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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 2
2 ITER CRIMINIS .................................................................................................................................. 2
3 CONSUMAÇÃO DO CRIME ............................................................................................................... 3
4 TENTATIVA DO CRIME ..................................................................................................................... 4
4.1 Elementos da tentativa .............................................................................................................. 4
4.2 Punição da tentativa .................................................................................................................. 5
4.3 Infrações que não admites tentativa ....................................................................................... 5
4.4 Espécies de tentativa ................................................................................................................ 6
4.5 Tentativa abandonada ............................................................................................................... 7
5 ARREPENDIMENTO POSTERIOR .................................................................................................... 8
5.1 Requisitos ................................................................................................................................... 8
6 QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................. 10
7 LEGISLAÇÃO CITADA ..................................................................................................................... 11
8 SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................... 122
9 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ................................................................................. 13

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1 INTRODUÇÃO
Estudo acerca dos institutos básicos do direito penal, diferenciado, por exemplo, consumação de
tentativa e demonstrando as possibilidades de haver atipicidade do crime. Assim, se estuda o iter criminis,
que é o itinerário do crime, estabelecendo as fases do crime e mostrando em que momento ocorrerá a
consumação do crime ou a tentativa do crime.

2 ITER CRIMINIS
As fases do crime envolvem a cogitação, preparação, execução e consumação. Em regra, sabe-se que
os atos preparatórios e a cogitação não são puníveis. A não ser que a preparação constitua uma conduta
criminosa ou quando o legislador pune expressamente algum ato preparatório. Se começa a ter algo relevante
para o direito penal, em regra, a partir do início da execução do crime.

COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO

Fase interna ou Fase externa ou objetiva


subjetiva

Na cogitação, o autor decide praticar o delito. A cogitação, assim, é uma fase puramente interna. Em
regra, a cogitação é impunível no Brasil, pois não se pune a simples e pura vontade/intenção.
A preparação diz respeito a atos que são necessários para a execução. Nessa etapa, o autor procura
os meios escolhidos com o objetivo de criar condições para atingir o fim proposto, ou seja, são atos
necessários para dar início à execução. A preparação, em regra, também é impunível no Brasil, mas quando
constituir um crime autônomo ou quando houver uma questão de política criminal, pune-se a preparação.
A execução, por sua vez, é punível. O agente passa a ser punido a partir do ato executório.

Art. 14 do CP - Diz-se o crime: (...)


II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.

Quanto à consumação:
Art. 14 do CP - Diz-se o crime: (...)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

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É necessário saber qual o momento de transição entre os atos preparatórios e os atos executórios, uma
vez que não são puníveis os primeiros. Existem diversas teorias ou critérios que tratam desta passagem:

Teoria Objetivo-formal: a execução é iniciada com o início da conduta típica, ou seja, com a prática
do verbo nuclear do tipo.

Teoria Objetivo-material: utiliza o perigo para o bem jurídico, incluindo ações que por sua
vinculação necessária com a conduta típica, aparecem como parte integrante dela. Deste modo, quando
existir ofensa ao bem jurídico, exposição ao perigo do bem jurídico, se está diante do início da execução.

Teoria Objetivo-individual: essa teoria leva em conta o plano individual do agente. Portanto, a
execução começa quando é colocado em prática.

3 CONSUMAÇÃO DO CRIME
Se o indivíduo alcança a consumação do crime, se tem o crime consumado.

Momento da consumação:

Crime Material
É um crime de conduta e resultado, sendo que a produção do resultado é necessária para a sua
consumação. No crime material, a consumação do crime se dá no momento da produção do resultado
naturalístico.

Crime Formal
É um crime de conduta e resultado, só que o resultado não é necessário para a sua consumação.
Assim, no crime formal, a consumação do crime se dá no momento da prática da conduta criminosa, não
interessando o resultado.

Crime de Mera Conduta


Também conhecido como crime de simples atividade, não há previsão de resultado naturalístico. A
consumação do crime de mera conduta, portanto, se dá no momento da prática da conduta criminosa, não
interessando o resultado naturalístico.

