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1.Tentativa;
2.Concurso de crimes;
3.Comparticipação.
Este sistema já está ultrapassado (como vimos no 1º semestre) e não dava resposta a
estes três núcleos, sendo esta uma das várias críticas que lhe foram dirigidas. É que o
desvalor objectivo do acto só é determinável a partir do momento em que se tem em
conta o plano do agente, isto é, o dolo (ao contrário do que entendia o sistema
normativista). Foi essencialmente pelo facto de estes três núcleos escaparem à teoria
geral da dogmática do crime que se adoptou a expressão “formas especiais de crime”.
Estas formas de delito requeriam uma teoria dogmática diversa ou especial.
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.
O problema deixa de se colocar com a concepção do ilícito pessoal, que não só reflecte
melhor o sentido e a teleologia das valorações jurídico-criminais (plano
teórico/emblemático) como já concede resposta cabal aos problemas concretos que se
levantam no direito penal (plano técnico/dogmático). Sendo o ilícito pessoal, em que
os actuais sistemas se baseiam, uma unidade objectivo-subjectiva, logo no plano da
ilicitude será considerado o concreto plano do agente.
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A questão que se coloca é a de saber se ainda hoje se justifica, perante a tese do ilícito
pessoal, o tratamento autónomo das formas especiais de crime. A resposta deve ser
afirmativa, por razão de ordem meramente pedagógica isto é, para a apreensão dos
quadros fundamentais da nossa cadeira é conveniente tomar o crime na sua forma
mais simples – unidade do agente, unidade de crime e perfeição. Além disso apesar de,
fundamentalmente estas formas de delito constituírem problemas atinentes à
ilicitude, elas levantam problemas dogmáticos muito complexos, que tocam desde
logo em zonas limite.
1. TENTATIVA
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Finalmente, o agente inicia a execução. Nesta fase pratica actos que
comportam já a execução do próprio crime, ou seja, actos cujo significado
imediato é já a realização do crime em si mesmo.
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Já quanto à fase dos actos preparatórios e quanto ao que os distingue da fase seguinte,
suscitaram-se no passado muitas dúvidas.
Daí que o Direito Romano alargasse a punição aos actos preparatórios e, mais do que
isso, equiparasse a punição da tentativa à da consumação, dado que o insucesso do
resultado era fundamentalmente fruto do acaso: a maldade da vontade era
exactamente a mesma. Uma diferente solução beneficiaria aquilo que, movido por
uma má intenção, falhou na efectivação.
Sobre o estrito ponto de vista do desvalor da acção (que aliás subjaz aos fundamentos
últimos do Direito Penal e da sua peculiar teleologia) o crime consumado e o crime
tentado são equivalentes. Isto é válido especialmente para os casos de tentativa
acabada, em que o agente pratica todos os actos de execução, sendo que, todavia, por
alguma razão, o resultado desvalioso não se chega a produzir.
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Neste sentido era efectivamente congruente a perspectiva do Direito Romano, que
atribuía relevância jurídico-criminal a todo o comportamento exterior, isto é, a tudo o
que ultrapassasse a primeira fase (meramente intelectual), desde que houvesse a
concretização inequívoca de uma vontade séria e definitiva de praticar um crime – a tal
vontade criminal.
No Direito Comum esta máxima foi em parte abandonada. A punição da tentativa não
era igual à da consumação, mas continuava a incluir-se na tentativa e portanto, a
punir-se, os actos preparatórios. Até porque a subjectividade do Direito Penal, que era
o centro do núcleo dos valores criminais, tinha uma raiz eminentemente moralista. A
uma perspectiva semelhante, conduziram as noções extremas da prevenção especial
positiva – mormente a concepção sintomatológica da prevenção do crime – muito
posteriores e já desligadas de conotações morais. O que releva para estas concepções
não é a gravidade objectiva do acto, mas sim a prevenção para o futuro, conseguida
através de um atalhar da perigosidade.
Todas estas ideias forma abandonadas pelo Direito Penal do Facto. Assim, entende-se
hoje que o Direito Penal só deverá intervir quando a lesão dos bens jurídicos seja
eminente, dado que evitar e punir essa lesão é que consubstancia a teleologia do
Direito Penal. Dai também que se afaste, por referência ao objecto central da tutela
penal, a punição dos actos preparatórios. Basta pensar na própria possibilidade de o
agente desistir da prática. Nos actos preparatórios a lesão é ainda muito longínqua,
pelo que não está preenchido o pressuposto necessário à punição no quadro do
Direito Penal do Facto.
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A esta questão de princípio ligam-se considerações de ordem prática:
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Todavia, entende-se que a contrafacção de moeda já comporta um sentido social anti-
jurídico, envolvendo além disso, já um particular perigo para o bem em causa. Daí que
se incrimine um acto que, em si mesmo, a nível substancial, não lesa ainda o bem
jurídico. Mas nem sempre os actos preparatórios são punidos com esta técnica
legislativa. De facto, a punição de actos preparatórios, que é sempre uma excepção,
pode ser feita recorrendo a duas técnicas diferentes:
A regra geral da impunidade dos actos preparatórios está contida no art. 21.º.
São actos preparatórios por exemplo a obtenção do meio para praticar o crime, o
estudo do comportamento da vítima, os actos praticados com a intenção de cometer o
crime. Estes actos são, por via de regra, impunes, em respeito pelo carácter subsidiário
do Direito Penal. Estes actos não apresentam ainda um perigo imediato e certo, pelo
que só excepcionalmente são punidos.
Os actos de execução, por sua vez, constituem a fase em que se inicia a tentativa.
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No quadro da doutrina portuguesa podemos distinguir então quatro fases no “iter
criminis”:
2.Fase dos actos preparatórios: em que já há comportamentos exteriores mas que não
comportam um perigo próximo. Estes actos exteriorizam a intenção criminosa mas não
constituem um perigo eminente, pelo que não são punidos pelo Direito Penal;
4.Fase da consumação.
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Nos quadros da prevenção geral positiva o fundamento da punição da tentativa
só pode ser a reafirmação da vigência da norma. Não se verificando a lesão do
bem jurídico por negligência, há como que um perdão social, pois não é posta
em causa a vigência da norma. Não há uma contrariedade frontal à norma. É
isto que justifica a não punição da tentativa negligente.
O art. 22.º do CP restringe a tentativa aos casos dolosos: “1. Há tentativa quando o
agente praticar actos de execução de um crime que decidiu cometer, sem que este
chegue a consumar-se. 2. São actos de execução: a) os que preencherem um elemento
constitutivo de um tipo de crime; b) Os que forem idóneos a produzir um resultado
típico; ou c) os que, segundo a experiência comum e salvo circunstâncias imprevisíveis,
forem de natureza a fazer esperar que se lhes sigam actos das espécies indicadas nas
alíneas anteriores.”
