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Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem

Direito Penal

Prof. Nidal Ahmad


Prof. Arnaldo Quaresma

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Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem
Direito Penal

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. Crimes Omissivos

1.1 Crimes omissivos próprios


• Tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva.
• O agente tem o dever de agir.
• Não admite tentativa.

Exemplo:
Art. 135 do CP. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.

1.2 Crimes Omissivos Impróprios


Não há tipo penal específico. O agente tem o dever de agir para impedir o resultado e,
se deixar de agir, responde pelo resultado produzido.

Art. 13, § 2º, do Código Penal. A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar
o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Quem tem o dever jurídico de agir:

• Lei
• Garantidor
• Quem criou o risco

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2.1 Iter criminis


Iter criminis significa literalmente “caminho do crime”. Trata-se do caminho percorrido pelo
agente para a prática da infração penal, passando pela ideação até chegar à consumação. Em
síntese, iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito.
O primeiro momento do iter criminis é a cogitação. O agente idealiza, internamente, a
atividade criminosa. Toda essa representação ainda se encontra no plano interno do agente, ou
seja, ainda não há exteriorização de nenhum ato. É exatamente por isso que a fase da cogitação
não é punível.
Nos atos preparatórios, o agente passa da cogitação para a exteriorização da sua
atividade criminosa, buscando, previamente ao início da execução, os elementos necessários
para o desenvolvimento da conduta delituosa. É a partir dos atos preparatórios que o agente
começa a materializar, ou seja, exteriorizar sua busca pela consumação da infração penal. A
aquisição de uma arma, por exemplo, para a prática do homicídio constitui ato preparatório. Da
mesma forma, o estudo do local do crime, buscando identificar a melhor hora e forma de
ingressar no ambiente, constitui ato preparatório do crime de furto.
Os atos preparatórios, via de regra, não são puníveis, nem na forma tentada, uma vez
que, nos termos do art. 14, II, do CP, afigura-se necessário o início da execução do delito, com
a realização da conduta nuclear descrita no tipo penal.
Todavia, em casos excepcionais, o legislador descreve atos que na sua concepção seriam
preparatórios como delitos autônomos, por exemplo, os crimes de associação criminosa (art. 288
do CP) e petrechos para falsificação de moedas (art. 291 do CP).
Nos atos executórios, o agente passa a desenvolver conduta voltada a realizar o verbo
nuclear do tipo. A partir dos atos executórios, o fato passa a ser punível, ao menos na forma
tentada. Isso porque o próprio art. 14, II, do CP atrelou a tentativa ao início da execução do crime,
condicionando, pois, sua punibilidade ao início da prática de atos executórios.
A consumação é o momento de conclusão do delito, reunindo todos os elementos do tipo
penal.
O exaurimento não integra o iter criminis, que encerra com a consumação. O crime
exaurido, também chamado de esgotado, é aquele no qual, após ser alcançada a consumação,
continua produzindo efeitos decorrentes da conduta lesiva do agente.

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2.2 Tentativa (art. 14, II, do CP)


Nos termos do art. 14, II, do CP, para caracterizar ao menos crime tentado, deve o agente
passar pelos atos preparatórios e dar início à execução do delito, que, por razões alheias à
sua vontade, não alcance a consumação.
* Para todos verem: esquema

Início da execução do delito

Não consumação por


circunstâncias alheias à
vontade

2.2.1 Algumas infrações que não admitem a tentativa

a) Crimes culposos
No crime culposo, o agente não deseja nem assume o risco na produção do resultado. O
resultado, pois, é involuntário. Na tentativa, o agente deseja ou assume o risco na produção do
resultado, que, no entanto, não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade. Logo, verifica-
se a absoluta incompatibilidade entre o crime culposo e a tentativa.

b) Crimes preterdolosos
Nos crimes preterdolosos, a conduta é desenvolvida de forma dolosa, mas o resultado
agravador é culposo. Assim, como no crime preterdoloso o resultado agravador não é desejado
pelo agente, não há falar em tentativa, que pressupõe a não consumação do delito por
circunstâncias alheias à sua vontade.

c) Contravenções penais
Nos termos do art. 4º do Decreto-lei no 3.688/1941, “não é punível a tentativa de
contravenção”.

d) Crimes omissivos próprios


Os crimes omissivos próprios não admitem tentativa, porque não se afigura possível
fracionar a conduta omissiva do agente. Isso porque ou o agente observa o seu dever de agir
implícito no tipo penal, e o crime se consuma; ou pratica a conduta, e não há crime.
Os crimes omissivos impróprios admitem tentativa.

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e) Crimes unissubsistentes
Os crimes unissubsistentes ou de ato único não admitem tentativa, diante da
impossibilidade de fracionamento dos atos de execução. Ou seja, não é possível dar início à
execução do delito e não atingir a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.

3. Desistência Voluntária, Arrependimento Eficaz

Art. 15 do Código Penal. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na


execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

* Para todos verem: esquema

Início da execução do delito

Não consumação por vontade


própria

3.1 Desistência voluntária


• O sujeito inicia a execução do delito, mas interrompe os atos executórios;
• Não esgota a sua potencialidade lesiva.

3.2 Arrependimento eficaz


• Antes da consumação possui uma postura ativa para impedir o resultado;
• Esgota a sua potencialidade lesiva.

3.3 Efeitos
• Jamais o sujeito responderá por tentativa;
• Responde pelos atos até então praticados;
• Se não for eficaz o arrependimento, ou seja, se o resultado se produzir, o sujeito
responderá pelo delito na modalidade consumada.

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. Arrependimento posterior

Art. 16 do Código Penal. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

• Incide depois da consumação do delito;


• É causa de diminuição da pena de 1/3 a 2/3.

4.1 Requisitos

* Para todos verem: esquema

Crimes praticados sem violência ou grave ameaça.

Restituição da coisa ou reparação do dano que provocou.

Até o recebimento da denúncia ou queixa-crime.

5. Crime Impossível

Art. 17 do Código Penal. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

* Para todos verem: esquema

Instrumento

Ineficácia absoluta do meio

Modo de execução
Crime impossível

Coisa ou pessoa sobre a


Impropriedade absoluta do
qual recai a conduta do
objeto
sujeito

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• Neste caso, o fato é atípico;


• Se a ineficácia ou impropriedade for relativa, o sujeito vai responder pela tentativa.

. Erro de Tipo Essencial e Erro De Proibição

6.1 Erro de tipo

Art. 20 do Código Penal. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui
o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

• Trata-se de erro sobre o elemento constitutivo do tipo, ou seja, sobre as expressões que
contam no tipo penal;
• O sujeito pratica a conduta sem saber que está praticando um crime, sob uma falsa
percepção da realidade.

* Para todos verem: esquema

Falsa percepção da realidade


fática

Praticar conduta sem saber que está


Erro de tipo essencial
comentendo crime

Não sabe o que está fazendo

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6.1.1 Efeitos
* Para todos verem: esquema

Erro de tipo vencível/evitável Erro de tipo invencível/inevitável

• Casos em que uma pessoa mais cautelosa • Casos em que qualquer pessoa também
não erraria; erraria;
• Exclui o dolo e responde pela culpa, se • Exclui o dolo e a culpa e o fato é atípico.
previsto em lei.

6.2 Erro de proibição

Art. 21 do Código Penal. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude


do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência.

• Nesse caso, o erro recai sobre a ilicitude do fato;


• O sujeito sabe o que está fazendo, mas falta potencial consciência de que a conduta é
ilícita.

* Para todos verem: esquema

O sujeito sabe o que


faz

Erro sobre a
Erro de proibição
ilicitudade do fato

Supõe ser permitido,


quando, na verdade,
era proibido

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6.2.1. Efeitos
* Para todos verem: esquema

Evitável Inevitável

• Responde pelo delito; • Isento de pena;


• Terá a pena reduzida de 1/6 a 1/3. • Causa excludente de culpabilidade.

7. Erro de Tipo Acidental

7.1 Erro sobre a pessoa

Art. 20, § 3º, do Código Penal. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado
não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

* Para todos verem: esquema

Pretende atingir
Erro na Atinge pessoa
determinada
identificação diversa
pessoa

• Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Ignora-se as condições


da vítima efetivamente atingida.

7.2 Erro na execução: “aberratio ictus”

Art. 73 do Código Penal. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução,
o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no
§ 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

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* Para todos verem: esquema

Pretende atingir Erro nos meios


Atinge pessoa
determinada de execução
diversa
pessoa ou acidente

• Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Efeitos idênticos ao do


art. 20, §3º do Código Penal;
• Se houver resultado duplo, ou seja, atinge a pessoa pretendida e outra pessoa, incide o
concurso formal de crimes.

7.3 Resultado diverso do pretendido: “aberratio criminis”

Art. 74 do Código Penal. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro
na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por
culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

* Para todos verem: esquema

Pretende atingir Acidente ou


Atinge bem
um bem Erro nos meios
jurídico diverso
jurídico de execução

• Responde pelo resultado que produziu na modalidade culposa, desde que tenha previsão
legal;
• Se houver resultado duplo, ou seja, atinge a pessoa pretendida e outra pessoa, incide o
concurso formal de crimes.

8. Coação moral irresistível e obediência hierárquica

Art. 22 do Código Penal. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita


obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o
autor da coação ou da ordem.

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* Para todos verem: esquema

Coação moral irresistível


•Figura do coator que, por meio de grave ameaça, faz com que o
coagido pratique fato típico e ilícito;
•Não era exigível que o coagido resistisse.

Obediência hierárquica
•Figura do superior hierárquico que, por meio de uma ordem não
manifestamente ilegal, faz com que o subordinado pratique um fato
típico e ilícito;
•O subordinado será isento de pena e somente o superior hierárquico
responderá pelo delito.

• Trata-se de causa de exclusão da culpabilidade, pela inexigibilidade de conduta


diversa.
• Coação física irresistível: o coator emprega força física sobre o coagido e retira a sua
vontade. O fato é atípico.

9. Excludentes de Ilicitude

Art. 23 do Código Penal. Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.

* Para todos verem: esquema

Fato
Ilícito Culpável Crime
típico

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Estado de
necessidade

Legítima defesa
Exclusão da
ilicitude
Art. 23 do CP
Estrito cumprimento
de um dever legal

Exercício regular de
um direito

9.1 Estado de necessidade

Art. 24 do Código Penal. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato


para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.

* Para todos verem: esquema

- Ação humana
Se salvar de - Evento da
Fato típico situação de natureza
perigo - Comportamento
animal

• Comportamento animal: É considerado estado de necessidade quando o animal ataca


por instinto. Quando o animal for instigado por alguém para atacar, será considerada
legítima defesa.

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• Quem, por sua vontade, provocou a situação de perigo, não poderá alegar estado de
necessidade.
• A conduta tem que ser inevitável para cessar o perigo. Se existir outro modo menos
lesivo de evitar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade.
• Critério de proporcionalidade: O bem protegido deve ser de igual ou maior valor que o
bem sacrificado.
• Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo, não poderá alegar estado de
necessidade.

9.2 Legítima defesa

Art. 25 do Código Penal. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente


dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.
Parágrafo único - Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

* Para todos verem: esquema

Repelir uma
Atual ou
Fato típico injusta
iminente
agressão

Critério de proporcionalidade:
• Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão;
• Uso moderado desse meio.

Novidade do Pacote Anticrime: Legítima defesa do Agente de Segurança Pública


• Observados os requisitos do caput;
• Crime com vítima refém.

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9.3. Estrito cumprimento de um dever legal e exercício regular de um direito

* Para todos verem: esquema

Estrito cumprimento de um
Exercício regular de um direito
dever legal

• Agente público • Cidadão comum


• Fato típico • Fato típico
• Cumprimento de um dever • Exercício regular de um
imposto pela lei direito

10. Inimputabilidade pela Doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado

Art. 26 do Código Penal. É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

10.1 Critério biopsicológico


• Desenvolvimento mental incompleto ou retardado
• Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da sua conduta

10.2 Natureza jurídica da sentença


• Sentença absolutória imprópria, com imposição de medida de segurança.

* Para todos verem: esquema

Internação
Medida de
segurança
Tratamento ambulatorial

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Art. 97 do Código Penal. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação
(art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz
submetê-lo a tratamento ambulatorial.
• O tempo de duração da medida de segurança será a pena máxima cominada ao delito,
segundo se extrai da Súmula 527 STJ.

11. Embriaguez completa e acidental

Art. 28, § 1º, do Código Penal. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

• Completa: em decorrência da embriaguez, o sujeito será inteiramente incapaz de


compreender o caráter ilícito da conduta;
• Acidental: caso fortuito ou força maior.

Natureza jurídica da sentença:


• Sentença absolutória própria.

12. Concurso de Pessoas

Art. 29 do Código Penal. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
(...)

12.1 Conceito
• Duas ou mais pessoas contribuem para prática de um crime.

Veja o esquema na página a seguir...

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* Para todos verem: esquema

Autor Partícipe

•Quem executa a ação descrita no verbo •Quem contribui de qualquer modo para a
nuclear do tipo. prática delituosa, sem executar a ação
descrita no verbo nuclear do tipo.
•Induz, instiga ou auxilia o autor.
•É acessória a conduta do autor - o autor
precisa, ao menos, tentar praticar o
delito.

Art. 31 do Código Penal. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo


disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos,
a ser tentado.