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Crime Culposo
Um crime culposo é um crime material, de forma que a sua consumação se dá no momento da
produção do resultado naturalístico.

Crime de Perigo
A consumação do crime de perigo se dá no momento de exposição do bem jurídico.

Crime Permanente
A consumação do crime permanente se protrai/prolonga no tempo.

Crime Habitual
A consumação do crime habitual se dá no momento da reiteração da conduta.

Crime Qualificado pelo Resultado


A consumação se dá no momento da produção do resultado qualificador.

Crime Omissivo Próprio/Puro


A consumação do crime se dá no momento da abstenção do comportamento devido.

Crime Omissivo Impróprio/Impuro


Também chamado de comissivo por omissão, é também um crime material. Assim, a consumação se
dá no momento da produção do resultado naturalístico.

4 TENTATIVA DO CRIME (CONATUS)

4.1 Elementos da Tentativa

a) Início da execução de um crime


b) A não consumação do crime Elementos Objetivos

c) Interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente


d) Dolo Elemento Subjetivo

Se não consegue a consumação, por circunstâncias alheias a sua vontade, será um crime tentado. A
natureza jurídica da tentativa é causa de diminuição de pena da parte geral do código penal. Assim, é causa
de diminuição da pena de 1/3 a 2/3, dependendo de quão próximo da consumação o agente chegou.

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Se o sujeito deu início a execução do delito, mas não consuma por circunstâncias alheias a sua
vontade, será um crime tentado, com diminuição da pena. Na tentativa, o sujeito quer o resultado, mas não
consegue.

Art. 14 do CP - Diz-se o crime: (...)


II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.

4.2 Punição da Tentativa

Existem duas teorias que explicam a punição da tentativa, quais sejam: subjetiva e objetiva.
A teoria subjetiva afirma que não deve haver diferença entre a punição do crime tentado e do crime
consumado, pois a intenção do agente é a mesma. Assim, a intenção de quem furta, é a mesma intenção de
quem tenta furtar. Dessa forma, para a teoria subjetiva, não se reduz a pena forma tentada.
Já a teoria objetiva não se preocupa com a intenção do agente, mas sim com a ofensa ao bem
jurídico. Aqui, o importante é o grau de ofensa, em que, quanto maior é a ofensa ao bem jurídico (quanto
mais perto o agente chegou da consumação), menor será a redução da punição. Nesta lógica, quanto menor a
ofensa ao bem jurídico (quanto mais distante o agente ficou da consumação), maior será a redução da
punição. Haverá, portanto, uma redução da pena na forma tentada conforme o grau de ofensa ao bem
tutelado.

O Código Penal e o sistema jurídico brasileiro adotam a teoria objetiva.

Art. 14 do CP - Diz-se o crime: (...)


Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
crime consumado, diminuída de um a dois terços.

4.3 Infrações que Não Admitem Tentativa

Contravenções Penais – por expressa disposição legal (art. 4º da Lei das Contravenções Penais):

Art. 4 - Não é punível a tentativa de contravenção.

Crimes Culposos – porque, nestes casos, o sujeito não quer o resultado, sendo incompatível com a
tentativa, uma vez que esta requer o dolo.
Exceção: a culpa imprópria.

Crimes Preterdolosos – são aqueles crimes em que há dolo na conduta antecedente e culpa no
resultado consequente, como a lesão corporal seguida de morte. Assim, se não há tentativa no crime culposo,
também não há no preterdoloso, tendo em vista que o resultado é culposo.

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Crimes Unissubsistentes – são crimes que não admitem o fracionamento dos atos executórios.
Assim, a consumação se dá com apenas um ato executório, como a ameaça ou injúria verbal, por essa razão,
não cabe tentativa.

Crimes Omissivos Próprios/Puros – são crimes em que a omissão está descrita na própria lei. No
momento em que há a omissão, há a consumação do crime. Dessa forma, por não admitir fracionamento dos
atos executórios, não cabe tentativa.

