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Unidade III

Título XI
Dos Crimes Contra a Administração Pública
Arts. 312 ao 337-D do Código Penal

 Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral


(arts. 312 – 326, do CP);
 Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral (arts. 328 –
337-A, do CP);
 Dos crimes praticados por particular contra a administração pública estrangeira –
(arts. 337-B – 337-D, do CP);

O Capítulo II-B (dos crimes em licitações e contratos administrativos) será tratado


na unidade IV, em separado.
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Administração Pública – de acordo com NUCCI (2021), o conceito abrange,
atualmente, toda a “atividade funcional do Estado e dos demais entes públicos”.

A tutela penal da administração pública tem como bem jurídico a administração


pública, tanto em seu aspecto patrimonial, quanto no moral.

Inclusive, é interessante esclarecer que os interesses públicos são altos e não


podem ser tratados com indiferença, porquanto quem trata da coisa pública, que é de
todos, deve ter o maior cuidado e respeitos possíveis.

Em razão disso – e de muito mais, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula


de n. 599, segundo a qual: “o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes
contra a administração pública”.

Essa é a regra, mas são admitidas exceções, seja pelo Superior Tribunal de
Justiça, como no caso em que uma pessoa danificou um cone de trânsito1 (praticando,
em tese, o crime de dano qualificado), ou pelo Supremo Tribunal Federal, quando
absolveu um homem que havia se apropriado de um farol de uma motocicleta
apreendida2.

Mas a regra continua: o princípio da insignificância não se aplica aos crimes


contra a administração pública.

1
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2018/2018-08-31_09-42_Sexta-Turma-aplica-
principio-da-insignificancia-a-crime-contra-administracao-publica.aspx
2
Habeas Corpus 112.388/SP de 21/08/2012, julgado pelo Supremo Tribunal Federal, mais precisamente pelo Ministro
Lewandowski.
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Antes de falarmos sobre os crime cometidos pelos funcionários públicos, é
preciso dizer que o termo funcionário público tem uma explicação dada pelo próprio
legislador, trata-se de uma norma penal explicativa, prevista no art. 327, do CP:
“Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora
de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta,
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público.”
O conceito de funcionário público é ampliativo, não são apenas os concursados,
qualquer pessoa que exerça um cargo, emprego ou uma função pública. Qualquer
pessoa trabalhando para a administração direta ou indireta do Estado é um
funcionário público para fins penais, até mesmo os estagiários, os mesários, os jurados
etc., mesmo quem não recebe qualquer remuneração.
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 Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral
(arts. 312 – 326, do CP);

Peculato
“Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.”

O termo peculato, desde sua origem, teve o significado de furto de coisa do


Estado. Este crime, basicamente, consiste em o funcionário público furtar algo do
Estado, ele pode ser cometido por meio de apropriação ou de desvio:

A. Apropriar-se, que significa tomar como propriedade sua ou apossar-se. É o


que se chama de peculato-apropriação; Ex.: Um funcionário público que
se apropria de dinheiro que tem a guarda em razão do cargo. Aqui o
animus é de ser o dono.
B. Desviar, que significa alterar o destino ou desencaminhar. É o que se
classifica como peculato-desvio. Ex.: Um funcionário que desvia um carro
da repartição, que detinha a guarda, em razão do cargo, para uso próprio.
Aqui o animus é de usar para outra finalidade, em proveito próprio.

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O objeto do crime é o dinheiro, valor ou outro bem móvel, de quem tem a
posse, em função do cargo.

 Dinheiro – é a moeda em vigor, destinada a proporcionar a aquisição de


bens e serviços.
 Valor – é tudo aquilo que pode ser convertido em dinheiro, possuindo
poder de compra e trazendo para alguém, mesmo que indiretamente,
benefícios materiais. Cheques, notas de pagamento, cartão de crédito
coorporativo.
 Outro bem móvel – é fruto da interpretação analógica, isto é, dados os
exemplos – dinheiro e valor –, o tipo penal amplia a possibilidade de
qualquer outro bem, semelhante aos primeiros, poder constituir a figura do
peculato. Ex.: Carro, joia, ferramentas.

Origem do bem recebido – pode ser de natureza pública – pertencente à


Administração Pública – ou particular – pertencente a pessoa não integrante da
Administração –, embora em ambas as hipóteses necessite estar em poder do
funcionário público em razão de seu cargo.

Ex. de apropriação de bem particular: é o do carcereiro que, em razão do cargo,


fica com bens ou valores pertencentes ao preso. Escrivão de polícia civil que fica
com o cordão de ouro do preso ou com seu celular. Ora, o policial somente teve
acesso àqueles bens em razão do seu cargo, isso facilitou ou até proporcionou
o seu acesso, portanto, se ele ficar com os bens se apropriará de algo que é de
um particular, que ele teve acesso em razão do seu cargo público.

Posse – deve ser entendida em sentido amplo, ou seja, abrange a mera


detenção. É necessário apenas a remoção da coisa do lugar onde se achava, sem
exigência de posse tranquila e mansa.

Em razão do cargo – o funcionário necessita fazer uso de seu cargo para obter a
posse de dinheiro, valor ou outro bem móvel.

Concurso de pessoas – é admissível, segundo a regra do art. 30 do Código Penal


(Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.). A condição pessoal do agente comunica-se ao coautor, porque
elementar do crime. Então, se um particular comete uma subtração de um bem
público, na companhia de outrem, sabendo que o agente é funcionário público, que
tem acesso ao bem em razão do cargo, vai responder por peculato, e não pode furto,
porque a condição pessoal do funcionário é elementar do crime e se comunica ao
parceiro.

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 Sujeito ativo – somente o funcionário público. Porém crime próprio que admite
participação. STF – Inq 3634-DF, 2.ª T., rel. Gilmar Mendes, 02.06.2015, v.u.
 Sujeito passivo – o Estado; secundariamente, a entidade de direito público ou o
particular prejudicado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é o dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA – no § 2º

 Crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário público.


 Material – crime que exige, para sua consumação, resultado naturalístico,
consistente no efetivo benefício auferido pelo agente nas duas figuras.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito, na forma dolosa;
 Plurissubjetivo – crime que exige pelo menos duas pessoas, na forma
culposa.
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa
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Conduta equiparada
“§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou
alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.”

A conduta prevista no caput do artigo é para punir os agentes que têm a posse
dos bens públicos, em razão do cargo, como por exemplo o Secretário de Saúde que
detém a posse de uma caminhonete da secretaria, ou do estagiário que detém a posse
de um computador do setor onde trabalha.

