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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Corrupção passiva

Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Características:

Crime doloso com especial fim de agir.

Admite tentativa.

Crime de ação penal pública incondicionada.

Crime formal.

Classificações doutrinárias da corrupção passiva

• Corrupção passiva própria vs corrupção passiva imprópria.

– Própria: finalidade de praticar ato injusto ou ilícito.

– Imprópria: visa a prática de ato legítimo.

• Corrupção passiva antecedente vs corrupção passiva subsequente.

– Antecedente: em razão de uma ação futura.

– Subsequente: recompensa por um fato já ocorrido.

• Corrupção passiva política vs corrupção passiva administrativa.

– Política: se for praticada por um agente político.

– Administrativa: se for praticada por um funcionário púbico comum.

Pequenas doações e presentes entregues a funcionários públicos configura o crime de


corrupção passiva?
1ª Corrente – Não, pois aplica-se o princípio da insignificância. • Esta corrente vai de encontro à
Súmula 599 do STJ.
2ª Corrente – Não, pois há ausência de dolo por parte do funcionário público. • Corrente majoritária.
3ª Corrente – Sim, pois o funcionário público deve se eximir a obter qualquer tipo de vantagem
indevida no exercício da função.

Fonte: Gran Cursos Online


É possível a prática de corrupção passiva sem que haja corrupção ativa?
Sim, se o particular não concordar com a solicitação da vantagem indevida pelo funcionário público.
Entretanto, no que tange aos verbos “receber” e “aceitar promessa”, a corrupção passiva pressupõe
a corrupção ativa.
CP, Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Regra adotada pelo Código Penal no concurso de pessoas: Teoria monista ou unitária
CP, Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade.
Exceção pluralística: Os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa são uma exceção
pluralística à teoria monista. Não haverá concurso de pessoas, os tipos penais são distintos.

Corrupção passiva exaurida


Art. 317 – (...) § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo
dever funcional.
O funcionário pratica de fato o ato para o qual tinha recebido vantagem indevida.
Atenção!!! § 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aqui temos a Corrupção passiva privilegiada. Não há vantagem indevida pelo funcionário público.
Não confundir com a prevaricação.

Corrupção passiva privilegiada vs Prevaricação


Corrupção passiva privilegiada: Art. 317, § 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena –
detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Prevaricação: Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena –
detenção, de três meses a um ano, e multa.

Facilitação de contrabando ou descaminho

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art.
334):

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Aqui temos também uma exceção pluralística.


Fonte: Gran Cursos Online
Competência na Justiça Federal
O contrabando e o descaminho terão competência na Justiça Federal e serão apurados em regra
pela Justiça Federal. Logo, a facilitação do contrabando e do descaminho também terá competência
na Justiça Federal.

Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena – detenção, de três meses
a um ano, e multa. → todos os institutos da Lei n. 9.099.
Retardar e deixar de praticar – crimes omissivos próprios. Em omissão não é admitido tentativa.
Praticar – crime comissivo. Admite tentativa.
Ato ofício – todo e qualquer ato de competência ou atribuição da função ou cargo público.
Interesse – qualquer proveito ou vantagem indevida.
Sentimento pessoal – amor, ódio, vingança, ciúme.
Obs.: No crime de corrupção passiva há o envolvimento de um terceiro.
A prevaricação é um crime que somente pode ser cometido com dolo específico. Crime formal, de
ação penal pública incondicionada, crime de mão própria (a conduta não pode ser delegada a
terceiro).

Curiosidades!!!
Quando o ato omitido ou retardado não é de competência do funcionário público...
Ato de ofício não praticado por mera desídia (preguiça), uma vez que não representa, por si só,
uma satisfação de interesse ou sentimento pessoal (STJ, HC 390950/SP, julgado em 16/05/2017).
Qual crime comete o funcionário público que descumpre ordem ou mandado judicial?

Prevaricação trazida pela Lei n. 11.466/2007. Também chamado de prevaricação imprópria.


Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Crime doloso. Omissivo próprio (não é cabível a tentativa). Crime de ação penal pública
incondicionada, crime formal.

Condescendência criminosa
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Obs.: a condescendência criminosa só pode ocorrer no âmbito de uma infração praticada pelo
subordinado, no âmbito da Administração Pública, no exercício do seu cargo.

Fonte: Gran Cursos Online


Advocacia administrativa
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário: Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo: Pena – detenção, de três meses a um ano, além da
multa.

Violência arbitrária
Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena – detenção, de
seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.

Lei n. 13.869/2019 Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou
redução de sua capacidade de resistência, a:
I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
Portanto, se houver uma violência arbitrária com essas finalidades, haverá abuso de autoridade.
Entretanto, tratando-se de uma mera violência arbitrária sem que tenha uma dessas finalidades,
aplica-se o art. 322 do Código Penal.

Fonte: Gran Cursos Online

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