Crimes Habituais – são crimes que exigem uma reiteração de ato para se consumar. Quando há
apenas um ato praticado, será atípico. Se houver dois ou mais atos, será crime habitual, com a consumação
do crime, conclui-se, portanto, que não cabe tentativa.

Crimes Condicionados – não admitem tentativa, pois a consumação está condicionada a um


determinado resultado naturalístico.

Crimes de Atentado ou Empreendimento – são crimes que têm a mesma pena em abstrato para a
forma consumada e para a forma tentada.

4.4 Espécies de Tentativa

Tentativa Imperfeito ou Inacabada


O agente, sem esgotar o processo executório, não consegue consumar o crime por circunstâncias
alheias a sua vontade. Assim, indivíduo é impedido de materializar os atos executórios planejados.

Tentativa Perfeita, Acabada ou Crime Falho


O agente pratica todos os atos executórios que planejara, mas o crime não se consuma por
circunstâncias alheias a sua vontade. A fase de execução do crime se esgota, mas não se consuma o crime.

Tentativa Incruenta ou Branca


O objeto material do crime não é atingido/não sofre dano. Por exemplo, o erro de pontaria.

Tentativa Cruenta ou Vermelha


O objeto material do crime é atingido/sofre dano. É assim chamado pois “sai sangue”.

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4.5 Tentativa Abandonada
Chamada de ponte de ouro, é o termo genérico para a desistência voluntária ou o arrependimento
eficaz do agente, sendo sinônimo do artigo 15 do CP:

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados.

Desistência Voluntária:
Pressupõe uma conduta negativa. O sujeito dá início a execução do delito, mas não o consuma por
vontade própria, voluntariamente.
Aqui, o sujeito não quer mais a consumação, não sendo possível responder por crime tentado.
Responde pelos atos anteriores já praticados, se típicos.
Tem uma conduta de abstenção, tem uma postura negativa, desistindo de prosseguir, ainda que
sugerido por terceiros. Neste caso, não importa o motivo da postura negativa.
A exceção é a postura positiva, para desistência voluntária, nos casos de crimes omissivos.

Quero, mas não posso


=
Tentativa punível

Fórmula de
Frank
Posso, mas não posso
=
Desistência voluntária

Arrependimento Eficaz:
O sujeito, apesar de ter praticado os atos executórios, impede que o resultado aconteça. O sujeito
esgota a potencialidade lesiva, ou seja, esgota os seus meios executórios. Mas ele pratica uma postura
positiva para impedir o resultado. Responde apenas pelos atos praticados, se forem típicos. Caso o agente
atire na vítima e a leve para o hospital, tentando salvá-la, mas esta acaba falecendo, responderá por crime de
homicídio, mas com atenuante a seu favor, pois para ser arrependimento, deve ser eficaz, sendo suficiente
para evitar o resultado.

Consequência:

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“Tentativa qualificada” é o termo que Hungria dá à consequência da desistência voluntária e ao
arrependimento eficaz.

Como consequência da tentativa abandonada, o agente só responderá pelos atos já praticados. Assim,
só responderá por crime já praticado, se houver.

A natureza jurídica, tanto da desistência voluntária, quanto do arrependimento eficaz, no Brasil,


possui duas posições. A primeira diz que os institutos são causas de extinção da punibilidade, enquanto que,
a segunda posição afirma que são causas de exclusão da tipicidade. A posição majoritária e preferida nos
concursos públicos têm sido esta última.

5 ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Também chamado de ponte de prata, tem a natureza jurídica de causa de diminuição da pena objetiva
e obrigatória, da parte geral do código penal, de 1/3 a 2/3. Aqui, deve ter ocorrido a consumação do delito e,
voluntariamente, o agente repara o dano ou restitui a coisa integralmente até o recebimento da denúncia ou
da queixa. Responderá pelo crime consumado, mas tem a diminuição da pena caso preencha os requisitos.

Art. 16 do CP. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.