Aqui no § 1º, é para os que mesmo não detendo a posse dos bens públicos os
alcançam, valendo-se da facilidade que eles têm, já que são funcionário públicos.
Como por exemplo, o vigia que não tem a posse do computador que o estagiário
trabalha, mas tem as chaves de todas as portas e durante um final de semana subtrai o
bem para ele.
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Também é punido o agente público que não detém a posse do bem, mas
concorre para que terceiros subtraiam os bens públicos, como por exemplo, um vigia
que deixa a porta aberta, propositalmente, para facilitar a entrada de seu sobrinho no
departamento e ele subtrair os bens ali guardados.
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Forma culposa
“§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.”

É preciso atenção para o fato de que o funcionário público, por negligência,


imperícia ou imprudência concorre/facilita o crime de outra pessoa, contra a
administração pública.

O funcionário tem o dever de zelar pelos bens da administração, por isso se ele
culposamente facilita que outra pessoa os subtraia pratica o crime de peculato na
modalidade culposa. Note que nesta conduta o funcionário não tem a intenção de que
um terceiro se aproprie ou desvie bens – se tivesse, pratica o crime na forma dolosa
em concurso de pessoas. Aqui ele é apenas relapso, descuidados, negligente.

Por exemplo: se um vigia de prédio público sai da sua função de guarda, para
fazer qualquer outra coisa no horário de serviço, por negligência, permitindo, pois, que
terceiros invadam o lugar e de lá subtraiam bens, responde por peculato culposo.

Outro exemplo: um policial desatento sai da viatura e não a tranca de modo


adequado, ao estacionar frente a uma padaria, para comprar pão, um terceiro passa e
nota a porta aberta, então ele subtrai um rádio comunicador.

Deve ter sempre o funcionário público e um terceiro. O terceiro que subtraiu os


bens da administração, responderá pelo crime de furto, pois não há a participação
dolosa do funcionário público.
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Causa extintiva de punibilidade ou de diminuição de pena
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Este benefício penal é aplicável somente ao peculato culposo, é possível que o


funcionário reconheça a sua responsabilidade pelo crime alheio e decida reparar o
dano, restituindo à Administração o que lhe foi retirado.

O momento da restituição vai definir o nível do benefício: se antes da sentença


penal condenatória há extinção da punibilidade, se for depois teremos redução de
metade da pena imposta.

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Nesta última hipótese, cabe ao juiz da execução penal aplicar o redutor da
pena, por ter cessado a atividade jurisdicional do juiz da condenação.
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Peculato mediante erro de outrem
“Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu
por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”

Esta conduta se parece com o crime de estelionato, pois o funcionário público


recebe se apropria de algo que recebeu (em razão de seu cargo) por erro de outra
pessoa, justamente por isso também é chamada de peculato-estelionato ou peculato
impróprio.

O funcionário público tem o dever de dizer a verdade e esclarecer as pessoas


sobre o que é devido em determinada situação, trata-se do nosso direito de
informação, e um informação clara e verdadeira.

Nesse crime a vítima, por um equívoco/erro, entrega ao funcionário público


algum dinheiro ou utilidade, e o funcionário ao invés de esclarecer que a pessoa está
entregando algo para a pessoa errada, se apropria daqueles bens.
Ex.: Arthur, um pacato senhor desavisado, vai até a Prefeitura de Rio Branco para pagar o ITBI,
referente a uma transação. Na recepção fala ao atendente que veio pagar o imposto, e entrega
a quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais) ao atendente, achando que ele era o responsável pelo
recebimento. O rapaz se apropria do dinheiro, mesmo não sendo ele o responsável pelo
recebimento. O funcionário, por sua vez, interessado em se apropriar do bem, nada comunica à
pessoa prejudicada, tampouco à Administração.

O crime também pode ocorrer quando a pessoa entrega para a pessoa certa,
mas ela acaba ficando com parte do bem, ficando com o troco, por exemplo:
Ex.: Arthur, um pacato senhor desavisado, vai até a Prefeitura de Rio Branco para pagar o ITBI,
referente a uma transação. Na recepção fala ao atendente que veio pagar o imposto, é
encaminhado ao setor competente. Chegando lá, ele entrega a quantia de R$ 500,00
(quinhentos reais) ao atendente, achando que aquele era o valor total. O valor era R$ 200,00
(duzentos reais). O rapaz não avisa o real valor do débito e se apropria do restante do dinheiro,
mesmo sendo ele o responsável pelo recebimento.

O erro é a falsa percepção da realidade. Nesse caso o erro é de quem chega até
a administração pública e não foi provocado diretamente pelo funcionário.

Para cometer tal crime o funcionário público deve estar no exercício de suas
funções, porquanto é este exercício que facilita o acesso aos referidos bens, do
contrário ele não os conseguiria.

 Sujeito ativo – somente o funcionário público.

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 Sujeito passivo – o Estado; secundariamente, a entidade de direito público ou o
particular prejudicado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é o dinheiro ou outra utilidade.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário público.


 Material – crime que exige, para sua consumação, resultado naturalístico,
consistente no efetivo benefício auferido pelo agente nas duas figuras.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito, na forma dolosa;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa
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TED: Leitura, na doutrina, dos artigos 313-A, 313-B, 314 e 315 do Código Penal.
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Concussão
“Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”

Muita atenção para o verbo deste crime: exigir. Nunca confunda ele com os
verbos solicitar ou receber do art. 317, do Código Penal, que são parte do crime de
corrupção passiva.

Exigir significa ordenar ou demandar, havendo aspectos nitidamente


impositivos e intimidativos na conduta. Essa exigência não precisa ser,
necessariamente, mediante violência física.

Não custa lembrar que o crime é cometido por um funcionário público, em


razão de sua função, estando ele em exercício ou mesmo que:
 Ele esteja fora de sua função – como alguém que está de férias ou se
licença;

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 Ele ainda nem tenha assumido a sua função – alguém que mesmo
aprovado em concurso público ainda não assumiu o cargo.

Esse crime parece, e apenas parece, com o de extorsão, embora colocada em


prática por funcionário público.

Sobre o nome do crime, concussão, explica Basileu Garcia3 que:


“liga-se ao verbo latino concutere, sacudir fortemente. Empregava-se o
termo especialmente para alusão ao ato de sacudir com força uma árvore
para que dela caíssem os frutos. Semelhantemente procede o agente desse
crime: sacode o infeliz particular sobre quem recai a ação delituosa, para
que caiam frutos, não no chão, mas no seu bolso”.

Então, fazendo uma comparação com a origem do termo, podemos dizer que
comete este crime, por exemplo:
 O médico credenciado ao SUS que exige valor adicional por procedimento
cirúrgico inteiramente custeado pelo Sistema Único de Saúde4.
 Um candidato recém aprovado no cargo de Delegado de Polícia Civil, que está
aguardando apenas a portaria de nomeação, visita seu futuro local de trabalho
e exige da futura colega delegada de polícia o número de telefone para que ele
marque um encontro.