12.2 Requisitos do concurso de pessoas


* Para todos verem: esquema

Pluralidade de condutas

Relevância causal das condutas

Liame subjetivo (vínculo subjetivo)


• Ainda que não tenha ocorrido ajuste prévio

Identidade de infrações
• Teoria monista - Todos respondem pelas penas cominadas ao delito

12.3 Punibilidade

Art. 29 do Código Penal. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

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12.4 Participação de menor importância

Art. 29, § 1º, do Código Penal. Se a participação for de menor importância, a pena
pode ser diminuída de um sexto a um terço.

12.5 Cooperação dolosamente distinta

Art. 29, § 2º, do Código Penal. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

12.6 Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 do Código Penal. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter


pessoal, salvo quando elementares do crime.

12.7 Participação
• Deve ser antes ou durante a execução do delito;
• Se a participação for posterior, pode responder por outro delito (ex: favorecimento real).

13. Regime inicial de cumprimento de pena (art. 33 do CP)

Art. 33 do Código Penal. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou
média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime
fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda
a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.

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§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância


dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime
do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução
do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

Nos termos do art. 33, caput, do CP, nos crimes apenados com reclusão, o juiz poderá
fixar o regime inicial fechado, semiaberto ou aberto. Aos crimes apenados com detenção, o juiz
poderá fixar o regime inicial semiaberto ou aberto.
Logo, nos crimes apenados com detenção, não é possível ao juiz fixar o regime inicial
fechado, podendo, no entanto, haver regressão para o regime fechado, no caso, por exemplo,
de falta grave.
O início do cumprimento da pena para os crimes apenados com reclusão dar-se-á da
seguinte forma, nos termos do art. 33, § 2º, do CP:

a) o condenado a pena superior a oito anos deverá começar a cumprir a pena privativa de
liberdade no regime fechado;
b) o primário, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o primário, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, poderá, desde o início, cumpri-
la em regime aberto.

Súm. 269 do STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes
condenados à pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

Nos crimes apenados com detenção, os critérios para a definição do regime inicial são os
seguintes:

a) se a pena for superior a quatro anos, o juiz fixará o regime inicial semiaberto;
b) se a pena for igual ou inferior a quatro anos, o regime inicial será o aberto;
c) se o condenado for reincidente, o regime inicial será o semiaberto, independentemente
da quantidade da pena.

Além disso, a imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada,


não se revestindo a gravidade em abstrato do delito motivação idônea para a fixação do regime
de cumprimento de pena mais severo do que a pena aplicada exigir. É o que se extrai das Súm.
nos 718 e 719 do STF, e Súm. no 440 do STJ.

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14. Penas restritivas de direitos (art. 44 do CP)

Art. 44 do Código Penal - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem


as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1º (VETADO)
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou
por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade
pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de
direitos.
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência
não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de
liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos,
respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da
execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível
ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

14.1. Conceito
São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, com a
finalidade de evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais
consideradas mais leves, provocando-lhes a recuperação por meio de restrições a certos
direitos.
Nos termos do art. 43 do CP, as penas restritivas de direitos são:

a) prestação pecuniária;
b) perda de bens e valores;
c) prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
d) interdição temporária de direitos; e) limitação de fim de semana.

As penas restritivas de direitos são substitutivas, uma vez que o juiz, depois de fixar a
pena privativa de liberdade, verificando a presença dos requisitos, efetua a substituição por uma
ou mais penas restritivas de direitos, conforme o caso. Isso porque não há, no preceito
secundário dos tipos penais incriminadores, previsão direta de pena restritiva de direitos, mas
tão somente pena privativa de liberdade.

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14.2. Requisitos
a) Quantidade da pena aplicada
• O legislador estabeleceu como parâmetro para a concessão da pena restritiva de direitos
a pena aplicada na sentença, independentemente da pena abstratamente cominada no
preceito secundário do tipo penal.
• Nos crimes dolosos, praticados sem violência ou grave ameaça, apenados com reclusão
ou detenção, o limite estabelecido pelo legislador é de 4 (quatro) anos.
• Tratando-se de concurso de crimes, deve-se levar em conta o total da pena imposta, por
conta da aplicação das regras do cúmulo material ou exasperação da pena. Dessa forma,
se aplicadas as regras do concurso material, concurso formal e crime continuado, e o total
da pena privativa de liberdade efetivamente imposta não exceder a 4 (quatro) anos, será
possível a substituição por pena alternativa.
• No caso de condenação por crime culposo, a substituição será possível,
independentemente da quantidade da pena imposta, não existindo tal requisito, ainda que
resulte violência contra a pessoa, por exemplo, no homicídio culposo do Código Penal
(art. 121, § 3º) e no homicídio culposo na condução de veículo automotor (art. 302 do
CTB).

b) Natureza do crime cometido


Em relação aos crimes dolosos, as penas restritivas de direitos são aplicáveis aos crimes
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa.

c) Réu não reincidente em crime doloso


Nos termos do art. 44, II, do CP, para concessão do benefício, é necessário que o sujeito
não seja reincidente em crime doloso. O texto não trata de qualquer reincidente. Refere-se ao
não reincidente em crime “doloso”, de modo que não há impedimento à aplicação da pena
alternativa quando:
a) os dois delitos são culposos;
b) o anterior é culposo e o posterior é doloso;
c) o anterior é doloso e o posterior culposo.

Ainda que o réu seja reincidente em crime doloso, o Código Penal, no seu art. 44, § 3o,
prevê uma exceção. Se, em face de condenação anterior, a medida for socialmente

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recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime,


será possível aplicar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

d) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta ou a personalidade ou ainda os


motivos e circunstâncias recomendarem a substituição.
Conforme o art. 44, III, do CP, “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente”.
Convém notar que esses requisitos praticamente reproduzem as circunstâncias judiciais
previstas no art. 59, , do CP, com exceção de duas: comportamento da vítima e
consequências do crime, coincidentemente as únicas de natureza objetiva. Logo, verifica-se que
o art. 44, III, do CP somente levou em conta as circunstâncias subjetivas.

14.3. Penas restritivas de direitos e violência doméstica ou familiar contra a


mulher
Nos termos do art. 17 da Lei no 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, “É
vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique
o pagamento isolado de multa”.
Conforme a Súm. no 588 do STJ, a prática de crime ou contravenção penal contra a
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

15. Da pena de multa

Multa
Art. 49 do CP. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia
fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo,
de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes
esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção
monetária.

Conversão da Multa e revogação

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Art. 51 do CP. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada


perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas
relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

15.1 Conceito
Trata-se de uma sanção penal, de natureza patrimonial, consistente no pagamento de
determinada quantia em pecúnia, previamente fixada em lei, em favor do Fundo Penitenciário
Nacional.

15.2 Critério de fixação da pena de multa


Diversamente da pena privativa de liberdade, cujo sistema é o trifásico, a aplicação da
pena de multa observa um sistema bifásico, comportando, pois, duas fases distintas e
sucessivas.
Para o cálculo da pena de multa, o Código Penal adotou o sistema do dia-multa.
• , o juiz deverá estabelecer o número de dias-multa, que varia de, no mínimo,
10 (dez) dias-multa a, no máximo, 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. É o que se extrai
do art. 49 do CP.
• Para chegar ao número de dias-multa, o Magistrado considera as circunstâncias judiciais
do art. 59, , do CP, bem como eventuais atenuantes e agravantes, além de causas
de diminuição e aumento de pena.
• , o juiz deverá fixar o valor do dia-multa, não podendo ser inferior a um trigésimo
do salário-mínimo mensal de referência vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco
vezes esse salário (art. 49, § 1º, do CP).
• Para aferir o valor do dia-multa, o juiz deverá considerar a situação econômica do réu,
podendo chegar ao triplo, se considerada insuficiente e ineficaz diante da situação
financeira do réu, conforme dispõe o art. 60 do CP.

15.3 Execução da pena de multa


Conforme o ordenamento jurídico vigente, a inadimplência no pagamento da multa estatal
não conduz, em nenhuma hipótese, à aplicação da pena de prisão. Ninguém pode ser privado
da liberdade em razão do não pagamento de uma multa estatal.

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Nos termos do art. 51 do CP, transitada em julgado a sentença condenatória, o valor da


multa deve ser inscrito como dívida ativa em favor da Fazenda Pública. A multa permanece com
sua natureza penal. A execução é que se procede em termos extrapenais. Em face disso, a
obrigação de seu pagamento não se transmite aos herdeiros do condenado.
A novidade introduzida pela Lei no 13.964/2019 diz respeito à execução da pena de multa.
Nos termos da atual redação do art. 51 do CP, a legitimidade para a execução da pena de multa
passa a ser do Ministério Público, sendo executada perante o juiz da execução penal.

16. Da aplicação da pena

Art. 68 do Código Penal. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59


deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes;
por último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

16.1 Introdução
Da leitura do art. 68 do CP verifica-se que, em relação à pena privativa de liberdade, a
legislação penal adotou o critério trifásico, segundo o qual se deve encontrar a pena-base
atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida, serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Em relação à pena de multa, convém repetir, o Código Penal adotou o sistema bifásico,
conforme se extrai do art. 49 do CP.

16.2 Primeira fase da fixação da pena: pena-base e circunstâncias jurídicas


Não há nenhum dispositivo legal norteando o juiz na fixação da pena-base, encarregando-
se a doutrina e a jurisprudência de estabelecer critérios basilares para o montante da pena-base,
sempre ressaltando a discricionariedade do juiz.
Todavia, em que pese o grau de discricionariedade, o juiz, nessa fase, está restrito à
cominação legal da pena, devendo observar o mínimo e o máximo da pena legalmente prevista.
Em outras palavras, ainda que todas as circunstâncias judiciais sejam favoráveis ao réu, a pena-
base não poderá ficar abaixo do mínimo legal. De outro lado, se as circunstâncias judiciais forem
desfavoráveis ao réu, não será possível ao juiz fixar a pena-base além do máximo da pena

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cominada ao delito. Assim, por exemplo, em relação ao crime de furto simples (art. 155, caput,
do CP), o juiz somente poderá fixar a pena-base: dentro do limite de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
De todo modo, se todas as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem favoráveis ao
réu, a pena-base, como regra óbvia, deverá ser fixada no mínimo legal. Se alguma circunstância
judicial for desfavorável ao réu, o juiz está autorizado a fixar a pena-base acima do mínimo legal.

16.3 Segunda fase da fixação da pena: circunstâncias agravantes e


atenuantes
Após a fixação da pena-base, adotando como parâmetro as circunstâncias judiciais,
cumpre ao juiz passar para a segunda fase, fixando a pena, ainda provisória, levando em conta
as circunstâncias agravantes e atenuantes.
No caput do art. 61, o Código Penal emprega o advérbio “sempre”, indicando que, via de
regra, as agravantes são de aplicação obrigatória. Em razão disso, o juiz não pode deixar de
agravar a pena, ficando o quantum da pena a seu critério.
Todavia, quando uma das circunstâncias agravantes funciona como elementar ou como
circunstância qualificadora, não se aplica a agravante, a fim de evitar o bis in idem.
Assim, se, por exemplo, o agente praticar homicídio por motivo fútil (art. 121, § 2o, II, do
CP), não incide a agravante do art. 61, II, a, 1a figura (ter sido o crime cometido por motivo fútil),
pois a circunstância genérica funciona como “qualificadora” do homicídio.
A quantidade da pena a ser agravada ou atenuada fica a critério do juiz, uma vez que não
há nenhum dispositivo legal fixando os parâmetros.
As circunstâncias atenuantes são de aplicação em regra obrigatória, pois o caput do art.
65 reza que: “são circunstâncias que sempre atenuam a pena”.
Entretanto, quando a pena-base for fixada no mínimo legal, a incidência da circunstância
atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo da pena mínima cominada. É o que se
extrai da Súm. no 231 do STJ: “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à
redução da pena abaixo do mínimo legal”.
É possível que a atenuante do art. 65 funcione na Parte Especial do Código Penal como
causa da diminuição da pena. Nesse caso, não se aplica a atenuante genérica. Ex.: a
circunstância consistente em praticar crime por motivo de relevante valor moral ou social integra
o homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do CP); logo, não poderá ser considerada atenuante
genérica.

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Ao contrário das circunstâncias agravantes, que somente podem ser aplicadas se


expressamente previstas em lei, pode o Magistrado considerar, na segunda fase de fixação da
pena, atenuante não prevista em lei, levando em conta circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime. É o que se extrai do art. 66 do CP.
Assim, se, por exemplo, restar comprovado que o agente praticou o crime de furto em
razão de desemprego ou moléstia grave na família, poderá o Magistrado considerar essa
circunstância para atenuar a pena, ainda que não expressamente prevista em lei.

16.4 Terceira fase da aplicação da pena: causas de aumento e de diminuição


da pena
Na terceira e última fase de aplicação da pena, o juiz deve considerar as causas de
aumento e de diminuição da pena presentes no caso concreto. Essas causas de aumento e de
diminuição da pena podem estar previstas tanto na Parte Geral do Código Penal quanto na Parte
Especial.
O cálculo decorrente da causa de aumento ou diminuição da pena deve incidir sobre a
pena provisória, encontrada na segunda fase, de forma cumulada.
É importante salientar que, com o reconhecimento de causa de aumento ou de diminuição
de pena, o juiz pode aplicar pena acima da máxima ou inferior à mínima cominada em abstrato.