O critério para diminuir mais ou menos a pena é a celeridade na reparação do dano ou na reparação da
coisa. Se houver celeridade, terá uma diminuição de pena maior.

5.1 Requisitos

Crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa: a violência que impede o benefício é a
praticada com dolo, ou seja, a culposa cabe o arrependimento posterior. Pode incidir em crimes patrimoniais
sem violência, como o furto. O STJ só aceita o arrependimento posterior se for em crime patrimonial:

RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR.


ART. 312 DO CTB. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. ART. 16
DO CP. REPARAÇÃO DO DANO. APLICÁVEL APENAS NOS CRIMES PATRIMONIAIS. PLEITO
SUBSIDIÁRIO. RECONHECIMENTO DE ATENUANTE. ART. 65, III, B, DO CP. PENA-BASE FIXADA
NO MÍNIMO. SÚMULA 231/STJ. 1. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que, para que
seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal, faz-se
necessário que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. 2. As Turmas
especializadas em matéria criminal do Superior Tribunal de Justiça firmaram a impossibilidade material
do reconhecimento de arrependimento posterior nos crimes não patrimoniais ou que não possuam efeitos
patrimoniais. 3. In casu, a composição pecuniária da autora do homicídio culposo na direção de veículo
automotor (art. 302 do CTB) com a família da vítima, por consectário lógico, não poderá surtir proveito
para a própria vítima, morta em decorrência da inobservância do dever de cuidado da recorrente. 4. A

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existência de causa de aumento verificável na terceira fase da dosimetria não permite retorno para a fase
anterior para reconhecer atenuantes, sob pena de subversão do sistema trifásico de dosimetria da pena.
Súmula 231/STJ. 5. Recurso especial improvido, com determinação de imediato início de cumprimento
da pena, vencidos, apenas quanto à execução provisória da pena, o Relator e a Sra. Ministra Maria
Thereza de Assis Moura. (REsp 1561276/BA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 28/06/2016, DJe 15/09/2016)

Reparação do dano ou restituição da coisa: pode ser reparação ou restituição parcial, desde que
haja concordância da vítima.

Ocorrer até o recebimento da denúncia ou queixa: a lei fala em recebimento, não em


oferecimento. Se a reparação ou restituição for depois do recebimento, pode se requerer atenuante genérica,
prevista no art. 65, III, b, do CP.

Voluntariedade do agente: ato voluntário é ato livre, onde não haja coação, ainda que não nasça do
agente. Portanto, o sujeito pode ser orientado pelo advogado ou por qualquer outro terceiro.

Observação:
Também há a chamada ponte de prata qualificada ou ponte de diamante, que é a colaboração premiada,
prevista no art. 4° da Lei nº 12.850/2013:

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que
dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações
penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

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6 QUESTÕES COMENTADAS
01 (Procurador do Estado – PGE/PE – CESPE - 2018) Com a intenção de praticar um golpe, Luiz pagou diversos
produtos comprados em determinada loja com um cheque clonado pré-datado. Antes da data do vencimento do
cheque, Luiz, arrependido, retornou à loja e trocou o cheque por dinheiro em espécie, tendo quitado o débito
integralmente.
A respeito da conduta de Luiz na situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
a) Houve arrependimento eficaz.
b) Houve desistência voluntária.
c) Houve arrependimento posterior.
d) A conduta foi atípica, devido ao fato de o cheque ter sido pré-datado.
e) A conduta configurou tentativa.

Resposta: A

Comentário: o artigo 15 do CP estabelece que, o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. No caso apresentado, o agente pagou por
produtos utilizando cheque pré-datado clonado, e, posteriormente, substitui o mesmo por pagamento em dinheiro,
impedindo a produção do resultado. Sendo conduta atípica não pelo fato do cheque ser pré-datado, mas porque não
houve resultado nenhum.

