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Crimes contra a administração pública

Crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral


Peculato
1) Peculato – quando o funcionário público se apropria de dinheiro, valor ou outro
bem móvel, público ou particular, de que tem posse em razão do cargo. O
peculato só pode ser praticado por funcionário público, em proveito de sua
função, se apropriando de bem móvel, seja ele público ou particular, dinheiro,
valor, quando se vê em posse destes. É o que ocorre quando um agente policial
subtrai para si algum bem que encontrou durante apreensão, registrando um
número menor de bens ao final. A pena de peculato se aplica da mesma forma se
o funcionário público, embora não tenha posse do bem, o subtrai ou concorre
para que seja subtraído (ou seja, participa do conjunto de atos que levam à
subtração do bem, se valendo de sua condição de funcionário público) em
proveito próprio ou alheio. Assim, mesmo que o bem não seja para o funcionário
público e que ele não o tenha em sua posse ou mesmo que não tenha participado
sozinho do ato, ele incorre na mesma pena. Reclusão de 2 a 12 anos, além de
multa.
2) Peculato culposo – o mesmo que o anterior, mas quando o funcionário público,
na figura de garantidor, deixa de praticar atos, culposamente, ou os pratica sem
dolo, em proveito de crime de outrem. Caso a reparação do dano provindo de
peculato culposo preceda sentença irrecorrível, fica extinta a punibilidade. Caso
a reparação seja posterior à sentença irrecorrível, reduz em metade a pena
imposta. Então, caso o funcionário público incorra em peculato culposo (quando
não há dolo) ele tem até a sentença irrecorrível para reparar o dano e extinguir a
punibilidade. Caso o faça depois, reduz em metade sua pena. Detenção de 3
meses a 1 ano.
3) Peculato mediante erro de outrem – quando o funcionário público se apropria de
valor, bem, por erro de outro: ele não praticou atos para obter a posse do valor,
da mesma forma que os valores não caíram em sua mão por qualquer ato
regular: eles chegaram até ele por erro, sabido que era erro. A pena é de 1 a 4
anos de reclusão, além de multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações
1) Funcionário público insere ou facilita a inserção de dados falsos ou altera ou
exclui indevidamente dados corretos nos sistemas ou bancos de dados, com o
fim de obter vantagem indevida para si ou outrem ou somente causar dano. O
artigo prevê que inserção de dados falsos ou facilitação são crimes, mas também
alterar ou excluir indevidamente dados corretos também são crimes, seja para
obter vantagem para si ou outrem ou somente para causar dano. A pena é de 2 a
12 anos.
2) Funcionário público modifica ou altera o sistema ou programa de informática ou
informações sem autorização ou solicitação da autoridade competente. Diferente
do tipo penal anterior, que prevê inserção, alteração ou exclusão de dados, esse
trata da alteração do sistema ou programa. Caso de pena de 3 meses a 2 anos.
Contudo, havendo dano à administração pública – o que seria previsível, já que
ninguém faz isso de onda – a pena se aumenta de um terço a metade.
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
1) Quando o funcionário público extravia livro oficial ou documento, que tem
guarda em razão de sua função pública. Quando o sonega ou inutiliza, total ou
parcialmente. Perceba que aqui não se fala em vantagem. Caso o funcionário
público tenha responsabilidade sobre o livro ou documento e o extravie, sonegue
ou inutilize, total ou parcialmente, com dolo, ele incorrerá no crime, cuja pela de
reclusão é de 1 a 4 anos, se o fato não constituir crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
1) Aplicar verba ou renda pública de maneira diversa da prevista em lei, detenção
de 1 a 3 meses ou multa.
Concussão
1) Exigir para ou si ou outra pessoa, direta ou indiretamente, mesmo que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. A
concussão possui alguns aspectos específicos. Primeiro o verbo: ele pede uma
exigência, que o funcionário público exija uma vantagem, direta ou
indiretamente. Da mesma forma, a concussão admite que o funcionário público
não realize esta exigência durante a função, nem que ele já seja funcionário, mas
esteja próximo de ser, mas que a exija em razão da função. Da mesma forma, a
vantagem precisa ser indevida. A pena é de reclusão de 2 a 12 anos e multa.
2) Excesso de exação – elencado nos parágrafos do art. 316 da concussão. Ocorre
quando o funcionário exige tributo ou contribuição que sabe ou deveria saber
indevido, além de cobrar por meio vexatório ou gravoso, não autorizado em lei.
Digamos que o agente vai cobrar um tributo ou contribuição que sabe que não é
devida pela pessoa ou pelo menos deveria saber não ser ou, ainda, quando cobra