17. Da reincidência (art. 63 do CP)

Art. 63 do CP. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de
transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por
crime anterior.
Art. 64 do CP. Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

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17.1 Conceito
A reincidência pressupõe uma sentença condenatória transitada em julgado por prática
de crime. Há reincidência somente quando o novo crime for cometido após a sentença
condenatória de que não cabe mais recurso. É o que se extrai do art. 63 do CP.
Ex.: o agente pratica um crime, sendo processado e condenado. Não recorre, vindo a
sentença transitar em julgado. Meses depois, vem a praticar novo crime. É considerado
reincidente, uma vez que cometeu novo delito após o trânsito em julgado de sentença que o
condenou por prática de crime.
Se o agente praticar o novo crime exatamente no dia em que transitar em julgado a
sentença penal condenatória pelo crime anterior, não incide a agravante da reincidência, pois a
lei é expressa ao mencionar que o novo crime deve ser praticado “depois” do trânsito em julgado.
No dia do trânsito, portanto, não se encaixa na hipótese legal.
Além disso, complementando os pressupostos da reincidência, o art. 7º da Lei de
Contravenções Penais (Decreto-lei no 3.688/1941) dispõe que: “verifica-se a reincidência
quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de
contravenção”.
Assim, podem ocorrer várias hipóteses:
a) o agente, condenado irrecorrivelmente pela prática de um crime, vem a cometer
outro delito: é reincidente (art. 63 do CP);
b) o agente pratica um crime; condenado irrecorrivelmente, vem a cometer uma
contravenção: é reincidente (art. 7º da LCP);
c) o sujeito pratica uma contravenção, vindo a ser condenado por sentença transitada
em julgado; comete outra contravenção: é considerado reincidente (art. 7º da LCP);
d) o sujeito comete uma contravenção; é condenado por sentença irrecorrível; pratica
um crime: não é reincidente (art. 63 do CP).

Informativo 636 STF: Condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei no 11.343/2006
não são aptas a gerar reincidência.

17.2 Eficácia temporal da condenação anterior para efeito da reincidência


Nos termos do art. 64, I, do CP, não prevalece a condenação anterior se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior

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a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se


não ocorrer revogação.
Logo, o prazo de 5 (cinco) anos começa a correr a partir do cumprimento da pena ou a
sua extinção por outro modo, por exemplo, incidência de uma causa extintiva da punibilidade,
como a prescrição da pretensão executória, graça ou indulto.
O período de prova do livramento condicional e da suspensão condicional da pena será
computado para fins de cessar os efeitos da reincidência.
Assim, em tese, ao agente condenado a 6 (seis) anos de reclusão, cumprindo 1/3 (ou seja,
2 anos), será concedido o livramento condicional (art. 83, I, do CP), restando outros 4 (quatro)
anos para o término da pena, que será o período de prova.
Consideremos a hipótese de o agente ter iniciado o cumprimento da pena no dia 10-8-
2010. Após cumprir 1/3 da pena, dois anos, portanto, obteve o livramento condicional em 10-8-
2012, cumprindo integralmente a pena no dia 10-8-2016.
Em 10-9-2017, o agente pratica novo crime. Nesse caso, não será considerado
reincidente, pois passaram-se mais de 5 (cinco) anos entre a data do cumprimento da pena e a
prática do novo crime, computando-se o período de prova do livramento condicional.

17.3 Crimes que não induzem reincidência


O art. 64, II, do CP dispõe que, para efeito de reincidência, não se consideram os crimes
militares próprios ou políticos.
Convém ressaltar que, conquanto não gere reincidência, o trânsito em julgado de uma
sentença penal condenatória por crime militar próprio ou crime político gera maus antecedentes,
já que o art. 64, II, do CP limita-se a afastar a reincidência, nada dispondo sobre maus
antecedentes.

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18. Concurso de Crimes

* Para todos verem: esquema

Pluralidade de crimes

Pluralidade de
Concurso material condutas

Sistema de cúmula
material (penas
somadas)
Concurso de crimes

Pluralidade de crimes

Concurso formal Unidade de conduta

Pena depende se
perfeito ou imperfeito

Pluralidade de crimes

Pluralidade de
condutas

Crime continuado Crimes da mesma


espécie, praticados nas
mesmas condições de
tempo, local e modo
de execução

Exasperação da pena

18.1 Concurso Material

Art. 69 do Código Penal. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas
de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

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Ocorre o concurso material, também chamado de real, quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput, do CP).
Há, pois, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados.
Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas, pelo
concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico para
cada um dos delitos. Ex.: o agente pratica o crime de estupro (art. 213 do CP) e, para assegurar
a sua impunidade, mata, na sequência, a vítima (art. 121, § 2º, V, do CP). Imaginemos que o juiz
fixe, em relação ao delito de estupro, a pena de 8 (oito) anos; e em relação ao crime de homicídio
qualificado, a pena de 20 (vinte) anos. Ao final, verificando-se tratar de concurso material de
crimes, o Magistrado aplicará o sistema do cúmulo material, somando as penas, alcançando a
pena definitiva de 28 anos.

18.2 Concurso Formal

Art. 70 do Código Penal. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto
no artigo anterior.

18.2.1 Conceito
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
praticar dois ou mais crimes (art. 70, caput, do CP). Há unidade de conduta e pluralidade de
crimes.
A unidade de conduta concretiza-se quando os atos são realizados no mesmo contexto
espacial e temporal, não exigindo, necessariamente, ato único. De fato, pode haver unidade de
conduta mesmo quando fracionada em vários atos, por exemplo, agente que subtrai objetos
pertencentes a pessoas distintas, no mesmo contexto fático.
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, praticado o crime de roubo em um
mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, tem-se configurado o
concurso formal de crimes.

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18.2.2 Concurso formal perfeito e concurso formal imperfeito


O concurso formal perfeito, ou próprio, está previsto na primeira parte do art. 70 do
CP. Ocorre quando o agente pratica duas ou mais infrações penais por meio de uma única
conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou
mais resultados, sem desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados.
Desígnio autônomo caracteriza-se pelo fato de o agente pretender, mediante uma única
conduta, atingir dois ou mais resultados. Ou seja, o agente, mediante uma ação ou omissão, age
com consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente.
Assim, se, por exemplo, o agente, na condução de veículo automotor, atropela e causa a
morte de uma pessoa e lesão corporal em outra, pratica crime de homicídio culposo na condução
de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal perfeito, já que não tinha desígnios
autônomos em relação a cada um dos resultados.
No concurso formal imperfeito, ou impróprio, o agente, mediante uma ação ou omissão,
pretende, de forma consciente e voluntária, o resultado em relação a cada um dos crimes.
Ex.: o agente provoca fogo em uma residência com a intenção de matar todos os
moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um
dos moradores da residência.
A expressão “desígnios autônomos” abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual.
Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com
dolo direto e outro com dolo eventual.

18.2.3 Aplicação da pena no concurso formal


Em relação ao concurso formal perfeito, ou próprio, o Código Penal adotou o sistema
de exasperação da pena. Aplica-se a pena do crime mais grave ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.
No concurso formal imperfeito, ou impróprio, por conta do maior grau de reprovabilidade
da conduta do agente, visando a não beneficiar agente que agiu com desígnios autônomos em
relação a cada resultado, as penas devem ser somadas, adotando-se o critério do cúmulo
material, nos termos do art. 70, caput, 2ª parte, do CP.

Veja o esquema na página a seguir...

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* Para todos verem: esquema

Concurso formal perfeito Concurso formal imperfeito


• Sem desígnios autônomos; • Desígnios autônomos;
• Exasperação da pena; • Cúmulo material.
• Pena do crime mais grave e aumenta de 1/6
até 1/2.

18.3 Crime continuado

Art. 71 do Código Penal - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

18.3.1 Conceito
Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do
primeiro.

18.3.2 Requisitos
Para a incidência das regras do crime continuado é preciso verificar a presença de
requisitos dispostos no art. 71 do CP, consistentes: a) na pluralidade de condutas; b) na
pluralidade de crimes da mesma espécie; c) nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes.

18.3.3 Crime continuado específico

Art. 71 do Código Penal


Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

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18.4 Concurso material benéfico

Art. 70 do Código Penal


Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69
deste Código.

Se da aplicação da regra da exasperação da pena, no concurso formal, a pena tornar-se


superior à que resultaria se somadas, deve-se adotar o critério do cúmulo material, porque, nesse
caso, será mais benéfico (art. 70, par. ún., do CP).
Ex.: suponha-se que o agente tenha praticado um homicídio simples (art. 121 do CP
– pena de 6 a 20 anos) e uma lesão corporal leve (art. 129, , do CP – pena de 3 meses
a 1 ano), em concurso formal. Aplicado o critério da exasperação da pena, considerando-
se a pena do crime mais agrave, acrescido de 1/6, resultaria na pena de 7 (sete) anos.
Se aplicada a pena considerando-se o critério do cúmulo material, considerando-se a pena
aplicada para crime de homicídio simples (6 anos) e lesão corporal leve (3 meses), a pena
definitiva ficaria em 6 (seis) anos e 3 (três) meses. Essa seria a pena a ser aplicada, já que a
aplicação do critério do concurso material é mais benéfico.
Em face disso, a pena a ser aplicada não pode ser superior à que seria cominada se fosse
caso de concurso material, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 70, par. ún., do CP.

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1. Crimes Contra a Vida: Homicídio, Auxílio ao Suicídio e


Infanticídio

1.1 Crimes contra a vida


1.1.1 Homicídio

Art. 121 do CP - Matar alguém.


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

* Para todos verem: esquema

Qualquer
Sujeito ativo
pessoa
Crime bicomum
Qualquer
Sujeito Passivo
pessoa

1.1.1.1 Características importantes

• Crime de Livre Execução:


O legislador não condiciona a prática do homicídio, podendo ser praticado por qualquer
meio apto a produzir o resultado morte. Entretanto, a depender da forma executória empregada
pelo agente, pode ser qualificado, como, por exemplo, nos incisos III (meio cruel), IV (recurso
que dificultou a defesa da vítima) e VIII (arma de fogo de uso proibido ou restrito) do parágrafo
2º do artigo 121.

34
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• Crime Comissivo:
Normalmente é um crime comissivo, pois exige que o agente atue de forma positiva, mas
nada impede o reconhecimento da omissão imprópria, nos termos do artigo 13, parágrafo 2º do
CP.

• Crime material:
Somente se consuma com a produção de um resultado naturalístico, qual seja, a morte
da vítima (cessação da atividade encefálica).

1.1.1.2 Observações importantes

• Homicídio simples (art. 121 caput):


O homicídio simples se dá por exclusão, ou seja, quando não presente nenhuma
circunstância qualificadora prevista no parágrafo 2º. Via de regra não é considerado crime
hediondo, somente se for praticado mediante atividade típica de grupo de extermínio.

• Homicídio Privilegiado (art. 121, parágrafo 1º CP):


O artigo 121, § 1º, do Código Penal, descreve o homicídio privilegiado como o fato de o
sujeito cometer o delito impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode
reduzir a pena de 1/6 a 1/3.

• Homicídio Qualificado (art. 121, parágrafo 2º CP):


É o homicídio praticado com circunstâncias legais que integram o tipo penal incriminador,
alterando para mais a faixa de fixação da pena. Dizem respeito aos motivos determinantes do
crime e aos meios e modos de execução, reveladores de maior periculosidade ou extraordinário
grau de perversidade do agente.
Portanto, da pena de reclusão de 06 a 20 anos, prevista para o homicídio simples, passa-
se ao mínimo de 12 e ao máximo de 30 para a figura qualificada.
Tentado ou consumado, o homicídio doloso qualificado é crime hediondo, nos termos do
artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.072/90.

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• Feminicídio:
A partir da edição da Lei nº 13.104/2015, o crime de homicídio passou a ser qualificado
também se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Nos termos do artigo 121, parágrafo 2º-A, o legislador considera que há razões de
condição de sexo feminino quando o crime envolve:

I - Violência doméstica e familiar;


II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Para o STJ a qualificadora do feminicídio pode ser cumulada com o motivo torpe ou fútil
sem que haja bis in idem.

• Lei 14.344 de 2022:


Com o advento da lei Henry Borel (Lei 14.344 de 2022) o homicídio praticado contra menor
de 14 anos passou a ser qualificado, nos termos do artigo 121, parágrafo 2º, inciso IX do CP.
Ademais, o artigo 121, parágrafo 2º-B (incluído também pela Lei Henry Borel) elenca
causas de aumento de pena específicas, quais sejam:

I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua vulnerabilidade;
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela.

1.1.2 Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação

Art. 122 do Código Penal. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar


automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de
computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de
rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza
gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente
pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.

36
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Direito Penal

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze)


anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de
homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.

1.1.2.1 Conceito de suicídio


É a morte voluntária, que resulta, direta ou indiretamente, de um ato positivo ou negativo,
realizado pela própria vítima, a qual sabia dever produzir este resultado. O Código Penal leva
em conta o ato da vítima, que vem a destruir a própria vida.

OBSERVAÇÃO ESPECIAL:
Se o ato de destruição é praticado pelo próprio agente haverá o crime de homicídio. Da
mesma forma se não houver voluntariedade (vítima induzida a erro ou obrigada a se matar)
haverá o crime de homicídio.

1.1.2.2 Automutilação
A autolesão não é punida. O que constitui crime é a conduta de induzir, instigar ou auxiliar
a vítima a se automutilar, ou seja, de causar lesões em si própria.

