Você está na página 1de 3

Disciplina: Direito Penal Especial

Professor(a): Denis Pigozzi


Aula: 06| Data: 05/08/2021

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TÍTULO XI - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Capítulo I - Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral

TÍTULO XI - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Capítulo I - Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral

۰ Corrupção Passiva, artigo 317, CP

“Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da


vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de


ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

A corrupção passiva envolve o ato funcional do funcionário público.

Indaga-se: Toda vez que ocorrer o crime de corrupção passiva (art. 317, CP) praticado pelo funcionário público
haverá o delito de corrupção ativa? Não, pois quando a iniciativa da conduta for do funcionário público
(solicitar),independentemente se ocorrer ou não o pagamento dessa vantagem, só temos o crime de corrupção
passiva.

Por outro lado, quando a iniciativa da conduta for do particular, ou seja, quando oferece ou promete vantagem
indevida e o funcionário público a recebe ou aceita promessa de tal vantagem, temos, respectivamente, a prática
da vantagem de corrupção ativa (particular) e corrupção passiva (funcionário público).

CARREIRAS FISCAIS
Damásio Educacional
É lógico que se o funcionário público se negar a receber ou a aceitar promessa de tal vantagem indevida
(vantagem pode ser de qualquer natureza) só temos o crime de Corrupção Ativa.

Consumação: Praticando qualquer um dos três verbos o crime já está consumado e a realização de mais de um
verbo nuclear sobre a mesma vantagem importa no cometimento de um único crime (tipo misto alternativo ou
crime de ação múltipla ou de conteúdo variado).

O crime é formal nas três condutas (solicitar, receber ou aceitar promessa) porque o resultado do crime é o que o
funcionário público vai fazer ou deixar de fazer (é a contrapartida do funcionário – ação/omissão). Porém, não se
exige a ocorrência desse resultado para a consumação do delito.

Tentativa: A tentativa apenas será possível se a conduta se der por escrito, por uma carta e esta é extraviada
antes de chegar ao destinatário.

Observação
É possível ocorrer prisão em flagrante no momento do recebimento da vantagem porque se trata de conduta
típica.

Causa de aumento de pena: A causa de aumento de pena encontra-se previsto no artigo 317, parágrafo 1º, CP: A
pena da corrupção passiva é aumentada em 1/3 se o funcionário retardar ou deixa de praticar qualquer ato de
ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Em outras palavras, se o funcionário público fizer a parte dele
(resultado naturalístico) o crime tem sua pena aumentada.

“Art. 317, § 1º, CP - A pena é aumentada de um terço, se, em


consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.”

Corrupção Passiva Privilegiada, artigo 317, parágrafo 2º, CP

“Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de


ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
multa”.

Nessa corrupção passiva privilegiada, o funcionário público deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem (o funcionário não visa vantagem
indevida), sendo crime material, pois só se consuma quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
ato de ofício.

Página 2 de 3
Importante! Se a questão for tributária ou fiscal, temos a prática do crime funcional contra a ordem tributária do
3º, inciso II, da Lei 8.137/1990.

“Art. 3°, Lei 8.137/1990 - Constitui crime funcional contra a ordem


tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou
contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.”

A Concussão (verbo: exigir) e a Corrupção Passiva (solicitar, receber e aceitar promessa) são unidas no mesmo
tipo penal.

Página 3 de 3

Você também pode gostar