária (espécie de crime tributário)


JURÍDICO
TUTELADO
ELEMENTO Dolo
SUBJETIVO

CONSUMAÇÃO Consuma-se quando o sujeito burla o Estado quanto ao


e TENTATIVA pagamento do importo devido pela entrada, saída ou
consumo de mercadoria.
O crime de descaminho é formal, não dependendo a
sua caracterização da constituição definitiva do
crédito tributário – não há aplicação da SV 24;
Admite-se a tentativa

ATENÇÃO! Segundo o STF, é aplicável o princípio da insignificância para


reconhecer a atipicidade da conduta se o valor de tributos suprimidos não
ultrapassar R$ 20.000,00.

CUIDADO COM A SÚMULA! A competência para o processo e julgamento por


crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal
do lugar da apreensão dos bens (Súmula 151 do STJ).

CONTRABANDO (art. 334-A):

Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem:

I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;

II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro,


análise ou autorização de órgão público competente;

III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;

IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em


proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira;

V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de


atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.

§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer


forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências.

§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em


transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

26 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB


DIREITO PENAL

ATIVO Qualquer pessoa (comum)


SUJEITOS DO
CRIME
PASSIVO Estado

BEM JURÍDICO Administração pública, saúde pública e moralidade.


TUTELADO
ELEMENTO Dolo
SUBJETIVO

CONSUMAÇÃO Consuma-se quando o sujeito importa ou exporta


e TENTATIVA mercadoria proibida.
Admite-se a tentativa
O que é mercadoria proibida?
São produtos/mercadorias relativa ou absolutamente proibida.
O que configura o crime de contrabando?
Importação de cigarro ou de gasolina (RHC 071203/RS)
Importação de arma de ar comprimido (REsp 1479836/RS)
Importação irregular de coletes à prova de balas (RHC 62.851/PR)

1. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela


entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria, caracteriza crime de:

a) Moeda falsa.

b) Usurpação.

c) Descaminho.

d) Concussão.

e) Desacato.

2. Quanto ao crime de descaminho, assinale a afirmativa correta.

a) Cuidando-se de crime material, mostra-se irrelevante o parcelamento do


tributo.

b) Cuidando-se de crime material, mostra-se irrelevante o pagamento do


tributo.

c) Cuidando-se de crime formal, mostra-se irrelevante o pagamento do tributo.

d) Cuidando-se de crime formal, a consumação do crime depende da


constituição definitiva do crédito.

e) Cuidando-se de crime material, a consumação do crime depende da


constituição definitiva do crédito.

3. Miguel e Mauro viajaram para Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, e lá


atravessaram a Ponte Internacional da Amizade para ingresso no Paraguai, em
Ciudad del Este, onde compraram um carregamento de 100 mil pacotes de
cigarros, para revender no Brasil, e precisavam retornar ao território nacional
com a mercadoria, mas não possuíam autorização para importação. Para tanto,
Miguel, que é piloto de aeronave, e Mauro alugaram um avião e realizaram o

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 27


DIREITO PENAL

transporte aéreo da mercadoria do Paraguai para uma fazenda situada no


estado do Paraná, próxima a Foz do Iguaçu. No momento em que aterrizaram, e
desembarcaram em território nacional, com a mercadoria, Miguel e Mauro
foram presos em flagrante pela Polícia Federal. No caso hipotético apresentado,
Miguel e Mauro cometeram crime de:

a) descaminho, e estão sujeitos à pena de 01 a 04 anos de reclusão, sem


qualquer majoração, pois o descaminho foi praticado em avião clandestino.

b) descaminho, e estão sujeitos à pena de 01 a 04 anos de reclusão, que deverá


ser aplicada em dobro, pois o descaminho foi realizado em transporte aéreo.

c) contrabando, e estão sujeitos à pena de 02 a 05 anos de reclusão, que deverá


ser majorada de 1/3 a metade, pois o contrabando foi realizado em
transporte aéreo.

d) descaminho, e estão sujeitos à pena de 01 a 04 anos de reclusão, que deverá


ser majorada de 1/3 a metade, pois o descaminho foi realizado em
transporte aéreo.

e) contrabando, e estão sujeitos à pena de 02 a 05 anos de reclusão, que deverá


ser aplicada em dobro, pois o contrabando foi realizado em transporte
aéreo.

IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA (art. 335,


CP): tipo penal revogado pelos arts. 93 e 95 da Lei 8666/93.

INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL (art. 336):

Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado
por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou
cerrar qualquer objeto:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO (art. 337):

Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou


documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
em serviço público:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais
grave.

SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (art. 337-A):

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer


acessório, mediante as seguintes condutas:

I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações


previsto pela legislação previdenciários segurados empregados, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe
prestem serviços;

28 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB


DIREITO PENAL

II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da


empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador
ou pelo tomador de serviços;

III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações


pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais
previdenciárias:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as


contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal.

§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se


o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – VETADO.

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior


àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não


ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a
pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.

§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas
e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.

1. Marcelino assumiu recentemente o cargo de Técnico de Segurança e


Transporte do TRF, e teve acesso a processo judicial do que ficou sob sua
custódia. Verificou que a ação judicial foi movida contra um amigo da família,
assim, retirou e destruiu uma página dos autos judiciais que continha
informação essencial ao processo. Se o fato não constituir crime mais grave, de
acordo com a legislação, Marcelino praticou o crime de:

a) descaminho.

b) inutilização de edital ou de sinal.

c) impedimento, perturbação ou fraude de concorrência.

d) subtração ou inutilização de livro ou documento.

e) corrupção ativa.

2. João dos Santos é empresário e suprimiu contribuição previdenciária, ao


omitir receitas auferidas e demais fatos geradores de contribuições sociais
previdenciárias nos documentos comerciais e tributários da sua empresa.

É correto afirmar que essa conduta caracteriza crime de:

a) apropriação indébita previdenciária.

CRIMES CONTRA A ADM.PÚB 29


DIREITO PENAL

b) sonegação de contribuição previdenciária.

c) crime contra a ordem tributária.

d) descaminho.

e) falsificação de documento público.

30 CRIMES CONTRA A ADM.PÚB

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