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DIREITO PENAL 1

PARTE FINAL
DE 14 A 28 DE JUNHO DE 2016
DO TIPO E DA TIPICIDADE PENAL

vlsr 2
Fases da evolução da teoria do tipo

vEm fins do século XVIII a doutrina alemã concebeu o


delito com todos os seus elementos e pressupostos de
punibilidade.
vModernamente a compreensão do tipo foi criado por
Beling, em 1906. Seu maior mérito foi tornar a
tipicidade independente da antijuridicidade e da
culpabilidade, contrariando o sentido do originário do
Tatbestand inquisitorial.
vAssim, dividem-se da maneira que segue:

vlsr 3
1ª - Fase da independência
v O tipo penal tem função meramente descritiva, competindo à norma a
valoração da conduta. Por isso, uma ação pode ser típica e não ser ilícita
(contrária a norma), ante a existência de uma causa de justificação.
v O tipo, na concepção inicial de Beling, esgotava-se na descrição da
imagem externa de uma ação determinada. Beling distinguiu, dentro do
injusto objetivo, a tipicidade da antijuridicidade . Assim, a proibição era
de causar o resultado típico, e a antijuridicidade era o choque da
acusação desse resultado com a ordem jurídica, que se comprovava
com a ausência da causa justificadora.
v Aqui a função do tipo é definir delitos.

vlsr 4
2ª - Fase da razão cognoscendi da
antijuridicidade

vSurge com o Tratado de Direito Penal de Mayer,


publicado em 1915. Para Mayer, a tipicidade não tem
simplesmente função descritiva, mas constitui indício da
antijuridicidade.
vMayer considerou a tipicidade como o primeiro
pressuposto da pena, admitindo a antijuridicidade como
o segundo, sendo aquela indício desta.
vlsr 5
Continuação

v Enfim, para ele, a tipicidade é a ratio cognoscendi


(conhecimento) da antijuridicidade, isto é, a adequação do fato
ao tipo faz surgir o indício de que a conduta é antijurídica, o
qual, no entanto, cederá ante a configuração de uma causa de
justificação. Por isso, o tipo é somente a razão do conhecimento
da antijuridicidade e, como tal, independente dela.

v O tipo, na verdade, passou a ser o resultado de juízos de valor.

vlsr 6
3ª - Fase da ratio essendi da antijuridicidade

vEm 1931 Mezger traz a público seu famoso


Tratado de Direito Penal, concebendo a
teoria bipartida do delito.
vPor essa doutrina passa-se a ter ação
típica, antijuridicidade típica, culpabilidade
típica.

vlsr 7
Continuação
vPor isso, de um modo geral, concluem os
doutrinadores que a concepção de Mayer, definindo a
tipicidade como a ratio cognoscendi da
antijuridicidade, é a que melhor se adapta ao Direito
Penal. Praticado um fato típico, presume-se antijurídico
até prova em contrário. Em tese, todo fato típico é
também antijurídico, desde que não concorra uma
causa de justificação.
vlsr 8
4ª - Fase defensiva
v Beling em 1930 reformula seu conceito inicial estabelecendo a
distinção entre tipo de delito e a figura reitora. Ao tipo de delito
correspondem todas as características internas e externas de
cada figura legal.
v Todos os delitos-tipos são puramente descritivos porque neles
ainda não se expressa a valoração jurídica que os qualifica como
antijurídicos. A figura reitora, por sua vez, como figura ideal, não
se encontra alojado nem na parte objetiva e nem na subjetiva do
delito, sendo um modelo conceitual extraído do acontecimento
externo.
vlsr 9
5ª - Fase do finalismo: tipicidade complexa
v O tipo, na visão finalista, passa a ser uma realidade complexa,
formada por uma parte objetiva – tipo objetivo -, composta pela
descrição legal, e outra parte subjetiva – tipo subjetivo -,
constituída pela vontade reitora, com dolo ou culpa,
acompanhados de quaisquer outras características subjetivas.

v A parte objetiva forma o componente causal, e a parte subjetiva


o componente final, que domina e dirige o componente causal.

vlsr 10
TIPO PENAL

vConceito: denomina-se tipo a descrição do fato


criminoso, feita pela lei. O tipo é um esquema, ou
uma fórmula, que serve de modelo para avaliar se
determinada conduta está incriminada ou não. O
que se ajusta ao tipo não é crime.
vNada mais é do que o conjunto de elementos
definidores do crime.
vlsr 11
Continuação...
v É um dos postulados básicos do princípio da reserva legal. Na
medida em que a Constituição brasileira consagra
expressamente o princípio de que “não há crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”
(art. 5º, XXXIX), fica outorgada à lei a relevante tarefa de
definir, isto é, de descrever os crimes. Exerce função de
garantia.
v É, pois, um modelo descritivo das condutas humanas
criminosas, criado pela lei penal, com a função de garantia do
direito de liberdade.

vlsr 12
Composição do tipo penal

vNúcleo: designado por um verbo: matar, ofender,


constranger, subtrair, expor, iludir.
vReferências a certas qualidades exigidas, em alguns
casos, para o sujeito ativo: funcionário público, mãe,
etc.
vReferências ao sujeito passivo: alguém, recém- nascido,
etc.
vlsr 13
Composição do tipo penal

vObjeto material: coisa alheia móvel, documento, etc,


que em alguns casos se confunde com o próprio sujeito
passivo (no homicídio, o elemento “alguém” é o objeto
material e o sujeito passivo);
vReferências ao lugar, tempo, ocasião, modo de
execução, meios empregados e, em alguns casos, ao fim
especial: visado pelo agente.
vlsr 14
Espécies de tipo
v Permissivos ou justificadores: são tipos penais que não
descrevem fatos criminosos, mas hipóteses em que estes
podem ser praticados.
v Por essa razão, denominam-se permissivos. São tipos que
permitem a prática de condutas descritas como criminosas.
São os que descrevem as causas de exclusão de ilicitude (CP,
art. 23), também conhecidas como causas de justificação,
como é o caso da legítima defesa, que se encontra no art.
25 CP.
vlsr 15
Espécies de tipo

v De acordo com esse tipo, a legítima defesa é composta


dos seguintes elementos: agressão injusta + atual ou
iminente + a direito próprio ou alheio + moderação +
necessidade dos meios empregados. Assim, a lei permite
que alguém realize um fato descrito como delituoso na
hipótese de estarem presentes todos os requisitos
exigidos pelo tipo da legítima defesa. Ex. Art. 121 CP.

vlsr 16
Espécies de tipo

vIncriminadores: são os tipos que descrevem as


condutas proibidas. Todo fato enquadrável em
um tipo incriminador, em princípio, será ilícito,
salvo se também se enquadra em algum tipo
permissivo (causas de justificação).
vlsr 17
Tipo fundamental ou básico:

vÉ o que nos oferece a imagem mais simples de uma


espécie de delito. É o tipo que se localiza no caput de
um artigo e contém os componentes essenciais do
crime, sem os quais este desaparece (atipicidade
absoluta) ou se transforma em outro (atipicidade
relativa). Ex.: Delito de homicídio (CP, art. 121, caput).
São seus elementos constitutivos:

vlsr 18
Tipo fundamental ou básico:
ü Sujeito ativo: pessoa humana.
ü Conduta: ação e omissão.
ü Dolo: voluntariedade consciente da ação.
ü Sujeito passivo: pessoa humana.
ü Resultado: evento morte.
ü Nexo de causalidade. Se tirarmos qualquer um desses
elementos, o delito de homicídio desaparecerá.

vlsr 19
Espécies de tipos

v Tipos derivados: são os que se formam a partir do tipo


fundamental, mediante o destaque de circunstâncias que o
agravam ou atenuam. Se a agravação consistir em um dos novos
limites abstratos de pena, como no caso do art. 121, §2º, do CP,
em que a pena passa a ser de 12 a 30 anos, tem-se o tipo
qualificado.

v Tipo normal: só contém elementos objetivos descritivos.

v Tipo anormal: além dos objetivos, contém elementos subjetivos


e normativos.

vlsr 20
Espécies de tipos

vTipos fechados: seriam aqueles em que a lei


descreve por completo a conduta proibida,
como no crime de homicídio doloso: Ex.: art.
121. Matar alguém: pena – reclusão, de 6 a 20
anos.

vlsr 21
Tipos abertos:
v seriam aqueles em que a tipicidade só poderia ser avaliada com
o auxílio de um outro tipo, chamado tipo de extensão ou tipo
secundário, ou de um critério de extensão. É aquele que
necessitaria, para a definição da tipicidade, do auxilio de uma
norma de extensão ou, na falta ou na insuficiência desta, de um
critério de extensão.

v Ex.:. Tipicidade da co-autoria ou da participação no furto só pode


ser obtida com o art. 155(tipo principal) e o auxilio do art. 29
(tipo extensão, que define a co-autoria e a participação).
vlsr 22
Espécies de tipos

vTipos simples: são os que descrevem uma única forma


de ação punível.

vTipos mistos: de ação múltipla ou conteúdo variado,


são aqueles em que a lei incrimina alternativamente
várias formas de conduta, dentro do mesmo tipo. Ex.:
destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele, art.
211, CP.
vlsr 23
Tipo de fato e tipo de autor:

v Tipo de fato é o que descreve condutas e resultados objetivos. O


tipo de autor, raramente é empregado, procura caracterizar
certos modos de vida ou certas tendências do agente. Ex.:
caracterização do criminoso habitual ou por tendência, para
impor uma pena mais severa, como faz o rufião, art. 230 CP.

vlsr 24
Espécies de tipos
v Tipos dependentes: são os que não subsistem por si, mas dependem de uma
conexão com outros tipos, como ocorre na tentativa ou no concurso de
agentes.

v Tipo em sentido amplo: é o que abrange todos ou quase todos os


pressupostos do crime (conforme doutrinador), como a conduta, o dolo e a
culpa, os elementos do tipo, a culpabilidade, a antijuridicidade e as condições
objetivas de punibilidade.

v Tipo em sentido estrito: é o que se refere apenas aos aspectos externos ou


objetivos da ação. É o tipo clássico ou tradicional, de Beling: “descrição isenta
de valor dos elementos externos de uma ação”.

vlsr 25
Espécies de tipos
v Tipo objetivo: o mesmo que tipo em sentido estrito.

v Tipo subjetivo: é o que se refere ao lado psíquico da ação.

v Tipo total de injusto: é um conceito segundo o qual as


justificativas, como o estado de necessidade ou a legitima
defesa seriam elementos negativos do tipo. Assim, o tipo
total estaria dizendo: tal ação é crime, salvo se praticada em
legítima defesa ou em estado de necessidade.

vlsr 26
Elementos do tipo

v Objetivos ou descritivos do tipo: são elementos que se


referem à materialidade do fato. O primeiro elemento do
tipo, ou o seu núcleo, é a ação indicada pelo verbo (matar,
subtrair, etc). Acompanham vários complementos e
circunstâncias, referentes ao resultado, ao sujeito ativo,
passivo, etc. Não exige uma interpretação mais acurada de
seus elementos. Trata-se, em regra, de um verbo transitivo
com o seu objeto. Ex.: matar alguém (art. 121, do CP).
vlsr 27
Normativos do tipo:
vHá necessidade de um juízo de valor a ser feito pelo
intérprete. São expressões, empregadas pela lei, que
exigem uma avaliação do seu significado não se
extrai de mera observação, sendo imprescindível um
juízo de valoração jurídica, social, cultural, histórica,
política, religiosa, bem como qualquer outro campo
do conhecimento humano.

vlsr 28
Normativos do tipo:

v Classificam-se me jurídicos, quando exigem juízo de


valoração jurídico, e em extrajurídicos ou morais, quando
pressupõem um exame social, cultural, histórico, religioso,
político, etc. Aparecem sob forma de expressões como: os
conceitos de documento, cheque, ato obsceno, mulher
honesta, indevidamente, sem justa causa, sem
autorização, etc.

vlsr 29
Subjetivos do tipo:
v são os concernentes ao estado anímico ou psicológico do agente.
Há referência à intenção do agente, ao motivo desencadeante ou
outro motivo qualquer.
v Também chamados de elementos subjetivos do injusto, ou
elementos subjetivos especiais. São os que, com exclusão do dolo
genérico e da culpa, se referem a certas particularidades
psíquicas da ação.
v Situam-se além do dolo, e se referem a um motivo, a uma
tendência, ou a algum dado intelectual ou psíquico do agente.
Ex.: dolo específico, que indica um fim especial visado pelo
agente – ato libidinoso, art. 219 CP.
vlsr 30
Da mesma forma temos:

Ø Tendências subjetivas da ação: decorrem


necessariamente da natureza do crime. Ex.: Violação
Sexual Mediante Fraude, art. 215, CP.