02 (Oficial Técnico de Inteligência – ABIN – CESPE - 2018) Maria, esposa de Carlos, que cumpre pena de
reclusão, era obrigada por ele, de forma reiterada, a levar drogas para dentro do sistema penitenciário, para
distribuição. Carlos a ameaçava dizendo que, se ela não realizasse a missão, seu filho, enteado de Carlos, seria
assassinado pelos comparsas soltos. Durante a revista de rotina em uma das visitas a Carlos, Maria foi flagrada
carregando a encomenda. Por considerar que estava sob proteção policial, ela revelou o que a motivava a praticar tal
conduta, tendo provado as ameaças sofridas a partir de gravações por ela realizadas. Em sua defesa, Carlos alegou
que o crime não fora consumado.
No que se refere a essa situação hipotética, julgue o próximo item.
(______) Carlos não será punido, pois, de fato, o crime não se consumou.

Resposta: Errado

Comentário: O examinador não está questionando se é exclusão de culpabilidade ou não, mas sim se o crime se
consumou ou não. O crime de tráfico de drogas é um crime formal (ou de consumação antecipada), ou seja, não é
necessário que ocorra o resultado naturalístico previsto no tipo para que seja verificada a sua consumação. Basta a
realização do tipo. Quanto à questão da exclusão de culpabilidade, importante destacar que houve coação moral
irresistível no presente caso, o que exclui a culpabilidade de Maria por inexigibilidade de conduta diversa.

03 (Analista Judiciário – TRF 5ª Região – FCC - 2017) Édipo, irritado com as constantes festas que seu vizinho Laio
promove à noite, atrapalhando seu descanso, resolve procurá-lo a fim de resolver definitivamente a situação. Para
tanto, arma-se de uma espingarda e se dirige à casa de Laio, vindo a encontrá-lo distraído. Ato contínuo, aponta a
arma em sua direção a fim de efetuar um disparo contra sua cabeça. Contudo, Jocasta, que, por coincidência, havia
acabado de chegar ao local, surpreende e consegue impedir Édipo de seu intento, retirando-lhe a arma de sua mão,
evitando, assim, o disparo fatal. A conduta de Édipo, para o Direito Penal, pode ser enquadrada no ordenamento
jurídico como
a) arrependimento posterior.
b) desistência voluntária.
c) crime tentado.
d) circunstância atenuante.
e) arrependimento eficaz.

Resposta: C

Comentário: São quatro os elementos que constituem a tentativa: o início de execução, a não consumação e a
interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente, além do dolo. Até o momento em que Édipo "armase" e

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"se dirige à casa de Laio", têm-se uma série de atos reveladores da intenção de matar, embora todos eles sejam
meramente preparatórios, pois inidôneos para a consumação do delito. Entretanto, o ato de apontar a arma em
direção a fim efetuar um disparo contra a cabeça de Laio se revela idôneo e inequívoco à produção doresultado, o
qual teve sua continuidade interrompida por circunstâncias alheias, qual seja, a conduta de Jocasta.

7 LEGISLAÇÃO CITADA

CÓDIGO PENAL

Art. 14 - Diz-se o crime:


Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de
tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz


Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

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8 SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. ART. 312 DO
CTB. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. ART. 16 DO CP. REPARAÇÃO DO
DANO. APLICÁVEL APENAS NOS CRIMES PATRIMONIAIS. PLEITO SUBSIDIÁRIO. RECONHECIMENTO DE
ATENUANTE. ART. 65, III, B, DO CP. PENA-BASE FIXADA NO MÍNIMO. SÚMULA 231/STJ. 1. O Superior Tribunal
de Justiça possui entendimento de que, para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art.
16 do Código Penal, faz-se necessário que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. 2. As
Turmas especializadas em matéria criminal do Superior Tribunal de Justiça firmaram a impossibilidade material do
reconhecimento de arrependimento posterior nos crimes não patrimoniais ou que não possuam efeitos patrimoniais. 3.
In casu, a composição pecuniária da autora do homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB)
com a família da vítima, por consectário lógico, não poderá surtir proveito para a própria vítima, morta em decorrência
da inobservância do dever de cuidado da recorrente. 4. A existência de causa de aumento verificável na terceira fase
da dosimetria não permite retorno para a fase anterior para reconhecer atenuantes, sob pena de subversão do
sistema trifásico de dosimetria da pena. Súmula 231/STJ. 5. Recurso especial improvido, com determinação de
imediato início de cumprimento da pena, vencidos, apenas quanto à execução provisória da pena, o Relator e a Sra.
Ministra Maria Thereza de Assis Moura. (REsp 1561276/BA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 15/09/2016)