Novamente, se atente para o verbo: exigir. É indispensável que reclame a


vantagem invocando sua atividade profissional

Vantagem indevida – pode ser qualquer lucro, ganho, privilégio ou benefício


ilícito, ou seja, contrário ao direito, ainda que ofensivo apenas aos bons costumes.

Há casos concretos em que o funcionário deseja obter somente um elogio, uma


vingança ou mesmo um favor sexual, enfim, algo imponderável no campo econômico
e, ainda assim, corrompe-se para prejudicar ato de ofício.

Atenção – Se o crime é formal, a prisão em flagrante deve ocorrer no momento


da exigência, e não por ocasião do recebimento da vantagem, instante em que há
somente o exaurimento do delito.

 Sujeito ativo – somente o funcionário público.


 Sujeito passivo – o Estado; secundariamente, a entidade de direito público ou o
particular prejudicado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é a vantagem indevida.

3
Dos crimes contra a Administração Pública, p. 225.
4
Ap. Crim. 1.0351.09.096041-7/001-MG, 2.ª C. Crim., rel. Renato Martins Jacob, 02.07.2015
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 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário público.


 Formal – crime que não exige, para sua consumação, resultado
naturalístico, consistente no efetivo benefício auferido pelo agente.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Unissubsistente, praticado mediante um único ato;
 Admite tentativa, na forma plurissubsistente.
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Excesso de exação
“§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido,
ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.”

Exação é a cobrança pontual de tributos.

Portanto, o que este tipo penal tem por fim punir não é a exação em si
mesma, mas o seu excesso, sabido que o abuso de direito é considerado ilícito.

Assim, quando o funcionário cobra tributo além da quantia efetivamente


devida, comete o excesso de exação.

Tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor


nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (art. 3.º do
Código Tributário Nacional).

Norma em branco: é preciso consultar os meios de cobrança de tributos e


contribuições, instituídos em lei específica, para apurar se está havendo excesso de
exação.
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Excesso de exação qualificado
“§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente
para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.”
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O recolhimento, apesar de indevido, destina-se, sempre, aos cofres públicos,
uma vez que se trata de exação (cobrança de impostos), razão pela qual se o
funcionário desvia para si o valor arrecadado, comete o crime de excesso de exação
qualificado.
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Corrupção passiva
“Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”

Solicitar significa pedir ou requerer; - difere do crime de concussão, do art.


316, do CP, por que na concussão o agente exige, na corrupção passiva o agente
solicita, recebe ou aceita a promessa da vantagem indevida.

Atenção! Neste crime, o funcionário é quem age, é quem atua para obter a
vantagem indevida. O funcionário toma a iniciativa.

Classifica a doutrina como:

1. Corrupção própria: a solicitação, recebimento ou aceitação de promessa de


vantagem indevida para a prática de ato ilícito, contrário aos deveres
funcionais.
2. Corrupção imprópria: quando a prática se refere a ato lícito, inerente aos
deveres impostos pelo cargo ou função.

Obs.: Existe possibilidade de se configurar a corrupção passiva (o funcionário


solicita, recebe ou aceita a promessa de vantagem indevida), sem que haja a
corrupção ativa (alguém oferece ou promete vantagem ao funcionário). Veja:

“Corrupção passiva – cometido pelo funcionário público


Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Corrupção ativa – cometido pelo terceiro


Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”

Exemplo de corrupção passiva:


TJMS: “Configura o crime de corrupção passiva, tipificado no artigo 317, do
Código Penal, a conduta de prefeito/vice-prefeito e assessor da
municipalidade que, mediante conluio para levantar elevadas quantias em
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dinheiro, oferecem benefícios junto à Prefeitura, fato que caracteriza
recebimento de vantagem indevida” (Ação Penal – Procedimento Ordinário
1602581-24.2014.8.12.0000-MS, Seção Especial – Criminal, rel. Luiz Claudio
Bonassini da Silva, 24.05.2017, v.u.).

Vantagem indevida – pode ser qualquer lucro, ganho, privilégio ou benefício


ilícito, ou seja, contrário ao direito, ainda que ofensivo apenas aos bons costumes. Há
casos em que o funcionário não recebe ou solicita nenhuma vantagem indevida ou
promessa, atua apenas para satisfazer a um pedido ou uma influência de alguém,
nesse caso, onde não há a vantagem indevida, o sujeito responde pelo crime de
corrupção passiva na forma privilegiada, prevista no § 2º, deste artigo.

Há casos concretos em que o funcionário deseja obter somente um elogio,


uma vingança ou mesmo um favor sexual.

Súmula 599 do STJ dispõe que “o princípio da insignificância é inaplicável aos


crimes contra a administração pública”.

A corrupção passiva é crime instantâneo, consumando-se no exato momento


em que ocorre a solicitação ou a percepção, pelo funcionário, da vantagem indevida.

Concurso de pessoas – há uma figura típica para o agente que corrompe o


funcionário público (exceção à teoria monista – ou teoria unitária do crime), o art. 333
do CP – corrupção ativa. Assim, o particular que dá a vantagem indevida, em lugar de
responder como partícipe do delito de corrupção passiva, comete o crime de
corrupção ativa.

Porém, pode o fornecedor do presente ao funcionário ser punido como


partícipe do delito de corrupção passiva, caso o mimo seja fornecido após a prática do
ato funcional ou sem que haja a promessa de realização de ato de ofício, pois não há
caracterização do crime de corrupção ativa. (Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem
indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício).
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Causa de aumento de pena
“§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.”

É a corrupção exaurida.

De fato, tendo em vista que o tipo penal é formal, isto é, consuma-se com a
simples solicitação, aceitação da promessa ou recebimento de vantagem, mesmo que

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inexista prejuízo material para o Estado ou para o particular, quando o funcionário
atinge o resultado naturalístico exaure-se (esgota-se) o crime. Vejamos:
STJ: “O crime de corrupção passiva é formal e se consuma com a prática de
um dos verbos nucleares previstos no art. 317 do Código Penal, isto é,
solicitar ou receber vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem, sendo, pois, prescindível a efetiva realização do ato funcional.
Com efeito, o ato de ofício constitui mera causa de aumento de pena,
prevista no § 1.º do aludido diploma” (AgRg no REsp: 1374837, 5.ª T., rel.
Gurgel de Faria, j. 07.10.2014, v.u.);
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Figura privilegiada
“§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.”

O funcionário pratica ou retarda o ato, bem como deixa de praticá-lo, levando


em conta pedido (solicitação) ou influência (prestígio ou inspiração), mas sem
qualquer vantagem indevida em questão.

 Sujeito ativo – somente o funcionário público.