Ø Ciências de certos detalhes: como saber que a coisa


adquirida é produto de crime, na receptação dolosa, art.
180 CP.

vlsr 31
Da mesma forma temos:

Ø Certas características psíquicas do agente e ainda certos


motivos: como a crueldade, a perversidade, o motivo fútil,
o motivo torpe, etc.
Ø Obs.: nada impede a coexistência de elementos
normativos, subjetivos e objetivos no mesmo tipo penal.
Ex.: art. 219 – raptar(objetivo), mediante violência, grave
(normativo) ameaça ou fraude, mulher honesta
(normativo), para fim libidinoso (subjetivo).

vlsr 32
Adequação Típica

v Quando uma conduta enquadra-se em um tipo penal


incriminador, teremos uma adequação típica. Ela pode ser:
ü De subordinação imediata: quando o fato enquadrar-se ao
modelo legal imediatamente. Ex.: matar alguém – art. 121 CP.
ü De subordinação mediata: quando houver necessidade de
concurso de outro dispositivo legal para que haja o
enquadramento do fato ao modelo legal. Ex.: tentar matar
alguém – art. 121,c/c art. 14, II ambos do CP.

vlsr 33
DA TIPICIDADE
vÉ a subsunção, justaposição, enquadramento,
amoldamento ou integral correspondência de uma
conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo
constante da lei (tipo legal).
v Para que a conduta humana seja considerada crime, é
necessário que se ajuste a um tipo legal. temos, pois, de
um lado, uma conduta da vida real e, de outro, o tipo legal
de crime constante da lei penal. A tipicidade consiste na
correspondência entre ambos.

vlsr 34
DA TIPICIDADE
vO juízo de tipicidade consiste em verificar se a
conduta praticada se adéqua perfeitamente a
uma norma penal incriminadora já existente.
Essa norma penal é chamada de tipo.

vlsr 35
DA TIPICIDADE
vA tipicidade consiste no ajuste perfeito do
fato com o tipo, ou seja, na exata
correspondência do fato praticado com a
descrição legal existente. Onde não há
tipicidade não há crime.

vlsr 36
DA TIPICIDADE

vEx.: Art. 288 CPB que define o crime de


quadrilha ou bando: “Associarem-se mais de
três pessoas, em quadrilha ou bando, para o
fim de cometer crimes: Pena – reclusão, de um
a três anos.”

vlsr 37
DA TIPICIDADE
Ø Neste crime não haverá tipicidade se a associação
reunir apenas duas ou três pessoas, vez que o tipo
exige um mínimo de quatro pessoas (mais de três).
Assim também se a finalidade for apenas a de
praticar contravenções, atos imorais ou ilícitos
administrativos, pois o tipo exige a deliberação
específica de cometer crimes.

vlsr 38
DA TIPICIDADE

Ø A tipicidade é uma decorrência natural do princípio da


reserva legal. um fato para ser adjetivado de típico precisa
adequar-se a um modelo descrito na lei penal, isto é, a
conduta praticada pelo agente deve subsumir-se na
moldura descrita em lei. É a adequação do fato ao tipo.
Ø A adequação típica pode operar-se de forma imediata ou
de forma mediata. Como segue:

vlsr 39
Adequação típica imediata

vImediata: ocorre quando o fato se subsume


imediatamente no modelo legal, sem a
necessidade de concorrência de qualquer outra
norma. Ex.: matar alguém: essa conduta praticada
por alguém amolda-se imediatamente ao tipo
descrito no art. 121 do CP, sem precisar do auxílio
de nenhuma outra norma jurídica.
vlsr 40
Adequação típica mediata
v Mediata: constitui exceção, necessita da concorrência de
outra norma, secundária, de caráter extensivo, que
amplie a abrangência da figura típica.
v Nesses casos, o fato praticado pelo agente não se vem a
se adequar direta e imediatamente ao modelo descrito na
lei, o que somente acontecerá com o auxílio de outra
norma ampliativa, como ocorre, por exemplo, com a
tentativa e a participação em sentido estrito.

vlsr 41
Continuação...

vNa hipótese da tentativa, há uma


ampliação temporal da figura típica, e no
caso da participação a ampliação é
espacial e pessoal da conduta típica. Ex.:
Art. 121 c/c art. 14,II, ambos do CPB.

vlsr 42
Juízo de tipicidade e ausência de Tipicidade
v Há uma operação intelectual de conexão entre a infinita
variedade de fatos possíveis da vida real e o modelo típico
descrito na lei.
v Essa operação, que consiste em analisar se determinada
conduta apresenta os requisitos que a lei exige, para qualificá-la
como infração penal, chama-se “juízo de tipicidade”. Zaffaroni
afirma que ela cumpre uma função fundamental na sistemática
penal.
v Sem ele a teoria ficaria sem base, porque a antijuridicidade
deambularia sem estabilidade e a culpabilidade perderia
sustentação pelo desmoronamento do seu objeto.
vlsr 43
Continuação....
vQuando o resultado desse juízo for positivo
significa que a conduta analisada reveste-se de
tipicidade. No entanto, a contrário sensu,
quando o juízo de tipicidade for negativo
estaremos diante de uma atipicidade da
conduta.

vlsr 44
Diferença entre tipicidade e adequação típica

o Tipicidade é mera § Adequação típica implica um


correspondência formal entre exame mais aprofundado do que a
o fato humano e o que está simples correspondência objetiva.
descrito no tipo. § Adequação típica vai além,
o A tipicidade é uma tipicidade investigando se houve vontade,
formal, resultante da para só então efetuar o
comparação entre o tipo e o enquadramento.
aspecto exterior da conduta, § Para a adequação a teoria finalista
sem a análise da vontade ou exige o comportamento doloso ou
finalidade do agente. culposo, e a teoria social, além
o Referente ao exemplo ao lado disso, a vontade de produzir um
a tipicidade existe, porque ele dano socialmente relevante. Ex.: o
matou alguém, e é sujeito mata a vítima por caso
exatamente isso o que está fortuito ou força maior; não
escrito no art. 121, caput, do haverá adequação típica, ante a
CP. ausência de dolo ou culpa.
vlsr 45
Observação
v Fernando Capez considera a tipicidade e adequação
típica conceitos idênticos. Com isso, em nada se alteram
os efeitos jurídicos: se não há dolo ou culpa, não existe
conduta, e sem conduta não se fala em tipicidade (ou
adequação típica), porque esta pressupõe aquela. Essa
tipicidade meramente formal não existe mais desde a
superação da teoria naturalista ou causal da ação.

vlsr 46
Fases históricas da tipicidade

ü Fase da independência do tipo:


v o tipo é completamente desvinculado da ilicitude, tendo
mera função descritiva, sem nenhum conteúdo valorativo.
v Em seu entendimento, todo acontecimento objetivo deveria
pertencer ao tipo, enquanto qualquer subjetivo, ao terreno
da culpabilidade.
v Por conseguinte, permaneciam fora do tipo não só o dolo,
mas também todas as outras direções da vontade do autor,
como seus motivos, tendências e intenções.

vlsr 47
Fase da independência do tipo:
v O exame da tipicidade era meramente formal.
v A morte provocada por força maior era um acontecimento
típico (homicídio – matar alguém), embora o agente não
fosse responsabilizado por ele.
v Mais tarde comprovou-se que com essa limitação dos
momentos objetivos o tipo não podia cumprir sua função,
que consiste em dar a imagem reitora de um delito e indicar
sua ilicitude.Tal teoria foi superada pela finalista e pela
naturalista, hoje também ultrapassadas.
vlsr 48
Fase do caráter indiciário da ilicitude:

ü Essa fase começou com Mayer, para quem o fato típico


não poderia mais ser isolado da ilicitude, como se
fossem fenômenos completamente distintos.
v O simples enquadramento de um fato humano em um
tipo incriminador já provoca uma reação inicial negativa
na coletividade, porque nos tipos legais encontram-se os
comportamentos considerados mais graves e perigosos
para o corpo social.

vlsr 49
Fase do caráter indiciário da ilicitude

v Ex.: Produzir a morte de alguém, por dolo ou culpa, cria uma


expectativa muito grande de reprovação coletiva, uma vez que
se trata de conduta extremamente danosa à sociedade.
v Embute-se, portanto, no tipo uma idéia provisória de que o
fato nele descrito é também ilícito.
v A teoria se sintetiza com a expressão de que todo fato típico
também será ilícito, a não ser que esteja presente alguma causa
de exclusão da ilicitude.

vlsr 50
Fase do tipo legal como essência da ilicitude:

v Mezger e Sauer transformaram o tipo em tipo de injusto, que


assim passou a ser a razão essencial da antijuridicidade, isto é, a
expressão do ilícito penal. O tipo foi conceituado como a
ilicitude tipificada.
v Desse modo, tipo e ilicitude fundiram-se em uma relação
indissolúvel no interior do injusto, embora seus conceitos não se
confundam. Injusto é todo comportamento socialmente
inadequado. O tipo descreve uma fato injusto (proibido), que
compreende, a um só tempo, o fato típico e o ilícito.

vlsr 51
Continuação Fases históricas da tipicidade

vPrevalece o entendimento de que tipo e ilicitude são


fenômenos diferentes, que não devem ser confundidos.

vÉ que nessa área a questão não se coloca em termos do


que é certo ou errado ou errado, nem do que é
verdadeiro ou falso, mas da construção sistemática
mais útil para o estudo do crime.

vlsr 52
Continuação Fases históricas da
tipicidade

vÉ inegável a vantagem da segunda corrente, na


medida em que o juiz, embora sabendo que
tudo ocorre a um só instante, desenvolverá, em
diferentes etapas de seu raciocínio, primeiro a
verificação da tipicidade, para só então analisar
a ilicitude.

vlsr 53
CONCLUSÃO

Direito Penal. Estratégia para o Desenvolvimento


Social.
vlsr 54
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

(Art 14) Diz-se o crime:

I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.

II – tentado, quando iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias a sua
vontade.

Parágrafo único. Salvo disposição ao contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

14/06/2016 VLSR 55
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

(Art 14) Diz-se o crime:

Zaffaroni e Pierangeli – processo entre o desígnio criminoso (no foro intimo do agente)
e a consumação do ilícito.

Processo denominado ITER CRIMINIS ou CAMINHO DO CRIME – significa o conjunto


de etapas que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito.

14/06/2016 VLSR 56
Crime consumado
• Há perfeita adequação do fato à descrição típica.
Ação composta em 2 fases:

Interna – o agente antecipa e representa mentalmente o resultado,


escolhe os meios necessários a serem utilizados no cometimento
da infração.

Externa – quando o agente exterioriza sua conduta, colocando em


prática tudo aquilo que por ele fora programado.

• As etapas percorridas chamam-se iter criminis, que nada mais é do


que o caminho percorrido pelo agente até a consumação do delito.
• As etapas do iter criminis são a cogitação, a preparação, a
execução e a consumação.
14/06/2016 VLSR 57
Cogitação

• Essa fase é diferente para o Direito Penal.


• Aqui, o agente pensa ou quer a prática do delito, mas não sai
dessa esfera imaginária.
• Quando o agente define a infração penal que deseja praticar,
representado e antecipando mentalmente o resultado.

14/06/2016 VLSR 58
Preparação
• Atos preparatórios – seleciona os meios aptos a chegar ao resultado
pretendido. Procura o lugar apropriado, enfim, prepara-se para
ingressar na terceira fase do iter criminis.

• Os atos preparatórios não são punidos no Direito Penal (art. 31 CP).

• Diz o tipo “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo


disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não
chega, pelo menos, a ser tentado.”

• Ex.: Comprar arma para matar inimigo, mas não o fazê-lo.

• Exceção: art. 288 CP quadrilha ou bando.


14/06/2016 VLSR 59
Execução
v Execução – (atos executórios): consuma-se a infração penal ou
em razão de circunstâncias alheias a sua vontade, a infração não
chega a consumar-se.
v Vencidas as fases da cogitação e preparação, o agente passará aos
atos executório do delito.
v Só a partir daí há, em regra, interesse para o Direito Penal.
v O agente voluntariamente começa a concretizar os elementos do
tipo desejado.
v Ex.: O agente efetua os disparos de arma de fogo contra o
desafeto.
14/06/2016 VLSR 60
Consumação
• Dispõe o art. 14, I, CP: “Diz-se o crime consumado, quando nele
se reúnem todos os elementos de sua definição legal”.

u Ocorrerá a consumação quando o fato concreto praticado pelo


agente se adequar perfeitamente a uma norma penal incriminadora.
u É a última fase do processo delitivo.
u O agente imaginou o crime; preparou-o e houve a consumação.
u Ex.: o agente imaginava o delito, adquire a arma, aponta-a para o
desafeto, aciona o gatilho e atinge o alvo, cumprindo seu intento.

14/06/2016 VLSR 61
Consumação
Exaurimento – consuma-se o delito, esgotando-se plenamente.

Iter Criminis é específico para os crimes dolosos, não atingindo


as condutas culposas.

O instante consumativo distingue-se conforme a particularidade


dos crimes:

Materiais – quando se verifica a produção do resultado


naturalístico, ou seja, quando há a modificação no mundo
exterior.

Omissivos próprios – com a abstenção do comportamento


imposto ao agente. Ex: omissão de socorro (art. 135).
14/06/2016 VLSR 62
CONSUMAÇÃO
Mera conduta – com o simples comportamento previsto no tipo, não se
exigindo resultado naturalístico. Ex: dirigir embriagado, porte ilegal de
arma.

Qualificados pelo resultado – com a ocorrência do resultado agravador.


Ex: lesão corporal qualificada pelo resultado aborto.

Permanente – enquanto durar a permanência, uma vez que o crime


permanente é aquele cuja consumação se prolonga, perpetua-se no
tempo.

Ex: seqüestro e cárcere privado.