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O dolo pode ser directo, necessário ou eventual. Em relação à legitimidade do dolo
eventual neste contexto, há alguma discussão doutrinária. Há uma corrente
minoritária na Alemanha bem como em Portugal (Dr. Faria Costa), mas com fortes
adeptos em Itália, que defende que o dolo eventual não preenche este primeiro
requisito da tentativa: ainda não existe o grau de vontade e de anti-normatividade que
existe nas outras duas modalidades.
Porém esta posição não é de aceitar pois a lei equipara todas as formas de dolo.
Quando muito, poderia pensar-se, “de iuri condendo”, em criar uma nova categoria,
entre o dolo e a negligência, onde possivelmente caberiam quer o dolo eventual, quer
a negligência consciente, que partilham o mesmo elemento intelectual.
Mas o que é certo é que “de iuri constituto” isto não pode ser sustentado. A este
respeito cabe ainda referir a posição de Eduardo Correia, que enquanto autor
normativista, entendia que o dolo era meramente uma condição subjectiva de
punibilidade, nada impedindo, teoricamente, que a tentativa negligente fosse punida.
2.Teoria formal objectiva: O acto de execução é aquele que está descrito na lei. Esta
teoria é insuficiente pois raramente o legislador descreve o que são actos de execução.
Tal só acontece nos crimes de execução vinculada, sendo que nos restantes casos o
legislador se limita a indicar o resultado. É certo que os adeptos desta teoria, incluindo
Belling, pretenderam corrigir esta insuficiência, remetendo para o senso comum, que
nem mesmo era definido com base no consenso dos especialistas da matéria, mas sim
na opinião do vulgo. Nega-se assim a segurança e a previsibilidade que eram
justamente a maior vantagem da teoria em questão. Assim, para a esmagadora
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maioria dos crimes, que são de execução não vinculada, o que se verifica é a própria
ausência de critérios.
O acto de execução seria pois esse acto que comporta o avançar imediato para a
consumação do crime, entendendo-se este avançar imediato em termos de conexão
lógica imediata entre o acto que o agente pratica e o acto de consumação, e não em
termos meramente cronológicos, temporais. Poderá mediar entre os dois actos um
longo período de tempo, embora normalmente isso não suceda.
O problema que se levanta é o de saber se é necessário esperar por este acto imediato
para que o acto de execução assuma relevância jurídico-penal. A doutrina serve-se de
um critério para alargar o momento em que ocorre a tentativa: art. 22.º/n.º2/al. c).
a) Adianta o puro critério formal objectivo, que só serve para os crimes de execução
vinculada;
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a pontaria para matar B. É este o sentido da alínea c) do art. A lei consagra hoje a
posição maioritária na doutrina.
Note-se que esta distinção não corresponde com a distinção consagrada no Código
Penal de 1886, entre tentativa propriamente dita e frustração. A frustração ocorria
quando o agente praticava todos os actos necessários à consumação do crime, mas o
resultado não se verificava, por razões alheias à sua vontade. Já a tentativa
propriamente dita era entendida como uma execução parcial – o agente só praticava
alguns actos com vista à concretização do crime, mas não todos os necessários. Em
função desta distinção, o CP anterior consagrava uma graduação da pena, ou seja, esta
distinção reflectia-se na moldura abstracta da pena: o crime consumado era punido
com pena mais grave; a frustração com pena mais leve e a tentativa propriamente dita
com pena ainda mais leve.
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considerações de prevenção especial, que dominavam na época: quanto mais longe o
agente levasse a sua conduta criminosa mais perigoso ele se revelava.
Actualmente esta distinção foi abandonada e bem, pois muitas vezes a diferença entre
ambas as situações é determinada por motivos meramente aleatórios, que nada
adiantam sobre o desvalor objectivo do acto ou sobre a personalidade e perigosidade
do agente. Como tal, de nada servem ao Direito Penal do facto nem à própria
prevenção especial.
Mas esta é uma mera faculdade conferida ao juiz, o que significa que quando a
tentativa é completa, não tem necessariamente que ser aplicada ao agente uma pena
mais gravosa. O facto da tentativa ser ou não acabada é apenas uma das várias
circunstâncias às quais o juiz pode atender para decidir.
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Tentativa impossível ou inidónea:
Exemplos: A pretende envenenar B e para o efeito utiliza açúcar. O meio utilizado para
praticar o crime de homicídio por envenenamento não é idóneo. A tem grande
inimizade com o seu vizinho e pretende assassiná-lo. Ao avistar que B se encontrava a
apanhar sol junto à piscina, dispara e atinge-o num órgão vital. Contudo B tinha
morrido umas horas antes, em virtude de um ataque cardíaco. Neste caso o objecto
sobre o qual o crime incidiria não existia.
Parece que, de acordo com as regras gerais, estas situações não constituem uma
tentativa, por não haver perigo de lesão do bem jurídico. Todavia a tentativa inidónea
é passível de punição na generalidade das legislações contemporâneas, pois o que
realmente releva na tentativa é o desvalor da acção e não a colocação do bem jurídico
em perigo de lesão.
Sempre que a comunidade esteja convicta de que o meio é apto ou o objecto existente
a conduta terá o mesmo sentido de desvalor e por isso mesmo será punida, apesar de
impossível. Não está em causa a lesão do concreto bem jurídico mas sim a vigência da
norma de determinação. Se no plano dos factos/da causalidade o agente nunca poderá
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chegar a atingir o bem jurídico, em termos de concepção da comunidade o sentido da
conduta é o de contrariedade frontal à norma.
A acção afecta a vigência da norma exactamente da mesma forma que uma tentativa
possível, pelo que há o mesmíssimo conteúdo de ilícito pessoal nos quadros da
prevenção geral positiva ou de integração. O cerne do Direito Penal encontra-se no
desvalor da acção.
O crime tentado é um crime como outro qualquer, pelo que também pode ocorrer por
via de omissão. Contudo, só em casos pontuais é que o direito penal considera
relevantes certas tentativas por omissão.
Há tentativa por omissão quando o agente tinha o dever de intervir e não intervém,
mas ainda assim o resultado não se verifica.
A teoria que vigorava no passado era a de que havia tentativa por omissão logo que o
garante era confrontado com a situação de perigo do bem jurídico e não intervém.