1.1.2.3 Ação nuclear


Trata-se de um tipo misto alternativo (crime de ação múltipla ou de conteúdo variado). Induzir
significa dar a ideia a quem não possui, inspirar, incutir. Portanto, nessa primeira conduta, o
agente sugere à vítima que dê fim à sua vida ou se automutile. Instigar é fomentar uma ideia já
existente. Trata-se, pois, do agente que estimula a ideia que alguém anda manifestando. Já o
Auxílio é a forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar apoio material ao ato suicida.
Exemplo: o agente fornece a arma utilizada para a vítima dar fim à sua vida ou se automutilar.

1.1.2.4 Figuras típicas qualificadas

• ART. 122, § 1º:

Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave


ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

37
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• ART. 122, § 2º:

Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

1.1.2.5 Formas majoradas (Art. 122, parágrafo 3º)


A) Se o crime é praticado por motivo egoístico
Motivo egoístico é o excessivo apego a si mesmo, o que evidencia o desprezo pela vida
alheia, desde que algum benefício concreto advenha ao agente. Logicamente, merece maior
punição. Exemplo: É o caso, por exemplo, de o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar
com a herança.

B) Se a vítima é menor
Em segundo lugar, a pena é majorada quando a vítima é menor. Qual a idade para efeito
da majorante?
• Se a vítima é maior de 18 anos, aplica-se o “caput” do artigo 122.
• Se a vítima é menor de 14 anos, há crime de HOMICÍDIO.
• A MAJORANTE SÓ É APLICÁVEL QUANDO A VÍTIMA TEM IDADE ENTRE 14
E 18 ANOS.

C) Tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência


A terceira majorante prevê a hipótese de a vítima ter diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência, como enfermidade física ou mental, idade avançada. Ex.: induzir ao
suicídio vítima embriagada.
Por fim, é de ressaltar que o suicida com RESISTÊNCIA NULA, pelos abalos ou situações
supramencionadas, incluindo-se a idade inferior a 14 anos, haverá o emprego das regras
especiais estabelecidas nos parágrafos 6º e 7º do CP.

1.1.2.6 Pacto de morte


É possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte, deliberando morrer
ao mesmo tempo.
Se cada uma das pessoas ingerir veneno, de per si, por exemplo, aquela que sobreviver
responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra.

38
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Se uma delas ministrar diretamente o veneno na outra, a que sobreviver responderá por

homicídio.
Em síntese, os atos executórios contra a própria vida devem partir exclusivamente da
vítima.

1.1.3 Infanticídio

Art. 123 do Código Penal - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
durante o parto ou logo após.
Pena - detenção, de dois a seis anos.

1.1.3.1 Princípio da especialidade

* Para todos verem: esquema

Sujeito
Próprio filho
passivo:

Sujeito ativo: Mãe

Influência do
Elemento
estado puerperal
subjetivo:
(perícia)

Elemento Durante o parto


temporal: ou logo após

• Marco inicial: início do parto (eliminação da vida humana após o início do parto).
• Antes do início do parto: aborto.

39
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Atenção ao erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, do CP.

2. Lesão Corporal

Art. 129 do Código Penal. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.


Pena - detenção, de três meses a um ano.

Na lesão corporal o agente atua com animus laedendi, ou seja, age com a intenção de
produzir uma lesão corporal na vítima. Assim sendo, o agente não tem intenção de matar nem
assume o risco de produzir o resultado morte, pois, em tal caso, responderia pelo crime de
homicídio.

2.1 Lesão corporal dolosa

A lesão corporal dolosa, regra geral, varia de acordo com o grau da lesão corporal,
podendo ser simples (exclusão), grave (parágrafo 1º), gravíssima (parágrafo 2º) ou seguida de
morte (parágrafo 3º).

2.1.1 Lesão corporal grave

Art. 129 do Código Penal.


§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Cumpre ressaltar que tais resultados podem ser obtidos a título de dolo ou de culpa,
com a exceção do perigo de vida que somente admite a culpa.

2.1.2 Lesão corporal gravíssima

Art. 129 do Código Penal.


§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;

40
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V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.Seguida de morte:

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado,


nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Cumpre ressaltar que tais resultados podem ser obtidos a título de dolo ou de culpa,
com a exceção do aborto que somente admite a culpa.

2.1.3 Lesão corporal seguida de morte

Art. 129 do Código Penal.


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado,
nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

A lesão corporal seguida de morte possui natureza preterdolosa, ou seja, deve o agente
agir com dolo em relação à conduta inicial (lesão corporal) e culpa em relação ao resultado morte.
Trata-se de crime expressamente subsidiário, somente podendo ser reconhecido na
impossibilidade do homicídio (se o agente agiu com dolo direto ou dolo eventual em relação ao
resultado morte).

2.2 Lesão corporal culposa


A lesão corporal culposa não varia de acordo com a intensidade, sempre será culposa (se
agindo com negligência, imprudência ou imperícia).

Art. 129 do Código Penal.


§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

2.3 Lesão corporal especial (art. 129, parágrafo 13)

§13º Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos
do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)

41
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2.4 Lesão corporal funcional


É crime hediondo em se tratando de lesão corporal gravíssima ou seguida de morte.

Art. 129 do Código Penal.


§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um
a dois terços.

3. Crimes Contra a Honra

3.1 Crimes contra a honra

* Para todos verem: esquema

Reputação
Calúnia e
Honra objetiva social do
difamação
indivíduo
Bem jurídico:
honra
Imagem pessoal
Honra subjetiva perante ele Injúria
mesmo

3.1.1 Calúnia (art. 138 CP)


Imputação falsa de fato definido como crime. Tem certeza de que está imputando um
crime a um inocente. O fato precisa ser um CRIME. Via de regra, cabe exceção da verdade. Só
não caberá exceção da verdade nos casos previstos no parágrafo 3º do artigo 138.

3.1.2 Injúria (art. 140 CP)


Imputação de uma qualidade negativa.

42
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3.1.3 Difamação (art. 139 CP)


Imputação de um fato ofensivo à reputação do indivíduo (que não é crime). Pode ser
contravenção penal. Via de rega, não cabe exceção da verdade. Caberá exceção da verdade se
a ofensa for dirigida a funcionário público no exercício das funções.

3.2 Causas de aumento de pena

Art. 141 do Código Penal. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço,
se qualquer dos crimes é cometido.
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou dainjúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso
de injúria.

3.3 Retratação

Art. 143 do Código Penal. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da
calúnia ou da difamação,fica isento de pena.
Parágrafo único - Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a
difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assimdesejar
o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

3.4 Ação penal

Art. 145 do Código Penal. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede
mediante queixa, salvo quando,no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do
inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso
do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.

*Para todos verem: quadro

Súmula 714 do STF. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do


ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime
contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.

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4. Crimes Contra o Patrimônio

4.1 Furto
• Ação nuclear é subtrair, que significa tirar, retirar de outrem bem móvel, sem a sua
permissão com o fim de assenhoramento definitivo. A substração implica sempre a
retirada do bem sem o consentimento do possuidor ou proprietário.
• Agente não tem a posse anterior do bem e inverte a posse.
• É indispensável que o agente tenha a intenção de possuir a coisa alheia móvel,
submetendo-a ao seu poder, isto é, de não devolver o bem, de forma alguma. É o
chamado animus rem sibii habendi.
• Assim, se ele o subtrai apenas para uso transitório e depois o devolve no mesmo
estado, não haverá a configuração do tipo penal. Cuida-se na hipótese de mero furto de
uso, que não constitui crime, pela ausência do ânimo de assenhoramento definitivo do
bem.
• Se o sujeito restituir o objeto subtraído até o recebimento da denúncia, pode incidir o
instituto do arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, que constitui
causa de diminuição da pena. Em outras palavras, o agente será processado pelo delito,
mas, se condenado, poderá ter a pena reduzida de 1/3 a 2/3.
• Não existe na modalidade culposa.
• Para os nossos Tribunais Superiores (STF/STJ), para o furto atingir a consumação
basta a subtração da coisa, ou seja, a inversão da posse, ainda que por curto espaço de
tempo e em seguida a perseguição do agente, sendo prescindível a posse mansa e
pacífica ou desvigiada. Neste sentido temos a súmula 582 do STJ (referente ao roubo
mas aplicável por analogia ao crime de furto), o RESP 1524450/RJ, o AgRg no ARESP
1.546.170/SO de 26/11/2019 do STJ e o HC 135674 de 27/09/2016 da 2° turma do STF.

Veja o esquema na página a seguir...

44
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* Para todos verem: esquema

RETIRA DA
CONSUMAÇÃO INVERSÃO DA POSSE DISPONIBILIDADE
VÍTIMA

Art. 155 do Código Penal. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente
a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante
fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à
rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização
de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela
Lei nº 14.155, de 2021)
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado
gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de
2021)
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou
vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor
que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de
substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.

4.2 Apropriação indébita

Art. 168 do Código Penal. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
detenção.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena

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§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:


I - em depósito necessário;

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou

depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

*Para todos verem: esquema

POSSE DO
OBJETO É
DESVIGIADA
APROPRIAÇÃO
POSSE
INDÉBITA
APROPRIAR-SE
DE OBJETO
AMBOS
DETENÇÃO INICIAMENTE
LÍCITOS

O pressuposto do crime de apropriação indébita é a anterior posse lícita da coisa alheia,


da qual o agente se apropria indevidamente. A posse, que deve preexistir ao crime, deve ser
exercida pelo agente em nome alheio, isto é, em nome de outrem.
O núcleo do tipo é o verbo “apropriar-se”, que significa fazer sua a coisa alheia. Tendo o
sujeito a posse ou a detenção do objeto material, em dado momento faz mudar o título da posse
ou da detenção, comportando-se como se dono fosse.
A apropriação pode ser classificada em:

* Para todos verem: esquema

1º) APROPRIAÇÃO INDÉBITA PROPRIAMENTE DITA

• Ocorre quando o sujeito realiza ato demonstrativo de que inverteu o título da posse,
como a venda, doação, consumo, penhor, ocultação, etc.

2º) NEGATIVA DE RESTITUIÇÃO

• Neste caso, o sujeito afirma claramente ao ofendido que não irá devolver o objeto
material.

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4.3 Roubo

Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade
de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

*Para todos verem: esquema

Redução capacidade
Violência Grave ameaça
resistência

4.3.1 Ação nuclear


A ação nuclear do tipo, identicamente ao furto, consubstancia-se no verbo subtrair, que
significa tirar, retirar, de outrem, no caso bem móvel. Agora, contudo, estamos diante de um
crime mais grave que o furto, na medida em que a subtração é realizada mediante o emprego
de grave ameaça ou violência contra a pessoa, ou por qualquer outro meio que reduza a
capacidade de resistência da vítima.

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São os seguintes os meios executórios do crime de roubo:

a) Violência física (vis corporalis)


Violência física à pessoa consiste no emprego de força contra o corpo da vítima. Para
caracterizar essa violência do tipo básico de roubo é suficiente que ocorra lesão corporal leve ou
simples vias de fato, na medida em que a lesão grave ou morte qualifica o crime.

b) Grave ameaça
Ameaça grave (violência moral) é aquela capaz de atemorizar a vítima, viciando sua
vontade e impossibilitando sua capacidade de resistência. A grave ameaça objetiva criar na
vítima o fundado receio de iminente e grave mal, físico ou moral, tanto a si quanto as pessoas
que lhes são caras. É irrelevante a justiça ou injustiça do mal ameaçado, na medida em que,
utilizada para a prática de crime, torna-se antijurídica.

c) Qualquer outro meio que reduza à impossibilidade de resistência;


Cuida-se da violência imprópria, consistente em outro meio que não constitua violência
física ou grave ameaça, como, por exemplo, fazer a vítima ingerir bebida alcoólica, narcóticos,
soníferos ou hipnotizá-la.
* Para todos verem: Quadro

O destinatário da violência ou grave ameaça não precisa ser o mesmo que irá sofrer a diminuição
patrimonial. Exemplo: Agente que emprega violência contra o gerente de estabelecimento comercial
para subtrair os bens da loja em questão. Haverá um crime de roubo e não concurso de crimes.

4.3.2 Espécies de roubo: próprio e impróprio

a) Roubo próprio (157 CAPUT DO CP)


No roubo próprio a violência ou grave ameaça (ou a redução da impossibilidade de defesa)
são praticados contra a pessoa para a subtração da coisa. Os meios violentos são empregados
antes ou durante a execução da subtração.

b) Roubo impróprio
Ocorre quando o sujeito, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra a
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para ele ou para terceiro (§ 1º). São exemplos típicos de roubo impróprio aquele em que o sujeito
ativo, já se retirando do portão com a res furtiva, alcançando pela vítima, abate-a (assegurando

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a detenção), ou, então, já na rua, constata que deixou um documento no local, que o identificará,
e, retornando para apanhá-lo, agride o morador que o estava apanhando. (garantindo a
impunidade).
Em outros termos, “logo depois” de subtraída a coisa não admite decurso de tempo entre
a subtração e o emprego da violência, ou seja, o modus violento somente é caracterizador do
roubo se for utilizado até a consumação do furto que o agente pretendia praticar (posse tranquila
da res, sem a vigilância). Superado esse momento, o crime está consumado e,
consequentemente, não pode sofrer qualquer alteração; portanto, eventual violência empregada
constituirá crime autônomo (lesão corporal, por exemplo), em concurso com furto consumado.
*Para todos verem: quadro.

