Você está na página 1de 45

DOS CRIMES

CONTRA
ADMINSTRAÇ
ÃO PÚBLICA
PROF.: LISDEILI NOBRE
REDE UNIFTC
PECULATO
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:

Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.

§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Peculato Culposo

§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena – detenção, de três meses a um ano.

§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,


extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Conceito
O peculato é um tipo penal complexo por natureza, pois representa
variadas formas de infrações patrimoniais contra a administração
pública. Há o peculato-apropriação, descrito em primeiro plano, no
caput. Equivale ao crime de apropriação indébita (art. 168, CP).

A segunda forma é o PECULATO-DESVIO, em proximidade, também,


com a apropriação. Adquire denominação própria pelo fato de ser cometido
por sujeito ativo qualificado (funcionário público). Exige-se, para a sua
configuração, o ânimo de tomar, para si ou para outrem, qualquer bem
móvel de que tem a posse em razão do cargo ocupado
Por isso, se houver o chamado PECULATO DE
USO não se configura o fato típico previsto no art.
312. Trata-se da utilização indevida de algum bem ou
recurso da administração, sem autorização, mas
igualmente sem a intenção de apossamento ou desvio
definitivo (ex.: usar um veículo oficial para fazer
compras particulares num supermercado). Ilícito penal
não é, mas pode configurar improbidade
administrativa.
SUJEITOS ATIVO E
PASSIVO
O SUJEITO ATIVO somente pode ser o funcionário público,
nos precisos termos do art. 327 do CP (“considera-se
funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública”).

O SUJEITO PASSIVO é o Estado; secundariamente, a


entidade de direito público ou o particular prejudicado
(consultar o art. 327, § 1º, CP). Lembre-se que a condição
de funcionário público é elementar do tipo (compõe o tipo
básico), portanto comunica-se ao coautor ou partícipe que
dela tenha conhecimento, aplicando-se o disposto no art.
30 do CP.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o DOLO.
Exige-se o elemento subjetivo específico, consistente na vontade de se
apossar, definitivamente, do bem, em benefício próprio ou de terceiro.
E, quanto à sua vontade de apossar-se do que não lhe pertence, não
basta o funcionário alegar que sua intenção era restituir o que retirou
da esfera de disponibilidade da Administração, devendo a prova ser
clara nesse prisma, a fim de se afastar o ânimo específico de
aproveitamento, tornando atípico o fato.
CLASSIFICAÇÃO
Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que somente pode ser cometido por
sujeito ativo qualificado ou especial);
material (crime que exige, para sua consumação, resultado naturalístico,
consistente no efetivo benefício auferido pelo agente nas duas figuras);
DE FORMA LIVRE (pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente);
comissivo (os verbos implicam ações); instantâneo (cuja consumação não se
prolonga no tempo, dando-se em momento determinado);
unissubjetivo (aquele que pode ser cometido por um único sujeito), nas formas
dolosas, porém plurissubjetivo (crime que exige pelo menos duas pessoas) na
modalidade culposa; plurissubsistente (delito cuja ação é composta por vários
atos, permitindo-se o seu fracionamento); admite tentativa.
Peculato FURTO
A conduta, nessa hipótese, é subtrair (tirar de quem tem a posse ou a
propriedade), não se exigindo, portanto, que o funcionário tenha o bem sob sua
guarda, o que é necessário para a figura do caput. Por isso, a doutrina classifica o §
1º como peculato-furto ou peculato impróprio.

A forma descrita no § 1º é o denominado peculato-furto, visto equivaler à figura do


art. 155 do Código Penal. É imprescindível que a subtração se concretize em
virtude da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário; do
contrário, configura-se o mero furto.
Peculato FURTO
Aliás, nesse cenário, todas as pessoas que auxiliarem o funcionário público a
praticar a figura do art. 312 do Código Penal, mesmo não sendo servidores
públicos, incidirão no crime de peculato. Trata-se da aplicação do disposto pelo art.
30 do Código Penal (as condições e circunstâncias pessoais do agente transmitem-
se aos coautores e partícipes).
Note-se, ainda, que o tipo penal prevê outra hipótese, que é concorrer para que
seja subtraído, dando mostra que considera conduta principal o fato de o
funcionário colaborar para que outrem subtraia bem da Administração Pública.
Peculato CULPOSO
É figura a ser preenchida por meio do elemento subjetivo culpa, isto é,
imprudência, negligência ou imperícia. A figura denominada peculato culposo,
prevista no § 2º do art. 312 do CP, não passa da participação culposa em ação
dolosa alheia. Noutros termos, não é uma autêntica conduta ativa culposa, em
relação à qual o agente retiraria bens da administração, movido pela imprudência.
Seria, de fato, estranho, pois inexiste furto, apropriação indébita ou estelionato
culposo. Enfim, cuida-se da CRIAÇÃO DA FIGURA DO GARANTE (art.
13, § 2º, a, CP); deve o servidor ficar atento e não permitir que terceiro se aproprie,
desvie ou subtraia bens sob guarda da administração. Se a sua omissão culposa
contribuir para o crime de outrem, incide a figura do § 2º.
EXTRAVIO,
sonegação ou
inutilização de
livro ou
documento
Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou
Documento

Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de


que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
inutilizá-lo, total ou parcialmente:

Pena – reclusão, de um a quatro anos, se o fato não


constitui crime mais grave.
CONCEITO
EXTRAVIAR é fazer com que algo não chegue ao seu destino; SONEGAR significa ocultar ou tirar
às escondidas; inutilizar é destruir ou tornar inútil são as condutas típicas, cujos objetos são o
livro oficial e documentos.
LIVRO OFICIAL é o livro criado por força de lei para registrar anotações de interesse para a
Administração Pública. “Os livros oficiais de que fala a lei são: a) todos aqueles que, pelas leis e
regulamentos, são guardados em arquivos da Administração Pública com a nota de que assim se
devem considerar; b) todos os que, embora aparentemente possam conter fatos que, a juízo do
funcionário que os guarda, não apresentam a característica de oficialidade, lhe são confiados como
se a tivessem.” Infelizmente, esse artigo caminha para não ser mais utilizado, caso não seja
modificado. Quanto ao termo documento, como se pode ver no próximo parágrafo, é adaptável à
modernidade. No entanto transformar a palavra livro em computador, por exemplo, é exagerado e
inviável, em face do princípio da legalidade.
CONCEITO
Documento é qualquer escrito, instrumento ou papel, de
natureza pública ou privada, em visão tradicional.
Entretanto, atualmente, trata-se de qualquer suporte
material apto a registrar dados ou informes e até
manifestações de vontade, que possuam relevância
jurídica ou com o fim de produzir prova. Se, antes,
falava-se apenas em papel, hoje, devem-se incluir CD,
DVD, pen drive, disco rígido etc.
SUJEITO ATIVO E PASSIVO
O sujeito ativo é somente o funcionário público.

O sujeito passivo é o Estado; secundariamente, a


entidade de direito público ou outra pessoa
prejudicada.
Elemento
subjetivo
É o dolo. Não se exige elemento subjetivo
específico, nem se pune a forma culposa
Objetos material
e jurídico
O objeto material é o
livro oficial ou outro
documento.

O objeto jurídico é a
Administração Pública
(nos enfoques
patrimonial e moral).
Classificação

Próprio Material Forma livre Comissivo

Instantâneo Dano Unissubjetivo Plurissubsistente


Emprego IRREGULAR DE VERBAS ou
rendas públicas
Dar aplicação significa empregar ou utilizar. O objeto da conduta são as verbas ou rendas
públicas. O agente destina essas verbas ou rendas para aplicação DIVERSA DA
FIXADA EM LEI.
Verba pública é a dotação de quantia em dinheiro para o pagamento das despesas do
Estado; renda pública é qualquer quantia em dinheiro legalmente arrecadada pelo Estado.

O funcionário tem o dever legal de ser FIEL ÀS REGRAS ESTABELECIDAS


pela Administração para aplicar o dinheiro público – logo, não havendo exigência, para esse
delito, de elemento subjetivo específico, isto é, o objetivo de prejudicar o Estado, qualquer
desvio serve para a configuração do crime.
Sujeitos ativo e passivo

O sujeito ativo é o funcionário público, cuja função


é a manipulação da verba ou renda pública.

O sujeito passivo é o Estado; secundariamente, a


entidade de direito público prejudicada
Elemento subjetivo

É o DOLO.
Não se exige elemento subjetivo
específico, nem se pune a forma culposa.
Objetos material e jurídico
• O objeto material é a verba ou a renda pública. O objeto jurídico é a
Administração Pública, em seus interesses patrimonial e moral.
CLASSIFICAÇÃO

Próprio Material Forma livre Comissivo

Instantâneo Dano Unissubjetivo Plurissubsistente


Concussão e
excesso de
exação
Concussão

Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Excesso de Exação

§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa.

§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
cofres públicos:

Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.


Conceito
Exigir significa ordenar ou demandar, havendo aspectos nitidamente impositivos e
intimidativos na conduta, que não precisa ser, necessariamente, violenta, porém há de
conter uma forma de ameaça. Não deixa de ser uma espécie de extorsão, embora
colocada em prática por funcionário público. O objeto da conduta é uma vantagem
indevida.