 Sujeito passivo – o Estado; secundariamente, a entidade de direito público ou o
particular prejudicado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é a vantagem indevida.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário público.


 Formal – crime que não exige, para sua consumação, resultado
naturalístico, consistente no efetivo benefício auferido pelo agente.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Unissubsistente, praticado mediante um único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato, conforme o caso
concreto;
 Admite tentativa, na forma plurissubsistente.
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Facilitação de contrabando ou descaminho
“Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho
(art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.”

Atenção – este é um crime cometido por funcionário públicos que facilitam a


prática dos crimes de contrabando e de descaminho, especialmente aqueles que têm a
função de combater referidos crimes, já que para cometer esta conduta o sujeito deve
agir com infração de dever funcional. Veja a descrição dos crimes que devem ser
evitados:
“Descaminho – Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Contrabando – Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.”

Facilitar (tornar mais fácil, ou seja, sem grande esforço ou custo) a prática
(exercício ou realização) de contrabando ou descaminho (arts. 334 e 334-A).

O verbo facilitar mostra que o crime é formal, portanto não importa se


alguém conseguiu realizar o contrabando ou descaminho havendo a facilitação pelo
funcionário público, infringindo dever funcional, está consumado o crime do art. 318
do CP.

STJ: “O crime do art. 318 do CP é formal e consuma-se com a efetiva


concreção da conduta descrita no tipo penal, vale dizer, com a facilitação,
mediante infração de dever funcional, da prática do descaminho,
independentemente da consumação do crime de descaminho. Todas as
alegações atinentes ao crime de descaminho são irrelevantes para a
tipificação do crime previsto no art. 318 do CP” (REsp 1304871-SP, 6.ª T., rel.
Rogerio Schietti Cruz, 18.06.2015, v.u.).

Infração do dever funcional: a expressão integra a conduta típica, não sendo,


pois, suficiente que o funcionário facilite o contrabando ou o descaminho, mas que o
faça infringindo seu dever funcional, vale dizer, deixando de cumprir os deveres
previstos em lei.

Exige-se que o agente tenha a função de controlar, fiscalizar e impedir a


entrada de mercadoria proibida no território nacional ou garantir o pagamento de
imposto devido pela referida entrada.

Se o funcionário público não infringe dever funcional, poderá ser coautor ou


partícipe do delito de contrabando ou descaminho.

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Ex.: Fiscal da Receita Federal que facilita o contrabando ou descaminho,
infringindo seu dever funcional de recolher os impostos devidos e/ou apreender as
mercadorias determinadas pela lei e/ou decretou – comete o crime do art. 318 do CP.

Ex.: Professor de escola pública que facilita o contrabando ou descaminho.


Comete os crimes de contrabando ou descaminho em coautoria, pois o professor não
está infringindo dever funcional, já que a fiscalização de tais condutas não é sua
função.

Competência para julgamento – Justiça Federal. Por se tratar de crime conexo


ao contrabando ou descaminho, cujo interesse é da União, além de o funcionário
encarregado de fiscalizar a fronteira, na maioria dos casos, ser federal.

 Sujeito ativo – somente o funcionário público.


 Sujeito passivo – o Estado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é a mercadoria contrabandeada ou o imposto não recolhido.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário público.


 Formal – crime que não exige, para sua consumação, resultado
naturalístico, consistente no efetivo benefício auferido pelo agente.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Unissubsistente, praticado mediante um único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato, conforme o caso
concreto;
 Admite tentativa, na forma plurissubsistente.
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Prevaricação
“Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”

Retardar significa atrasar ou procrastinar;


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Deixar de praticar é desistir da execução;

Praticar é executar ou realizar.

Há, pois, três condutas puníveis no crime de prevaricação. É o que se chama


de autocorrupção própria, já que o funcionário se deixa levar por vantagem indevida,
violando deveres funcionais, ainda que a vantagem indevida seja para satisfação de
interesse pessoal.

Ex.: Funcionário que, por não se dar bem com o requerente de uma certidão,
cuja expedição ficou ao seu encargo, deixa de expedi-la no prazo regular,
atrasando o documento propositalmente.

Ex.: Delegado que, devendo instaurar inquérito policial, ao tomar conhecimento


da prática de um crime de ação pública incondicionada, não o faz porque não
quer trabalhar demais.

Ex.: Guarda de trânsito que ao invés de lavrar um auto de infração conforme a


conduta do condutor, coloca uma mais leve, por se tratar de seu amigo.

Elemento normativo do tipo – indevidamente significa não permitido por lei,


infringindo dever funcional.

Ato de ofício: é o ato que o funcionário público deve praticar, segundo seus
deveres funcionais. Exige, pois, estar o agente no exercício da função.

Elemento normativo do tipo: contra disposição expressa de lei é também algo


ilícito e contrário aos deveres funcionais.

Ex.: delegado que, ao término de um inquérito policial, promove o seu


arquivamento, sem enviá-lo, como determina a lei, ao Ministério Público e ao
Juiz de Direito, tendo por fim beneficiar o indiciado.

Interesse pessoal – é qualquer proveito, ganho ou vantagem auferido pelo


agente, não necessariamente de natureza econômica. Ex.: por um favor.

Aliás, sobre o assunto, dizem ANTONIO PAGLIARO e PAULO JOSÉ DA COSTA


JÚNIOR que o interesse não deve ser de ordem econômica, pois isso iria configurar a
corrupção passiva (Dos crimes contra a Administração Pública, p. 138).

Sentimento pessoal – é a disposição afetiva do agente em relação a algum


bem ou valor. Ex.: por vingança.

Exige-se elemento subjetivo (dolo) específico consistente na vontade de


“satisfazer interesse” ou “sentimento pessoal”.
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 Sujeito ativo – somente o funcionário público.
 Sujeito passivo – o Estado, secundariamente, a entidade de direito público ou a
pessoa prejudicada.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo. Exige-se elemento subjetivo específico
consistente na vontade de “satisfazer interesse” ou “sentimento pessoal”.
 Objeto material – é o ato de ofício.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário público.


 Formal – crime que não exige, para sua consumação, resultado
naturalístico, consistente no efetivo benefício auferido pelo agente.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação (na conduta praticar). A conduta deixar de praticar é
uma abstenção
 Omissivo – por omissão (na conduta retardar)
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Unissubsistente, praticado mediante um único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato, conforme o caso
concreto;
 Admite tentativa, na forma plurissubsistente.
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O Art. 319-A. “Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.” é
como uma forma específica de prevaricação, portanto, se a conduta do agente se
enquadrar nesta hipótese, aplica-se este artigo, senão, o art. 319, do CP.
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Condescendência criminosa
“Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.”

É punida a conivência com a prática criminosa.