Roubo Próprio (artigo 157 caput) Roubo Impróprio (artigo 157, § 1°)
Admite violência ou grave ameaça (violência Somente admite a violência ou grave
própria) ou violência imprópria (diminuição da ameaça (violência própria).
capacidade de resistência).
A violência ou grave ameaça é empregada A violência ou a grave ameaça é empregada
antes ou durante a subtração. após a subtração.
A violência ou a grave ameaça é empregada A violência ou grave ameaça é empregada
como meio para subtrair o bem para si ou para para assegurar a impunidade ou a detenção
terceiro. da coisa para si ou para terceiro.

4.3.3 Consumação e tentativa


Nos termos da Súmula 582 do STJ, “Consuma-se o crime de roubo com a inversão da
posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

4.4 Estelionato
*Para todos verem: esquema
OBTER

VANTAGEM
INDEVIDA
ESTELIONATO
(art. 171, CP)
PREJUÍZO DA
VÍTIMA
INDUZIR
FRAUDE
MANTER ERRO

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4.4.1 Ação nuclear


Consiste em induzir ou manter alguém em erro, mediante o emprego de artifício, ardil, ou
qualquer meio fraudulento, a fim de obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita em prejuízo
alheio.
A característica primordial do estelionato é a fraude: engodo empregado pelo sujeito para
induzir ou manter a vítima em erro, com o fim de obter um indevido proveito patrimonial.
O meio de execução deve ser apto a enganar a vítima. Tratando-se de meio grotesco, que
facilmente demonstra a intenção fraudulenta, não há nem tentativa, por atipicidade do fato.

4.4.2 Tipicidade objetiva e subjetiva


Segundo a doutrina no estelionato há a necessidade do binômio:
Vantagem Ilícita + Prejuízo alheio.
Desta feita, não haverá estelionato se o agente não obtém uma vantagem ilícita ou se
obtém uma vantagem ilícita, mas não há o prejuízo alheio. Se a vantagem for lícita haverá o
delito do artigo 345 do CP.
Ademais, vale destacar que no estelionato, o agente utiliza a fraude para induzir a vítima
em erro (o agente planta o erro na cabeça da vítima) ou mantém a vítima em erro (a vítima já
está em erro e o agente impede que ela descubra verdade.
Desta feita, tanto o silêncio como a mentira podem servir como meios para induzir ou
manter a vítima em erro fazendo com que ela entregue a vantagem indevida ao agente. Por

exemplo, o agente está devendo R$ 1000,00 para a vítima, sendo que ela se confunde e tem
certeza que o agente já pagou, mas ainda não houve o pagamento. Se este agente silenciar ou
mentir haverá estelionato, pois a vítima está sendo mantida em erro.

4.4.3 Consumação e tentativa


Trata-se de crime material. Consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita indevida, em
prejuízo alheio, ou seja, quando o agente aufere o proveito econômico, causando dano à vítima.
Via de regra, esses resultados ocorrem simultaneamente. Há, assim, ao mesmo tempo, a
obtenção de proveito pelo estelionatário e o prejuízo da vítima.
A tentativa é perfeitamente possível, por exemplo, no caso em que o agente por
circunstâncias alheias à sua vontade não consiga obter o prejuízo em detrimento da vítima.

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CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES!
FALSIDADE DOCUMENTAL COMO FRAUDE PARA A PRÁTICA DO ESTELIONATO
Imagine que o agente pratique uma falsidade documental (falsidade de documento
público, particular ou ideológica) como meio para induzir ou manter a vítima em erro e desta
forma obter a vantagem ilícita e causar prejuízo alheio. Exemplo: O agente falsifica um cheque
para comprar em determinada rede de estabelecimentos comerciais.
O STJ, na súmula 17, entende pela absorção do delito de falso pelo estelionato, desde
que não haja mais potencialidade lesiva.

4.4.4 Fraude no pagamento por meio de cheque (artigo 171, parágrafo


2°, inciso VI do CP)
Se o indivíduo emite um cheque na certeza de que tem fundos disponíveis para o devido
pagamento pelo banco, quando na realidade não há qualquer numerário depositado na agência
bancária, não se pode falar em ilícito criminal, ante a ausência de má-fé.
O que a lei penal pune é o pagamento fraudulento. Nesse sentido é o teor da Súmula 246
do STF: “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque
sem fundos”.
Segundo o art. 4º, § 1º, da Lei 7.357/85, a existência de fundos disponíveis é verificada
no momento da apresentação do cheque para pagamento. Destarte, o crime se consuma no
momento e no local em que o banco sacado recusa o pagamento, pois só nesse momento ocorre
o prejuízo (trata-se de crime material).

Esse é o teor da Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e julgamento
dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”.
Entretanto, podemos destacar que diante das alterações promovidas pela lei 14.155
de 2021 essa súmula perdeu o objeto, uma vez que no parágrafo 4 do artigo 70 do CPP o
juízo competente será o do domicílio da vítima.
Arrependendo-se o agente antes da apresentação do título pelo beneficiário no banco
sacado, e depositando o numerário necessário para cobrir a quantia constante do cheque,
haverá arrependimento eficaz, não respondendo ele por crime algum.
Se, por outro lado, o agente arrepender-se somente após a consumação do crime, ou
seja, após a recusa do pagamento pelo banco sacado, incidirá a Súmula 554 do STF: “ O

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pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não
obsta ao prosseguimento da ação penal”.
Assim, o pagamento do cheque antes do recebimento da denúncia extingue a punibilidade
do agente.

4.4.5 Lei 14.155 de 2021


Cumpre ressaltar que a lei 14155/2021, a qual entrou em vigor em 27 de maio de 2021
acrescentou os parágrafos 2°-A e 2°-B:
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida
com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio
de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer
outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado
gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

4.4.6 Ação penal (artigo 171, parágrafo 5° do CP)


Com o advento da lei 13964/19, a qual incluiu o parágrafo 5° no artigo 171 do CP, o qual
dispõe que a regra da ação penal no crime de estelionato será pública condicionada à
representação, com exceção nos casos em que a administração pública (direta ou indireta),
criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental ou maior de 70 anos de idade ou incapaz
forem vítimas, hipóteses em que a ação penal será pública e incondicionada.

Art. 171 do Código Penal. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguémem erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a
pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como
própria;
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada
de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em
prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

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V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a


saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra
o pagamento.
Fraude eletrônica
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida
com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por
meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou
por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado
gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante
a utilização de servidor mantido fora do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155,
de 2021)
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade
de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Estelionato contra idoso ou vulnerável
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso
ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso.
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

4.5 Roubos hediondos

Art. 157 do Código Penal. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso
restritoou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II –
morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

• SÚMULA 603 STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz


singular e não do Tribunal do Júri.”

• SÚMULA 610 STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima”.

4.6 Furto hediondo

Art. 155, § 4º-A, do Código Penal. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e
multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

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5. Crimes Contra a Dignidade Sexual

5.1 Ação penal

Art. 225 do Código Penal. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-
se mediante ação penal pública incondicionada.

5.1.1 Causas de aumento de pena

Art. 226 do Código Penal. A pena é aumentada:


I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;II -
de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título
tiverautoridade sobre ela;
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.

5.2 Estupro

Art. 213 do Código Penal. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
ter conjunção carnal ou a praticar oupermitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

• Constranger alguém a ter conjunção carnal ou ato libidinoso diverso.

* Para todos verem: esquema

Qualquer
Sujeito ativo
pessoa
Crime bicomum
Qualquer
Sujeito Passivo
pessoa

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• Tipo penal misto alternativo:


Desta feita, se o agente no mesmo contexto fático praticar ato libidinoso diverso e conjunção carnal
mediante violência ou grave ameaça contra a mesma vítima haverá apenas um crime de estupro e não
concurso de crimes.
• Prescindibilidade do contato físico entre o agente e a vítima:
Pode-se falar em crime de estupro mesmo que não haja contato físico.

5.2.1 Estupro qualificado

Art. 213 do Código Penal.


§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é
menor de 18(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

5.3 Estupro de vulnerável

Art. 217-A do Código Penal. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações
sexuais anteriormente ao crime.

• Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso diverso com menor de 14 anos (ainda
que não haja violência, ainda que haja o consentimento da vítima). Neste sentido vale
destacar que nos termos da súmula 593 do STF e do parágrafo 5º do artigo 217-a do CP
a presunção de vulnerabilidade será absoluta.

5.3.1 Outras pessoas consideradas vulneráveis

Art. 217-A do Código Penal.


§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, ouque, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

ATENÇÃO ESPECIAL: DEVE O AGENTE TER CIÊNCIA DA CONDIÇÃO DE VULNERABILIDADE DA


VÍTIMA. CASO O AGENTE ERRA SOBRE TAL CONDIÇÃO, COMO POR EXEMPLO, ACREDITAR QUE ESTÁ
MANTENDO RELAÇÃO SEXUAL COM ALGUÉM MAIOR DE 18 ANOS QUANDO NA VERDADE TINHA MENOS
DE 14 ANOS PODERÁ ALEGAR O ERRO DE TIPO, TORNANDO O FATO ATÍPICO (ERRO DE TIPO).

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6. Crimes contra a Fé Pública: Falsidade de Documento Público e


Falsidade Ideológica

6.1 Conceito de fé pública


A Fé Pública que pode ser entendida como a presunção de legitimidade e de veracidade
que os documentos e os procedimentos públicos possuem, ou seja, basicamente a crença de
que os documentos e procedimentos públicos são verdadeiros e estão em consonância com a
lei.

6.1.2 Princípio da insignificância


Os Tribunais Superiores, diante da relevância do bem jurídico em questão e da
impossibilidade de se atribuir um valor de natureza econômica, costumam não aplicar o princípio
da insignificância, uma vez que o bem jurídico protegido envolve a credibilidade, a confiança das
pessoas e a preservação da fé pública na moeda, nos papéis públicos, nos documentos,
certames de interesse público dentre outros.
Entretanto, de forma excepcional, o STJ já aplicou o princípio em questão diante de
circunstâncias excepcionais e verificadas:

PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CRIME CONTRA A FÉ PÚBLICA. ART. 304 DO CÓDIGO PENAL.
USO DE DOCUMENTO FALSO (ATESTADO MÉDICO). APLICABILIDADE DO
PRINCÍPIO DA BAGATELA. EXCEPCIONALIDADE VERIFICADA. MÍNIMA
OFENSIVIDADE DA CONDUTA E INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA.
SUFICIÊNCIA DAS SANÇÕES PREVISTAS NA LEI TRABALHISTA.
PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A decisão agravada está pautada na excepcionalidade ao entendimento desta Corte no
sentido da impossibilidade de aplicação do princípio da bagatela aos crimes contra a fé
pública.
2. No caso, o dolo da recorrente, em apresentar atestado médico falso para afastamento
do trabalho por 8 dias, revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do agente, a
nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada", a demonstrar a
atipicidade material da conduta e afastar a incidência do direito penal, sendo
suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista.
3. Agravo regimental desprovido.(AgRg no AREsp 1816993/BA, Rel. Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 16/11/2021, DJe 19/11/2021)

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OBSERVAÇÃO ESPECIAL!
Há tipos penais contra a fé pública que além do dolo exigem uma finalidade especial do
agente, tais como o crime de fraudes em certames de interesse público (art. 311-a), falsidade
ideológica (art. 299 CP) e falsa identidade (art. 307 CP).

6.1.3 Incriminação autônoma de atos preparatórios


O Legislador, no artigo 291 e no artigo 294, incrimina, de forma autônoma, atos
preparatórios de outros crimes:

Petrechos para falsificação de moeda


Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à falsificação de
moeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Petrechos de falsificação (papéis públicos)
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado
à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

6.1.4 Maioria de crimes comuns


Podemos destacar que a maioria dos crimes contra a fé pública são crimes de natureza
comum, ou seja, o legislador não exige qualidade especial do agente. Entretanto, em diversos
dispositivos, o legislador prevê causas de aumento de pena para funcionários públicos:

Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,


aumenta-se a pena de sexta parte.
Art. 296, § 2º. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Art. 297, § 1º. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Art. 299, Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro
civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Art. 311-a, § 3º. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário
público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

6.1.5 Crimes próprios


Em determinados tipos penais o legislador exige qualidade especial do sujeito ativo.
Exemplos:
• ART. 289, PARÁGRAFO 3° CP;
• FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA (ART. 300 CP);

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• CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO (ART. 301 CP);


• FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO (ART. 302 CP).

6.1.6 Conduta nuclear (falsificar)


Em diversos tipos penais o legislador pune a conduta do agente que falsifica (confere
aparência enganadora) fabricando ou alterando determinando objeto.
Exemplos:
• ART. 289 (MOEDA FALSA);
• ART. 293 (PAPÉIS PÚBLICOS);
• ART. 296 (SELO OU SINAL PÚBLICO);
• ART. 297 (DOCUMENTO PÚBLICO);
• ART. 298 (DOCUMENTO PARTICULAR);
• ART. 301, PARÁGRAFO 1° (ATESTADO OU CERTIDÃO);
• ART. 306 (MARCA OU SINAL EMPREGADO PELO PODER PÚBLICO NO CONTRASTE
DE METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA);

6.1.7 Exigência da imitatio veri


É a aptidão do objeto falsificado para enganar, ou seja, é a semelhança com o produto
original. Assim sendo se a falsificação for grosseira não haverá lesão à fé pública, podendo
subsistir outros crimes como o estelionato por exemplo.