Quanto aos modos de atuação, é possível a configuração do delito caso o agente atue
diretamente (sem rodeios e pessoalmente) ou fazendo sua exigência de modo indireto
(disfarçado ou camuflado ou por interposta pessoa).

Quanto ao conceito de vantagem indevida, pode ser qualquer lucro, ganho, privilégio ou
benefício ilícito, ou seja, contrário ao direito, ainda que ofensivo apenas aos bons
costumes.
O tipo é explícito ao exigir que o agente se valha de sua função para demandar a
vantagem indevida. Pode ele se encontrar fora da função (suspenso ou de licença),
não ter, ainda, assumido suas atividades (nomeado, mas não empossado) ou já
estar em pleno desenvolvimento de sua função. Entretanto, em qualquer caso, é
indispensável que reclame a vantagem invocando sua atividade profissional.
SUJEITOS ATIVO E PASSIVO
O sujeito ativo é somente o funcionário público.

O sujeito passivo é o Estado; secundariamente, a entidade de direito público ou a


pessoa diretamente prejudicada.
Elemento subjetivo
É o dolo. Exige-se elemento subjetivo específico, consistente em
destinar a vantagem para si ou para outra pessoa. Não existe a forma
culposa.
Objetos material
e jurídico
O objeto material
é a vantagem
indevida. O
objeto jurídico é a
Administração
Pública (aspectos
material e moral).
CLASSIFICAÇÃO

Próprio Formal Forma livre Comissivo

Unissubsistente
Instantâneo Dano Unissubjetivo ou
plurissubsistente
Excesso de exação
No § 1º, encontra-se o crime de excesso de exação, visto que este último termo significa a cobrança
pontual de tributos. Portanto, o que este tipo penal tem por fim punir não é a exação em si mesma,
mas o seu excesso, sabido que o abuso de direito é considerado ilícito.
Assim, quando o funcionário cobra tributo além da quantia efetivamente devida, comete o excesso
de exação.
Há duas formas para compor o excesso de exação:
a) exigir (demandar, ordenar) o pagamento de tributo ou contribuição social indevidos;
b) empregar (dar emprego ou usar) meio vexatório na cobrança. Tributo é um pagamento em
dinheiro referente aos custos representados pela administração pública. São espécies de tributos:
impostos, taxas e contribuições de melhoria. O termo indevido evidencia que o tributo ou a
contribuição social cobrados hão de ser impróprios, vale dizer, de exigência ilícita, seja porque a lei
não autoriza que o Estado os cobre, seja porque o contribuinte já os pagou, seja, ainda, porque
estão sendo demandados em valor acima do correto. Sob outro prisma, ainda pertencente ao
excesso de exação, há o meio vexatório ou gravoso.
Meio vexatório
Meio vexatório é o que causa vergonha ou ultraje; gravoso é o meio oneroso ou opressor.
É natural que o Estado não possa aceitar – nem fazer – uma cobrança vexatória ou gravosa,
parecendo supérfluo mencionar, na parte final do tipo, a expressão “que a lei não autoriza”.
Seria inconstitucional se o fizesse, isto é, se lei autorizasse vexar ou oprimir o contribuinte.
Entretanto, foi melhor constar, a fim de não autorizar o entendimento de que o vexame ou
o gravame seriam analisados do ponto de vista de quem contribui. Em verdade, verifica-se
se o tributo ou a contribuição estão sendo corretamente cobrados de acordo com a lei,
ainda que possa parecer a quem paga gravoso demais, por exemplo. Trata-se de norma
penal em branco, pois é preciso consultar os meios de cobrança de tributos e
contribuições, instituídos em lei específica, para apurar se está havendo excesso de exação.
Excesso de exação qualificado
Quando o funcionário desviar (alterar o destino original) para si
ou para outrem o que recebeu indevidamente (aceitar em
pagamento sem previsão legal), pratica a figura qualificada do
delito previsto no § 2º. O recolhimento, apesar de indevido,
destina-se, sempre, aos cofres públicos, uma vez que se trata de
exação (cobrança de impostos).

As duas figuras (caput e § 2º) possuem, além do dolo, o


elemento subjetivo específico. Para o caput, é a vontade de
destinar a vantagem a si ou a outra pessoa. Quanto ao § 2º, é o
intuito de praticar a conduta em proveito próprio ou de outrem.
O excesso de exação não demanda elemento subjetivo
específico; o tipo menciona apenas que, para a primeira
conduta, admite-se dolo direto e indireto, mas para a segunda,
que não repetiu a fórmula (“sabe” ou “deveria saber”), só dolo
direto.
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:
Corrupção passiva
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.