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Indulgência – 1. Disposição para perdoar culpas ou erros; clemência,
misericórdia. 2. absolvição de pena, ofensa ou dívida; desculpa, perdão.

Deixar de responsabilizar significa não imputar responsabilidade a quem


cometeu uma infração, para que possa sofrer as sanções cabíveis;

Não levar ao conhecimento é ocultar ou esconder algo de alguém.


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Advocacia administrativa
“Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração
pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.”

Patrocinar significa proteger, beneficiar ou defender.

O objeto da benesse é o interesse privado em confronto com o interesse da


Administração Pública. Esse interesse deve confrontar-se com o interesse público, isto
é, aquele que é inerente à Administração Pública. O interesse maior da Administração
de ser imparcial e isenta nas suas decisões e na sua atuação.

Não significa, porém, que o interesse privado – para a caracterização do crime


– há de ser ilícito ou injusto. O interesse da Administração é justamente poder decidir
sem a interferência exterior de qualquer pessoa, mormente o particular. Quando
alguém, pertencendo aos seus quadros, promove a defesa de interesse privado, está
se imiscuindo, automaticamente, nos assuntos de interesse público, o que é vedado.
Se o interesse for ilícito, a advocacia administrativa é própria; caso seja lícito,
considera-se cometida na forma imprópria (cf. FERNANDO HENRIQUE MENDES DE
ALMEIDA, Dos crimes contra a Administração Pública, p. 113).

A conduta do caput do art. 321 é a advocacia administrativa imprópria


(quando o interesse é legítimo).

A conduta do art. 321, parágrafo único é a advocacia administrativa própria


(quando o interesse é ilegítimo).

O termo utilizado na rubrica (“advocacia”) pode dar a entender tratar-se de


um tipo penal voltado somente a advogados, o que não corresponde à realidade, pois
está no sentido de “promoção de defesa” ou “patrocínio”.

Acrescente-se, ainda, que o patrocínio não exige, em contrapartida, a


obtenção de qualquer ganho ou vantagem econômica. Pode significar para o agente
um simples favor, o que, por si só, é fato típico.

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A ação do funcionário é a de patrocinar o interesse privado junto a qualquer
setor da administração (e não apenas na repartição em que está lotado).
STJ: “O crime de advocacia administrativa é próprio, formal e de concurso
eventual, cuja essência proibitiva recai sobre a defesa de interesses privados
perante a Administração Pública por funcionário público. O patrocínio do
interesse privado e alheio, legítimo ou não, por funcionário público, perante
a Administração Pública, pode ser direto, concretizado pelo ele próprio, ou
indireto, valendo-se ele de interposta pessoa, para escamotear a atuação.
Fundamental que o funcionário se valha das facilidades que a função pública
lhe oferece, em qualquer setor da Administração Pública, mesmo que não
seja especificamente o de atuação do agente” (HC 376927-ES, 5.ª T., rel.
Ribeiro Dantas, 17.10.2017, v.u.).

 Sujeito ativo – somente o funcionário público.


 Sujeito passivo – o Estado, secundariamente, a entidade de direito público ou a
pessoa prejudicada.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é o interesse privado.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário público.


 Formal – crime que não exige, para sua consumação, resultado naturalístico,
consistente no efetivo benefício auferido pelo agente.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo
agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão –
implica uma ação.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato, conforme o caso concreto;
 Admite tentativa, na forma plurissubsistente.
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TED: Leitura, na doutrina e no Código Penal, dos artigos 322 - 328 do Código Penal.
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 Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral (arts. 328 –
337-A, do CP);

Resistência
“Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

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Pena - detenção, de dois meses a dois anos.”

Opor-se significa colocar obstáculo ou dar combate. O objeto da conduta é a


execução de ato legal.

Resistência ativa – emprego de violência ou ameaça contra o funcionário


público. Essa conduta é que configura o crime. Veja:
TJMS: “Restando comprovado no robusto conjunto probatório que o réu se
opôs, mediante violência, à execução de ato legal, não apenas ao morder o
dedo do policial para evitar a apreensão das porções de droga que estavam
no interior de sua boca, como também ao evadir-se do local mesmo já
imobilizado, configurado está o delito de resistência previsto no art. 329 do
Código Penal” (Ap. 0000741-43.2014.8.12.0033-MS, 1.ª C. Crim., rel.
Romero Osme Dias Lopes, 16.06.2015, v.u.).

TJDFT: “Se o conjunto probatório evidencia que os agentes policiais tiveram


que usar força física para conter o apelante, está configurado o crime de
resistência, previsto no art. 329, do CP. O dolo de lesionar, animus laedendi,
está presente na conduta do réu que, para não ser colocado dentro da
viatura, além de proferir ofensas pessoais, desfere socos, tapas e chutes
visando lesionar os policiais. Depoimentos de policiais são revestidos de
presunção de legitimidade inerente aos atos administrativos em geral” (APR
20150310172450-DFT, 2.ª T. Crim., rel. Roberval Casemiro Belinati,
23.02.2017, v.u.).

Resistência passiva – oposição sem ataque ou agressão por parte da pessoa.


Não é crime. Ex.: fazendo “corpo mole” para não ser preso e obrigando os policiais a
carregá-lo para a viatura; não se deixar algemar, escondendo as mãos; buscar retirar o
carro da garagem antes de ser penhorado; sair correndo após a voz de prisão ou ordem
de parada.

Atenção – a mera oposição ao ato, sem a presença de violência ou grave


ameaça, não configura o crime de resistência. Ex.: Xingar o policial no momento da
prisão, não deixar ele colocar as algemas, etc. Podem até ser desobediência ou
desacato, mas não resistência. Veja:
TJAL: “O tipo que prevê o crime de resistência exige que o agente se utilize
de violência ou ameaça à pessoa, não bastando, para que haja a subsunção
do fato à normal penal incriminadora, a mera oposição à execução do ato
legal. É o caso dos autos, em que não restou evidenciado nenhum dos meios
previstos no tipo penal, sendo certo que tanto a violência quanto a ameaça
precisam ser concretizadas a partir de uma conduta positiva do agente. 2 – É
que condutas passivas como a tentativa de impedir a colocação de algemas,
ou mesmo, xingamentos não se amoldam ao conceito de violência/ameaça
exigido pelo tipo previsto no artigo 329 do diploma penal, mas, a depender
da situação, consubstanciam crime distinto, como o de desobediência ou

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desacato. (...)” (Ap. 0000683-50.2014.8.02.0055-AL, C. Crim., rel. João Luiz
Azevedo Lessa, 05.04.2017, v.u.).

Sobre o termo “quem lhe esteja prestando auxílio” – Esta outra pessoa
precisa estar acompanhada do funcionário encarregado de realizar a execução do ato
legal (ou agir em seu nome). Ex.: o transportador de móveis numa situação de
penhora.