SÚMULA 73 STJ: a utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em


tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual.

6.2 Principais crimes contra a fé pública


6.2.1 Falsificação de Documento Público (art. 297)
Este artigo trata da falsidade material, ou seja, aquela que diz respeito à forma do
documento. As ações nucleares se consubstanciam nos verbos:

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*Para todos verem: esquema

Falsificar • Significa formar, criar um novo documento.

• Significa modificar um documento que já existe. O documento é verdadeiro


Alterar
e o agente substitui seu conteúdo.

O crime consuma-se com a falsificação ou alteração do documento, sendo prescindível o


uso efetivo deste.
A tentativa é possível, pois há um iter criminis que pode ser fracionado. A tentativa ocorrerá
se, por exemplo, o agente, estando no início do processo de formação da escritura pública falsa,
tendo preenchido apenas algumas linhas, é surpreendido por terceiro. Nessa hipótese, não
ocorreu ainda a contrafação total do documento, portanto o crime reputa-se tentado.

Aplica-se a súmula 17 do STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato,


sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Trata-se da aplicação
da regra de que o crime-fim absorve o crime-

6.2.2 Falsificação de Documento Particular (art. 298)


Também se trata de falsidade material, ou seja, aquela que diz respeito à forma do
documento.
* Para todos verem: esquema

• Significa formar, criar um novo documento. Ex.: o agente se aproveita do


Falsificar espaço em branco entre o conteúdo da carta e a assinatura para inserir
confissão de dívida, "criando" um novo documento.

• Significa modificar o documento. Na hipótese o documento é verdadeiro, e o


Alterar agente substitui seu conteúdo, isto é, frases, palavras que alterem sua
essência, incidindo, portanto, sobre aspectos relevantes do documento.

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A consumação e a tentativa, neste crime, funcionam da mesma forma como no crime de


Falsificação de Documento Público.

6.2.3 Falsidade Ideológica


Diferentemente dos delitos precedentes, estamos agora diante da chamada falsidade
ideológica, aquela em que o documento é formalmente perfeito, sendo, no entanto, FALSA A
IDEIA NELE CONTIDA. O sujeito tem legitimidade para emitir o documento, mas acaba por
inserir-lhe um conteúdo sem correspondência com a realidade dos fatos.

* Para todos verem: esquema

Omitir: deixar de
inserir ou não
mencionar.

Inserir: colocar ou
Falsidade Ideológica
introduzir.

Fazer inserir:
proporcionar que se
introduza.

Ex. Assim, uma escritura lavrada pelo funcionário do Cartório de Registro de Imóveis é
formalmente perfeita, pois a ele incumbe formar o instrumento público. Entretanto, se essa
escrita encerrar declarações falsas prestadas pelo particular, haverá o crime de falsidade
ideológica.

Veja o esquema na página a seguir...

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*Para todos verem: esquema

Elementos Normativos do Tipo

• “Dele deveria constar” é expressão indicativa de um juízo valorativo jurídico, pertinente ao conteúdo
esperado do documento. Ex. em uma carteira de habilitação, espera-se que conste, quando for o
caso, que o motorista precisa usar óculos para dirigir. Se houver omissão desse dado relevante,
trata-se de declaração que dele devia constar.

Sujeitos do Delito

• Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo. Caso seja funcionário público, incidirá
a causa de aumento de pena prevista no parágrafo único do artigo.

Consumação e Tentativa

•Consuma-se com a omissão ou a inserção da declaração falsa ou diversa da que deveria constar.
Trata-se de crime formal; prescinde-se, portanto, da ocorrência efetiva do dano, bastando a
capacidade de lesar terceiro.

6.2.4 Uso de documento falso

Art. 304 do Código Penal. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a
que se referem os arts. 297 a 302.Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

SÚMULA 546 STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público,
não importando a qualificação do órgão expedidor.

7. Crimes contra a Administração Pública

7.1 Introdução
Os crimes contra a administração pública se encontram tipificados no Código Penal a
partir do artigo 312, constando do Título XI da parte especial e se dividem em 6 capítulos, quais
sejam:

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Capítulo I – Crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral


(artigos 312 ao 327 do CP);
Capítulo II – Crimes praticados por particular contra a administração em geral (artigos 328
ao 337-a do CP);
Capítulo II/A – Crimes praticados por particular contra a administração pública estrangeira
(artigos. 337-b, 337-c e 337-d do CP);
Capítulo II/B – Crimes em licitações e contratos administrativos ( artigos. 337-E ao 337-P
do CP);
Capítulo III – Crimes contra a administração da justiça (artigos 338 ao 359 do CP);
Capítulo IV – Crimes contra as finanças públicas (artigos 359-a ao 359-h do CP).

7.1.1 Súmula 599 do STJ


A súmula 599 do STJ, diante da especificidade do bem jurídico moralidade administrativa
e da dificuldade de se precisar um valor, veda a aplicação do princípio da insignificância aos
crimes contra a administração pública.
A exceção diz respeito ao crime de descaminho, previsto no artigo 334 do CP, no qual STF
e STJ reconhecem a insignificância para valores até R$ 20.000,00.

7.1.2 Conceito de funcionário público


Tendo em vista o fato de o funcionário público ostentar a condição de sujeito ativo nos
crimes definidos no Capítulo I, é de suma importância definir o conceito de funcionário público
para fins penais.
Neste sentido, o legislador, no artigo 327 do CP, definiu o conceito de funcionário público
para fins penais, havendo um verdadeiro caso de interpretação autêntica. Assim sendo, para fins
penais, adotamos um conceito amplo de funcionário público, podendo ser enquadrado em tal
definição todo aquele que exerce cargo, emprego ou função pública, ainda que transitoriamente
e sem remuneração, abarcando, por exemplo, os estagiários, trabalhadores voluntários,
servidores comissionados, temporários, etc.
Mister ressaltar que no ano de 2000 entrou em vigor a lei 9983 que alargou ainda mais o
conceito de funcionário público ao tratar do funcionário por equiparação, abrangendo, por
exemplo, o funcionário terceirizado:

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em


entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de
1980)

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*Para todos verem: esquema

Para os efeitos penais, é quem, embora transitoriamete ou sem


remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública;

Funcionário Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou


Público função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
contratada/conveniada para prestar serviço público.

Aumenta-se a pena do crime quando os autores forem ocupantes de


cargos em comissão ou de função de direção/assessoramento de
órgão da admin. direta, SEM, empresa pública ou fundação pública

7.1.3 Observação especial


Possibilidade de extensão do conceito de funcionário público ao particular que
concorreu para o crime praticado pelo funcionário:
A discussão em questão, por exemplo, pode ser aplicada no caso de um funcionário
público que, em concurso de pessoas com um particular (coautor/partícipe), pratica o crime de
peculato-furto previsto no artigo 312, parágrafo 1°, subtraindo bens de determinada repartição
pública. Neste caso, esse particular responderá pelo crime de peculato-furto (possibilidade de
extensão do conceito) ou somente pelo crime de furto (impossibilidade de extensão do conceito)?
R: Para responder o questionamento acima, temos que utilizar o artigo 30 do CP, o qual
dispõe que as circunstâncias elementares de caráter subjetiva se comunicam ao outro agente.
Desta feita, podemos considerar a condição de funcionário público uma elementar (pois interfere
diretamente na tipificação) e subjetiva (pois diz respeito ao agente criminoso). Neste sentido,
poderemos ter duas situações:

1. Se o particular conhece ou tem condições de conhecer a condição de funcionário


público do outro agente tal circunstância, nos termos do artigo 30 do CP, será
comunicada, respondendo então pelo delito de peculato-furto;
2. Se o particular não sabe e nem tem condições de saber dessa circunstância não haverá
a comunicação, pois o Direito Penal não compactua com responsabilização penal
objetiva, devendo o particular responder somente pelo delito de furto.

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7.2 Crimes funcionais próprios X crimes funcionais impróprios


Os crimes funcionais, ou seja, praticados por funcionário público são crimes próprios, uma
vez que exigem uma qualidade especial do sujeito ativo que é se enquadrar no conceito de
funcionário publico (327 caput ou 327, parágrafo 1°). A doutrina classifica os crimes funcionais
em próprios ou propriamente ditos e crimes funcionais impróprios ou impropriamente ditos:
I) Crimes funcionais próprios – são aqueles que, se retirada a condição de funcionário
público do sujeito ativo, haverá uma atipicidade absoluta, como, por exemplo, no crime de
prevaricação, previsto no artigo 319 do CP;
ii) Crimes funcionais impróprios – são aqueles que, se retirada a condição de funcionário
público, haverá uma atipicidade relativa, como, por exemplo, no crime de peculato, previsto no
artigo 312 do CP.
*Para todos verem: esquema

Crimes Funcionais Impróprios ou Impropriamente


Crimes Funcinais Próprios ou Propriamente Ditos Ditos (Atipicidade relativa)
(Atipicidade Absoluta):
Quando, faltando a qualidade de servidor do
Quando, faltando a qualiade de servidor do agente, o fato deixa de ser crime funcional, mas
agente, o fato deixa de ser crime. Ex: permanece crime, há atipicidade relativa. Ex:
prevaricação. peculato passa a ser furto.

7.3 Principais crimes praticados por funcionário público contra a


administração pública em geral

7.3.1 Peculato - Art. 312, do CP


7.3.1.1 Conceito
O peculato próprio, na realidade, constitui uma apropriação indébita, só que praticada por
funcionário público com violação do dever funcional. Antes de ser uma ação lesiva aos interesses
patrimoniais da Administração Pública, é principalmente uma ação que fere a moralidade
administrativa, em virtude de quebra do dever funcional.

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7.3.1.2 Peculato-Apropriação (artigo 312, “caput”, 1° parte do CP)


É o denominado peculato próprio.
A ação nuclear típica consubstancia-se no verbo apropriar. Assim como no crime de
apropriação indébita, o agente tem a posse (ou detenção) lícita do bem móvel, público ou
particular, e inverte esse título, pois passa a comportar-se como se dono fosse, isto é, consome-
o, aliena-o.
Exemplo: Servidor que tem em sua posse um notebook funcional e assina um termo de
responsabilidade do aparelho em questão. Após determinado tempo vende esse notebook a
terceiro.

7.3.1.3 Peculato-Desvio (artigo 312, “caput”, 2° parte do CP)


É o denominado peculato próprio. Está previsto na segunda parte do caput do art. 312:
“ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”.
O agente tem a posse da coisa e lhe dá destinação diversa da exigida por lei, agindo em
proveito próprio ou de terceiro.
Ex. Servidor do Cartório que utiliza de R$ 1.000,00 que estão aprendidos no cofre e
empresta essa importância a alguém, devolvendo os mil reais depois mas ficando com os juros.
Observação importante: Não confundir peculato-desvio com o peculato-uso que é fato
atípico, uma vez que no peculato de uso há o ânimo de temporariedade com a intenção de
posterior restituição de determinado bem infungível, por exemplo, no caso do policial que se
utiliza da viatura para levar o seu filho ao colégio.

7.3.1.4 Sujeitos do delito


Trata-se de crime próprio. Somente o funcionário público (art. 327, caput) e as pessoas a
ele equiparadas legalmente (art. 327, §§1º e 2º) podem praticar o delito de peculato.
A condição especial funcionário público, como elementar do crime de peculato, comunica-
se ao particular que eventualmente concorra, na condição de coautor ou partícipe, para a prática
do crime, nos termos da previsão do art. 30 do CP. Portanto, é perfeitamente possível o concurso
de pessoas, dada a comunicabilidade da elementar do crime (art. 30).

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*Para todos verem: esquema

Se comporta
Peculato Apropriação Posse legítima
como dono

7.3.1.5 Peculato-Furto (artigo 312, parágrafo 1º do CP)


É o denominado peculato impróprio.
Estamos agora diante de um crime de furto, só que praticado por funcionário público, o
qual se vale dessa qualidade para cometê-lo. Aqui o agente não tem a posse ou detenção do
bem como no peculato-apropriação ou desvio, mas se vale da facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário público para realizar a subtração.

*Para todos verem: esquema

Facilidade que o
Art. 312, § 1º, do Não tem a posse
Peculato-Furto cargo lhe
CP anterior
proporciona

7.3.1.6 Peculato Culposo (artigo 312, parágrafo 2° do CP)


O funcionário para ser punido insere-se na figura do garante, prevista no art. 13, § 2º.
Assim, tem ele o dever de agir, impedindo o resultado de ação delituosa de outrem. Não o
fazendo, responde por peculato culposo.

7.3.1.7 Extinção da punibilidade no peculato culposo – Art. 312, § 3º


Deve ser completa e não exclui eventual sanção administrativa contra o funcionário.
A extinção da punibilidade somente aproveita o funcionário, autor do peculato culposo.
Consoante a segunda parte do § 3º, no crime culposo, se a reparação do dano é posterior
à sentença irrecorrível, isto é, transitada em julgado, haverá a redução de metade da pena
imposta.