14/06/2016 VLSR 63
CONSUMAÇÃO

Regra Geral – a cogitação e os atos preparatórios não são


puníveis.

Exceção – legislador criou algumas infrações autônomas, que


poderiam ser consideradas preparatórias, como os crimes de
quadrilha ou bando (art. 288, CP), ou a posse de instrumentos
destinados usualmente a prática de furtos.

14/06/2016 VLSR 64
EXAURIMENTO X CONSUMAÇÃO
• - O iter criminis se encerra com a consumação. Pode-se dizer,
portanto, que o exaurimento é um plus à consumação, que não tem
o condão de alterar a situação anterior. É mera conseqüência física
ou moral do delito.
• No crime exaurido, após a consumação, outros resultados lesivos
ocorrem. O crime pode estar consumado e dele não haver
resultado todo o dano que o agente previra e visara.
Exs:
• O crime de Corrupção Passiva, que se consuma com a
solicitação, exaure-se com o recebimento da vantagem indevida;
• A Concussão (crime formal) consuma-se com a simples exigência
da vantagem indevida e exaure-se com o recebimento;
• a Extorsão mediante Seqüestro consuma-se com o arrebatamento
da vítima e exaure-se com o recebimento do resgate.

14/06/2016 VLSR 65
Da tentativa
• Dispõe o Art. 14, II, CP: Diz-se o crime tentado, quando
iniciada a execução, não se consuma, por circunstâncias alheias
à vontade do agente”.

• Haverá tentativa quando iniciada a execução, o crime não se

consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14,

II CP).

• Salvo disposição em contrário, a tentativa será punida com a

pena do crime consumado, reduzida de um a dois terços

(parágrafo único).
14/06/2016 VLSR 66
• CONCEITO: é a realização incompleta do tipo penal (atos
executórios/ não consumação/ circunstâncias alheias)
• ORIGEM HISTÓRICA: Os romanos não chegaram a
desenvolver o instituto da tentativa. Por seu turno, o Direito
Canônico também não formulou o conceito de tentativa.
• O desenvolvimento do mencionado instituto data do século XVI,
com os Patrícios ou pós-glosadores italianos, mormente com
Próspero Farinacius, através de sua obra “Tratactus Criminalis”.
Este chamava a tentativa de “Conactus”. Ele já distinguia entre a
“conactus proximus” (atos de execução) e “conactus remotus”
(atos preparatórios). Com isso Farinacius deu as bases da doutrina
científica da tentativa.
• Essa doutrina somente foi finalizada em 1810, com o advento do
Código Penal francês que instituiu a definição de tentativa, em seu
art. 2º, a qual é adotada por quase todos os códigos atuais.

14/06/2016 VLSR 67
NATUREZA E TIPICIDADE DA TENTATIVA:

• Muitos doutrinadores consideram a tentativa como um


crime autônomo. Não têm razão. Na verdade, a tentativa
é a realização incompleta da figura típica.

• Não existe nenhuma norma incriminadora tipificando a


conduta de “tentar matar alguém”, “tentar subtrair”, etc. A
tentativa é um tipo penal ampliado, um tipo penal aberto,
um tipo penal incompleto, mas é um tipo penal.

14/06/2016 VLSR 68
NATUREZA E TIPICIDADE DA
TENTATIVA:
• A tipicidade da tentativa decorre da conjugação do tipo
penal com o dispositivo que a define e prevê a sua
punição, que tem eficácia extensiva, uma vez que, por
força dele é que se amplia a proibição contida nas
normas penais incriminadoras a fatos que o agente
realiza de forma incompleta.

14/06/2016 VLSR 69
NATUREZA E TIPICIDADE DA
TENTATIVA:
• A norma contida no art. 14, II, parágrafo único, de
caráter extensivo, cria novos mandamentos proibitivos,
transformando em puníveis fatos que seriam atípicos.
• É uma regra secundária que se conjuga com a regra
principal, a norma incriminadora.
• Sem tal norma de extensão (art. 14, II), a tentativa de
furto, por exemplo, seria um fato atípico, por força do
princípio da Reserva Legal.

14/06/2016 VLSR 70
ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM CRIME TENTADO

a) conduta dolosa, isto é, que exista uma vontade livre e consciente de querer praticar
determinada infração penal.

b) que o agente ingresse, obrigatoriamente, na fase dos chamados atos de execução.

c) e não consiga chegar à consumação do crime, por circunstâncias alheias à sua vontade.

No caso do agente, voluntariamente, interromper a execução, desistindo de nela


prosseguir ocorre desistência voluntária.

No caso de impedir a produção do resultado, mesmo depois de praticar tudo aquilo


que estava ao seu alcance para chegar à consumação do delito ocorre o
arrependimento eficaz.

14/06/2016 VLSR 71
Elementos que compõem a tentativa
• A tentativa é a figura truncada de um crime. Deve
possuir tudo o que caracteriza o crime, menos a
consumação.
• O art. 14, II, afirma que o crime tentado ocorre quando,
iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
• Início da execução de um crime.

• Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do

agente.

14/06/2016 VLSR 72
INÍCIO DE EXECUÇÃO DA FIGURA PENAL

• Já foi visto que antes de iniciada a atividade


típica não há que se falar em tentativa, posto
que estamos diante dos atos preparatórios e,
enfatize-se, o primeiro elemento da tentativa é
a existência de ato de execução.

14/06/2016 VLSR 73
NÃO-CONSUMAÇÃO DO CRIME POR CIRCUNSTÂNCIAS
ALHEIAS À VONTADE DO AGENTE

• Iniciada a execução de um crime, ela pode ser


interrompida por dois motivos:

– Pela própria vontade do agente - hipótese em que


poderá haver Desistência Voluntária ou Arrependimento
Eficaz;

– Por circunstâncias estranhas à vontade do agente –


hipótese em que estará configurada a tentativa.

14/06/2016 VLSR 74
Não consumação por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

• Agente quis a morte de seu desafeto, mas não


conseguiu devido o rápido e pronto socorro
médico.
• Assim, será punido com a pena relativa ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.

14/06/2016 VLSR 75
Continuação........

• Essa redução será com base no iter


criminis percorrido, ou seja, quanto mais
próximo o crime ficou da consumação,
menor será a redução da pena.

14/06/2016 VLSR 76
Crime falho

• Quando o agente realiza todos os atos


executórios, mas não consegue consumar o
crime por circunstâncias alheias acidentais,
teremos a tentativa perfeita ou acabada, ou
crime falho.

14/06/2016 VLSR 77
Continuação.......

• Agente descarrega revólver na

vítima, esta não morre pelo pronto

socorro médico.

14/06/2016 VLSR 78
DOLO
• O dolo da tentativa é o mesmo do delito consumado.
Quem mata age com o mesmo dolo de quem tenta
matar, mencionado no art. 14, II, como a “vontade do
agente”. É com fundamento no elemento subjetivo
que se distingue a tentativa de homicídio, que exige
ato inequívoco de matar, do crime de lesões
corporais.

• Não existe dolo especial de tentativa, diferentemente


do elemento subjetivo informador do crime
consumado.

14/06/2016 VLSR 79
ESPÉCIES DE TENTATIVA:
• Iniciada a fase executória, o movimento criminoso, pode:
a) interromper-se no curso da execução;
b) parar na execução completa;
c)chegar à consumação.

• Assim sendo, pode-se dizer que são duas as espécies de tentativa, a


saber: a tentativa perfeita e a tentativa imperfeita. A distinção entre
ambas é irrelevante para a tipificação proposta pelo CP, só
exercendo influência no momento da aplicação da pena (art. 59).
Contudo, será relevante a distinção no campo da desistência
voluntária e do arrependimento eficaz.
14/06/2016 VLSR 80
TENTATIVA IMPERFEITA (ou Tentativa
propriamente dita)

• Se dá quando o sujeito ativo não consegue praticar os


atos necessários à consumação por interferência
externa. EX: A é segurado por B quando está
desferindo golpes em C almejando matá-lo.

• Nesta espécie, o agente não exaure toda sua


potencialidade lesiva, ou seja, não chega a realizar
todos os atos executórios necessários à produção do
resultado inicialmente pretendido, por circunstâncias
alheias à sua vontade.
14/06/2016 VLSR 81
TENTATIVA PERFEITA (ou Crime Falho)

• Ocorre quando o agente realiza todos os atos de execução,


mas a consumação não ocorre, por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
• EX: A descarrega sua arma em B, atingindo-o
mortalmente, mas este é salvo por intervenção médica;
• EX: A dá vinho envenenado a B durante o jantar. Todavia,
B não morre porque, pó uma característica biológica, é
imune ao veneno.

14/06/2016 VLSR 82
E o que é tentativa branca?

• É aquela que não produz nenhuma


lesão efetiva ao bem jurídico.
• EX: A descarrega todos os projéteis
de seu revólver contra B, não o
atingindo.

14/06/2016 VLSR 83
CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA
Crimes habituais – são os delitos em que, para se chegar à
consumação, é preciso que o agente pratique, de forma
reiterada e habitual, a conduta descrita no tipo.

Exs: casa de prostituição (art. 229), curanderismo (art. 284).


Crimes preterdolosos – quando há dolo na conduta e culpa no
resultado; dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Os
crimes culposos exigem resultado naturalístico.

Exs: não há tentativa de lesão corporal seguida de morte, ou


tentativa de lesão corporal qualificada pelo resultado aborto,
uma vez que o resultado não pode ter sido querido ou
assumido pelo agente, caso fosse se trataria de tentativa de
homicídio e tentativa de aborto.

14/06/2016 VLSR 84
Crimes culposos – não existe tentativa nos crimes culposos, uma vez que a vontade do
agente não foi dirigida a produzir o resultado, este ocorre em razão de sua
inobservância de cuidado. Não se cogita, não se prepara e não se executa uma ação
dirigida a cometer um delito culposo.

Crimes omissivos próprios – ou o agente não faz aquilo que a lei determina e
consuma a infração, ou atua de acordo com o comando da lei e não pratica qualquer
fato típico. Ex: omissão de socorro.

CRIMES COMPLEXOS E TENTATIVA

Crime complexo - é quando numa mesma figura típica há fusão de dois ou mais tipos
penais.

Ex: o roubo, a subtração da coisa alheia móvel é adicionada a violência ou a grave


ameaça. Subtração (art. 155), violência à pessoa (art. 129) e ameaça (art. 147).

14/06/2016 VLSR 85
No roubo a consumação exige a prática das condutas de forma unida. Se o agente usar
à violência ou à grave ameaça e não obtiver sucesso no que diz respeito á subtração da
coisa, o delito será tentado.

§ No latrocínio - homicídio consumado + subtração consumada = latrocínio é


consumado.
§ homícidio tentado + subtração tentada = latrocínio tentado.

§ Homicídio tentado + subtração consumada e vice versa

§ Para Hungria – responderia por homicídio qualificado consumado ou tentado.

§ Art. 121, § 2º, V do Código Penal

§ § 2º - Se o homicídio é cometido:
§ V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
(pena de 12 a 30 anos).

14/06/2016 VLSR 86
§ Para Fragoso e Noronha – havendo uma subtração
consumada e um homicídio tentado, resolve-se pela
tentativa de latrocínio.

§ Homícidio consumado + subtração tentada

§ Frederico Marques – entende que houve latrocínio


tentado em virtude de ser crime complexo.

§ STF – Súmula 610 – Há crime de latrocínio, quando o


homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.

14/06/2016 VLSR 87
PUNIBILIDADE DA TENTATIVA

TEORIA OBJETIVA TEORIA TEORIA


SUBJETIVA SINTOMÁTICA

• (perigo a que é • (vontade contraria • (atuação da


exposto o bem)
ao Direito posta vontade
• Pena: tentativa < contrária ao
crime consumado. em ação). Pena:
tentativa = crime Direito).
Adotada pelo CP Elementos
consumado
objetivos +
subjetivos

14/06/2016 VLSR 88
PENA → Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços (parágrafo único do art.14).

CRITÉRIO DE REDUÇÃO DA PENA: Decorre da apreciação do iter


criminis percorrido pelo agente. Quanto mais se aproximar da
consumação, menor deve ser a diminuição da pena (1/3). Quanto
menos se aproximar, maior deve ser a redução (2/3)

CONCEITO DA EXPRESSÃO “Salvo disposição em contrário” (do


parágrafo único): Significa que a tentativa é punida com a mesma pena
do crime consumado, sem a diminuição legal. EX: Art. 352 (evadir-se
ou tentar evadir-se).

14/06/2016 VLSR 89
CAUSAS EXCLUDENTES
• Tentativa abandonada

• 1. Desistência Voluntária
• 2. Arrependimento Eficaz

• CP: Dispõe o art. 15: “O agente que, voluntariamente, desiste


de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos praticados”.

• Início da Execução + Não Consumação do delito por conta da


própria vontade do agente.

14/06/2016 VLSR 90
NATUREZA JURÍDICA:

• 1)Causas de exclusão da tipicidade em


relação ao crime pretendido.
• 2) Causas de exclusão da punibilidade

14/06/2016 VLSR 91
Desistência voluntária e
Arrependimento eficaz

• Art. 15 CP “O agente que, voluntariamente,


desiste de prosseguir na execução ou impede
que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados”.

14/06/2016 VLSR 92
Desistência voluntária

• Dar-se-á a desistência voluntária quando o


agente, já tendo iniciado a execução do
delito, desiste por sua própria vontade de
continuar com a mesma e consumar o delito.