Esta teoria é actualmente inaceitável pois por vezes, o facto de o agente não intervir
de imediato resulta do seu estado de estupefacção face à situação com a qual é
confrontado, ou então porque o agente decide que o melhor é analisar as várias
possibilidades de actuação para escolher a mais eficaz.
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A teoria actual entende que a tentativa por omissão tem inicio quando o agente está
perante um perigo eminente/agudo o que, segundo alguma doutrina, ocorre quando o
agente deixa escapar a última oportunidade de actuação. Mas isto é muito difícil de
determinar.
Podem haver situações em que o perigo ainda não esteja eminente e no entanto o
agente seja punido a título de tentativa por omissão. Isto ocorre quando o perigo ainda
não é eminente mas o agente abandona o local expressando a sua decisão inequívoca
de não intervir. Exemplo: Dois amigos caminham por uma linha-férrea e um deles,
embriagado, decide deitar-se nos carris. Trata-se de uma linha pouco movimentada e
faltam três horas para o próximo comboio passar. O amigo sóbrio abandona o local,
auto-colocando-se numa posição em que não pode intervir, o que é ilícito.
Quando há tentativa por omissão é aceitável que haja um alargamento desta figura
aos casos em que o perigo ainda não é eminente, mas o garante se auto-coloca em
posição de não poder intervir no momento em que o perigo se tornar eminente.
Segundo o Prof. Almeida Costa é esta a posição a adoptar, quanto à grande
problemática da tentativa por omissão – saber quando é que se inicia o acto de
execução.
Desistência da tentativa:
Muitas vezes o agente inicia a prática dos actos de execução com dolo, preenchendo o
ilícito da tentativa, mas entretanto desiste da realização do projecto criminoso. No
caso da tentativa inacabada a desistência traduz-se na omissão dos actos de execução
que falta praticar. Na tentativa acabada a desistência traduz-se num arrependimento
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activo, isto é, num actuar para evitar que o resultado se verifique – exemplo: A já
montou a bomba e desiste, tendo que a desmontar.
Durante muito tempo esse fundamento era encontrado na teoria premial – o agente
que desistia dos seus intentos criminosos mereceria um prémio pela sua conversão.
Todavia, para todos os efeitos, o agente praticou uma conduta ilícita e culposa.
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De acordo com a chamada “teoria da ponte dourada” o objectivo do direito penal é
evitar a prática de crimes. A atribuição de relevância à desistência é um meio de
incentivar o retrocesso da conduta criminosa, é um incentivo para que o agente
atravesse a ponte novamente para o lado da licitude. A desistência constitui uma causa
pessoal de exclusão da pena, e não da ilicitude ou da culpa, cujo fundamento politico-
criminal é a prevenção do próprio crime.
Nos quadros da prevenção geral positiva podemos ir ainda mais longe, em termos de
fundamento material: o regresso do criminoso à licitude acaba por ter um reflexo de
reforço da vigência da norma, que apaga o anterior conteúdo de ilicitude dos actos do
agente. Pelo abandono do projecto criminoso há um reconhecimento no plano
objectivo, da vigência da norma pela própria norma. O que pode considerar-se o
método mais eficaz de conseguir a reintegração da norma: é o próprio agente que
restaura a sua força e não qualquer espécie de mecanismo repressivo.
2.2) O art. 24.º/n.º2 prescreve que nos casos em que a consumação é evitada por um
factor exterior ao agente mas, simultaneamente este se esforçou para evitar o
resultado (isto é, houve desistência), a não consumação aproveita também ao agente.
2. CONCURSO DE CRIMES
O concurso de crimes por sua vez, caracteriza-se por consistir numa acumulação de
infracções realizadas perlo mesmo agente, mas antes de qualquer uma delas ser
julgada com sentença transitada em julgado – art. 77.º.
Para responder a esta questão foram formuladas várias teorias, sendo que iremos
analisar duas:
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1. Teoria de base naturalística: É de inspiração positivista e está ligada ao sistema
clássico. Segundo esta teoria o critério para determinar se há unidade ou pluralidade
de crimes reside no número de acções praticadas. O conceito de acção é aqui tomado
no quadro naturalista – acção causal. Esta solução era aplicada mesmo quando da
mesma acção resultassem violações a diferentes bens jurídicos.
Ex. A atira uma pedra e esta parte uma montra e atinge uma pessoa na cabeça. Só há
aqui um crime em virtude de A só ter praticado uma acção.
Esta posição não é viável porque deixa de fora o verdadeiro fundamento da punição
penal – protecção de bens jurídicos. A acção causal não é pois adequada para
expressar os conteúdos jurídico-criminais. Por esta razão os normativistas, entre eles
Eduardo Correia, colocaram o problema na sua verdadeira sede – a acção é a
afirmação ou negação de valores, sendo através deste critério que se deve distinguir a
unidade da pluralidade de acções criminosas.
Adoptando a perspectiva positivista causal não é possível saber quando é que há uma
acção. Pense-se por exemplo em todos os gestos necessários para disparar uma arma.
No exemplo da pedra referido supra os positivistas entendiam que havia um só crime,
mas que crime é esse? Um crime de dano ou de ofensas corporais?
Por esta razão os próprios autores desta teoria tiveram que lhe introduzir uma
correcção:
Sempre que uma só acção lesasse mais do que um bem jurídico o agente devia ser
punido como se houvesse concurso, embora este concurso não fosse real. Estas
situações designavam-se de situações de concurso ideal, e podiam assumir duas
formas:
a) Homogénea: O agente com uma única acção lesa mais de uma vez o mesmo bem
jurídico. Ex. Um só tiro mata duas pessoas (bem jurídico vida); Uma só pancada parte
duas coisas de outrém (bem jurídico património).
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b) Heterogénea: O agente com uma só acção lesa dois ou mais bens diferentes. Ex. O
agente atira uma pedra que parte uma montra e atinge a cabeça de outrém (2 bens
jurídicos).
Por estas razões a nossa lei, na senda da doutrina maioritária, aderiu a um critério
normativo.
2. Tese normativista:
Segundo este critério, sempre que houver tal dilação espacial e temporal entre a
prática do mesmo tipo de ilícito há vários crimes. Este critério é muito operativo mas
não pode ser decisivo porque pode haver crimes cuja execução seja dilatada no tempo
e ainda assim haja só um crime. Por esta razão parece ser preferível o critério que se
prende com a concepção do ilícito pessoal, em que cada ilícito praticado corresponde a
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uma unidade de sentido, que tem uma base objectiva e outra subjectiva (que é a
decisão/o projecto criminoso).