devidamente, mas por meio vexatórios, gravosos ou não previstos em lei.
Reclusão de 3 a 8 anos e multa. Se ele desvia o valor em proveito próprio ou de
outrem, a reclusão é de 2 a 12 anos e multa.
Corrupção passiva
1) O funcionário público solicita ou recebe para si ou outro, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida ou aceita promessa de tal vantagem. A diferença da
concussão é a seguinte: enquanto na concussão o agente exige, aqui ele solicita
ou recebe. O tipo penal é menos ativo que o anterior. Aqui se observa, também,
a ideia do funcionário estar atuando fora do seu local de trabalho, fora da função,
ou ainda que não seja um funcionário público ainda, mas que tente a vantagem
em função da disto. Novamente, a vantagem precisa ser indevida. Mas aqui, o
crime de corrupção passiva se configura também no momento em que se aceita
promessa de vantagem. Tirando a figura do solicitar, ele pode também receber
ou aceitar promessa de vantagem, duas figuras passivas. A reclusão é de 2 a 12
anos.
2) Se em consequência da vantagem ou promessa o funcionário retarda ou deixa de
praticar ato de ofício ou pratica infringindo dever funcional, a pena aumenta de
um terço. Ou seja, além da vantagem obtida pela corrupção passiva, se o agente
retarda um ato ou deixa de praticar um ato ou pratica infringindo dever
funcional, a pena é de aumentada de um terço.
3) Caso o funcionário pratique ou deixe de praticar ou retarda ato de ofício, em
infração do dever funcional, cedendo a pedido ou influência alheia, ele sofre
detenção de 3 meses a 1 ano ou multa.
Facilitação do contrabando ou descaminho
1) Quando o funcionário, cometendo infração contra seu dever, facilita
contrabando ou descaminho. Reclusão de 3 a 8 anos.
Prevaricação
1) Retardar ou deixar de praticar ato de ofício ou praticar contra disposição
expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Esta última
parte é importante: deve ser por interesse ou sentimento pessoal. Detenção de 3
meses a 1 ano.
2) Quando o diretor de penitenciária ou agente público deixa de cumprir dever de
vedar ao preso o acesso a aparelhos de comunicação. Detenção de 3 meses a 1
ano.
Condescendência criminosa
1) Quando, por indulgência, o funcionário público deixa de responsabilizar o
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando não tiver
competência para tanto, deixa de notificar as autoridades competentes. Pena de
detenção de 15 dias a 1 mês ou multa.
Advocacia administrativa
1) Quando funcionário público patrocina interesse privado dentro da administração
pública, auxiliando de alguma forma. Detenção de 1 a 3 meses ou multa. Caso o
interesse seja ilegítimo, a pena aumenta para 3 meses a 1 ano.
Violência arbitrária
1) Praticar violência no exercício da função ou a seu pretexto. Pena de detenção de
6 meses a 3 anos, além da pena correspondente à violência (concurso de crimes).
Abandono de função
1) Quando o funcionário abandona o cargo fora dos casos permitidos em lei, sob
pena de detenção de 15 dias a 1 mês ou multa. Se o fato resulta em prejuízo
público, a detenção é de 3 meses a 1 ano e multa. Se o abandono de função
ocorre em faixa de fronteira, a detenção é de 1 a 3 anos e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
1) Quando o funcionário começa a atuar antes do autorizado ou quando continua a
exercer sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado,
removido, substituído ou suspenso. A pena é de detenção de 15 dias a 1 ano.
Violação do sigilo funcional
1) Revelar ou facilitar obtenção de informações que tem em razão do cargo que
deveriam permanecer em segredo. 6 meses a 2 anos, se o fato não constitui
crime mais grave.
2) Da mesma forma incorre quem permite ou facilita, atribuindo, fornecendo ou
emprestando senha ou outra forma de acesso a pessoas não autorizadas em
sistema de informação ou banco de dados da administração pública ou quem
utiliza indevidamente o acesso restrito.
3) Caso haja dano à administração pública, a pena é de 2 a 6 anos e multa.
Violação do sigilo de proposta de concorrência
1) Violar sigilo das propostas de licitação pública na modalidade de concorrência
ou facilitar que terceiro o viole. Pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

Se considera funcionário público em todos os casos aqui quem, mesmo que


temporariamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública,
mesmo em entidade paraestatal, em empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para execução de atividade típica da administração pública.

Todas as penas aumentam de um terço quanto os autores forem ocupantes de cargos


comissionados ou funções de direção ou assessoramento de órgão da administração
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação pública.

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