14/06/2016 VLSR 93
Continuação.........

• Para que haja esse instituto, é preciso que os


atos executórios sejam iniciados e o agente
voluntariamente os interrompa.

• Atira. Chega perto e desiste de completar o


serviço.

14/06/2016 VLSR 94
§ DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Ingressando na fase dos atos de execução, duas situações poderão


ocorrer:

1. O agente é interrompido durante os atos de execução, ou


esgota tudo aquilo que tinha ao seu alcance para chegar à
consumação da infração penal, que somento não ocorre em virtude de
circunstâncias alheias à sua vontade (TENTATIVA).

2. Ainda durante a prática dos atos de execução, mas sem


esgotar todos os meios que tinha à sua disposição para chegar à
consumação do crime, o agente desiste, voluntariamente, de nela
prosseguir (DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA).

§ Desistência Voluntária e Política Criminal: visa impedir o


resultado mais grave, por meio da punição menos severa diante da
decisão de interromper a ação criminosa.
14/06/2016 VLSR 95
§ A Desistência deve ser voluntária, e não espontânea -

Exs: o agente querendo causar a morte de seu desafeto, após


com ele se encontrar em local ermo, interpela-o e efetua o
primeiro disparo, acertando-o no membro inferior esquerdo. A
vítima cai e, quando o agente começava a reiniciar os disparos,
suplica-lhe pela sua vida. Sensibilizado, o agente interrompe a
sua execução e não efetua os disparos mortais.

O agente ingressa na residência da vítima com a finalidade de,


mediante emprego de violência ou grave ameaça, subtrair os
bens móveis que lhe interessarem. Após anunciar o assalto, o
vítima lhe suplica que não leve adiante a subtração, alegando
poucos recursos. Comovido, o agente desiste e vai embora sem
levar nada.

14/06/2016 VLSR 96
§ Ex: logo após anunciar o assalto, o agente escuta um barulho
parecido com uma sirene utilizada em carros policiais e,
imaginando que será preso, coloca-se em fuga.

APLICAÇÃO DA FÓRMULA DE FRANK:


“POSSO PROSSEGUIR, MAS NÃO QUERO” OU
“QUERO PROSSEGUIR, MAS NÃO POSSO”.

Responsabilidade do agente somente pelos atos já praticados –


após a desistência terá que ser verificado qual ou quais infrações
penais que cometeu até o momento.

Ex: João, munido de um revólver com capacidade para seis


projéteis e agindo com dolo de matar, efetua três disparos contra
João, acertando no ombro esquerdo, na coxa e no joelho direito.
Mesmo possuíndo ainda balas no revólver, decide não continuar a
ação, evitando a morte da vítima. Responderá somente por lesões
corporais.
14/06/2016 VLSR 97
§ EX: o agente possui um único projétil em seu revólver, dispara-
o, agindo com dolo de matar, contra seu desafeto e, por
circunstâncias alheias à sua vontade, atinge-o em região não
letal.

Responde por tentativa de homicídio, posto que para que


alegação da desistência voluntária se exige que o agente ainda
esteja praticando, ou, pelo menos ainda possa praticar os atos de
execução.

14/06/2016 VLSR 98
Arrependimento eficaz
§ ARREPENDIMENTO EFICAZ – quando o agente,
depois de esgotar todos os meios de que dispunha para
chegar à consumação da infração penal, arrepende-se e
atua em sentido contrário, evitando a produção do
resultado inicialmente por ele pretendido.

§ EX: agente lança o desafeto no mar, com sucesso,


sabendo que o mesmo não sabia nadar, e depois resolve
salvá-lo. Se a vítima sair ilesa não responde por nada.

14/06/2016 VLSR 99
Continuação............
• Nesse caso, o agente esgotou todos os atos executórios,

mas arrependeu-se e evitou eficazmente que o resultado

se produzisse.

• Ex.: mulher que envenena o marido e arrepende-se e o

leva ao hospital.

14/06/2016 VLSR 100


§ Se o agente não conseguir impedir o resultado, por mais
que se tenha arrependido, responderá pelo crime
consumado.

§ Ex: o agente ministra veneno na alimentação da esposa,


que a ingere. Aquele arrependido, confessa o fato e
procura ministrar o antídoto. No entanto, ela recusa a
aceitá-lo e morre. O arrependimento não foi eficaz. O
agente responde pelo crime Consumado.

14/06/2016 VLSR 101


§ Diferença entre desistência voluntária e
arrependimento eficaz:

§ a) quando o agente ainda esta praticando atos de


execução, fala-se em desistência voluntária.

§ b) quando o agente esgota tudo aquilo que estava à sua


disposição para alcançar o resultado, arrepende-se,
impedindo o resultado, fala-se em arrependimento
eficaz.

§ c) causas que conduzem à atipicidade do fato.

14/06/2016 VLSR 102


Observação

• Tanto na desistência voluntária, quanto no

arrependimento eficaz, não importam os

motivos que levaram o agente a arrepender-se.

14/06/2016 VLSR 103


Observação.......

• Tratam-se de causas de exclusão da adequação


típica, uma vez que a interrupção voluntária dos
atos desfigura a tipicidade da tentativa em
relação ao intuito inicialmente concebido.

14/06/2016 VLSR 104


TENTATIVA QUALIFICADA

• A doutrina denomina Tentativa


Qualificada, quando, na desistência
voluntária ou no arrependimento eficaz,
o agente responde pelo atos já
praticados que, de per si, configurem
crimes.

14/06/2016 VLSR 105


• 1. Início da execução + não-consumação do crime por vontade
própria do agente; 2. o agente interrompe o processo de
Desistência execução que iniciara; 3. Só é possível na tentativa imperfeita; 4.
Voluntária Exigência tão-só de voluntariedade (independente de
espontaneidade); 5. Não há punição; 6.Responde pelos atos já
praticados, se típicos. (Tentativa Qualificada)

• 1. Início e término da execução + não-consumação


do crime por vontade própria do agente. 2. O
agente realiza todo o processo executório, mas
impede que o resultado ocorra; 3. Só é cabível na
Arrependime tentativa perfeita. 4. Exigência de voluntariedade
nto Eficaz (independentemente de espontaneidade) e de
eficácia do arrependimento; 5. Não há punição;
6.Responde pelos atos já praticados, se típicos.
(Tentativa Qualificada)

14/06/2016 VLSR 106


Arrependimento posterior

§ Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave


ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa,
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.

14/06/2016 VLSR 107


§ ARREPENDIMENTO POSTERIOR – CAUSA GERAL DE
DIMINUIÇÃO DE PENA
§ POLÍTICA CRIMINAL – voltada para a vítima e não para o
agente, visa estimular a reparação do dano, nos crimes cometidos
sem violência ou grave ameaça à pessoa.
§ MOMENTOS:
§ Quando a reparação do dano ou a restituição da coisa é feita ainda
na fase extrajudicial;
§ Quando encerrado o inquérito policial, remetido à Justiça, pode o
agente, valer-se do arrependimento posterior, desde que restitua a
coisa ou repare o dano, até o recebimento da denúncia.

14/06/2016 VLSR 108


§ INFRAÇÕES PENAIS QUE ADMITEM O
ARREPENDIMENTO POSTERIOR

§ FURTO – mesmo que qualificado pela destruição ou


pelo rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I), uma
vez que a violência foi dirigida contra a coisa e não
contra a pessoa.

§ DANO – (art. 163, caput), posto que a violência é


empregada contra a coisa que se quer destruir, inutilizar
ou deteriorar.

14/06/2016 VLSR 109


§ INFRAÇÕES PENAIS QUE ADMITEM O
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
§ ATO VOLUNTÁRIO DO AGENTE, NÃO SE EXIGE
ESPONTANEIDADE: o agente pode ter sido convencido
§ por terceira pessoa a restituir a coisa ou a reparar o dano.
§ Se beneficia aquele que, já descoberto pela autoridade policial,
devolve a res furtiva para beneficiar-se com esse instituto.
§ Se a coisa não é por ele voluntariamente entregue à autoridade
policial, mas sim é descoberta e apreendida no curso das
investigações, não se aplica o benefício.

14/06/2016 VLSR 110


§ Se terceira pessoa restituir a coisa ou reparar o dano em nome do
agente – 2 posições:
§ primeira – que exige a pessoalidade do ato;
§ segunda – que leva em conta tanto os interesses da vítima como
do agente, admitindo o ressarcimento do prejuízo por terceiro (o
ato deve ser voluntário, não pessoal).

§ Restituição ou Reparação Total ou Parcial:

§ A restituição da coisa deve ser total, para a aplicação da redução;


§ Caso não haja como restituir a coisa (destruição, ou o agente se
desfez) - é possível levar em conta a satisfação da vítima frente a
reparação parcial do dano levada a efeito pelo agente, para a
aplicação da redução.

§ Extensão da Redução aos Co-Autores – mesmo que somente


um dos agentes restitua voluntariamente a res furtiva à vitima,
ambos se beneficiam da redução.
14/06/2016 VLSR 111
§ DIFERENÇA ENTRE ARREPENDIMENTO
POSTERIOR E ARREPENDIMENTO EFICAZ

§ No primeiro o resultado já foi produzido, no segundo o agente


impede a sua produção.
§ Nos crimes cometidos com violência ou grave ameça contra à
pessoa não se admite o arrependimento posterior, no
arrependimento eficaz inexiste a restrição.
§ No primeiro há uma redução obrigatória da pena, no segundo,
o agente responde somente pelos atos praticados.

§ SÚMULA Nº 554 DO STF - “O pagamento de cheque


emitido sem suficiente provisão de fundos, após o recebimento
da denúncia não obsta ao prosseguimento da ação penal”.
§ Interpretação – não é possível o início da ação penal se o agente
efetuar o pagamento relativo ao cheque por ele emitido sem
suficiente provisão de fundos, até o recebimento da denúncia.

14/06/2016 VLSR 112


§ O entendimento sumulado pelo STF diz respeito tão somente aos
cheques emitidos sem suficiente provisão de fundos, e não
àqueles falsamente preenchidos por estelionatários, que não
praticam a infração prevista no inciso VI do § 2º do art. 171, CP,
mas sim a tipificada no caput.

§ Na hipótese do cheque emitido com falsa identidade – não se


aplica a Súmula 554, mas admite a redução pelo arrependimento
posterior.

HC – A dação de cheque sem fundos emitidos com falsa


identidade constitui infração ao tipo fundamental do estelionato e
o ressarcimento da vítima antes da denúncia não impede a
propositura da ação penal e muito menos justifica o seu
trancamento, influindo apenas como fator de redução da pena, ex
vi do art. 16 da Lei nº 7.209/84.
(2ª Câmara Criminal do TJES,VLSR
14/06/2016
6.5.87, HC nº 9.107). 113
REPARAÇÃO DO DANO APÓS O RECEBIMENTO DA
DENÚNCIA – não será aplicada a causa geral de diminuição da
pena, prevista no art. 16 do Código Penal, mas sim a circunstância
atenuante elencada no art. 65, III, b, segunda parte.
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
(…)
III – ter o agente:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano;
ARREPENDIMENTO POSTERIOR E CRIME CULPOSO –
mesmo vedado nos delitos praticados com grave ameaça ou
violência contra à pessoa, não impede a aplicação da redução
quando se tratar de delitos culposos. Ex: lesões corporais.
14/06/2016 VLSR 114
REPARAÇÃO DOS DANOS E A LEI Nº 9.099/95
Nos crimes de competência do JEC - a composição de danos, nos
crimes em que a ação penal seja de iniciativa privada ou pública
condicionada à representação, tem um efeito muito superior, uma vez
que homologado o acordo (audiência preliminar) acarreta a renúncia
ao direito de queixa ou representação.

Extingue-se a puniblidade do agente (art. 107, V, CP), em razão da


renúncia legal imposta à vítima ao seu direito de ingressar em juízo.

A Lei 9.099/95 não fez distinção se a infração penal foi ou não


cometida com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa,
exigindo apenas que o crime seja de competência do JEC, e a
iniciativa da ação for privada ou pública condicionada à
representação.
14/06/2016 VLSR 115
CRIME IMPOSSIVEL

ART. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta


do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.

1. Ineficácia absoluta do meio – quando o agente após dar início aos


atos de execução, só não alcança o resultado pretendido porque
utilizou meio absolutamente ineficaz.

Exemplos clássicos:
- utilização de revólver sem munição ou com munição já detonada;
- aquele que querendo causar a morte de alguém por
envenenamento, substitui, equivocadamente, o veneno por açucar;
- falsificação grosseira, destinada à obtenção de vantagem ilícita;
- aquele que quer contaminar alguém com moléstia grave de que
não é portador.
14/06/2016 VLSR 116
2. Absoluta impropriedade do objeto –

Objeto é tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta do agente.


Objeto é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta do
agente. Nessse caso por se objeto absolutamente impróprio não se
fala em tentativa.

Exs: - se alguém atira em direção a outrem que parece dormir,


quando, na realidade, já se encontrava morto, não comete o delito
de homicídio, haja vista que o objeto é absolutamente impróprio
para esta finalidade, pois que só se pode causar a morte de quem
esteja vivo.

- mulher, supondo-se grávida, ingere substância abortiva apta a


expelir o feto, quando, na realidade, não existe gravidez.