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9 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS
01 (Juiz Leigo – TJ/RN – COMPERVE – 2018) Madruga, num momento de destempero, atinge Joca com uma facada
no tórax, mas, imediatamente, recupera o equilíbrio e socorre Joca, garantindo que ele tivesse pronto atendimento e
se recuperasse das lesões. Nesse eventual contexto, configurar-se-á, segundo a doutrina e o código penal, a hipótese
de
a) crime tentado, respondendo Madruga pela tentativa de homicídio.
b) desistência voluntária, respondendo Madruga pelos atos já praticados.
c) arrependimento posterior, configurando-se, para Madruga, causa de diminuição de pena.
d) arrependimento eficaz, respondendo Madruga pelos atos já praticados.

02 (Oficial Técnico de Inteligência – ABIN – CESPE – 2018) João integra conhecida organização criminosa de
âmbito nacional especializada em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Com o objetivo de tornar legal o dinheiro
obtido ilicitamente, ele convenceu Pedro e Jorge, conselheiros fiscais de uma cooperativa de mineradores que atuam
na região Norte do país, a modificar valores obtidos em uma mina de ouro. Pedro, sem conhecer a fundo a origem dos
valores, concordou em fazer a transação. Antes de concluí-la, entretanto, ele desistiu da ação, e tentou convencer
Jorge a fazer o mesmo. Tendo Jorge decidido prosseguir no esquema, Pedro, então, fez uma denúncia sigilosa à
polícia, que passou a investigar o fato e reuniu elementos necessários ao indiciamento dos envolvidos. Antes que
concretizasse a ação final de registro de valores, Jorge foi impedido pela polícia, que o prendeu em flagrante. Acerca
dessa situação hipotética, julgue o item subsequente. Pedro será punido com pena atenuada em virtude de
arrependimento eficaz, e Jorge será punido por crime tentado.
( ) Certo ( ) Errado

03 (Titular de Serviços de Notas e de Registros – TJ/MG – CONSULPLAN – 2018) Considerando que o Código
Penal brasileiro considera o crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal,
assinale a alternativa correta.
a) O crime tentado é considerado contravenção penal.
b) O crime tentado é considerado infração administrativa.
c) Ninguém pode ser punido por crime tentado, senão quando o pratica culposamente.
d) O crime tentado é punido com a pena do crime consumado, porém diminuída, salvo disposição em sentido
contrário.

04 (Analista Ministerial – MPE/PI – CESPE – 2018) Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas
vendedoras em uma joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou
detalhadamente o crime e entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria.
Luna desistiu de participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se
apossar das peças conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera
levou-as para a casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali
mesmo, na residência materna, até a semana seguinte. Considerando que o crime apresentado nessa situação
hipotética venha a ser descoberto, julgue o item que se segue, com fundamento na legislação pertinente. Luna não
responderá criminalmente, porque sua desistência caracteriza arrependimento posterior.
( ) Certo ( ) Errado

05 (Promotor de Justiça Substituto – MPE/PB – FCC – 2018) Nos termos do Código Penal, pune-se o crime
tentado com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Para o Supremo Tribunal
Federal, a pena será diminuída
a) considerando as circunstâncias judiciais do artigo 59, do Código Penal.
b) tomando-se por base os antecedentes e a personalidade do acusado.
c) com base nas condições de ordem subjetiva do autor do delito.
d) na proporção inversa do iter criminis percorrido pelo agente.
e) de forma equitativa ao dano causado à vítima do crime