Exemplo: A bate a B num bar. O dono expulsa A do bar e este regressa lá par bater
mais em B. Aqui já há dois projectos criminosos, duas unidades de sentido.
Entre nós há completa equiparação entre o concurso real e o concurso ideal – ambos
são realidades do verdadeiro concurso, que se determina pelo número de unidades de
sentido (projectos criminosos).
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acaba por ter de solucionar o problema da distinção entre unidade e pluralidade de
crimes – que é na sua essência um problema de ilicitude – ao nível da culpa. Por aqui
se vê que o ilícito objectivo era de facto desadequado para a compreensão:
O Dr. Eduardo Correia entendia que quando o agente violava várias vezes o mesmo
tipo a dimensão objectiva era idêntica, pelo que era necessário convocar a culpa. Mas
isto era uma “entorse” ao enquadramento sistemático pois sempre que havia um juízo
de censura recorria-se à culpa (que é uma categoria mais à frente, na pirâmide) para
determinar o ilícito típico. O número de ilícitos ficava assim na dependência do
número de culpas. Havia aqui uma fractura no sistema.
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Regime aplicável ao concurso de crimes:
Está consagrado nos arts. 77.º e 78.º. É sempre aplicada uma pena unitária, isto é, a
pena é só uma – sistema do cúmulo jurídico. Afasta-se assim a solução seguida pelos
EUA e Espanha por exemplo – sistema de acumulação material, em que se somam as
penas dos vários crimes praticados (Ex. A mata duas pessoas = pena perpétua + pena
perpétua!).
No nosso sistema não vigora uma pena individualizada para cada crime em concurso
mas sim uma pena global, que pretende dar resposta a todos os crimes praticados. Os
cúmulos jurídicos aqui não podem ultrapassar os 25 anos.
Quanto ao mínimo de pena a aplicar tem que corresponder à pena mais alta de todos
os crimes que o agente praticou. A pena atribuída tem que traduzir o desvalor da
situação mas também todas as outras exigências que se colocam em sede de pena –
prevenção especial, reintegração social.
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O nº 3 do art. 77.º é uma norma complementar. Pode haver concurso de crimes aos
quais corresponda pena de prisão com crimes cuja pena é de multa. Este nº 3 vem
auxiliar a compreensão do nº2, afirmando que pode perfeitamente haver aplicação de
penas cumulativas, de prisão e de multa. O limite máximo é 25 anos de prisão e 900
dias de pena de multa.
O nº4 por sua vez estatui que as penas acessórias e as medidas de segurança são
sempre aplicadas ao agente, ainda que previstas por uma só das leis aplicáveis. Poderá
ainda suceder que se somem às penas medidas de segurança nos termos do sistema
monista com vicariato de execução, não havendo aqui qualquer contradição, pois o
agente pode ser imputável para uns crimes e inimputável para outros. As medidas de
segurança e as penas acessórias têm que ser sempre aplicadas.
Crime continuado:
Por outro lado, é preciso também que a execução destes tipos de crimes ocorra de
forma homogénea. Ex. A encontra uma chave de um armazém. Num dia vai lá tirar
umas coisas. Passados dois dias volta para furtar outras coisas, etc.
Há crimes que se sucedem mas cuja sucessão é de certa forma favorecida pelo
circunstancialismo exterior: ao praticar o primeiro crime o agente fica com a posse de
um meio, um instrumento ou uma ocasião para repetir o crime. A doutrina veio então
a entender que apesar de se tratar de um concurso de crimes há um a certa unidade
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de constelação objectiva exterior que confere ao agente o instrumento, o meio ou a
ocasião de voltar a delinquir.
Trata-se de um quadro exterior que favorece a execução plúrima dos vários crimes e
que por isso torna a atitude do agente menos censurável – art. 30.º/n.º2. “A ocasião
faz o ladrão”.
1.Haver vários crimes que se reportam ao mesmo tipo legal ou a tipos legais diferentes
mas que violem o mesmo bem jurídico;
3.Haver um quadro exterior que favoreça a execução plúrima dos vários crimes.
Esta figura surgiu na Alemanha para resolver problemas de processo e para responder
ao princípio “ne bis in idem”. Ex: A vai roubando da caixa mas B, patrão, só descobre
alguns dos furtos e A é condenado por essas vezes em que foi descoberto. Mais tarde
descobre-se que A roubou mais quatro vezes e houve novamente condenação, por
essas quatro vezes. Houve um caso real em que o agente confessou ter roubado mais
de trezentas vezes.
Esta figura do crime continuado é das que mais dúvidas pode suscitar no campo
dogmático podendo levar à afirmação de que “o crime compensa”, desde o momento
em que o agente conhece este regime e se conforma com os seus pressupostos.
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O agente é punido só pelo crime mais grave de todos os que integrem o crime
continuado, ou seja, independentemente do número de vezes que pratica o crime, o
agente só é punido uma vez. Esta regra comporta uma substancial atenuação em
relação às regras gerais do concurso de crimes, que de outra forma seriam aqui
aplicadas.
Apesar desta figura estar prevista na lei, a doutrina tentou estabelecer alguns limites,
devido à atenuação brutal da pena que ela comporta. Assim sendo, Eduardo Correia só
aplicava a continuação às situações concursais que implicassem violações de bens de
natureza não pessoal. Exemplo: Não é justo tomar como um só crime a violação
continuada de uma criança ou a violência doméstica.
Em relação aos bens pessoais cada crime é considerado a partir da estaca zero. Não se
deve admitir que haja um factor externo que atenue a culpa. Ex: Tomar conta de uma
criança facilita a violação. Deve este factor atenuar a culpa?
No entanto, há quem considere que não se deve excluir todos os bens pessoais da
figura do crime continuado. Nesse sentido só devem ser excluídos a vida, a liberdade, a
integridade física – casos de homicídio, ofensas corporais graves e sequestro.
A importância do bem jurídico é um dos elementos que se deve ter em conta para
aferir a gravidade da lesão, mas não o único.
Por vezes confunde-se o crime continuado com o crime de execução fraccionada, mas
tratam-se de situações diferentes. Exemplo: A trabalha na caixa de um banco e certo
dia por necessidade retira vinte e cinco €. Noutro dia volta a precisar e tira mais vinte e
cinco. Alguns dias depois volta a fazer o mesmo. Exemplo: B é caixa de um banco e
precisa de quinhentos €. Para não dar nas vistas decide retirar vinte cinco € por dia até
atingir os quinhentos €. No segundo exemplo só há um projecto criminoso, pelo que
não há concurso de crimes.