- pessoa que pretende contaminar outrem com doença venérea, que


já se encontra contaminado, ou que apresenta imunidade a ela.
14/06/2016 VLSR 117
SÚMULA Nº 145 DO STF – Não há crime, quando a preparação do
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

Uma vez preparado o flagrante pela polícia, a total impossibilidade


de se consumar a infração penal pretendida pelo agente pode
ocorrer tanto no caso de absoluta ineficácia do meio por ele
utilizado como no de absoluta impropriedade do objeto.

Flagrante preparado - quando o agente é estimulado pela vítima,


ou mesmo pela autoridade policial, a cometer a infração penal
com o escopo de prendê-lo. A vítima e a autoridade policial, e até
terceiros que se prestem a esse papel, são conhecidas como
agentes provocadores.

Flagrante esperado – não há estimulação por parte da polícia, vítima


ou terceiros. Nesses casos, tendo a autoridade policial prévio
conhecimento da intenção do agente, o aguarda, sem estimulá-lo,
e cuida para evitar o crime. Fala-se
14/06/2016 VLSR
em tentativa. 118
Para Rogério Greco – não importa se o
flagrante é preparado ou esperado. Desde que
o agente não tenha possibilidade, em hipótese
alguma, de consumar o crime, o caso será de
crime impossível, considerando-se a absoluta
ineficácia do meio por ele empregado, ou a
absoluta impropriedade do objeto.

14/06/2016 VLSR 119


Conflito aparentes de normas

• O conflito é apenas aparente, visto que o fato

deverá ser enquadrado em apenas uma norma,

embora pareça, a primeira vista, que existem

outras que se adequam ao mesmo evento

concreto.
14/06/2016 VLSR 120
São dois os pressupostos para a ocorrência do
conflito aparente de normas:

• Unidade de fato delituoso.

• Diversidade de normas que aparentemente se

adequam ao fato delituoso.

• Inexistindo um desses pressupostos, não haverá

conflito aparente de normas e caso haja pluralidade de

fatos, teremos, em regra, um concurso de crimes.


14/06/2016 VLSR 121
Princípios que solucionam o conflito
aparente de normas

• Princípio da especialidade:

• Subsidiariedade.

• Consunção ou Absorção.

14/06/2016 VLSR 122


Da especialidade

• A norma especial exclui a norma geral.


• Ex:. O infanticídio, exclui o homicídio.

14/06/2016 VLSR 123


Da subsidiariedade

vUma norma só será aplicável se não for aplicada


outra.
vQuando existirem duas normas que descrevam
graus de violação ao mesmo bem jurídico, de modo
que uma delas seja a principal e a outra a
subsidiária.
14/06/2016 VLSR 124
Da consunção ou absorção

vSe uma conduta mostrar-se como etapa para a


realização de outra conduta, diz-se que a primeira foi
consumida pela segunda, restando apenas a
punibilidade da última.

vLesões corporais são consumidas pelo homicídio.

vO crime consumado absorve o tentado.


14/06/2016 VLSR 125
DIREITO PENAL - I

DO DOLO NO DIREITO PENAL

VLSR 126
Teoria do dolo
• A intervenção do DP começa e termina com o início e fim da
vontade humana, fora dela há somente a responsabilidade objetiva,
ou seja, responsabilização do sujeito por fatos estranhos a sua
vontade, puramente causais.
• Só as ações humanas exteriorizadas e lesivas ao bem jurídico
(princípio da lesividade) podem ser objeto de repressão penal – por
isso não são puníveis ações meramente imorais ou a simples
cogitação para delinquir (cogitationis poenam nemo patitur).
Teoria do dolo
• Com a teoria final da ação, passou-se a adotar um conceito mais
restrito de dolo, porque embora o deslocasse da culpabilidade
para a tipicidade, o destacaria da consciência da ilicitude,
adotando, assim, um conceito natural de dolo, por isso que o
conhecimento do caráter ilícito do comportamento segue
pertencendo à culpabilidade.
Teoria do dolo
• Assim, segundo Welzel, o dolo (de tipo) “é só a vontade de ação
orientada à realização do tipo de delito”, ou seja, “dolo é o saber e
querer a realização do tipo”. Por conseqüência, “a consciência da
antijuridicidade da ação não pertence ao dolo de tipo, senão que é
um momento da culpabilidade”.

• Ex.: age com dolo um estrangeiro holandês que traz de seu país
pequena quantidade de droga para uso pessoal, ainda quando
convencido (de boa-fé) de que o que faz é permitido aqui. Isso
porque, segundo o finalismo, o dolo requer apenas o conhecimento
dos elementos objetivos do tipo, não o da sua proibição, que
pertence à culpabilidade. Este é o conceito adotado pelo CP no art.
18, I e 21.
Teoria do dolo

• O dolo possui um elemento volitivo (querer o resultado) e um


cognitivo (ou intelectivo), por isso, para agir dolosamente, o sujeito
deve saber o que faz e conhecer os elementos que caracterizam sua
ação como típica.

• Ex.: no homicídio, deve saber que mata outra pessoa; no furto, que
se apodera de coisa alheia móvel. Portanto, não há dolo de
homicídio se o autor supõe que abate um animal; não há furto se
imagina ser sua a coisa.
CONCEITO DE DOLO
• Art. 18, I do CP: o crime é doloso quando o agente quis o resultado
ou assumiu o risco de produzí-lo.

• Modernamente a doutrina tem o dolo como elemento subjetivo do


tipo implícito, estando posicionado na conduta (teoria finalista da
ação).

• É a vontade livre de concretizar os elementos do tipo.

• Não há a necessidade do dolo portar a consciência da ilicitude, uma


vez que esta é elemento da culpabilidade e não do dolo. Destarte, a
falta da consciência da ilicitude exclui a culpabilidade e não o dolo.

VLSR 131
Conceito atual de dolo:

• Significa a consciência e vontade de praticar um fato que se sabe


proibido pelo direito. É necessário que o dolo seja contemporâneo
da prática da conduta típica, se for posterior ou anterior à conduta,
não se caracterizará.
• Também não basta existir dolo antecedente à execução, porque o
dolo na fase de cogitação ou preparação não é punível como tal.
• Ex.: adquirir arma a fim de matar, perseguir a vítima, apontar em
sua direção, mas desistir de fazê-lo, disparando, contudo,
acidentalmente, responde por crime culposo e não doloso.
Elementos do dolo:
• Sobre a representação, Queiroz diz:
• “embora ainda hoje haja muita divergência sobre se o dolo exige só
representação (teoria da representação) ou se é também vontade
(teoria da vontade), dato é que representação sem vontade é coisa
inexpressiva, e vontade sem representação é impossível (Florian),
pois o primeiro, o conhecimento, é pressuposto do segundo, a
vontade, que não pode existir sem aquele, uma vez que ninguém
pode querer realizar algo que não conheça”
Elementos do dolo:
• Segundo o disposto no art. 18 do CP, para a configuração do dolo
eventual, não é suficiente a presença de elementos cognitivos, mas
também de elementos volitivos.

• Conforme Hungria, o legislador do CP de 40 “preferiu a teoria da


vontade (dolo é vontade dirigida ao resultado) completada pela
teoria do consentimento (é também dolo a vontade que, embora não
dirigida diretamente ao resultado previsto como provável, consente
no advento deste ou, o que vem a ser o mesmo, assume o risco de
produzi-lo)”.
RESUMINDO:Elementos do dolo
• Consciência da conduta e do resultado.

• Consciência da relação causal pretendida.

• Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.

• É necessário que o agente tenha consciência do seu comportamento

(ação ou omissão) e do resultado, bem como de que a sua conduta pode

derivar o resultado.

VLSR 135
RESUMINDO:Elementos do dolo

• O dolo implica, também, que o agente tenha também a vontade de

realizar a conduta e produzir o resultado. Quando se tratar de crimes de

mera conduta, basta que o agente tenha a representação e a intenção de

concretizá-la.

VLSR 136
RESUMINDO:Elementos do dolo

• O dolo deve abranger todos os elementos da


figura típica (elementos circunstanciais).
Ausente o conhecimento de um dos elementos
componentes do tipo, o fato pode tornar-se
atípico ou caracterizar outro delito.

VLSR 137
Abrangência:
• A consciência do autor deve referir-se a todos os componentes
do tipo, prevendo ele os dados essenciais dos elementos dos
típicos futuros, em especial o resultado e o processo causal.

• A vontade consiste em resolver executar a ação típica,


estendendo-se a todos os elementos objetivos conhecidos pelo
autor que servem de base à sua decisão em praticá-la.

• Que ressalte-se que o dolo abrange também os meios


empregados e as conseqüências secundárias de sua atuação.

VLSR 138
Fases da conduta
• Fase interna: opera-se no pensamento do autor. Caso não passe

disso, é penalmente indiferente. Isso ocorre nas hipóteses em que

o agente apenas se propõe a um fim. (matar o inimigo); em tão-

somente seleciona os meios para realizar a finalidade (escolhe um

explosivo); em que considera os efeitos concomitantes que se

unem ao fim pretendido (a destruição da casa do inimigo, a morte

de outras pessoas que estejam com ele).

VLSR 139
Cont....

• Fase Externa: consiste em exteriorizar a conduta, numa

atividade em que se utilizam os meios selecionados

conforme a normal e usual capacidade humana de

previsão. Caso o sujeito pratique a conduta nessas

condições, age com dolo, e a ele se podem atribuir o

fato e suas conseqüências diretas.


VLSR 140
Teorias do dolo
• Da vontade: é a vontade de realizar a conduta e produzir o
resultado.
• Da representação: dolo é a vontade de realizar a conduta,
prevendo a possibilidade de o resultado ocorrer, sem, contudo,
desejá-lo. Denomina-se a teoria da representação, porque basta ao
agente representar (prever) a possibilidade do resultado para a
conduta ser qualificada como dolosa.
• Do assentimento ou consentimento: é o assentimento do
resultado, isto é, a previsão do resultado com a aceitação dos
riscos de produzi-lo. Não basta, portanto, representar; é preciso
aceitar como indiferente a produção do resultado.

VLSR 141
Teoria dominante no Brasil

• Art. 18,I CP. TEORIAS DA VONTADE E DO ASSENTIMENTO.

• DOLO É A VONTADE DE REALIZAR O RESULTADO OU ACEITAÇÃO DOS

RISCOS DE PRODUZÍ-LO.

VLSR 142
Espécies de dolo

• Embora o dolo seja sempre o mesmo, ele varia em sua forma de

manifestar-se de acordo com os elementos integrantes de sua

figura típica. Assim, por exemplo, o dolo de lesionar é diferente

do dolo de matar.

• Em vista do exposto e do contido no art. 18, I, do CP, a doutrina

apresenta várias espécies de dolo, que vemos a seguir:

VLSR 143
DOLO NATURAL

• É o concebido como um elemento puramente psicológico,


desprovido de qualquer juízo de valor.

• Trata-se de um simples querer, independentemente de o objeto


da vontade ser lícito ou ilícito, certo ou errado.compõem-se
apenas de consciência e vontade, sem a necessidade de que
haja também a consciência de que o fato praticado é ilícito,
injusto ou errado.

• Qualquer vontade é considerada dolo.

VLSR 144
Dolo normativo

• Em vez de constituir elemento da conduta, é considerado requisito


da culpabilidade e possui três elementos: a consciência, a vontade
e a consciência da ilicitude.

• Para que haja o dolo, não basta que o agente queira realizar a
conduta, sendo também necessário que tenha a consciência de
que é ilícita, injusta, errada.

• Não é um simples querer, mas um querer algo ilícito e errado.

VLSR 145
Dolo alternativo

• A vontade do agente é direcionada a um ou


outro resultado. Tanto faz um ou outro
resultado.

• Ex.: esfaquear para ferir ou matar.

• Namorada que surpreende namorado


conversando com outra mulher joga granada
neles.
VLSR 146
Dolo de dano e dolo de perigo

• Dolo de dano: há vontade de produzir uma lesão efetiva a

um bem jurídico (CP, arts. 155, 133, etc.).

• De perigo: mera vontade de expor o bem a um perigo de

lesão (132/133 CP).

VLSR 147
Dolo genérico

• É a vontade de realizar a conduta sem nenhum fim

especial, ou seja, a mera vontade de praticar o núcleo da

ação típica (o verbo do tipo), sem qualquer finalidade

específica.

• Homicídio: basta a simples vontade de matar alguém.

VLSR 148
Dolo Especifico

• Vontade de realizar a conduta visando um


fim especial previsto no tipo.
• Extorsão mediante seqüestro.

VLSR 149
Dolo direto e dolo eventual:
• O dolo direto e o eventual recebem o mesmo tratamento jurídico-
penal, contudo, em alguns delitos, é exigido o dolo direto, não
sendo suficiente o eventual, a exemplo da receptação dolosa (art.
180, caput), pois exige que sujeito tenha certeza de que a coisa é
produto de crime.

• DOLO DIRETO: quando o autor quer o resultado e age no


sentido de realizá-lo.

• DOLO EVENTUAL: o agente considera seriamente possível a


realização do tipo e se conforma com isso, ou seja, assume o risco
de produzir o resultado.
Dolo direto ou determinado
• O sujeito visa a certo e determinado resultado.