§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração


de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.


CONCEITO
SOLICITAR significa pedir ou requerer; receber quer dizer aceitar em
pagamento ou simplesmente aceitar algo. A segunda parte do tipo penal prevê a
conduta de aceitar promessa, isto é, consentir em receber dádiva futura.
Classifica a doutrina como corrupção própria a solicitação, recebimento ou
aceitação de promessa de vantagem indevida para a prática de ato ilícito,
contrário aos deveres funcionais, bem como de corrupção imprópria, quando a
prática se refere a ato lícito, inerente aos deveres impostos pelo cargo ou função.

A VANTAGEM INDEVIDA pode ser qualquer lucro, ganho, privilégio ou


benefício ilícito, ou seja, contrário ao direito, ainda que ofensivo apenas aos bons
costumes.
A corrupção poderia ser constituída por um tipo único,
onde incidisse tanto a conduta de quem corrompe
quanto a ação de quem é corrompido. Porém, optou o
legislador pela EXCEÇÃO PLURALÍSTICA à
teoria monística, vale dizer, em lugar de se ter um só
delito, criou-se a figura típica para o corruptor (art. 333,
CP) e a outra para o corrompido (art. 317, CP).
Podem ser invocadas razões de ordem didática, a apontar com clareza a atitude de cada
um dos dois lados da mesma moeda (corrupção), como também o aspecto técnico,
mantendo-se no art. 317 os crimes cometidos por funcionários públicos contra a
administração e no art. 333 os delitos cometidos por particulares contra a administração.
Não significa que, para a punição do corruptor, haja obrigatoriedade de punir o corrupto;
tampouco que para a punição deste exige-se a apenação do outro. Pode, inclusive, haver
corrupção passiva, sem a correspondente corrupção ativa (ex.: o funcionário recebe um
presente após ter realizado um ato de ofício, mas não houve nenhuma promessa de
vantagem antes da conduta).
Sujeitos ativo e passivo

O sujeito ativo é somente o


funcionário público.

O sujeito passivo é o Estado;


secundariamente, a entidade de
direito público ou a pessoa
prejudicada.
Elemento subjetivo

É o dolo. Exige-se elemento


subjetivo específico,
consistente na vontade de
praticar a conduta “para si
ou para outrem”.
Não há a forma culposa.
Objetos material e jurídico
O objeto material é a vantagem indevida. O objeto jurídico é a
Administração Pública (aspectos patrimonial e moral).

A pessoa que fornece a vantagem indevida pode estar preparando o


funcionário para que, um dia, dele necessitando, solicite algo, mas nada
pretenda no momento da entrega do mimo. Ou, ainda, pode
presentear o funcionário, após ter este realizado um ato de ofício.
Cuida-se de corrupção passiva do mesmo modo, pois fere a moralidade
administrativa, sem que se possa sustentar (por ausência de elementos
típicos) a ocorrência da corrupção ativa.
Consumação
A corrupção passiva é crime instantâneo, consumando-se no exato
momento em que ocorre a solicitação ou a percepção, pelo
funcionário, da vantagem indevida.

Não é preciso que o corruptor entregue a vantagem ao funcionário


para a prática ou omissão de ato de ofício naquele momento.
Concurso de pessoas
O Código Penal, mais uma vez, abriu exceção à teoria unitária do crime
(ou monista), criando outra figura típica (art. 333) para a pessoa que
corrompe o funcionário. Assim, o particular que dá a vantagem
indevida, em lugar de responder como partícipe do delito de corrupção
passiva, comete o crime de corrupção ativa.
Entretanto, pode o fornecedor do presente ao funcionário ser punido
como partícipe do delito de corrupção passiva, caso o mimo seja
fornecido após a prática do ato funcional ou sem que haja a promessa
de realização de ato de ofício, pois não há caracterização do
crime de corrupção ativa.
Causa de aumento da pena
No § 1º, há o aumento da pena. Eleva-se em um terço a pena do
agente que, em razão da vantagem recebida ou prometida,
efetivamente retarda (atrasa ou procrastina) ou deixa de praticar (não
leva a efeito) ato de ofício que lhe competia desempenhar ou termina
praticando o ato, mas desrespeitando o dever funcional.
É o que a doutrina classifica de corrupção exaurida. De fato, tendo em
vista que o tipo penal é formal, isto é, consuma-se com a simples
solicitação, aceitação da promessa ou recebimento de vantagem,
mesmo que inexista prejuízo material para o Estado ou para o
particular, quando o funcionário atinge o resultado naturalístico exaure-
se (esgota-se) o crime.

Você também pode gostar