Não se configura o delito de resistência contra o particular que resolva


prender alguém em flagrante (flagrante facultativo – art. 301, CPP), caso haja
oposição, ainda que violenta. É que qualquer do povo está autorizado a realizar prisão
em flagrante, mas isso não o transforma em funcionário competente para realizá-la,
razão pela qual aquele que resiste responderá pelo mal causado – por exemplo, por
lesões corporais –, mas não como incurso no art. 329 do Código Penal.

Ato legal: é preciso que o funcionário público esteja fazendo cumprir um ato
lícito. Caso pretenda concretizar algo ilegítimo, é natural que o particular possa
resistir, pois está no exercício regular de direito (ou em legítima defesa, se houver
agressão), já que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei (art. 5.º, II, CF).

Obs.: ofensas não são ameaças, de modo que podem dar azo à configuração
do desacato.

Atenção – a violência tem que ser contra a pessoa, se for contra coisas, não
falamos em resistência. Ex.: se alguém, ao ser preso, chutar a viatura policial, não há
crime de resistência. Porém, se houver dano ao veículo, pode ser processado, conforme
o caso, pelo delito de dano – art. 163, parágrafo único, III).

Previsão de concurso material (art. 69 do CP) entre o crime de resistência


(art. 329 do CP) e o de lesão corporal (art. 129 do CP) – § 2º - As penas deste artigo
são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
TJMG: “Aquele que, mediante reação corporal violenta, se opõe a execução
de ato legal pela Polícia Militar, e, ao mesmo tempo, provoca lesões
corporais naqueles policiais que executavam o ato, responde pelos delitos de
resistência e lesões corporais, sendo legalmente vedada a incidência do
princípio da consunção, por força do disposto no art. 329, § 2º, do Código
Penal” (Ap. Crim. 1.0249.13.001366-0/001-MG, 6ª C. Crim., rel. Rubens
Gabriel Soares, 05.05.2015).

 Sujeito ativo – qualquer pessoa.


 Sujeito passivo – O sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, o funcionário
ou outra pessoa que sofreu a violência ou ameaça.

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 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo. Há exigência de dolo específico,
consistente na vontade de não permitir a realização do ato legal.
 Objeto material – é a pessoa agredida ou ameaçada.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime comum – pode ser cometido por qualquer pessoa.


 Formal – crime que delito que não exige resultado naturalístico, consistente
na efetiva falta de execução do ato legal.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa embora seja de difícil configuração.
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Forma qualificada
“§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.”

Atenção – para se configurar a qualificadora o ato legal precisa deixar de ser


praticado por força exclusiva da oposição violenta ou ameaçadora do agente, e não
por inépcia do funcionário.
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Desobediência
“Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.”

É preciso que a ordem dada seja do conhecimento direto de quem necessita


cumpri-la. Veja:
TJRS: “Réu que desobedece à ordem legal de parada, emanada por
funcionário público quando no exercício de suas funções, fugindo em alta
velocidade, pratica o delito de desobediência” (Recurso-Crime
71005365358-RS, Turma Recursal Criminal, rel. Edson Jorge Cechet,
10.08.2015, v.u.).

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É indispensável verificar se a ordem dada tem ou não relação com a função
exercida, uma vez que, se tiver e não for cumprida, pode configurar-se o delito de
prevaricação. Ex.: O Juiz manda o serventuário confeccionar um ofício para requisitar
um policial ao quartel, mas ele não o faz, porque o policial é seu amigo e ambos vão
tomar uma cerveja depois do expediente. (prevaricação – art. 319 do CP)

Se o funcionário, que recebe ordem legal de outro, não pertinente ao


exercício das suas funções, deixa de obedecer, é possível se configurar a
desobediência, pois, nessa hipótese, age como particular.

Atenção – Se o sujeito ativo for um prefeito e se estiver no exercício das


funções, cabe processá-lo por crime de responsabilidade, tipificado no art. 1.º, XIV, do
Decreto-lei 201/67.

O engano quanto à ordem a ser cumprida (modo, lugar, forma, entre outros)
exclui o dolo.

 Sujeito ativo – qualquer pessoa.


 Sujeito passivo – O sujeito passivo é o Estado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é a ordem dada.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime comum – pode ser cometido por qualquer pessoa.


 Formal – crime que delito que não exige resultado naturalístico, consistente
na efetiva falta de execução do ato legal.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Omissivo – implicando abstenção.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Unissubsistente, praticado num único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa na forma comissiva, quando plurissubsistente.
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Desacato
“Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.”

Desacatar quer dizer desprezar, faltar com o respeito ou humilhar.

O objeto da conduta é o funcionário público.

Pode implica qualquer tipo de palavra grosseira ou ato ofensivo contra a


pessoa que exerce função pública, incluindo ameaças e agressões físicas.

Não se concretiza o crime se houver reclamação ou crítica contra a atuação


funcional de alguém.

Quanto ao advogado como sujeito ativo, apesar de o Estatuto da Advocacia


(art. 7.º, § 2.º) preceituar que há imunidade profissional e, no exercício da sua
atividade, não poder constituir desacato qualquer manifestação de sua parte, esse
trecho está com a eficácia suspensa por julgamento proferido pelo Supremo Tribunal
Federal.

Pluralidade de funcionários ofendidos: o crime é único, pois o sujeito passivo


é único, ou seja, o Estado. Ex.: o agente que desacata mais de um policial, no mesmo
contexto, pratica um desacato.

Exercício da função ou em sua razão: exige-se que a palavra ofensiva ou o ato


injurioso seja dirigido ao funcionário que esteja exercendo suas atividades ou, ainda
que ausente delas, tenha o autor levado em consideração a função pública.

Presença do funcionário: é indispensável, pois o menoscabo necessita ter alvo


certo, de forma que o funcionário público deve ouvir a palavra injuriosa ou sofrer
diretamente o ato.

Funcionário que provoca a ofensa: não configura desacato se o particular


devolve provocação do funcionário público, tendo em vista que não busca
desprestigiar a função pública, mas dar resposta ao que julgou indevido.

 Sujeito ativo – qualquer pessoa.


 Sujeito passivo – O sujeito passivo é o Estado e, em segundo plano, também o
funcionário público.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é a o funcionário público.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, levando-se em conta seu
interesse patrimonial e moral.

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 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime comum – pode ser cometido por qualquer pessoa.


 Formal – crime que delito que não exige resultado naturalístico, consistente
na efetiva falta de execução do ato legal.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Unissubsistente, praticado num único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa na forma comissiva, quando plurissubsistente, embora de
difícil configuração.
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Tráfico de Influência
“Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da
função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.”