• É a vontade de realizar a conduta e produzir o


resultado (teoria da vontade).

• Quando o resultado no mundo exterior


corresponde perfeitamente à intenção e à
vontade do agente.

VLSR 151
Dolo indireto ou indeterminado

• O agente não que diretamente o resultado, mas aceita a

possibilidade de produzi-lo (dolo eventual), ou não se importa

em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo).

• Magalhães Noronha: é indireto quando, apesar de querer o

resultado, a vontade não se manifesta de modo único e seguro

em direção a ele, ao contrário do que sucede com o dolo direto.

• Comporta o dolo alternativo e o eventual, como veremos a

seguir:
VLSR 152
Dolo Eventual
• O sujeito não quer o resultado, mas assume o risco de
produzi-lo e o aceita. O resultado é indiferente ao
agente.
• Não quero, mas se acontecer, por mim tudo bem, não é
por causa deste risco que vou parar de praticar minha
conduta – não quero, mas também não me importo
com a sua ocorrência.
• Ex.
• Motorista e alta velocidade
• homem – mulher.
VLSR 153
Dolo eventual e culpa consciente: distinção

• Diferentemente da culpa consciente (culpa com previsão),


no dolo eventual, o agente, ainda que apenas
indiretamente, quer o resultado, ou seja, aceita a sua
produção. Na culpa consciente, há mera previsão, sem
que com isso se aceite o resultado, há um erro de cálculo,
enquanto no dolo eventual há uma dúvida.
Dolo eventual e culpa consciente: distinção

• Há entre eles um traço comum: a previsão do resultado


antijurídico, a diferença é que no dolo eventual o agente anui com
o resultado, e prefere arriscar-se a produzi-lo, já na culpa
consciente, o agente repele, embora inconsideradamente, a hipótese
de superveniência do resultado, e empreende a ação na esperança
ou persuasão de que este não ocorrerá. Acredita, imprudentemente,
que o resultado não se realizará.
Elementos subjetivos do tipo (ou do injusto):

• São todos requisitos de caráter subjetivo distintos do dolo que o


tipo exige para sua realização. Era o que antes se chamava de dolo
específico. Ex.: o animus furandi no furto, o intuito de obter
vantagem econômica na extorsão (art. 158), não estariam
compreendidos no dolo, seriam elementos subjetivos do injusto
que dele se distinguiriam.
Elementos subjetivos do tipo (ou do injusto):

• Este elementos seriam pertencentes ao campo psíquico-espiritual


do agente, traduzidos em especiais tendências, intenções ou
propósitos (fim especial de agir) que condicionam ou que
fundamentam o juízo de ilicitude do comportamento.
Elementos subjetivos do tipo (ou do injusto):

• Observa Queiroz que se o dolo compreende “todos os elementos


do tipo, parece evidente que deverá também compreender tais
elementos, não fazendo sentido, por conseguinte, pretender
autonomizá-los em face do conceito de dolo”.
• Ainda segundo o autor “não existe, realmente, um ‘dolo genérico’
ou um ‘dolo específico, mas um ‘dolo de tipo’, isto é, um dolo de
matar, de furtar, etc., compreensivo, portanto, de todos os
elementos que o formam.
Ausência de dolo: erro de tipo
• É a negação da representação exigida para o dolo, ou seja, há erro
de tipo quando o autor desconhecer os elementos do dolo segundo
o correspondente tipo.

• Quanto ao conteúdo, o dolo pode consistir tanto em uma


representação falsa da realidade como na sua falta de
representação, pois o erro é a discrepância entre consciência e
realidade. Se o dolo pressupõe a consciência e a vontade de realizar
o tipo, a conduta não será dolosa quando o agente errar sobre os
elementos que o constituem.
Ausência de dolo: erro de tipo

• O erro de tipo consiste na ausência ou na falsa


representação da realidade, uma vez comprovado o
engano do sujeito ativo, excluir-se-á o dolo, respondendo
o agente somente a título de culpa, se o delito preveja a
forma culposa, e se culpa existir, do contrário será
excluída a própria tipicidade penal.
Ausência de dolo: erro de tipo

• Erro inevitável: é escusável, pois o sujeito não tem noção alguma


da realidade que o circunda, ou tem de forma inexata, sendo levado
a tal circunstância de modo absolutamente inevitável, nestes casos
o sujeito não responderá por crime algum, pois não sabia que
realizava os tipos penais de homicídio (não imaginava que matava
um ser humano) ou furto (não imaginava que se apossava de coisa
alheia), por exemplo.
Ausência de dolo: erro de tipo

• Erro evitável: inescusável, pois o agente foi levado a ele por falta
de prudência, podendo evitá-lo caso fosse minimamente cuidadoso.
(ex.: caçador que deveria ter tomado mínimas cautelas para saber
se estava mirando em uma pessoa ou num animal). Assim,
admitindo o tipo a forma culposa, o agente responderá a titulo de
culpa, do contrário, não será punido.
Ausência de dolo: erro de tipo

• O erro de tipo pode acarretar, também, a desclassificação


do delito. Ex.: sujeito desacata funcionário público sem
saber de sua condição, poderá responder não por desacato
(art. 331), mas por crime contra a honra (injúria).

• Já o erro de tipo acidental, não afasta nem o dolo nem a


culpa, nos seguintes casos: erro sobre a pessoa, erro na
execução, resultado diverso do pretendido.
Erro de proibição ou erro sobre a ilicitude do fato:

• Agente supõe erradamente praticar fato juridicamente permitido,


mas realiza comportamento proibido. O agente encana-se quanto
ao caráter proibido de sua acão, supondo ser lícita.

• Se o erro foi inevitável, haverá isenção de pena (agente não puder,


com um esforço mínimo, obter concretamente o conhecimento do
caráter ilícito do fato, o conhecimento que se exige é potencial,
possibilidade de atingir a consciência da ilicitude); se evitável, a
pena será diminuída de 1/6 a 1/3 (art. 21, par. único, CP).
Erro de proibição ou erro sobre a ilicitude do fato:

• O erro de proibição, portanto, quando isenta de pena,


exclui a culpabilidade, subsistindo o dolo e, portanto, a
tipicidade.
• Então, o erro de tipo exclui a tipicidade, o erro de
proibição a culpabilidade (pois o potencial conhecimento
da ilicitude é uma questão da culpabilidade, e não da
tipicidade).
Dolo geral, erro sucessivo ou “aberratio causae”

• Quando o agente, após realizar a conduta, supondo já ter produzido o

resultado, pratica o que entende ser um exaurimento e nesse momento

atinge a consumação.

• Genro envenena a sogra. Pensa estar morta. Joga no mar. Morre afogada.

VLSR 166
Dolo geral, erro sucessivo ou “aberratio causae”
• Operou-se um equívoco sobre o nexo causal, pois o

autor pensava tê-la matado por envenenamento.

• Leva-se em conta meio que o agente tinha em mente

(emprego de veneno), para fins de qualificação do

homicídio, e não aquele, que acidentalmente,acabou

empregado (asfixia por afogamento.


VLSR 167
Dolo de Primeiro Grau
• Primeiro grau: consiste na vontade
de produzir as conseqüências
primárias do delito, ou seja, o
resultado típico inicialmente visado.

VLSR 168
Dolo de Segundo Grau

• Abrange os efeitos colaterais da prática delituosa, ou


seja, as suas conseqüências secundárias, que não são
desejadas originariamente, mas acabam sendo
provocadas porque indestacáveis do primeiro evento.o
autor não pretende produzir o resultado, mas se dá
conta que não pode chegar à meta traçada sem causar
tais efeitos acessórios.

VLSR 169
Exemplo
• Quer seguro do barco por meio fraudulento (1º G).

Explode com tripulantes dentro (2º G).

• Esta modalidade vai resultar o dolo eventual.

• Reponde por ambos os delito, em concurso, a título

de dolo.

VLSR 170
Dolo e dosagem da pena
• A quantidade da pena abstratamente cominada no
tipo não varia de acordo com a espécie de dolo,
contudo, o juiz deverá levá-la em consideração no
momento da dosimetria penal, pois, quando o art. 59,
caput, do CP manda dosar a pena de acordo com o
grau de culpabilidade, está-se referindo à intensidade
do dolo e ao grau de culpa circunstâncias judiciais a
serem levadas em conta na primeira fase da fixação.
VLSR 171
Dolo e dosagem da pena
• Culpabilidade é juízo de reprovação do autor da
conduta.

• Grau de culpabilidade é circunstancia a ser


referida no momento da dosagem da pena e
dentro da qual se encontram a espécie de dolo e
o grau de culpa.

VLSR 172
Dolo nos crimes comissivos por omissão

• Não há crime comissivo por omissão sem que exista o

especial dever jurídico de impedir o dano ou o perigo ao

bem jurídico tutelado, e nos delitos comissivos por

omissão dolosa é também indispensável que haja a

vontade de omitir a ação devida.


VLSR 173
DIREITO PENAL - I

CRIMES CULPOSOS
Crimes culposos

• Art. 18, II CP: crime culposo é aquele em que o


agente dá causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia.
• Teoria finalista da ação: culpa é o elemento
normativo do tipo, fazendo parte da conduta.

VLSR 175
Crimes culposos

• Para se saber se houve culpa ou não será sempre


necessário proceder-se a um juízo de valor,
comparando a conduta do agente no caso concreto
com aquela que uma pessoa medianamente
prudente teria na mesma situação.
• Isso faz com que a culpa seja qualificada como um
elemento normativo da conduta.
VLSR 176
Norma

• É um mandamento de conduta normal, que

não está escrito em lugar algum, mas decorre

do sentimento médio da sociedade sobre o que

é justo ou injusto, certo ou errado.

VLSR 177
Dever objetivo de cuidado

• É O DEVER QUE TODAS AS PESSOAS DEVEM


TER;

• O DEVER NORMAL DE CUIDADO, IMPOSTO ÀS


PESSOAS DE RAZOÁVEL DILIGÊNCIA.

VLSR 178
TIPO ABERTO

• A CONDUTA CULPOSA NÃO É DESCRITA.

• Torna-se impossível descrever todas as hipóteses

de culpa, pois sempre é necessário, em cada

caso, comparar a conduta do caso concreto com a

que seria ideal naquelas circunstâncias.

VLSR 179
Crimes materiais

• Não existe crime culposo de mera conduta,

sendo imprescindível a produção do resultado

naturalístico involuntário para seu

aperfeiçoamento típico.

VLSR 180
Elementos do fato típico culposo

• Conduta (sempre voluntária) de fazer ou não fazer.


• Resultado involuntário.
• Nexo causal.
• Tipicidade.
• Previsibilidade objetiva.
• Ausência de previsão: cuidado, na culpa consciente
inexiste esse elemento.
• Inobservância do dever objetivo de cuidado,
manifestado através da imprudência, negligência ou
imperícia.
VLSR 181
Previsibilidade objetiva

• É a possibilidade de qualquer pessoa dotada de prudência

mediana prever o resultado. É o elemento da culpa.

• É a possibilidade que o agente, dadas as suas condições

peculiares, tinha de prever o resultado. Não importa se uma

pessoa de normal diligência poderia ter previsto, relevando

apenas se o agente podia ou não o ter feito.

VLSR 182
Previsibilidade e subjetiva

• A ausência de previsibilidade subjetiva não exclui a

culpa: uma vez que não é seu elemento.

• Exclui-se a culpabilidade, mas nunca a culpa. Dessa

forma, o fato será típico, porque houve conduta

culposa, mas o agente não será punido pelo crime

cometido ante a falta de culpabilidade.


VLSR 183
Princípio do risco tolerado

• São aqueles comportamentos arriscados,


que mesmos ilícitos não podem deixar de
ser realizados.
• Exemplo: Cirurgia em condições precárias.

VLSR 184
Princípio da confiança

• As pessoas agem de acordo com a expectativa


de que outras atuarão dentro do que lhes é
normalmente esperado.
• Exemplo: Motorista em uma via preferencial.

VLSR 185
Inobservância do dever objetivo de cuidado

• É a quebra do dever de cuidado imposto a todos


e manifesta por meio de três modalidades de
culpa, todas previstas no art. 18, II do CP.
• Imprudência.
• Negligência.
• Imperícia.
• Diferença entre imperícia e erro médico.

VLSR 186
Imprudência

• É a ação que dá ensejo a uma situação de


perigo.

• Ultrapassar o sinal vermelho, dirigir em


excesso de velocidade.

VLSR 187
Imperícia

• É a falta de aptidão técnica para o exercício de arte

ou ofício ou profissão. Ocorre quando alguém, que

não conhece devidamente a sua função ou está

sem prática, vem a causar dano a outrem.

• Policial administrativo. Erra tiro num assalto.

VLSR 188
Negligência

• É a falta de precaução ou indiferença em

relação à sua conduta.

• Deixar veneno ao alcance de uma criança.

VLSR 189
Imperícia x Erro médico
• Ocorre quando, empregados os conhecimentos normais da

medicina, por exemplo, chega o médico a conclusão errada

quanto ao diagnóstico, à intervenção cirúrgica, etc., não sendo

o fato típico.

• O erro médico pode derivar não apenas de imperícia, mas

também de imprudência ou negligência.