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Trata-se de uma situação inversa à do verdadeiro concurso: existe um só crime, existe
unidade criminosa, uma só unidade de sentido jurídico-criminal, mas esta é subsumível
a vários tipos legais de crime.
Torna-se assim necessário estabelecer ligações entre as várias normas para saber qual
é que se aplica, afastando as demais. A doutrina alemã fala de muitas relações, sendo
algumas delas adoptadas por autores portugueses: basta pensar nas relações de
subsidiariedade que nos quadros de Eduardo Correia, que seguiremos, não têm
autonomia reduzindo-se à consunção.
A nossa doutrina maioritária, pela mão de Eduardo Correia, tende a reduzir as relações
entre as normas a dois grandes tipos:
a) - Relações de especialidade;
b) - Relações de consunção.
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A consunção por sua vez só pode ser aferida em concreto. Tratam-se de normas que
na sua pura descrição formal não coincidem (o âmbito de aplicação não é o mesmo),
mas ambas abrangem o caso concreto em apreço. A aplicação de uma ou outra
depende da configuração material do caso concreto e, mais do que isso, passa por
saber, atentas as teleologias e os conteúdos das normas concorrentes, qual delas
melhor se adapta ao conteúdo de desvalor do acto concreto.
A consunção pode ser pura ou impura. Só se deve recorrer a esta última a título
excepcional, pois trata-se de um mecanismo de correcção da lei e ocorre quando o
funcionamento da regra da consunção pura levaria a uma solução manifestamente
desadequada.
Um dos casos mais frequentes dá-se quando se verifica que a norma mais adequada ao
caso, do ponto de vista teleológico, conduz a uma pena muito menor. Nestes casos o
crime continua a ser resolvido à luz da norma consumida, que em princípio seria
afastada pela que consome.
Mas a consunção impura contende apenas com a sanção e não já com a natureza do
conteúdo do ilícito, nem com a sua classificação ou qualificação. Isto significa que o
crime descrito continua a ser o da norma que consome e que em princípio seria
aplicada. O que acontece é que se aplica a sanção da norma consumida e não a da que
consome, por ser mais adequada.
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O pressuposto para inverter a regra da consunção, invocando o corrector da
consunção impura, deve ser encontrado não só em função da pena aplicável, mas
também à luz das considerações político-criminais do ordenamento jurídico e de
justiça material que, no caso concreto revelem que a aplicação da pena da norma que
consome é manifestamente inadequada. Mas lembre-se que esta construção deve ser
sempre excepcional, por imposição do próprio princípio da legalidade e entre outras
exigências do Direito Penal.
Esta solução encontra-se mais próxima dos princípios que enformam o Direito Penal
português – mínimo de intervenção, “in dúbio pro reu”, “in dúbio pro libertatis”.
Portanto, ainda que a sanção a que a consunção pura guie seja mais leve, contando
que seja adequada ao caso concreto, não deverá convocar-se o corrector da
consunção impura – ao contrário do que já pretendeu a doutrina e mesmo a
jurisprudência determinante.
Por outro lado, devemos ter em mente que este corrector, a funcionar, contenderá
apenas com a sanção a aplicar ao ilícito e não já com a sua qualificação.
3. COMPARTICIPAÇÃO
Esta figura quebra a ideia de unidade do agente, isto é, traduz-se naquelas situações
em que o crime resulta de uma associação de esforços e condutas entre vários
sujeitos. Trata-se da constatação de uma possibilidade paralela à que existe no mundo
lícito.
O grande problema que se levanta aqui é o de saber em que termos se pune os vários
agentes. A doutrina dominante, embora com critérios diversos, distingue desde há
muito, várias espécies de comparticipantes de forma a aplicar penas distintas, em
função do tipo de participação de cada um. Distinguem-se assim duas categorias
fundamentais na comparticipação:
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3.1 Autoria: autor é todo o interveniente principal isto é, que desempenha um papel
determinante, pelo que a sua conduta comporta um desvalor mais grave. A autoria
pode assumir três modalidades – imediata, mediata ou co-autoria.
Esta teoria submete todos os comparticipantes à mesma pena isto é, todos ficam
sujeitos à mesma moldura penal abstracta, competindo ao juiz a graduação das
responsabilidades de cada um, no caso concreto, através de uma consideração
globalizante de todos os aspectos subjectivos e objectivos da conduta dos
participantes.
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Esta era a ideia geral das teorias unitárias, havendo depois várias orientações.
A orientação subjacente ao Code Penal era a moderada, sendo esta a que vigora na
Áustria. Esta orientação gera a necessidade de estabelecer molduras muito largas, afim
de conferir ao juiz uma certa margem de manobra, atribuindo-se-lhe assim amplos
poderes de graduação das responsabilidades e consequentemente, das penas. Daqui
decorre uma grande dose de insegurança jurídica. Ainda assim, continua a dar-se
primado ao conteúdo do ilícito do acto e portanto, a vincular a valoração penal a um
Direito Penal do facto.
Mas houve também uma orientação mais radical, defendida por Liszt, entre outros,
apesar de nunca ter sido consagrada em letra de lei. Estes autores defendiam um
conceito unitário de autoria inspirado na prevenção especial e no Direito Penal do
agente: o que interessava, para a determinação da sanção não era o desvalor objectivo
do acto, mas sim a perigosidade do agente. Podia assim suceder que a um acto menos
grave – por exemplo uma colaboração sem grande importância na realização do crime
– estivesse subjacente uma personalidade mais perigosa.
Há pois que distinguir este conceito unitário de autoria que remete para o direito
penal do agente, daquele outro que, apesar das suas falhas, ainda se vincula ao direito
penal do facto, que foi o maioritário e o único que teve consagração legal e que ainda
hoje permanece, ainda que só no ordenamento jurídico-penal austríaco.
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De facto este sistema unitário permite uma melhor adequação da justiça ao caso
concreto, uma vez que o juiz realizava uma ponderação compreensiva dos aspectos
subjectivos e objectivos da intervenção de cada indivíduo, o que conduzia a uma
correcta graduação da responsabilidade e dos vários contributos. Assim se
ultrapassariam as inúmeras dificuldades a que chegara a doutrina tradicional,
maximizadas naqueles casos-limite em que a fronteira autor-participante é
particularmente difícil de estabelecer. Porém, só aparentemente estes argumentos são
válidos.
Além disso, como já foi referido “supra”, a previsão de molduras legais de grande
amplitude radica numa diminuição considerável da certeza e segurança jurídicas. Note-
se que estas exigências em Direito Penal são mais acentuadas, dada a natureza
essencial dos bens jurídicos envolvidos e a gravidade das sanções aplicáveis.