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7.3.2 Concussão (artigo 316 do CP)


7.3.2.1 Ação nuclear
A ação nuclear consubstancia-se no verbo exigir, isto é, ordenar, reivindicar, impor como
obrigação.
A vítima cede às exigências formuladas pelo agente ante o temor de represálias
relacionadas ao exercício da função pública por ele exercida.
Assim, não é necessária a promessa da causação de um mal determinado; basta o temor
que autoridade inspira.
Ex. carcereiro que exige dinheiro dos presos sob sua custódia. Na hipótese, o simples fato
de os presos encontrarem-se sob a guarda daquele gera neles o temor de eventuais represálias.
Contudo, não pratica esse delito, mas o de extorsão ou roubo, por exemplo, o policial
militar que exige vantagem indevida da vítima utilizando-se de violência, ou ameaçando-a
gravemente de sequestrar seu filho.

7.3.2.2 Consumação e tentativa


Trata-se de crime formal.
A consumação ocorre com a mera exigência da vantagem indevida, independentemente
de sua efetiva obtenção. Se esta sobrevém, há mero exaurimento do crime.
É possível a tentativa, tendo em vista em que o crime é plurissubsistente, ou seja, admite
o fracionamento em mais de um ato executório.

7.3.2.3 EXCESSO DE EXAÇÃO – ARTIGO 316, PARÁGRAFOS 1° e 2° DO


CP

Modalidades
São duas as modalidades previstas:

• EXIGÊNCIA INDEVIDA:
Aqui a exigência do tributo ou contribuição social é indevida (elemento normativo do tipo),
isto é, não há autorização legal para sua cobrança, ou seu valor já foi quitado pela vítima,
ou então se refere a quantia excedente à fixada por lei.

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• COBRANÇA VEXATÓRIA OU GRAVOSA NÃO AUTORIZADA EM LEI (EXCESSO NO


MODO DE EXAÇÃO OU EXAÇÃO FISCAL VEXATÓRIA).
Ao contrário da modalidade criminosa precedente, aqui a exigência de tributo ou
contribuição social é devida, mas a cobrança se faz com o emprego de meio gravoso ou
vexatório para o devedor, o qual não é autorizado por lei.

7.3.2.4 Consumação e tentativa

I. EXIGÊNCIA INDEVIDA: Aqui o delito se consuma no momento em que é feita a


exigência do tributo ou contribuição social. Trata-se de crime formal, portanto a
consumação independe do efetivo pagamento do tributo ou contribuição social pela
vítima. A tentativa é possível. Ex. carta contendo a exigência de vantagem, a qual
é interceptada antes de chegar ao conhecimento da vítima.
II. COBRANÇA VEXATÓRIA OU GRAVOSA: Consuma-se com o emprego do meio
vexatório ou gravoso na cobrança do tributo ou contribuição social,
independentemente de seu efetivo recebimento. A tentativa é possível.

7.3.2.5 EXCESSO DE EXAÇÃO – FORMA QUALIFICADA – Art. 316, § 2º


Nessa modalidade mais gravosa do crime de excesso de exação, pune-se o funcionário
público que, em vez de recolher o tributo ou contribuição social, indevidamente exigido (§1º),
para os cofres públicos, desvia-o em proveito próprio ou alheio.

7.3.3 CORRUPÇÃO PASSIVA – ARTIGO 317 DO CÓDIGO PENAL


7.3.3.1 AÇÃO NUCLEAR
Trata-se de crime de ação múltipla. Três são as condutas típicas previstas:

• SOLICITAR: pedir, manifestar que deseja algo. Não há o emprego de qualquer


ameaça explícita ou implícita. O funcionário solicita vantagem, e a vítima cede por
deliberada vontade.
• RECEBER: aceitar, entrar na posse. Significa obter, direta ou indiretamente, para
si ou para outrem, vantagem indevida.

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Aqui a proposta parte de terceiros e a ela adere o funcionário, ou seja, o agente não só
aceita a proposta como recebe a vantagem indevida. Ao contrário da primeira modalidade, é
condição essencial para sua existência que haja a anterior configuração do crime de corrupção
ativa, isto é, o oferecimento de vantagem indevida (art. 333). Sem essa oferta pelo particular,
não há como falar em recebimento de vantagem.

• ACEITAR A PROMESSA DE RECEBÊ-LA: Nessa modalidade típica basta que o


funcionário concorde com o recebimento da vantagem. Não há o efetivo recebimento dela. Deve
haver necessariamente uma proposta formulada por terceiros, à qual adere o funcionário,
mediante a aceitação de receber a vantagem.

7.3.3.2 Classificação

I - CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA


Na corrupção passiva o funcionário, em troca de alguma vantagem, pratica ou deixa de
praticar ato de ofício para beneficiar alguém. O ato a ser praticado pode ser ilegítimo, ilícito ou
injusto. É a chamada corrupção própria. Exemplo: o funcionário do cartório criminal solicita
indevida vantagem econômica para suprimir documentos do processo judicial.

II - CORRUPÇAO PASSIVA IMPRÓPRIA


Também configura o crime a prática de ato legítimo, lícito, justo. É a chamada corrupção
passiva imprópria. Exemplo: Oficial de justiça solicita vantagem econômica ao advogado, a fim
de dar prioridade ao cumprimento do mandado judicial expedido em processo em que aquele
atua.

7.3.3.3 SUJEITOS DO DELITO


Trata-se de crime próprio. Portanto, o delito só pode ser cometido por funcionário público
em razão da função (ainda que esteja fora dela ou antes de assumi-la). Nada impede, contudo,
a participação do particular, ou de outro funcionário, mediante induzimento, instigação ou auxílio.

O particular que oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário público responde


pelo delito de corrupção ativa (art. 333) e não pela participação no crime em estudo. Trata-se de
exceção à regra prevista no artigo 29 do CP.

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7.3.3.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


Trata-se de crime formal. Portanto, a consumação ocorre com o ato de solicitar, receber
ou aceitar a promessa de vantagem indevida. A corrupção passiva consuma-se
instantaneamente, isto é, com a simples solicitação da vantagem indevida, recebimento desta
ou com a aceitação da mera promessa daquela.
O tipo penal não exige que o funcionário pratique ou se abstenha da prática do ato
funcional. Se isso suceder, haverá mero exaurimento do crime, o qual constitui condição de maior
punibilidade (causa de aumento de pena prevista no § 1º do art. 317).
A tentativa é de difícil ocorrência, mas não é impossível. Basta que haja um iter criminis a
ser cindido. Ex. solicitação feita por carta, a qual é interceptada pelo chefe de repartição.

7.3.3.5 CAUSA DE AUMENTO DE PENA – Art. 317, § 1º


Eleva-se em 1/3 a pena do agente que, em razão da vantagem recebida ou prometida,
efetivamente retarda (atrasa ou procrastina) ou deixa de praticar (não leva a efeito) ato de ofício
que lhe competia desempenhar ou termina praticando o ato, mas desrespeitando o dever
funcional. É o que a doutrina classifica de corrupção exaurida.

7.3.3.6 FIGURA PRIVILEGIADA – Art. 317, § 2º


Trata-se de conduta de menor gravidade, na medida em que o agente pratica, deixa de
praticar ou retarda o ato de ofício, não em virtude do recebimento de vantagem indevida, mas
cedendo a pedido ou influência de outrem, isto é, para satisfazer interesse de terceiros ou para
agradar ou bajular pessoas influentes.

7.3.4 PREVARICAÇÃO – Art. 319, do CP


7.3.4.1 ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR. OBJETO MATERIAL

1. RETARDAR: É atrasar, adiar, protelar, procrastinar, não praticar o ato de ofício dentro
do prazo estabelecido (crime omissivo). Exemplo: Servidor que, devendo expedir alvará
de soltura, por não simpatizar com o advogado, deixa de fazê-lo com a brevidade que
a medida exige;
2. DEIXAR DE PRATICAR: trata-se de mais uma modalidade omissiva do crime em
estudo. Aqui, no entanto, ao contrário da conduta precedente, há o ânimo definitivo de
não praticar o ato de ofício;

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3. PRATICAR (contra disposição expressa de lei): cuida-se aqui de conduta comissiva, em


que o agente efetivamente executa o ato, só que de forma contrária à lei. O interesse
pessoal é qualquer proveito, vantagem, podendo ser patrimonial ou moral. Quanto ao
interesse patrimonial, importa distinguir algumas situações:

1) se o ato praticado, retardado ou omitido tiver sido objeto de acordo anterior entre o
funcionário e o particular, visando aquele indevida vantagem, o crime passará a ser outro:
corrupção passiva;
2) se houver, anteriormente à prática ou omissão do ato, a exigência de vantagem indevida
pelo funcionário público, haverá o crime de concussão.
Quanto ao sentimento pessoal podemos destacar que se manifesta em suas mais
variadas formas, tais como amor, paixão emoção ou ódio.

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1) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase – Lei penal no tempo
Jorge foi condenado, definitivamente, pela prática de determinado crime, e se encontrava em cumprimento dessa
pena. Ao mesmo tempo, João respondia a uma ação penal pela prática de crime idêntico ao cometido por Jorge.
Durante o cumprimento da pena por Jorge e da submissão ao processo por João, foi publicada e entrou em vigência
uma lei que deixou de considerar as condutas dos dois como criminosas. Ao tomarem conhecimento da vigência da
lei nova, João e Jorge o procuram, como advogado, para a adoção das medidas cabíveis. Com base nas
informações narradas, como advogado de João e de Jorge, você deverá esclarecer que

a) não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença condenatória já ter transitado
em julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará sendo considerado primário e de bons
antecedentes.
b) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos civis e penais da
condenação de Jorge, inclusive não podendo ser considerada para fins de reincidência ou maus
antecedentes.
c) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos penais da condenação
de Jorge, mas não os extrapenais.
d) não poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, tendo em vista que os fatos foram praticados
anteriormente à edição da lei.

2) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase – Tempo do crime
No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à forma de dançar de sua esposa, Clara,
30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, após acertar
dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia
12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar
conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do
crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº
13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por
razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da
pronúncia, todos os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia.
Em seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando apenas
as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação para a qual foi
intimado, pugnar pelo imediato

a) reconhecimento do arrependimento eficaz.


b) afastamento da qualificadora do homicídio.
c) reconhecimento da desistência voluntária.
d) reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa.

3) FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase – Extraterritorialidade
Paulo e Júlia viajaram para Portugal, em novembro de 2019, em comemoração ao aniversário de um ano de
casamento. Na cidade de Lisboa, dentro do quarto do hotel, por ciúmes da esposa que teria olhado para terceira
pessoa durante o jantar, Paulo veio a agredi-la, causando-lhe lesões leves reconhecidas no laudo próprio. Com a
intervenção de funcionários do hotel que ouviram os gritos da vítima, Paulo acabou encaminhado para Delegacia,
sendo liberado mediante o pagamento de fiança e autorizado seu retorno ao Brasil. Paulo, na semana seguinte,
retornou para o Brasil, sem que houvesse qualquer ação penal em seu desfavor em Portugal, enquanto Júlia
permaneceu em Lisboa. Ciente de que o fato já era do conhecimento das autoridades brasileiras e preocupado com
sua situação jurídica no país, Paulo procura você, na condição de advogado(a), para obter sua orientação.
Considerando apenas as informações narradas, você, como advogado(a), deve esclarecer que a lei brasileira

a) não poderá ser aplicada, tendo em vista que houve prisão em flagrante em Portugal e em razão da vedação
do bis in idem.
b) poderá ser aplicada diante do retorno de Paulo ao Brasil, independentemente do retorno de Júlia e de sua
manifestação de vontade sobre o interesse de ver o autor responsabilizado criminalmente.
c) poderá ser aplicada, desde que Júlia retorne ao país e ofereça representação no prazo decadencial de seis
meses.
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d) poderá ser aplicada, ainda que Paulo venha a ser denunciado e absolvido pela justiça de Portugal.

4) FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase – Nexo de causalidade
Após ter sido exonerado do cargo em comissão que ocupava há mais de dez anos, Lúcio, abatido com a perda
financeira que iria sofrer, vai a um bar situado na porta da repartição estadual em que trabalhava e começa a beber
para tentar esquecer os problemas financeiros que viria a encontrar. Duas horas depois, completamente
embriagado, na saída do trabalho, encontra seu chefe Plínio, que fora o responsável por sua exoneração. Assim,
com a intenção de causar a morte de Plínio, resolve empurrá-lo na direção de um ônibus que trafegava pela rua,
vindo a vítima efetivamente a ser atropelada. Levado para o hospital totalmente consciente, mas com uma lesão
significativa na perna a justificar o recebimento de analgésicos, Plinio vem a falecer, reconhecendo o auto de
necropsia que a causa da morte foi unicamente envenenamento, decorrente de erro na medicação que lhe fora
ministrada ao chegar ao hospital, já que o remédio estaria fora de validade e sequer seria adequado no tratamento
da perna da vítima. Lúcio foi denunciado, perante o Tribunal do Júri, pela prática do crime de homicídio consumado,
imputando a denúncia a agravante da embriaguez preordenada. Confirmados os fatos, no momento das alegações
finais da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, sob o ponto de vista técnico, a defesa deverá pleitear

a) o afastamento da agravante da embriaguez, ainda que adequada a pronúncia pelo crime de homicídio
consumado.
b) o afastamento, na pronúncia, da forma consumada do crime, bem como o afastamento da agravante da
embriaguez.
c) o afastamento, na pronúncia, da forma consumada do crime, ainda que possível a manutenção da agravante
da embriaguez.
d) a desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de morte, bem como o afastamento da agravante
da embriaguez.

5) FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XII - Primeira Fase – Dolo eventual x culpa consciente
Wilson, competente professor de uma autoescola, guia seu carro por uma avenida à beira-mar. No banco do carona
está sua noiva, Ivana. No meio do percurso, Wilson e Ivana começam a discutir: a moça reclama da alta velocidade
empreendida. Assustada, Ivana grita com Wilson, dizendo que, se ele continuasse naquela velocidade, poderia
facilmente perder o controle do carro e atropelar alguém. Wilson, por sua vez, responde que Ivana deveria deixar
de ser medrosa e que nada aconteceria, pois se sua profissão era ensinar os outros a dirigir, ninguém poderia ser
mais competente do que ele na condução de um veículo. Todavia, ao fazer uma curva, o automóvel derrapa na
areia trazida para o asfalto por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado e acaba ocorrendo o
atropelamento de uma pessoa que passava pelo local. A vítima do atropelamento falece instantaneamente. Wilson
e Ivana sofrem pequenas escoriações. Cumpre destacar que a perícia feita no local constatou excesso de
velocidade. Nesse sentido, com base no caso narrado, é correto afirmar que, em relação à vítima do atropelamento,
Wilson agiu com

a) dolo direto.
b) dolo eventual.
c) culpa consciente.
d) culpa inconsciente.

6) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase – Suspensão condicional da pena
Cátia procura você, na condição de advogado(a), para que esclareça as consequências jurídicas que poderão advir
do comportamento de seu filho, Marlon, pessoa primária e de bons antecedentes, que agrediu a ex-namorada ao
encontrá-la em um restaurante com um colega de trabalho, causando-lhe lesão corporal de natureza leve. Na
oportunidade, você, como advogado(a), deverá esclarecer que:

a) o início da ação penal depende de representação da vítima, que terá o prazo de seis meses da
descoberta da autoria para adotar as medidas cabíveis.
b) no caso de condenação, em razão de ser Marlon primário e de bons antecedentes, poderá a pena
privativa de liberdade ser substituída por restritiva de direitos.
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c) em razão de o agressor e a vítima não estarem mais namorando quando ocorreu o fato, não será
aplicada a Lei nº 11.340/06, mas, ainda assim, não será possível a transação penal ou a suspensão
condicional do processo.
d) no caso de condenação, por ser Marlon primário e de bons antecedentes, mostra-se possível a
aplicação do sursis da pena.

7) FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase – Livramento condicional
Fabrício cumpria pena em livramento condicional, em razão de condenação pela prática de crime de lesão corporal
grave. Em 10 de janeiro de 2018, quando restavam 06 meses de pena a serem cumpridos, ele descobre que foi
novamente condenado, definitivamente, por crime de furto que teria praticado antes dos fatos que justificaram sua
condenação pelo crime de lesão. A pena aplicada em razão da nova condenação foi de 02 anos e 06 meses de
pena privativa de liberdade em regime inicial semiaberto. Apesar disso, somente procura seu(sua) advogado(a) em
05 de agosto de 2018, esclarecendo o ocorrido. Ao consultar os autos do processo de execução, o(a) advogado(a)
verifica que, de fato, existe a nova condenação, mas que, até o momento, não houve revogação ou suspensão do
livramento condicional. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Fabrício, de acordo
com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, deverá esclarecer que

a) poderá haver a revogação do livramento condicional, tendo em vista que a nova condenação por crime
doloso, aplicada pena privativa de liberdade, é causa de revogação obrigatória do benefício.
b) não poderá haver a revogação do livramento condicional, tendo em vista que a nova condenação é apenas
prevista como causa de revogação facultativa do benefício e não houve suspensão durante o período de
prova.
c) não poderá haver a revogação do livramento condicional, tendo em vista que a nova condenação não é
prevista em lei como causa de revogação do livramento condicional, já que o fato que a justificou é anterior
àquele que gerou a condenação em que cumpre o benefício.
d) não poderá haver a revogação do livramento condicional, pois ultrapassado o período de prova, ainda que
a nova condenação seja prevista no Código Penal como causa de revogação obrigatória do benefício.

8) FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase


Américo é torcedor fanático de um grande clube brasileiro, que disputa todos os principais campeonatos nacionais
e internacionais. Américo recebeu a notícia de que seu clube iria jogar uma partida no estádio de sua cidade, porém,
ao tentar adquirir os ingressos, descobriu que estes já haviam se esgotado. André, seu vizinho, torcedor do time
rival, sempre incomodado com os gritos de comemoração que Américo soltava em dias de jogo, resolveu se vingar,
oferecendo ingressos falsos para Américo. Sem saber da falsidade, Américo aceitou a oferta, porém, no momento
da concretização do pagamento, percebeu, por sua acurada expertise no tema ingressos de futebol, que os
ingressos eram falsos.
Com base na situação hipotética, é correto afirmar que a conduta de André corresponde ao crime de

a) “cambismo”, do Estatuto do Torcedor, na modalidade tentada.


b) falsificação de documento público.
c) estelionato, na modalidade tentada.
d) uso de documento falso.

9) FGV - 2022 - OAB - XXXVI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Robson, diretor-presidente da Sociedade Empresária RX Empreendimentos, telefona para sua secretária Camila e
solicita que ela compareça à sua sala. Ao ingressar no recinto, Camila é convidada para sentar ao lado de Robson
no sofá, pois ele estaria precisando conversar com ela.
Apesar de achar estranho o procedimento, Camila se senta ao lado de seu chefe. Durante a conversa, Robson
afirma que estaria interessado nela e a convida para ir a um motel. Camila recusa o convite e, ato contínuo, Robson
afirma que se ela não aceitar, nem precisa retornar ao trabalho no dia seguinte, pois estaria demitida.
Camila, desesperada, sai da sala de seu chefe, pega sua bolsa e vai até a Delegacia Policial do bairro para registrar
o fato. Diante das informações apresentadas, é correto afirmar que a conduta praticada por Robson se amolda ao
crime de
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a) tentativa de assédio sexual (Art. 216-A), não chegando o crime a ser consumado na medida em que se trata
de crime material, exigindo a produção do resultado, o que não ocorreu na hipótese;
b) assédio sexual consumado, uma vez que o delito é formal, ocorrendo a sua consumação
independentemente da obtenção da vantagem sexual pretendida;
c) fato atípico, uma vez que a conduta praticada por Robson configura mero ato preparatório do crime de
assédio sexual, sendo certo que os atos preparatórios não são puníveis;
d) importunação sexual (Art. 215-A), uma vez que Robson praticou, contra a vontade de Camila, ato visando
à satisfação de sua lascívia.

10) FGV - 2022 - OAB - XXXVI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Túlio e Alfredo combinaram de praticar um roubo contra uma joalheria. Os dois ingressam na loja, e Alfredo, com o
emprego de arma de fogo, exige que Fernanda, a vendedora, abra a vitrine e entregue os objetos expostos.
Enquanto Alfredo vasculha as gavetas da frente da loja, Túlio ingressa nos fundos do estabelecimento com
Fernanda, em busca de joias mais valiosas, momento em que decide levá-la ao banheiro e, então, mantém com
Fernanda conjunção carnal. Após, Túlio e Alfredo fogem com as mercadorias.
Em relação às condutas praticadas por Túlio e Alfredo, assinale a afirmativa correta.

a) Túlio e Alfredo responderão por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego
de arma de fogo, e pelo delito de estupro, em concurso material.
b) Túlio responderá por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e estupro; Alfredo responderá por
roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo.
c) Alfredo e Túlio responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma de
fogo; Túlio também responderá por estupro, em concurso material.
d) Túlio e Alfredo responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma de
fogo; Túlio responderá por estupro, ao passo que Alfredo responderá por participação de menor importância
no delito de estupro.

11) FGV - 2022 - OAB - XXXV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
No dia 31/12/2020, na casa da genitora da vítima, Fausto, com 39 anos, enquanto conversava com Ana Vitória, de
12 anos de idade, sem violência ou grave ameaça à pessoa, passava as mãos nos seios e nádegas da adolescente,
conduta flagrada pela mãe da menor, que imediatamente acionou a polícia, sendo Fausto preso em flagrante.
Preocupada com eventual represália e tendo interesse em ver o autor do fato punido, em especial porque sabe que
Fausto cumpre pena em livramento condicional por condenação com trânsito em julgado pelo crime de latrocínio, a
família de Ana Vitória procura você, na condição de advogado(a), para esclarecimento sobre a conduta praticada.
Por ocasião da consulta jurídica, deverá ser esclarecido que o crime em tese praticado por Fausto é o de

a) estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP), não fazendo jus Fausto, em caso de eventual condenação, a novo
livramento condicional.
b) importunação sexual (Art. 215-A do CP), não fazendo jus Fausto, em caso de eventual condenação, a novo
livramento condicional.
c) estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP), podendo Fausto, em caso de condenação, após cumprimento de
determinado tempo de pena e observados os requisitos subjetivos, obter novo livramento condicional.
d) importunação sexual (Art. 215-A do CP), podendo Fausto, em caso de condenação, após cumprimento de
determinado tempo de pena e observados os requisitos subjetivos, obter novo livramento condicional.

12) FGV - 2022 - OAB - XXXV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Para satisfazer sentimento pessoal, já que tinha grande relação de amizade com Joana, Alan, na condição de
funcionário público, deixou de praticar ato de ofício em benefício da amiga. O supervisor de Alan, todavia, identificou
o ocorrido e praticou o ato que Alan havia omitido, informando os fatos em procedimento administrativo próprio.
Após a conclusão do procedimento administrativo, o Ministério Público denunciou Alan pelo crime de corrupção
passiva consumado, destacando que a vantagem obtida poderia ser de qualquer natureza para tipificação do delito.
Confirmados os fatos durante a instrução, caberá à defesa técnica de Alan pleitear sob o ponto de vista técnico, no
momento das alegações finais,
a) o reconhecimento da tentativa em relação ao crime de corrupção passiva.
b) a desclassificação para o crime de prevaricação, na forma tentada
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c) a desclassificação para o crime de prevaricação, na forma consumada.


d) o reconhecimento da prática do crime de condescendência criminosa, na forma consumada.

13) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
João e Carlos procuram Paulo para que, juntos, pratiquem um crime de roubo de carga. Apesar de se recusar a
acompanhá-los na ação delituosa, Paulo oferece a garagem de sua casa para a guarda da carga roubada, conduta
que seria fundamental na empreitada criminosa, já que João e Carlos não teriam outro local para esconder os bens
subtraídos. Apenas por terem conseguido o acordo com Paulo, João e Carlos operam a subtração. Ao chegarem à
casa de Paulo, este lhes informa que a garagem estava ocupada naquele momento e não poderia mais ser utilizada.
Assim, o trio que dividiria os lucros procura o vizinho Pedro e, após contarem o ocorrido, pedem a garagem
emprestada por um tempo, proposta que é aceita por Pedro. Sendo todos os fatos apurados e recuperada a carga
na garagem de Pedro, as famílias de Paulo e Pedro procuram um(a) advogado(a) para saber acerca da situação
jurídica deles.
Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá esclarecer que:

a) ambos poderão ser responsabilizados pelo crime de roubo majorado.


b) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de
receptação.
c) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de
favorecimento real.
d) Pedro e Paulo poderão ser responsabilizados pelo crime de favorecimento real.

14) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. Logo após realizado o parto, ela, sob influência do estado puerperal,
comparece ao berçário da maternidade, no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar-se de seu filho, ela,
com uma corda, asfixia Bruno, filho recém-nascido do casal Marta e Rogério, causando-lhe a morte. Descobertos
os fatos, Regina é denunciada pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de aumento de pena pela
idade da vítima.
Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de Regina, em alegações finais da primeira fase do procedimento
do Tribunal do Júri, deverá requerer

a) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa de
aumento, diante do erro de tipo.
b) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser reconhecida
a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente.
c) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser
reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de
quem se pretendia atingir.
d) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a
agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se
pretendia atingir.

15) FGV - 2018 - OAB - XXVI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Cadu, com o objetivo de matar toda uma família de inimigos, pratica, durante cinco dias consecutivos, crimes de
homicídio doloso, cada dia causando a morte de cada um dos cinco integrantes da família, sempre com o mesmo
modus operandi e no mesmo local. Os fatos, porém, foram descobertos, e o autor, denunciado pelos cinco crimes
de homicídio, em concurso material.
Com base nas informações expostas e nas previsões do Código Penal, provada a autoria delitiva em relação a todos
os delitos, o advogado de Cadu:
a) não poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, tendo em vista que os crimes foram
praticados com violência à pessoa, somente cabendo reconhecimento do concurso material.
b) não poderá buscar o reconhecimento de continuidade delitiva, tendo em vista que os crimes foram
praticados com violência à pessoa, podendo, porém, o advogado pleitear o reconhecimento do concurso
formal de delitos.
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c) poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, mesmo sendo o delito praticado com violência
contra a pessoa, cabendo, apenas, aplicação da regra de exasperação da pena de 1/6 a 2/3.
d) poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, mas, diante da violência contra a pessoa e da
diversidade de vítimas, a pena mais grave poderá ser aumentada em até o triplo.
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Gabaritos das Questões:

1-C 2-B 3-B 4-B 5-C

6-D 7-D 8-C 9-B 10 - C

11 - A 12 - C 13 - C 14 - B 15 - D
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