VLSR 190
Imperícia x Erro médico
• Além disso, a imperícia não se restringe à área médica, podendo
ocorrer em qualquer outra atividade ou profissão que requeira
habilidade especial.
• Somente a falta grosseira desses profissionais consubstancia a
culpa penal, pois exigência maior provocaria a paralisação da
ciência, impedindo os pesquisadores de tentar métodos novos
de cura, de edificações, etc.

VLSR 191
Crimes culposos

vRELEMBRANDO:
vArt. 18, II CP: crime culposo é aquele em que o agente
dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.
vTeoria finalista da ação: culpa é o elemento normativo
do tipo, fazendo parte da conduta.

VLSR 192
ESPÉCIES DE CULPA
SÃO ELAS:
Culpa inconsciente

• É a culpa sem previsão, em que o agente,


pratica um ato, embora previsível, confiando
em sua habilidade. Manifesta-se da
imprudência ou negligência. Para efeito de
imposição de pena, a culpa consciente e
inconsciente são iguais.

VLSR 194
Culpa consciente

• O evento é previsto pelo agente, mas ele confia na


sua não produção ou acha que poderá evitá-lo.
• Difere-se do dolo eventual, em que o agente
assume o risco de produzir o resultado e tolera a
produção deste.
• Na culpa consciente o evento, embora seja
previsto, o agente não quer que ele ocorra, não
assumindo o risco de produzí-lo e nem tolerando.
• Ver exposição de motivos do CP.
VLSR 195
Culpa própria

• É a culpa comum em que o resultado


não é visto pelo agente, embora
previsível.

VLSR 196
Culpa imprópria ou por equiparação ou extensão
ou por assimilação

v O resultado é previsto e querido pelo agente, que labora em erro


de tipo inescusável ou vencível , que poderia ter evitado, caso
fosse mais diligente.
v Trata-se, na realidade, de crime doloso em que é aplicada a pena
de um delito culposo.
v Os casos de culpa imprópria estão previstos nos arts. 20, § 1º, 2º
parte, e 23, parágrafo único, parte final, do CP.

VLSR 197
Culpa imprópria ou por equiparação ou extensão
ou por assimilação

v Ex.: o agente, sabedor de que seu pai vai chegar de viagem à


noite, ao ouvir o portão sendo forçado, pensando tratar-se de
ladrão, efetua disparo contra o vulto, matando o seu pai, que
havia esquecido as chaves.
v Laborou o agente em erro de tipo vencível, que afasta o dolo,
subsistindo a culpa (art. 20, § 1º, 2ª parte do CP).

VLSR 198
Culpa mediata ou indireta

• Ocorre quando o agente dá causa a um


resultado diretamente e indiretamente a
outro.
• Ex.: o agente atropela um gurí. O pai do gurí,
no afã de socorrer seu filho, é atropelado por
outro veículo.
• Pergunta-se: o motorista do primeiro veículo
é culpado pelo segundo atropelamento?
VLSR 199
Culpa mediata ou indireta

• Solução: deve ser verificada sob o prisma da


previsibilidade ou não do segundo evento. Ou seja, o
agente responde não apenas pelo atropelamento da
vítima, que diretamente realizou, mas também pela
morte do pai, provocada indiretamente por sua atuação
culposa(era previsível a tentativa de socorrer o filho).

VLSR 200
Observação sobre culpa mediata ou
indireta

• Para a configuração dessa modalidade de culpa, será


imprescindível que o resultado esteja na linha de
desdobramento causal da conduta, ou seja, no âmbito
do risco provocado, e, além disso que possa se
atribuído ao autor mediante culpa.

VLSR 201
Culpa presumida
• Sendo uma forma de responsabilidade objetiva, já
não é previsto no atual CP, antes existia. Inclusive se
punia o crime culposo quando o agente causasse o
resultado apenas por ter infringido uma disposição
regulamentar.
• Ex.: dirigir sem habilitação legal, ainda que não
houvesse imperícia negligência ou imprudência.

VLSR 202
Graus de culpa

• São a grave, a leve e a levíssima.


• Inexiste a diferença para efeito de cominação
abstrata de pena, mas o juiz deve levar em
conta a natureza da culpa no momento de
dosar a pena concreta, já que lhe cabe, nos
termos do art. 59, caput, do CP, fixar a pena de
acordo com o grau de culpabilidade do agente.

VLSR 203
Compensação de culpas
• Não existe no direito penal brasileiro.
• O pedestre que atravessa imprudentemente a
via pública em local inadequado não afasta a do
motorista que, trafegando na contramão, vem
atropelá-lo.
• Na aplicação da pena é avaliado, pois o
comportamento da vítima é avaliado, cf. art. 59.
• A culpa exclusiva da vítima exclui a do agente.

VLSR 204
Concorrência de culpas

• Ocorre quando dois ou mais agentes, em


atuação independente uma da outra, causam
resultado lesivo por imprudência, imperícia ou
negligência. Todos respondem pelos eventos
lesivos .

VLSR 205
Culpa nos delitos omissivos impróprios

• É possível a ocorrência de crimes omissivos impróprios


culposos. É o caso da babá que, por negligência,
descumpre o dever contratual de cuidado e vigilância
do bebê e não impede que este morra afogado na
piscina da casa.
• Responderá por homicídio culposo por omissão.

VLSR 206
Excepcionalidade do crime culposo

• Regra importantíssima: um crime só


pode ser punido como culposo quando
houver expressa previsão legal. Art. 18,
parágrafo único CP.
• No silêncio da lei, o crime só é punido
como doloso.

VLSR 207
Participação no crime culposo

• No tipo culposo, que é aberto, ou seja, em que


não existe descrição de conduta principal, mas
tão-somente previsão genérica, não se admite a
participação.
• O indivíduo é julgado separadamente pelo fato,
mesmo que tenha agido especificamente.

VLSR 208
Participação no crime culposo
• Mesmo no tipo culposo, que é aberto, é possível
definir qual a conduta principal. No caso do homicídio
culposo, por exemplo, a descrição típica é “matar
alguém culposamente”, logo, quem matou é autor e
quem o auxiliou, instigou ou induziu à conduta culposo
é o partícipe.

VLSR 209
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO

• Ler art. 18, parágrafo único.


• Em outras palavras, só haverá a modalidade
culposa de um delito se assim o tipo penal
expressamente prever.
• Ou seja, se não existir menção à modalidade
culposa de algum delito, só se admitirá a
conduta dolosa.
VLSR 210
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO

• Assim, por exemplo, como não há previsão para o


delito de dano culposo, o agente que culposamente
colidir com outro veículo, não poderá ser
responsabilizado criminalmente pelos danos materiais
que causou.

VLSR 211
CRIME IMPOSSIVEL

ART. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

1. Ineficácia absoluta do meio – quando o agente após dar início aos atos de execução, só
não alcança o resultado pretendido porque utilizou meio absolutamente ineficaz.

Exemplos clássicos:
- utilização de revólver sem munição ou com munição já detonada;
- aquele que querendo causar a morte de alguém por envenenamento, substitui,
equivocadamente, o veneno por açucar;
- falsificação grosseira, destinada à obtenção de vantagem ilícita;
- aquele que quer contaminar alguém com moléstia grave de que não é portador.

212
2. Absoluta impropriedade do objeto –

Objeto é tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta do agente.


Objeto é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta do agente.
Nessse caso por se objeto absolutamente impróprio não se fala em
tentativa.

Exs: - se alguém atira em direção a outrem que parece dormir, quando,


na realidade, já se encontrava morto, não comete o delito de
homicídio, haja vista que o objeto é absolutamente impróprio para
esta finalidade, pois que só se pode causar a morte de quem esteja
vivo.

- mulher, supondo-se grávida, ingere substância abortiva apta a


expelir o feto, quando, na realidade, não existe gravidez.

- pessoa que pretende contaminar outrem com doença venérea, que


já se encontra contaminado, ou que apresenta imunidade a ela.
213
SÚMULA Nº 145 DO STF – Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação.

Uma vez preparado o flagrante pela polícia, a total impossibilidade de se consumar a


infração penal pretendida pelo agente pode ocorrer tanto no caso de absoluta ineficácia
do meio por ele utilizado como no de absoluta impropriedade do objeto.

Flagrante preparado - quando o agente é estimulado pela vítima, ou mesmo pela


autoridade policial, a cometer a infração penal com o escopo de prendê-lo. A vítima e a
autoridade policial, e até terceiros que se prestem a esse papel, são conhecidas como
agentes provocadores.

Flagrante esperado – não há estimulação por parte da polícia, vítima ou terceiros.


Nesses casos, tendo a autoridade policial prévio conhecimento da intenção do agente, o
aguarda, sem estimulá-lo, e cuida para evitar o crime. Fala-se em tentativa.

214
SÚMULA Nº 145 DO STF – Não há crime,
quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação.

• Para Rogério Greco – não importa se o flagrante é


preparado ou esperado. Desde que o agente não tenha
possibilidade, em hipótese alguma, de consumar o
crime, o caso será de crime impossível, considerando-
se a absoluta ineficácia do meio por ele empregado, ou
a absoluta impropriedade do objeto.
VLSR 215
Crime preterdoloso

• É uma das quatro espécies de


crime qualificado pelo resultado.

VLSR 216
Crime qualificado pelo resultado

• É aquele em que o legislador, após descrever uma

conduta típica, com todos os seus elementos,

acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrência acarreta

um agravamento da sanção penal.

• O crime possui duas etapas.

VLSR 217
— Crime Culposo x Crime Preterdoloso
— Crime culposo – é praticado pelo agente por negligência,
imprudência ou imperícia. O agente não tinha a intenção de
produzir o resultado, mas este é previsível.

— (Art. 19 CPB) Crime preterdoloso – é aquele em que há dolo no


antecedente e culpa no conseqüente (ex.: “A” dá um soco em “B”
com a intenção de causar-lhe lesões corporais; “B”, no entanto,
cai e bate a cabeça, vindo a falecer. O agente será punido pela
conduta dolosa – lesão – e pelo resultado a título de culpa –
morte; lesão corporal seguida de morte).
AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO

Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a


pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.

Nesse sentido, ninguém poderá responder pelo resultado


mais grave se não o tiver causado ao menos
culposamente.

O resultado mais grave deve ser previsível, não há como


cogitar a imposição de pena com base somente no
reconhecimento de um nexo de causalidade entre a
conduta e o resultado qualificador.

219
Ocorre crime qualificado pelo resultado quando
(duas situações):
- o agente atua com dolo na conduta e dolo
quando ao resultado qualificador;
- ou quando o agente atua com dolo na conduta e
culpa no resultado qualificador.

Portanto todo o crime preterdoloso é um crime


qualificado pelo resultado, mas nem todo crime
qualificado pelo resultado é um crime
preterdoloso.

220
Exs: - Lesão corporal qualificada pela perda ou
inutilização de membro, sentido ou função. O
agente dirige sua conduta, consciente, para
fazer com que a vítima sofra esse tipo de lesão
gravíssima. É a perda ou inutilização que faz
com que seja agravada a pena cominada ao
agente.
(CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO
– DOLO + DOLO)

221
- Lesão corporal qualificada pelo resultado aborto. Para que o
resultado qualificador seja imputado ao agente é preciso que ele
não tenha agido com dolo direto ou eventual, mas somente com
culpa (PRETERDOLO – DOLO + CULPA).

- Necessário o conhecimento do agente acerca da gravidez.


- Caso tenha agido com dolo responderá pelo crime de aborto, e não
pelo de lesão corporal gravíssima.

- Jurisprudência: o crime de aborto absorve as lesões corporais


ocorridas na gestante ou responde pelo aborto em concurso com
lesões corporais.
Art. 125. Aborto sem consentimento da vítima.
Pena de reclusão de 3 a 10 anos.

Art. 129. Lesões corporais (gravissímas).


Parágrafo 2º, inciso V – Se resulta aborto.
Pena de reclusão de 2 a 8 anos.
222
- A finalidade do art. 19 do Código Penal é afastar a
responsabilidade penal sem culpa (objetiva), evitando-se que o
agente responda por infrações que sequer ingressaram na sua
órbita de previsibilidade.

- Para responsabilização do agente pelo resultado agravador, exige


que este o tenha causado, ao menos, de forma culposa, isto é, em
virtude de sua inobservância para com o dever de cuidado. Logo,
se não houver previsibilidade, um dos elementos necessários à
caracterização do delito culposo, não poderá o resultado ser-lhe
atribuído.

223
Um só crime

• O crime qualificado pelo resultado é um


único delito, que resulta da fusão de duas ou
mais infrações autônomas.

• Trata-se de crime complexo.

VLSR 224
EXEMPLO

• Ex.: a ofensa à integridade corporal de outrem, por si


só, já configura o crime previsto no art. 129, caput, CP,
mas, se o resultado final caracterizar uma lesão grave
ou gravíssima, essa conseqüência servirá para agravar
a sanção penal, fazendo com que o agente responda
por delito mais intenso.

VLSR 225
Momentos do crime qualificado pelo
resultado

• No primeiro, denominado fato antecedente,


realiza-se o crime com todos os seus elementos.

• No segundo, conhecido como fato consequente,


produz-se o resultado agravador.

VLSR 226
Espécies de crime qualificado pelo resultado

• Dolo no antecedente e dolo no consequente


(D+D):
• Nesse caso, temos uma conduta dolosa e um resultado agravador
também doloso. O agente quer produzir tanto a conduta como o
resultado agravador.
• É também chamado de crime de dupla tipicidade dolosa.
• Ex.: marido que espanca mulher até atingir seu intento,
provocando-lhe deformidade permanente. (CP, 129, §2º, IV).

