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ESCOLA CLÁSSICA (von Liszt e Beling) - sistema de tipo indiciador, objetivo e descritivo.
● AÇÃO - basta uma voluntariedade formal do comportamento, independentemente da
vontade se dirigir à espécie de ação desenhada legalmente. Assim, o conteúdo concreto
da vontade era algo que não impediria a qualidade de ação do facto1, tendo em conta que
a vontade é uma causa de movimentos corpóreos numa perspetiva naturalística;
➔ Ação Causal - a ação era uma expressão corporal associada a uma modificação
do mundo exterior comandada pela vontade (MFP - o comportamento humano
tem como base uma enervação neuromuscular que permite alterar/causar uma
modificação do mundo exterior) - naturalista, causal, descritiva e objetiva;
➔ MFP - crime enquanto comportamento voluntário, dominado ou dominável pela
vontade, implicando uma certa compreensão do sentido de voluntariedade do
comportamento;
❖ Ex.: o disparo de uma arma contra alguém, devido a um choque elétrico,
que produziu, no agente, um ato de reflexo, não é matar;
➔ O primeiro juízo de verificação do facto2 bastava-se com uma constatação mínima
de voluntariedade;
➔ Para efeitos de responsabilidade penal, a ação é o elemento externo e objetivo de
um comportamento voluntário;
➔ Omissões - de difícil enquadramento porque falta o momento exterior e causal;
➔ Automatismos - não resolve este problema porque o que está em causa é a lógica
da causalidade, sendo que, a partir do momento em que haja um comportamento
voluntário, teríamos sempre uma ação.
● TIPICIDADE - comanda a ordem das valorações, sendo a ilicitude e a culpa
necessariamente enquadradas aqui;
➔ Beling - inicialmente, este era um verdadeiro elemento do conceito de crime e um
juízo autónomo, sendo que o crime seria a ação correspondente ao facto descrito
na norma, contrário ao Direito e culposo. Aqui, o crime seria um comportamento
externo-objetivo, adequado à descrição do facto na lei penal. Quanto ao tipo, este
era descritivo e objetivo;
➔ 1ª Fase - a tipicidade era uma verificação da correspondência do aspeto
externo-objetivo do facto à lei (tipo descritivo), visto que a constatação da
adequação do facto à lei era um mero juízo de facto sem ponderação valorativa;
❖ Antijuridicidade - momento normativo da afirmação da ilicitude do facto,
surgindo, depois, a culpa, onde se valorariam os momentos subjetivos do
facto (relação de voluntariedade psicológica do autor com o facto);
1
Condição primeira da qualificação de um ao humano como crime.
2
Base de qualificação de um facto como crime.
❖ Binding (Teoria das Normas) - a lei penal não seria, verdadeiramente,
uma norma, sendo apenas uma mera sanção de normas contidas noutros
setores do ordenamento jurídico. Não obstante, a ilicitude penal resultaria
da violação dessas outras normas (caráter secundário e sancionatório).
No entanto, Beling encarava a norma como um elemento
formulado/implícito do ordenamento jurídico geral.
➔ 2ª Fase - aqui, a tipicidade já não seria uma valoração/qualidade do facto
criminoso, passando a ser uma espécie de antecipação das qualidades que
definiriam o crime, passando o tipo a ser objetivo e subjetivo (antecipa a
valoração da culpa - conceção de tipo indiciador);
❖ Tipo - referência necessária de contrariedade ao Direito (quadro legal da
descrição do facto);
❖ Concretização antecipada da ilicitude e da culpa, não um quid autónomo.
➔ Distinção entre tipo indiciador de ilicitude e tipo de ilícito:
❖ Tipo Indiciador de Ilicitude - o primeiro momento para a qualificação do
facto como crime é enquadrar o facto concreto no facto legal, num plano
lógico (não produz verdadeiros juízos de valor). A ilicitude só se analisaria
num segundo momento, sendo a tipicidade a verificação de um indício de
crime;
❖ Tipo de Ilícito - a tipicidade é o indício e a fonte de antinormatividade,
fundamentando, por si, a ilicitude do facto (princípio e fim do juízo
valorativo).