Este crime é praticado pelo sujeito que não é funcionário público e se gaba de
ter influência para “resolver” algo na Administração Pública, como por exemplo, o
sujeito que diz que vai “falar com Juiz para que a sentença saia logo”, “que vai ligar
pro Diretor do Presídio para liberara determinado preso para o banho de sol”. Aqui se
vende uma influência (para com funcionários públicos) que não é real, não existe.

É o que se chama de jactância enganosa, gabolice mendaz ou bazófia ilusória.


Tal crime é conhecido como venda de fumaça. Veja:
TJGO: “Incide nas penas do delito tipificado no artigo 332, caput, do Código
Penal, se suficientemente comprovado nos autos que os acusados, com
vontade livre e consciente, solicitaram vantagem indevida, sob o pretexto de
influir em ato de funcionário público para reverter possíveis pendências ou
infrações ambientais” (Ap. Crim. 125029-04.2005.8.09.0117-GO, 1.ª C.
Crim., rel. Sival Guerra Pires, 02.07.2015, v.u.).

TJMG: “1. Se restar comprovado que o acusado, com vontade livre e


consciente, solicitou e ao final obteve vantagem indevida, sob o pretexto de
influir em ato de funcionário público para levar vantagem no exame para
obtenção da carteira nacional de habilitação, incide-se na prática do delito

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previsto no art. 332, caput, do Código Penal. 2. As palavras da vítima no
crime de tráfico de influência no curso do processo, mormente quando
corroborados por outros elementos de prova, são de relevante importância,
devendo ser mantida a condenação com base em suas declarações” (Ap.
Crim. 1.0145.12.042153-5/001-MG, 6.ª C. Crim., rel. Denise Pinho da Costa
Val, 07.07.2015).

O agente não é competente para a realização do ato comercializado, sua


única possibilidade de ação consiste em influir (influenciar) em ato praticado por outro
funcionário público no exercício da função. Se ele é o funcionário competente para a
realização do ato e solicita, exige, cobra ou obtém alguma vantagem indevida para
alterar qualquer decisão trata-se de corrupção passiva.

Vantagem é qualquer ganho ou lucro para o agente, lícito ou ilícito, que pode
servir para configurar o tipo.

Resultado concreto da influência: não é necessário, bastando que o agente


solicite, exija, cobre ou obtenha a vantagem a pretexto (sob a desculpa ou justificativa)
de exercer ascendência sobre funcionário público. É o que a doutrina chama de
“venda de fumaça”. Se a pessoa realmente influenciar no ato do funcionário, temos
uma participação no crime de corrupção.

O agente ativo desse crime "simula ter poder de influência sobre ato de
funcionário público (...) caso a aludida influência seja real, PODERÁ haver outro crime
(corrupção)". Fonte: Rogério Sanches.

Causa de aumento de pena – Parágrafo único - A pena é aumentada da


metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
funcionário.

 Sujeito ativo – qualquer pessoa, inclusive funcionário público.


 Sujeito passivo – O sujeito passivo é o Estado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – é a vantagem.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime comum – pode ser cometido por qualquer pessoa.


 Formal – crime que delito que não exige resultado naturalístico, consistente
na efetiva falta de execução do ato legal. Nas formas solicitar, exigir e
cobrar.
 Material – na forma obter vantagem.

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 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubjetivo – pode ser cometido por um único sujeito;
 Unissubsistente, praticado num único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa na forma comissiva, quando plurissubsistente, embora de
difícil configuração.
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Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Neste artigo, temos um crime que é cometido por um particular contra um


funcionário público, no caso, o particular é quem chega com a intenção de corromper
o servidor, pois ele é quem chega com a proposta de ganho indevido. Ex.: alguém
propõe vantagem a um funcionário público, levando-o a executar um ato que é sua
obrigação, comete o delito previsto neste artigo.

A consumação se dá por ocasião do oferecimento ou da promessa,


independendo da efetiva entrega. Não há necessidade de dar algo ao funcionário.
Veja que esse verbo “dar” não está previsto no tipo penal.
TRF4: “1. Pratica o delito do artigo 333 do Código Penal quem oferta a
policiais rodoviários federais vantagem ilícita para liberação de veículo
apreendido com mercadoria estrangeira sem comprovação de regular
importação. 2. Inaplicável a insignificância no caso em apreço, uma vez que,
nos termos do enunciado sumular 599 do Superior Tribunal de Justiça, o
crime foi praticado em face da Administração Pública” (Ap. 5001694-
64.2015.4.04.7203-SC, 8.ª T., rel. Victor Luiz dos Santos Laus, 27.06.2018,
v.u.).

TJMS: “Para a consumação do crime de corrupção ativa, por ser delito de


natureza formal, basta a oferta ou a promessa de vantagem indevida a
funcionário público para fins de determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ato de ofício, não exigindo resultado naturalístico, sendo que o recebimento
da vantagem pelo agente público caracteriza mero exaurimento da
conduta” (Ap. Crim. 0001384-31.2013.8.12.0002-MS, 3.ª C. Crim., rel. Luiz
Claudio Bonassini da Silva, 09.03.2017, v.u.).

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Vantagem indevida: pode ser qualquer lucro, ganho, privilégio ou benefício
ilícito, ou seja, contrário ao direito, ainda que ofensivo apenas aos bons costumes.

Ato de ofício – é o ato inerente às atividades do funcionário. Portanto, o ato


visado deve estar na esfera de atribuição do funcionário, não necessitando ser ilícito.

Causa de aumento de pena – Parágrafo único - A pena é aumentada de um


terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

 Sujeito ativo – qualquer pessoa, inclusive funcionário público.


 Sujeito passivo – O sujeito passivo é o Estado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo. Exige-se elemento subjetivo específico,
consistente na vontade de fazer o funcionário praticar, omitir ou retardar ato
de ofício.
 Objeto material – é a vantagem.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, nos interesses material e
moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime comum – pode ser cometido por qualquer pessoa.


 Formal – crime que delito que não exige resultado naturalístico, consistente
no efetivo recebimento do suborno.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubsistente, praticado num único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa na forma comissiva, quando plurissubsistente, embora de
difícil configuração.
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TED: Leitura, na doutrina e no Código Penal, dos artigos 334 – 334-A do Código Penal.
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Descaminho
“Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”

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Iludir (enganar ou frustrar) é a conduta, cujo objeto é o pagamento de direito
ou imposto.

Trata-se do denominado contrabando impróprio – pois até 2014 os crimes de


descaminho e contrabando eram previsto em um único tipo penal.

Atenção, qualquer pessoa pode cometer este crime, entretanto, se for um


funcionário público o crime não será este, mas o do art. 318 do Código Penal
(facilitação de contrabando ou descaminho).

