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Todas as figuras no CP são crimes e justificam a aplicação de determinada pena, dado que são

espécies do mesmo género – o crime – ou seja, são ações dominadas pela vontade (ou nos casos
de negligência, apenas domináveis pela vontade), não justificadas excecionalmente pela
realização de valores juridicamente relevantes, nem desculpáveis por força de um qualquer
estado psicológico de enfraquecimento da determinação da vontade.
O crime é o facto típico, ilícito, culposo e punível, expressando um conjunto de exigências e
uma ordem do juízo na apreciação de tais elementos.

CRIME COMO FACTO


O crime é necessariamente um facto e não apenas uma atitude ou intenção.
O crime tem de possuir uma objetividade indiscutível, onde no mundo exterior se traduza num
juízo afirmativo de verdade, de certeza. Se não houvesse a definição de factos objetivos como
crimes, o princípio da legalidade e da reserva de lei perderiam o seu conteúdo.
Há uma necessidade de consubstanciar um facto objetivado e daí resultam consequências
quanto às modalidades exigidas no comportamento que viola, efetivamente, uma norma penal. É
preciso que uma certa de dada espécie tenha ultrapassado uma fase apenas interna ou de
preparação, e tenha atingido mesmo uma certa realização – art. 22º do CP (atos de execução –
fase de tentativa).
Esta objetividade do facto implica que comportamentos perigosos, mas pré-delitivos, não
admitam legitima defesa dado que não consubstanciam agressões ilícitas – art. 32º do CP – e
não configuram sequer flagrante delito nos termos do art. 256º do CPP.

CRIME COMO AÇÃO


É um comportamento voluntário, dominado pela vontade.
Exemplo: Não é um crime matar uma pessoa cuja arma estava na mão, mas o gatilho foi
pressionado por uma máquina.

Para afirmarmos que determinado facto é uma ação, temos de compreender a voluntariedade do
comportamento.

 Escola Clássica: Basta a voluntariedade formal do comportamento, independentemente


de a vontade se dirigir à espécie de ação desenhada legalmente. Em suma, o conteúdo
da vontade não impede a verificação da qualificação de determinada como facto
humano crime  A vontade não determina a qualidade de ação do facto.

 Escola Finalista: O conteúdo da vontade é essencial para a identificação da ação. Assim,


não será qualificado um comportamento como ação num homicídio só porque foi o
sujeito que disparou a arma (podia não ter vontade, o fim do disparo podia ser outro…).

Tanto na Escola Clássica como na Escola Finalista, o primeiro passo para qualificarmos um
facto como crime é verificar se existe um comportamento voluntário.
Para qualificarmos um facto como crime temos de observar a natureza do comportamento
voluntário exteriorizado.
A grande diferença entre a Escola Clássica e a Escola Finalista reside na compreensão da
vontade e do conceito de voluntariedade. Para a Escola Clássica, a vontade compreende-se
como causa de movimentos corpóreos numa perspetiva naturalística. Para a Escola Finalista, a
vontade é uma especificidade do comportamento humano, conduzida para fins previamente
determinados.
Na prática, onde se refletem estas divergências é no juízo que decide sobre a verificação de um
crime.

 Escola Clássica: O primeiro juízo de verificação do facto basta-se com uma constatação
mínima de voluntariedade.

 Escola Finalista: É exigida uma ação final.

 Escola Neoclássica:

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