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Esta hierarquização está dependente do sentido que se atribui ao ilícito e às valorações
jurídico criminais que vigoram num dado ordenamento jurídico. No nosso século
surgiram, a este propósito várias doutrinas. Com todos os riscos que as grandes
generalizações comportam, podemos apontar quatro grandes teorias da
comparticipação, cada uma delas partindo de um diferente critério para presidir à
distinção entre autoria e participação.
1. Doutrina subjectiva:
Esta teoria tem muito em comum com a teoria unitária dado que o tipo é
compreendido numa perspectiva meramente causalista/naturalística. Relembre-se
aqui a teoria das condições equivalentes em que não existe qualquer distinção
qualitativa entre as várias condições do crime, reduzindo-se o problema ao nexo
causal. Se no plano objectivo as condições são equivalentes, independentemente da
proximidade em relação ao resultado, tão-pouco haverá distinções de autores e
participantes no puro plano objectivo. Essa diferenciação só pode ser estabelecida
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num plano subjectivo. A distinção passa assim a depender do “animus”. Esta doutrina
era ainda a dominante na Alemanha nos anos 60.
Tomemos em conta um caso real do final do século passado: uma senhora teve um
filho e como era solteira, pediu à sua irmã para matar a criança, tendo esta acedido. A
irmã, apesar de ter morto a criança, isto é, de ter desempenhado a conduta que lesou
directamente o bem jurídico vida, seria apenas uma mera participante, de acordo com
esta teoria, pois só cometeu o ilícito a pedido da irmã. A sua vontade estava assim
subordinada à de outrém – “animus socii”. Do ponto de vista estritamente causal o
pedido da irmã e a realização por parte da outra são condições equivalentes para o
resultado que ocorreu.
Contudo, no plano subjectivo só a mãe agiu com “animus domini”, pelo que ela é que
será autora. Este exemplo ilustra claramente o carácter insatisfatório desta doutrina,
que não é admissível no quadro do Direito Penal do facto, a que todos os
ordenamentos jurídicos modernos estão vinculados.
Não admira que esta fosse a posição defendida pelo sistema positivista. A manifesta
inadequação da teoria do dolo ao Direito Penal do facto é assim a principal crítica que
lhe pode ser dirigida. Mas soma-se-lhe outra, relacionada com questões mais práticas,
nomeadamente com a prova do “animus”: sempre que não fosse possível provar o
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“animus auctoris” o que haveriam eram vários cúmplices e nenhum autor. Isto
aconteceria frequentemente dada a grande dificuldade em provar elementos internos,
subjectivos do agente.
Além disso este critério permitia o livre arbítrio do juiz, que podia manipular a seu bel-
prazer a matéria da prova, para aplicar as penas consoante as suas próprias convicções
pessoais. O controlo, nomeadamente em sede de recurso, seria extremamente difícil,
daí que esta teoria subjectiva do dolo nunca tenha tido defensores nacionais.
Na maior parte dos casos a lei não atribui relevância à titularidade do interesse que
subjaz à prática do crime. Também esta teoria se depararia com inúmeras dificuldades
práticas relacionadas com a prova da titularidade do interesse em causa. Além disso é
legítimo o entendimento de que a partir do momento em que se assume um interesse
alheio e se toma tal interesse como motivo para praticar o crime, esse interesse passa
a ser próprio. Von Buri foi um dos adeptos desta teoria que, em 1907 não mais contava
com nenhum defensor.
2. Teorias objectivas:
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2.1 Teoria formal objectiva:
Esta teoria já foi referida aquando do estudo da tentativa, e foi defendida por Belling,
entre outros. O autor é aquele que realiza, por mão própria os actos de execução,
sendo os outros meros participantes. Assim sendo, para determinar o autor de
determinado crime apenas é necessário atender à letra da lei – todo aquele que realiza
a conduta contida no tipo é autor.
Todos os outros, que contribuíram para a realização do crime mas que não o
preencheram, por si só, são participantes. Esta posição é mais satisfatória que as
anteriores, mas ainda assim é susceptível de um critica equivalente à que lhe dirigimos
em sede de tentativa: não é suficiente pois só vale para os crimes de execução
vinculada, que são uma minoria, em cujo tipo o legislador descreve o “modus
operandi”.
Não incluía a autoria mediata, em que não é autor imediato que pratica os actos de
execução do crime mas sim outrém. Os adeptos desta teoria formal ainda procuraram
vislumbrar aqui uma autoria ficcionada, dado que não cabia na realização dos actos
típicos, definidos pelo legislador (crimes de execução vinculada) ou definidos pela
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linguagem corrente. Neste sentido considerava-se que os autores mediatos
configuravam uma situação análoga à do executor, isto é, à do autor imediato. Mas a
falha era de difícil contorno.
Também não dava resposta à co-autoria pois nesta há um acordo entre várias pessoas
que participam no plano e na execução. De acordo com esta teoria só é autor quem
efectivamente pratica actos de execução, ou seja, aquele que produz as condutas que
directamente conduzem à prática do crime. Mas pense-se no caso de um assalto a um
banco – só pratica o crime de furto aquele que lança mão ao cofre e ao dinheiro lá
guardado.
Mas será legitimo afirmar que os demais – os que imobilizaram o agente, os que
esperam no automóvel, os que apontam a arma aos clientes – são meros participantes,
nomeadamente cúmplices? Não porque isso não corresponde à realidade da vida: a
repartição de tarefas é, tal como na concretização de projectos lícitos, muitas vezes
aleatória nestas situações de co-autoria. O desvalor da intervenção dos agentes não
está forçosamente ligado ao facto de cada um deles ter praticado ou não a tal conduta
de execução “stricto sensu”.
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No fundo o que os normativistas fazem é conceder a designação de autoria (em
sentido lato) a todas as formas de comparticipação e só depois disso é que efectuam a
distinção entre autoria em sentido estrito e participação. Para realizar esta distinção os
autores recorrem à velha distinção do Direito Comum entre “causam dans” e “causam
nom dans” – critério enunciado por Farináceo, que tem por base uma graduação da
eficácia causal. Assim sendo, a “causam dans” é a causa imprescindível ou essencial à
verificação do crime. Entre o contributo do agente e a verificação do resultado tem
que haver uma relação de causalidade necessária – autoria.
A “causa nom dans” é, por sua vez, aquela que não é essencial à prática do crime e que
apenas influi no modo, tempo ou no lugar do crime, não sendo determinante para a
verificação do mesmo. A relevância desta causa reside pois em aspectos laterais,
acessórios ou incidentais. Entre o contributo do agente e a verificação do resultado há
uma relação de causalidade não necessária – participação. É nestes termos que a
teoria material objectiva traça a fronteira entre autor e participante.