VLSR 227
Dolo no antecedente e dolo no consequente
(D+D):

• Na hipótese, há dolo no comportamento


antecedente e na produção do resultado agravador,
pois o autor não quis apenas produzir ofensa à
integridade corporal da ofendida, mas obter o
resultado “deformidade permanente” (dolo no
antecedente e dolo no conseqüente).
VLSR 228
Dolo no antecedente e culpa no consequente
(D+C):

• Na hipótese, há dolo no comportamento antecedente e


culpa na produção do resultado agravador, pois o autor
não quis produzir o resultado agravador.
• É também chamado crime preterdoloso ou
preterintencional.

• Ex:. Tortura qualificada pela morte (art. 1º,§3º, Lei nº 9.455/97)

VLSR 229
Culpa no antecedente e no
consequente (C+C):

•O agente pratica uma conduta


culposamente e, além desse resultado
culposo, acaba produzindo outros,
também a título de culpa.

VLSR 230
Culpa no antecedente e no consequente
(C+C):
• No crime de incêndio culposo, por exemplo, considerado fato
antecedente, se, além do incêndio, vier a ocorrer alguma morte,
também por culpa, o homicídio culposo funcionará como
resultado agravador (fato conseqüente).
• É a hipótese prevista no art. 258, parte final, do CP, que prevê o
crime de incêndio culposo qualificado pelo resultado morte.
• Ex2:. Art. 267, §2º, CP.

VLSR 231
Culpa no antecedente e dolo no
consequente: (C+D):
• Há culpa na conduta e o resultado agravador
decorre de dolo.
• Ex.: Homicídio de trânsito qualificado pela
omissão de socorro (art. 302, parágrafo único,
inc. III, da Lei nº 9.503/97).

VLSR 232
DIREITO PENAL - II

DO ERRO PENAL
ERRO DE TIPO
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal do
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei.
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
culpa e o fato é punível como crime culposo.
§ 2º Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime.
Wessels – “erro de tipo quando alguém não conhece, ao cometer
o fato, uma circunstância que pertence ao tipo legal. É o reverso
do dolo de tipo: quem atua ‘não sabe o que faz”. 234
O agente tem a “falsa representação da realidade”, falta-lhe na
verdade, a consciência de que pratica uma infração penal e,
dessa forma, resta afastado o dolo que, é a vontade livre e
consciente de praticar a conduta incriminada.
Exs:
a) quando o agente toma coisa alheia como própria;
b) quando se relaciona com vítima menor de 14 anos, supondo-a
maior;
c) quando atira em alguém imaginando ser um animal;
d) deixa de agir por desconhecer sua qualidade de garantidor;
e) ter relações sexuais com alguém supondo-se curado de doença
venérea.
Erro de Tipo como Excludente da Tipicidade tem suporte na
Teoria Finalista da Ação que coloca o dolo na área da tipicidade.
235
Muñoz Conde – “o autor deve conhecer os elementos objetivos
integrantes do tipo de injusto. Qualquer desconhecimento ou
erro acerca da existência de alguns desses elementos exclui,
portanto, o dolo e tudo o mais; se o erro for evitável deixa
subsistente o tipo de injusto de um delito culposo”.

Erro de tipo invencível – quando o agente não tinha como


evitá-lo, mesmo tomando todas as cautelas necessárias. Neste
caso afasta o dolo, bem como a culpa, deixando o fato de ser
típico.

Erro de tipo vencível – embora o agente não responda pelo


resultado a título de dolo, pela ausência da vontade livre e
consciente de estar praticando uma infração penal, poderá ser-
lhe atribuída a título de culpa, se houver previsão legal.

236
ERRO ESSENCIAL – quando o erro recai sobre elementares,
circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue à figura
típica. Se inevitável, afasta o dolo e a culpa; se evitável afasta
somente o dolo, permitindo que o agente seja punido por crime
culposo.
ERRO ACIDENTAL - quando o agente age com consciência
da antijuridicidade do comportamento, apenas se engana quanto
a um elemento não essencial do fato ou erra no seu movimento
de execução.

HIPÓTESES DE ERRO ACIDENTAL:


• Erro sobre o objeto – quando o agente tendo a vontade livre e
consciente de praticar uma conduta que sabe penalmente ilícita,
equivoca-se quanto ao valor que era atribuído ao bem.
• Ex: subtrai pulseira supondo de ouro, mas não passava de
bijuteria.

237
• Erro sobre a pessoa – o erro restringe-se, especificamente, à
identificação da vítima que em nada modifica a classificação do
crime (§ 3º, art. 20, CP).
• Ex: agente quer matar seu pai, mas causa a morte de um
estranho por confusão, responderá como se tivesse ocasionado a
morte de seu ascendente.
• Erro na execução – quando por acidente ou erro no uso dos
meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que
pretendia ofender, atinge pessoa diversa aplica-se a regra do §3º,
art. 20, CP).
• Responde o agente como se tivesse atingido a vítima que
pretendia ofender.
• No caso de atingir a pessoa que o agente pretendia, será aplicada
a regra relativa ao concurso formal de crimes (art. 70, primeira
parte do CP).
• Ex: o agente que, querendo causar a morte de seu desafeto, atira
contra ele, e errando o alvo, fere ou mata outra pessoa que
passava pelo local. 238
• Resultado diverso do pretendido – fora dos casos do
art. 73, CP, acidente ou erro na execução do crime.
• O erro deverá incidir de coisa para pessoa.
• Ex: o agente visava destruir uma vitrine, arremessa
uma pedra contra ela e, por erro, não acerta o alvo, mas
atinge uma pessoa.
• Responde por lesões corporais culposas, afastada a
responsabilidade no que se refere à tentativa de dano.
• Se ocorrer também o resultado pretendido, aplica-se a
regra do concurso formal de crimes (art. 70, CP).

239
• Descriminantes Putativas = Erro de Tipo Permissivo (Art. 20.
§ 1º)

Descriminar quer dizer transformar o fato em um indiferente


penal. Ou seja, para a lei penal, o fato cometido pelo agente não é
tido como criminoso, uma vez que o próprio ordenamento
jurídico penal permitiu que o agente atuasse da maneira como
atuou.

• As Causas Legais que afastam a ilicitude do agente – fazendo da


conduta permitida ou lícita – encontram-se previstas no art. 23,
CP: - legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento
do dever legal e exercício regular de direito.

• Quando falamos em putatividade, queremos nos referir àquelas


situações imaginárias que só existem na mente do agente.
Somente o agente acredita, por erro, que aquela situação existe.
240
• DESCRIMINANTES ART. 23 + PUTATIVIDADE =
DESCRIMINATES PUTATIVAS
• Exs: A é ameaçado de morte por B. Durante a madrugada, A
encontra-se com B, que leva a mão à cintura, dando a impressão
de que sacaria uma arma. A, imaginando que seria morto por B,
saca o seu revólver e atira contra este último, matando-o. Na
verdade, B não estava armado, e somente havia levado a mão à
sua cintura com a finalidade de retirar um maço de cigarros que
se encontrava acondicionado no bolso de sua calça.
• A situação de legítima defesa somente existia na cabeça do
agente. Legítima Defesa Putativa.
• Morador da zona rural, não acostumado com avanços sociais, é
levado a um cinema cujas imagens geradas na tela são em 3ª
dimensão, dando impressão que acontecem muito proximas.
Surge na tela a imagem de um leão faminto. Assustado,
acreditando que o animal iria lhe ferir, o agente, desesperado,
coloca-se em fuga, ferindo as pessoas ao lado.
241
• Estado de Necessidade Putativo.
• Policial, imaginando prender a pessoa contra a qual fora expedido
um mandado de prisão, efetua a prisão de seu irmão gêmeo,
agindo, assim, em Estrito Cumprimento do Dever Legal
Putativo.
• O agente, na obscuridade, castiga fisicamente um menor, que toma
pelo próprio filho, quando se tratava do filho do vizinho. Exercício
Regular de Direito Putativo.
• EFEITOS DAS DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Como qualquer erro, aqueles ocorridos numa situação de
putatividade podem ser considerados escusáveis ou inescusáveis.
• Escusáveis – isenta de pena;
• * Inescusáveis – embora tenha agido com dolo, será
responsabilizado como se tivesse praticado delito culposo.

242
• Rafael ameaçado de morte pelo chefe do tráfico da região. Não
podendo contar com a proteção policial por 24 hs, assustado,
adquire um revólver a fim de se defender do referido criminoso.

• Um dia depara com o traficante, que, agindo como se fosse sacar


um arma, leva uma das mãos à cintura, momento em que Rafael
imaginando ser morto pelo traficante, saca seu revólver, atira e
mata.

• Na verdade o traficante não estava armado, convertido a uma


religião, viera ao encontro para resolver o problema.

• Erro plenamente justificado pelas circunstâncias, razão pela


qual será isento de pena, mesmo não existindo uma situação real
de agressão que lhe permitisse agir em defesa própria.

243
Erro de Tipo Permissivo – Erro sui generis, excludente da
culpabilidade dolosa.
• Ex: Raimundo sentado em frente ao banheiro, de
repente, Alfredo, conhecido na região como pessoa
violenta, se aproxima e vai em direção ao banheiro.
Imaginando que seria agredido por Alfredo, Raimundo
saca o seu revólver e o mata.
• O erro que incorreu não era justificado pelas
circunstâncias, sendo, portanto, considerado vencível,
inescusável, razão pela qual deverá o agente responder
pelo resultado morte a título de culpa, embora tenha
atuado com dolo.

244
• CULPA IMPRÓPRIA – ocorre justamente nas
hipóteses em que o agente atua com dolo na sua
conduta, mas reponde como se tivesse cometido um
delito culposo.
Art. 20, CP, § 1º, segunda parte.

• ERRO DE TIPO: quando o agente tiver uma falsa


percepção da realidade no que diz respeito à situação de
fato que o envolvia, levando-o a crer que poderia agir
amparado por uma causa de exclusão da ilicitude,
estaremos diante de um erro de tipo.
245
ERRO DE PROIBIÇÃO: quando o erro do agente recair
sobre a existência ou mesmo sobre os limites de uma
causa de justificação, o problema não se resolve como
Erro de Tipo, mas sim como Erro de Proibição, previsto
no art. 21 do Código Penal.

• No exemplo do traficante temos Erro de Tipo.


• Já numa situação, em que um pai, imaginando poder
agir em defesa da honra da filha, encontre e mate o
agente que a havia estuprado, trata-se de Erro de
Proibição.
• O equívoco neste último não se refere a um fato, mas
sim a uma proibição, ou seja, de poder agir
legitimamente na defesa de sua filha.
246
• O Erro de Proibição pode ser escusável, afastando a potencial
consciência da ilicitude do fato e, por conseguinte, a
culpabilidade do agente, isentando-o de pena; e inescusável,
situação que terá a pena diminuída de um sexto a um terço,
conforme a parte final do art. 21, CP.
• Posição adotada pelo Código Penal - se o erro sobre a causa de
justificação recair sobre uma situação de fato, o erro é de tipo (art.
20, § 1º, CP), se incidir sobre a existência ou sobre os limites
dessa causa de justificação, o erro é de proibição (art. 21, do CP).
• Exs: durante a madrugada, o morador de uma casa escuta o
barulho de alguém pulando o seu muro e, assustado, uma vez que
seu bairro é conhecido pelo grau de violência, dirige-se ao local,
vê um vulto e, imaginando um assalto, atira e acaba causando a
morte de seu filho.
• O agente supunha estar agindo em legítima defesa putativa, errou
sobre uma situação de fato – Erro de Tipo.
247
• Exs: pacato morador da zona rural que age em defesa da honra da
filha estuprada, não errou sobre o fato, uma vez que o mesmo era
verdadeiro, mas sobre estar amparado pela excludente da legítima
defesa da horna. Erro de Proibição.

• Agente aos 65 anos de idade, nunca tinha agredido ou discutido


com qualquer pessoa. Numa partida de truco, o adversário
começa a insultá-lo, e logo em seguida, inicia-se as agressões
físicas. Com a finalidade de se defender da agressão injusta, saca
uma faca e desfere um golpe contra o agressor.
• Depois de estancar a agressão, acreditando que pelo fato de ter
sido agredido podia ir até o fim com a sua conduta, desfere mais
um golpe e causa a morte do seu agressor.
• O erro não é sobre a existência, mas sim sobre os limites dessa
causa de justificação.

248
Erro sobre o nexo causal
vNão há exclusão do crime se o resultado
desejado vier a ocorrer por uma outra causa,
diretamente relacionada com a ação
desenvolvida pelo agente.
vOu seja, o crime não é ilidido pelo erro sobre
detalhes secundários de processo causal.
vLança alguém de uma ponte para matar por
afogamento, responde também se a morte
ocorrer por fratura de crânio.
Exigibilidade de Conduta Diversa

vDeverá ser verificada pelo julgador se o


agente, naquela situação concreta, deveria
agir de forma diversa e evitar a prática do
delito.
vCaso fosse possível agir de forma diferente,
teremos, presente o terceiro elemento da
culpabilidade e o agente poderá ser
apenado.

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