Norma penal em branco: a obrigação de pagar qualquer espécie de tributo ou


similar deve constar de lei específica, que complementa essa norma incriminadora.
Somente se sabe se houve descaminho consultando-se a lei impositiva do dever de
pagar.
TRF, 3.ª Região: “O caput do artigo 334 do Código Penal alcança não apenas
o imposto de importação e de exportação, como também o IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços)” (HC 2008.03.00.004202-7-SP, 2.ª T., rel. Nelton dos
Santos, 25.08.2009, v.u.).

Pode a fraude ao pagamento de direito ou imposto ser total (completa, isto é,


sem o pagamento de qualquer valor) ou parcial (pagando-se quantia inferior à devida).
Tal situação, no entanto, deve ser levada em consideração para a fixação da pena. Se o
agente ludibria o Estado completamente, sem nada pagar, merece pena maior do que
aquele que paga ao menos uma parte do devido.

TRF, 3.ª Região: “O crime de descaminho não ofende somente o erário,


atingindo também a soberania nacional, a autodeterminação do Estado, a
segurança nacional e a eficácia das políticas governamentais de defesa do
desenvolvimento da indústria pátria. Por isso, o descaminho é classificado
como crime contra a Administração Pública e contra a ordem tributária” (HC
2008.03.00.004202-7-SP, 2.ª T., rel. Nelton dos Santos, 25.08.2009, v.u.).

Princípio da insignificância: encontra aplicação neste delito. Mesmo sendo


entendimento pacífico de que nos crimes contra a administração pública não cabe
aplicação do princípio da insignificância.

A falta de pagamento do tributo devido pode alcançar valor ínfimo, nem


chegando a prejudicar o erário. Configuraria típica infração de bagatela,
passível de punição fiscal, mas não penal.

Porém, é preciso ressaltar a atual posição do STJ, mencionando precedente do


STF, no sentido de serem configurados insignificantes, no contexto do
descaminho, valores inferiores a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

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Habitualidade delitiva: se o agente comete várias vezes o delito, mesmo com
valores inferiores a R$ 20.000,00, não é cabível a aplicação da bagatela.
STJ: “1. “A habitualidade na prática do crime do art. 334 do CP denota o
elevado grau de reprovabilidade da conduta, obstando a aplicação do
princípio da insignificância” (AgRg no REsp n. 1614167/PR, Rel. Ministro Nefi
Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 17/4/2018, DJe 2/5/2018). 2. Apesar de
não configurar reincidência, a existência de outras ações penais, inquéritos
policiais em curso ou procedimentos administrativos fiscais é suficiente para
caracterizar a habitualidade delitiva e, consequentemente, afastar a
incidência do princípio da insignificância. Precedentes. 3. Agravo regimental
desprovido” (AgRg no REsp 1731897-PR, 6.ª T., rel. Antonio Saldanha
Palheiro, 05.06.2018, v.u.);

Competência: como regra, é da Justiça Federal, pois o imposto ou direito a ser


recolhido destina-se à União, além de que, na maioria dos casos, ocorre em região
alfandegária, cuja jurisdição é federal. Porém, cuidando-se de ICMS, cabe à Justiça
Estadual.

 Sujeito ativo – qualquer pessoa. Se funcionário público, é o crime do art. 318 do


CP.
 Sujeito passivo – O sujeito passivo é o Estado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – pode ser o direito ou o imposto devido.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, nos interesses material e
moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

 Crime comum – pode ser cometido por qualquer pessoa.


 Formal – crime que delito que não exige resultado naturalístico, consistente
no efetivo recebimento do suborno.
 De forma livre – delito que pode ser cometido por qualquer meio eleito
pelo agente
 Comissivo – excepcionalmente, omissivo impróprio/comisso por omissão
– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Omissivo – conforme o caso concreto.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubsistente, praticado num único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa na forma comissiva, quando plurissubsistente e
comissivo.
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Condutas equiparadas
“§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que
sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta
por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo,
marítimo ou fluvial.”
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Contrabando
“Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”

O objeto é mercadoria proibida. É o denominado contrabando próprio.


STF: “Cigarros. Contrabando. Artigo 334 do Código Penal. Constituição
definitiva crédito tributário. Desnecessidade. 1. A conduta engendrada pelo
paciente – importação clandestina de cigarros – configura contrabando, e
não descaminho. Precedentes. 2. Desnecessária a constituição definitiva do
crédito tributário na esfera administrativa para configuração dos crimes de
contrabando e descaminho. Precedentes. 3. Agravo regimental conhecido e
não provido” (HC 125847 AgR-PR, 1.ª T., rel. Rosa Weber, 05.05.2015, m.v.).

Se funcionário público, é o crime do art. 318 do CP.

Norma penal em branco: a proibição deve ser captada em outras leis,


havendo, pois, necessidade de complementar o conteúdo da norma do art. 334-A.

Princípio da insignificância no contrabando: é aplicável, com cautela. Para


quase todas as figuras típicas incriminadoras, torna-se perfeitamente amoldável o
denominado crime de bagatela, quando a ofensa ao bem jurídico tutelado é pífia.

Princípio da especialidade: quando houver lei específica regulando a


importação ou exportação de mercadoria proibida – como é o caso da Lei 11.343/2006
(drogas) –, aplica-se a lei especial em detrimento do art. 334-A.

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 Sujeito ativo – qualquer pessoa. Se funcionário público, é o crime do art. 318 do
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 Sujeito passivo – O sujeito passivo é o Estado.
 Elemento subjetivo do tipo – é o dolo.
 Objeto material – a mercadoria proibida.
 Bem jurídico tutelado – a Administração Pública, nos interesses material e
moral.
 NÃO HÁ PREVISÃO DE MODALIDADE CULPOSA

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 Formal – crime que delito que não exige resultado naturalístico, consistente
no efetivo recebimento do suborno.
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– implica uma ação. Mas, pode ser por omissão também, quando o agente
tem o dever de evitar o resultado – art. 13, do CP.
 Instantâneo – cuja consumação não se prolonga no tempo, dando-se em
momento determinado.
 Unissubsistente, praticado num único ato;
 Plurissubsistente, praticado mediante mais de um ato;
 Admite tentativa na forma comissiva, quando plurissubsistente e
comissivo.
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Contrabando por assimilação
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou
autorização de órgão público competente;
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela
lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo,
marítimo ou fluvial.

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 Dos crimes praticados por particular contra a administração pública estrangeira –
(arts. 337-B – 337-D, do CP);

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TED: Leitura, na doutrina e no Código Penal, dos artigos 337-B – 337-D do CP.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988;

Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União,


Rio de Janeiro, 31 de;

NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. Disponível em: Minha


Biblioteca, (21st edição). Grupo GEN, 2021.

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