Há autores que falam, a este respeito, de uma teoria da necessidade, dado que se
acaba por proceder a uma graduação da perigosidade da conduta.
Há autores que exprimem esta mesma ideia através de uma outra teoria – Teoria dos
bens escassos (ex. Dr. Faria Costa): é autor aquele que detém uma condição, bem ou
meio necessário para a realização do crime, sendo que o mesmo era escasso. Quando
o meio utilizado constitui uma causa sem a qual o crime não se teria produzido, sendo
esse meio escasso, quem o possuía é considerado autor mediato. A distinção entre
autoria e participação derivava da averiguação da posse da condição indispensável ou
de primeira importância para a verificação do crime. No fundo, a distinção partia de
uma condição “sine qua non” para a prática do crime.
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São aquelas que se ligam à tese do ilícito objectivo: o critério de distinção corresponde
a uma mera graduação da eficácia causal de cada comportamento para a lesão do bem
jurídico. Logo nesta restrição se revela a inadequação desta teoria para expressar o
sentido da valoração jurídico-penal. O núcleo do crime é o desvalor da acção, que se
traduz na violação de uma norma de determinação e não de uma norma de valoração.
A concepção do ilícito objectivo não permite dar resposta adequada a alguns crimes,
que exigem uma certa subjectivação, isto é, certas qualidades do agente (crimes
específicos) ou determinado “animus”/intenção. Em relação a estes tipos de crime só é
autor quem participa de tal qualidade ou intenção. Além disso, o critério de distinção
adoptado por esta teoria liga-se unicamente a factores exteriores (monopólio do meio)
e aleatórios, que em nada contendem com o desvalor intrínseco da conduta.
Mesmo ao nível prático esta distinção entre causa essencial e causa não essencial é
inadequada, dadas as dificuldades de prova que suscita. De facto, quando é que se
poderá afirmar que a conduta de alguém foi imprescindível a um dado resultado? Um
exemplo disto mesmo é ilustrado pelo entendimento da co-autoria, enquanto causa
não essencial: como se pode afirmar peremptoriamente esta relação se qualquer dos
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co-autores pode desistir e ainda assim, o crime ser levada adiante pelos demais? Esta
doutrina exclui esta modalidade de co-autoria, que é muito frequente.
O que importa realçar é que o direito penal não contende com a maior ou menor
eficácia causal das condutas, mas sim com o seu sentido de anti-normatividade, que é
aferido por relação às normas de determinação. É com base nesta ideia que tem de se
estabelecer a distinção entre as várias formas de comparticipação. É com base neste
entendimento que surgiu a teoria do domínio do facto, que é a dominante
actualmente.
Na negligência é autor aquele que violar um dever objectivo de cuidado, lesando dessa
forma bens jurídicos penalmente tutelados. A própria estrutura do delito negligente
parece não admitir a distinção entre autor e participante. Este conceito unitário de
autoria no que concerne com a negligência, não é referido à ideia de “conditio sine qua
non” mas sim ao conteúdo do dever objectivo de cuidado que foi violado, nos termos
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da teoria da adequação. A negligência é punida com pena especialmente atenuada
pelo que qualquer diferenciação deve ser deixada ao julgador.
Não basta existir qualquer nexo de causalidade entre a conduta e o resultado, pois
este nexo também existe entre o instigador ou o cúmplice e a lesão do bem jurídico.
Também eles antevêem, nos termos da teoria da adequação, a possibilidade prática da
realização do crime.
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raiz do acontecimento exterior em que se traduz a lesão do bem jurídico, que se
deverá assim ao conhecimento e à vontade do agente.
É com base neste critério que passamos à análise das várias figuras da
comparticipação.
1. Autoria:
Para haver autoria não basta que a actuação do agente seja condição necessária para o
crime se realizar, tendo ainda que ser suficiente.
1.1 Autoria imediata: Não é necessário haver uma proximidade física entre o agente e
a verificação do resultado, isto é, é perfeitamente possível haver uma dilação espacio-
temporal entre a realização da conduta e a verificação do resultado. Note-se que esta
possibilidade é cada vez mais frequente dada a evolução tecnológica.
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1.2 Autoria mediata: O agente não realiza materialmente o crime, isto é, não pratica
os actos de execução por suas próprias mãos, mas sim através de outra pessoa. Isto
parece um bocado contraditório, pois é difícil de aceitar a possibilidade de atribuir ao
agente condutas realizadas por outrém. Por esta razão é que a autoria mediata só
existe nos seguintes casos, que são aqueles em que o domínio do crime cabe ao
“homem de trás”:
c) Casos em que o agente que executa o crime está em erro, sobre o sentido jurídico-
penal da sua conduta. Nestes casos o agente desconhece que a sua actuação irá
resultar na prática de um crime.
Exemplo: A quer destruir a torre dos clérigos e para esse efeito instala no edifício uma
bomba. Para disfarçar o mecanismo explosivo faz uma ligação a partir dessa bomba até
ao interruptor da electricidade de uma das salas da FDUP. A empregada da limpeza ao
entrar na sala carrega no interruptor e a torre explode. Foi a empregada que praticou
o acto de execução que provocou o crime. Todavia o resultado ocorrido só era
previsível para o autor mediato, isto é, para o “homem de trás”. Portanto era este que
detinha o domínio do facto.
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d) Casos que se inserem nos designados aparelhos organizados de poder (hipótese
introduzida por Roxin): O autor refere-se às instituições fechadas, fortemente
disciplinadas a nível interno e com um aparelho sancionatório e disciplinar também
muito forte. Exemplos: Aparelhos militares, máfias, sindicatos do crime. Tratam-se
daquelas organizações secretas que têm como finalidade a prática de crimes (trafico
de pessoas, droga, armas…). Estas organizações caracterizam-se essencialmente pelo
seguinte:
É que o “chefe”, sem sair do seu gabinete, profere uma ordem dirigida à prática de um
crime e tem a certeza que essa ordem vai ser cumprida, dada a forte organização
interna e as sanções gravosas que são aplicadas aos incumpridores. O chefe é assim
autor mediato, pois é que detém o domínio do facto, isto é, o controlo do início, da
interrupção e da cessação do crime.
Em todos estes casos o que importa é a que título é aplicada a punição do “homem de
trás”. Sempre que a influência exercida pelo mesmo não configurar uma das quatro
situações enumeradas estamos perante um caso de instigação.