06 (Consultor Legislativo – AL/RO – FGV – 2018) José, pretendendo praticar crime de peculato, ingressa em
repartição pública com a chave que possuía em razão do cargo, na parte da noite, com o objetivo de subtrair um
computador da repartição. Quando estava no interior do local, todavia, pensa sobre as consequências da sua conduta
e que sua família dependia financeiramente dele, razão pela qual deixa o local sem nada subtrair. O segurança do
local, todavia, informado por notícia anônima sobre a intenção de José, o aborda na saída da repartição e realiza sua
prisão em flagrante. Considerando as informações narradas, é correto afirmar que a conduta de José:
a) não configura conduta típica em razão do arrependimento eficaz;
b) não configura conduta típica em razão da desistência voluntária;
c) não configura crime em razão do arrependimento posterior;
d) configura tentativa de peculato em razão do arrependimento eficaz;
e) configura tentativa de peculato em razão da desistência voluntária.

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07 (Técnico Judiciário Auxiliar – TJ/SC – FGV – 2018) Em dificuldades financeiras, Ana ingressa, com autorização
da proprietária do imóvel, na residência vizinha àquela em que trabalhava com o objetivo de subtrair uma quantia de
dinheiro em espécie, simulando para tanto que precisava de uma quantidade de açúcar que estaria em falta. Após
ingressar no imóvel e mexer na gaveta do quarto, vê pela janela aquela que é sua chefe e pensa na decepção que lhe
causaria, razão pela qual decide deixar o local sem nada subtrair. Ocorre que as câmeras de segurança flagraram o
comportamento de Ana, sendo as imagens encaminhadas para a Delegacia de Polícia. Nesse caso, a conduta de
Ana: a) não configura crime em razão da desistência voluntária;
b) configura crime de tentativa de furto em razão do arrependimento eficaz;
c) configura crime de tentativa de furto em razão da desistência voluntária;
d) configura crime de tentativa de furto em razão do arrependimento posterior;
e) não configura crime em razão do arrependimento eficaz.

08 (Delegado de Polícia Substituto – PC/MG – FUMARC – 2018) Com relação ao iter criminis, é CORRETO afirmar:
a) No crime falho ou na tentativa imperfeita, o processo de execução é integralmente realizado pelo agente e o
resultado é atingido.
b) Não existe desistência voluntária no caso de agente que desiste de prosseguir com os atos de execução por
conselho de seu advogado, já que ausente a voluntariedade.
c) Com relação à tentativa, o Código Penal adota, como regra, a teoria objetiva e aplica ao agente a pena
correspondente ao crime consumado, reduzida de um a dois terços, conforme maior ou menor tenha sido a
proximidade do resultado almejado.
d) O arrependimento posterior tem natureza jurídica de causa de exclusão da tipicidade, desde que restituída a coisa
ou reparado o dano nos crimes praticados sem violência ou grave ameaça até o recebimento da denúncia ou queixa.

09 (Investigador de Polícia – PC/BA – VUNESP – 2018) Adalberto decidiu matar seu cunhado em face das
constantes desavenças, especialmente financeiras, pois eram sócios em uma empresa e estavam passando por
dificuldades. Preparou seu revólver e se dirigiu até a sala que dividiam na empresa. Parou de fronte ao inimigo e
apontou a arma em sua direção, mas antes de acionar o gatilho foi impedido pela secretária que, ao ver a sombra
pela porta, decidiu intervir e impedir o disparo. Em face do ocorrido, pode-se afirmar que Adalberto poderá responder
por
a) constrangimento ilegal.
b) tentativa de homicídio.
c) tentativa de lesão corporal.
d) fato atípico.
e) arrependimento eficaz.

10 (Analista Judiciário – STJ – CESPE – 2018) Acerca do crime doloso e do arrependimento posterior, julgue o item
seguinte. O arrependimento posterior incide apenas nos crimes patrimoniais e sua caracterização depende da
existência de voluntariedade e espontaneidade do agente.
( ) Certo ( ) Errado

GABARITO

01.D 02.Errado 03.D 04.Errado

05.D 06.B 07.A 08.C

09.D 10.Errado

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