➔ Beling - a qualificação de um facto como crime implica a correspondência entre o
facto descrito legalmente e o facto concreto, sendo a mesma um momento do
juízo global, instrumental do juízo da ilicitude. Assim, este queria alcançar um
método objetivo e rigoroso, para que a definição do caráter criminoso do facto
concreto seja um método científico próximo do utilizado pelas ciências naturais,
sendo que a tipicidade servia esta finalidade.
● ILICITUDE - contrariedade ao Direito do facto, sendo um juízo de desvalor com
dimensão negativa (ex.: o facto concreto de alguém ter produzido a morte de outrem é
proibido);
➔ Beling - a diferença entre tipicidade e ilicitude residia no facto de que, na
primeira, o facto era apenas o tipo legal de crime que se contrapunha ao
acontecimento concreto e, na segunda, o facto é toda a ordem jurídica;
❖ Juízo que implica uma avaliação do confronto do facto com todas as
proibições e permissões que o mesmo suscitaria;
❖ Adequada ao cariz sancionatório e secundário do Direito Penal, inerente à
teoria das normas de Binding.
➔ Valoração Objetiva da Ação - formal e neutra.
● CULPABILIDADE - análise da parte espiritual/psicológica do facto, sendo apenas
analisada na última fase;
➔ Elementos da Culpa:
❖ Dolo - comportamento próximo do comportamento intencional, que pode
ser dolo necessário, direto ou eventual;
❖ Negligência - conjugação da previsibilidade de um certo resultado com a
evitabilidade do mesmo (falta de orientação do comportamento de acordo
com as regras da prudência).
➔ Também incluía as situações de falta de imputabilidade de culpa (incapazes,
menores, anomalia psíquica), sendo a imputabilidade o pressuposto da culpa;
➔ O juízo de culpabilidade seria descritivo, tendo em conta que é a constatação
desses nexos psicológicos, não consubstanciando a valoração verificada na
ilicitude.
● PUNIBILIDADE - factos contextuais que condicionam o interesse punitivo do Estado,
quanto a condutas que seriam crimes (ilícitos culposos), devido às suas características
intrínsecas, mas que não é necessário punir.
➔ Quando estiver associada a condições de punibilidade previstas num tipo legal de
crime, é um momento autónomo e ulterior da qualificação, como é o caso do art.
5º/1, b) e f), CP;
➔ Também tem a função de adaptar/conformar as categorias da ilicitude e da culpa
às exigências político-criminais, como é o caso da carência efetiva de tutela penal
- juízo sem momento certo na qualificação do facto como crime/qualificação
adicional e seletiva de outras qualificações.
FINALISMO FUNCIONALISMO
Parte de uma base ôntica e de uma estrutura ontológica da Não aplica o elemento chave da realidade na estrutura
realidade, a partir do conceito de ação, onde se verifica a ontológica, havendo antes um relacionamento entre
relação da consciência do agente para com o mundo e a ações e normas, necessário para preservar o sistema
questão do controlo do agente sobre o mundo, a partir do social e a sua segurança (têm de se criar ou conceber
qual se têm de construir as normas, relacioná-las e relações estáveis e determinadas, que vão dar
organizá-las. liberdade de responsabilidade aos destinatários das
normas, pressupondo um conceito de ação adequado a
garantir essa estabilização e desenvolvimento).
Quanto à conceção normativa da culpa, esta baseava-se na Quanto ao conceito normativo de culpa, a
violação de um dever de motivação pelas normas, quase culpabilidade não é um facto psíquico nem a ausência
moral/espiritual que pressupõe o dever ideal, valorado do mesmo, mas sim quem quebra a fidelidade ao
Direito.
segundo o critério de censurabilidade e autónomo do dever
de não violação das mesmas, porque o desvalor da ação é a
contrariedade ao dever da ação;
Ser pessoa impõe-se ao próprio Direito. Ser pessoa é ser fiel ao Direito, não se impondo ao
mesmo
Releva os estados mentais e das emoções. Afasta a relevância dos estados mentais e das
emoções.