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Também as situações de não exigibilidade equiparadas ao estado de necessidade
desculpante excluem a pena. Quanto ao agente que está em erro depende se o
mesmo é ou não censurável. Se for, o agente pode ser punido a título de negligência,
desde que preenchidos os respectivos pressupostos. Nos casos de organização
criminosa o executor em princípio será punido a título de dolo.
1.3 Co-autoria: Esta figura surgiu no final do séc. XIX, sob a forma da chamada teoria
ocasional. Há co-autoria quando:
a) Há um acordo entre dois ou mais agentes dirigido à prática do crime. O acordo pode
ser escrito ou oral, expresso ou tácito e anterior ou concomitante à realização do
crime. É o âmbito deste acordo, desta colaboração na elaboração do projecto
criminoso, que delimita o âmbito de imputação na co-autoria. Cada um dos co-autores
é punido com a pena aplicável ao autor imediato, isto é, como se cada um dos agentes
tivesse realizado o crime isoladamente.
Note-se que isto só é assim quanto à execução do que foi acordado entre todos. Se
durante a execução um dos agentes decidir ir para além do acordado só esse
responderá por esse “excesso”.
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b) Para além do acordo é necessário que haja uma participação ou intervenção
conjunta na execução do crime. Trata-se da participação material e efectiva de todos
os agentes na realização do plano. É neste domínio que se levantava uma das críticas à
teoria formal objectiva, pois não é necessário que todos os agentes pratiquem actos de
execução que se integrem na acção fundamental do crime. Isto é assim por uma razão
de congruência com a realidade da vida.
O plano funciona aqui como definição dos próprios papeis dos agentes. Assim se
determina se a conduta do agente é acessória ou essencial à realização do crime e se
deve ser excluída ou incluída respectivamente, na situação de co-autoria. Ou seja, é
através do projecto e da qualificação da conduta do agente como acessória ou
principal que se vai determinar se ele é um co-autor ou um mero cúmplice. Isto só
pode ser aferido em cada caso concreto. É necessário atender ao carácter essencial ou
não essencial dos actos praticados pelo agente na realização do plano. Qualquer dos
co-autores representa uma peça essencial do projecto criminoso. O cúmplice por sua
vez é aquele que se limita a praticar actos de auxílio, actos meramente secundários
para a realização do plano.
2. Participação:
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Na participação criminosa o agente já não domina a prática do acto. A participação
pode ocorrer através das figuras da instigação ou cumplicidade.
2.2 Cumplicidade: O cúmplice é aquele que pratica actos de auxílio material ou apenas
de auxílio psíquico, ou seja, de suporte emocional. É com base nesta previsão da
punição da cumplicidade psíquica que parece poder defender-se a abolição da
categoria da instigação.
O art. 26.º descreve todas as situações de autoria e refere-se ainda à instigação, que é
incompreensivelmente punida nos mesmos termos que a primeira:
“É punível como autor quem executar o facto, por si mesmo ou por intermédio de
outrém, ou tomar parte directa na sua execução, por acordo ou juntamente com outro
ou outros, e ainda quem, dolosamente, determinar outra pessoa à prática do facto,
desde que haja execução ou inicio de execução.”
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Tomar parte directa na sua execução, por acordo ou juntamente com outro ou outros
– co-autoria;
Desde que haja execução ou início de execução – Está aqui consagrado o princípio da
acessoriedade.
Tanto a instigação como a cumplicidade só são punidas a título de dolo, o que revela a
ideia da fragmentaridade de segundo grau que caracteriza do direito penal. Trata-se de
uma limitação paralela à que estabelece a excepcionalidade da punição da negligência
e da tentativa.
Do requisito do início da execução se retira que não se toma por relevante uma
tentativa de instigação ou de cumplicidade. Tal é o problema da acessoriedade da
participação: esta só existe quando é acessória da autoria. Para tal é necessário que o
agente já tenha iniciado a execução.
Esta aqui presente a chamada acessoriedade mínima, que tem sido frequentemente
criticada, na medida em que o cúmplice ou instigador é punido pelo seu acto e não
pelo do executor.
Mas poderia também vigorar entre nós uma acessoriedade máxima, se fosse
necessário que o executor praticasse uma conduta típica, ilícita e culposa para que a
participação fosse punida. Mas repare-se que também aqui haveria uma violação ao
princípio da culpa, na medida em que se faz depender a punição do participante do
preenchimento de certos pressupostos, por parte de outrém.
Ou então poderia vigorar uma acessoriedade limitada, que exige que o executor
pratique uma conduta típica e ilícita para o participante seja punido. Seria então
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necessário que o executor preenchesse um tipo legal de crime e que não actuasse ao
abrigo de uma causa de exclusão da ilicitude.
Seguindo a doutrina introduzida por Eduardo Correia a nossa lei é clara, consagrando
uma acessoriedade mínima, que apenas exige que o autor pratique actos de execução
(actos típicos, correspondentes a um tipo incriminador), para que o participante seja
punido.
O art. 27.º consagra que a cumplicidade é punida de forma mais atenuada que a
autoria (e que a instigação).
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Exemplo: O dono de uma propriedade manda o seu criado roubar galinhas ao vizinho.
O criado pratica o crime sem intenção, uma vez que as galinhas são para o dono e não
para si mesmo.
Sendo um crime especifico impuro: alguns dos agentes seriam punidos com
pena mais grave e outros com pena mais leve.
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específico ou de intenção em causa. Já não existe a lacuna de punição que derivava da
acessoriedade mínima. As excepções a esta regra estão consagradas na lei.
1.2) Crimes específicos - Que só podem ser praticados por determinadas pessoas, que
possuem determinadas características/qualidades (por ex. profissionais).
O nº 2 do art. 28.º estatui um regime que acarreta algumas dificuldades. É que quase
todos os crimes específicos acarretam uma agravação da pena e o preceito em questão
prevê que quando no caso concreto se aplicar a algum dos comparticipantes uma pena
mais grave, abre-se a possibilidade de substituir tal pena por aquela que se aplicaria se
não interviesse a regra do nº 1. Há aqui uma grande margem de discricionariedade do
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julgador. Além disso, este preceito só vale para os crimes específicos impuros, em que
a qualidade do agente funciona apenas como fundamento da agravação da pena e não
como elemento constitutivo do próprio crime.
O art. 29.º afirma que cada comparticipante responde pela sua culpa, o que
corresponde a uma afirmação da intransmissibilidade da culpa e ao afastamento da
acessoriedade máxima. A comunicabilidade das circunstâncias só se aplica ao ilícito.
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