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Direito Penal
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Sumário
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Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
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omitir, ou seja, deixar de agir, quando lhe era possível, responderá pelo resultado gerado. Ex.:
mãe que deixa de alimentar o filho, que, por conta da sua negligência, acaba morrendo por
inanição. Essa mãe deverá responder pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se,
de outro lado, a mãe desejou a morte do filho ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por
homicídio doloso.
b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado: aqui a
obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de o agente ter assumido
a responsabilidade de impedi-lo. Ex.: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamente
sua obrigação de cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e, por isso, morre afogada.
Nesse caso, responderá pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado,
desejou a morte da criança ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso.
c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado: nesta
hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo para bens jurídicos
alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado a evitar que ele
se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. Ex.: aluno veterano, por ocasião de um trote
acadêmico, sabendo que a vítima não sabe nadar, joga o incauto calouro na piscina. Nesse caso,
contrai o dever jurídico de agir para evitar o resultado, sob pena de responder por homicídio.
A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam
obrigação de agir na situação.
B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir
por ser pai da criança.
C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir.
D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro.
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2.3. Efeitos
• Nos exemplos acima, o agente responderá pelo crime de lesão corporal (leve,
grave ou gravíssima, conforme o caso);
• Jamais o sujeito responderá por tentativa;
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3. Arrependimento posterior
Assim, se o agente subtraiu uma TV do seu local de trabalho e, ao chegar em casa com
a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia
seguinte, mesmo quando o fato já havia sido registrado na delegacia, haverá arrependimento
posterior, com reflexo na dosimetria da pena.
Se o crime for praticado com violência ou grave ameaça, ou, se praticado sem violência
ou grave ameaça, mas a reparação do dano ou restituição da coisa aconteceu depois do
recebimento da denúncia, incidirá a atenuante do artigo 65, III, “b”, do CP.
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revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido. Intimado
pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível
responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita esclarecimentos sobre a sua situação
jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. Na ocasião da assistência jurídica,
o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a)
4. Crime impossível
Instrumento
Ineficácia absoluta do
meio
Modo de execução
Crime impossível
O crime impossível por ineficácia absoluta do meio guarda relação com o meio de
execução ou instrumento utilizado pelo agente, que, por sua natureza, será incapaz de produzir
qualquer resultado, ou seja, jamais alcançará a consumação do delito. É o caso do agente que,
pretendendo matar a vítima, usa como meio executório arma completamente defeituosa, que
jamais efetuaria qualquer disparo.
O crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto guarda relação com o
objeto material, compreendendo a pessoa ou coisa sobre o qual recai a conduta do agente.
Tomemos como exemplo a conduta do agente que, pretendendo matar a vítima, desfere vários
disparos de arma de fogo contra o seu corpo, verificando-se, após, que, ao receber os disparos,
já se encontrava morta, em decorrência de ter sofrido, momentos antes, fulminante ataque
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O sujeito sabe o que está fazendo, mas falta potencial consciência de que a conduta é
ilícita.
O erro de proibição escusável, inevitável ou invencível ocorre quando o erro sobre a
ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo-se o ser humano da sua diligência ordinária.
Ex.: um telejornal de alcance nacional informa, de forma equivocada, a aprovação da lei que
autoriza a eutanásia de doentes em estágio terminal. Não havendo nenhuma razão para duvidar
da veracidade da notícia, o agente dirige-se até o hospital e desliga os aparelhos que mantinham
vivo um ente querido, que se encontrava sofrendo com a doença que o acometia e em estágio
terminal, causando-lhe a morte. Praticou fato típico e ilícito, mas lhe faltou potencial consciência
da ilicitude, incidindo o erro de proibição inevitável, cuja consequência será a exclusão da
culpabilidade.
O erro de proibição inescusável ou evitável ocorre quando o erro sobre a ilicitude do
fato que não se justifica, pois, se tivesse havido um mínimo de empenho em se informar, o agente
poderia ter tido conhecimento da realidade. O critério de aferição do erro de proibição
inescusável, vencível ou evitável encontra-se no parágrafo único do art. 21 do CP, segundo o
qual “considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”. Tratando-se
de erro de proibição evitável, permanece hígida a culpabilidade do agente, sendo, no entanto,
causa de diminuição da pena de um sexto a um terço.
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Pretende atingir
Erro na Atinge pessoa
determinada
identificação diversa
pessoa
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A aberratio ictus pode ocorrer quando, por acidente, o agente, em vez de atingir a pessoa
pretendida, atinge pessoa diversa. Suponhamos, nesse caso, que o agente pretende matar
Wilson, deixando na sua mesa de trabalho uma xícara de café contendo veneno. Todavia, quem
toma o café é Pedro, que acaba falecendo.
Pode ocorrer também quando, por erro nos meios de execução, o agente, em vez de
atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa. Ex.: agente pretendendo matar Wilson,
visualiza a vítima, tendo-a como certa, faz a mira e efetua o disparo, mas, no entanto, erra o alvo
pretendido, atingindo pessoa diversa, que se encontrava próxima ao local.
A consequência jurídica da conduta do agente encontra-se retratada no art. 73, 1a parte,
do CP, que faz expressa remissão ao art. 20, § 3o, do CP. Ou seja, na hipótese de erro na
execução, deve-se observar o disposto no art. 20, § 3o, segundo o qual, embora tenha atingido
pessoa diversa, o agente deve receber tratamento penal considerando-se as condições ou
qualidades da pessoa pretendida (vítima virtual), desprezando-se as condições pessoais da
vítima efetivamente atingida.
Na aberratio ictus com resultado duplo, o agente, além de atingir a vítima pretendida,
atinge também pessoa diversa. Nesse caso, com uma única ação, o agente produz mais de um
resultado: atinge a pessoa pretendida e também pessoa diversa. Por essa razão, o art. 73, 2 a
parte, do CP faz expressa remissão ao art. 70 do CP, devendo ser aplicada a regra do concurso
formal de crimes.
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A) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa
de aumento, diante do erro de tipo.
B) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser
reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente.
C) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo
ser reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as
características de quem se pretendia atingir.
D) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida
a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se
pretendia atingir.
Na coação moral, o agente coator, para alcançar o resultado desejado, emprega grave
ameaça contra o coagido, que, por medo de suportar um mal grave contra si ou contra outrem,
acaba realizando a conduta criminosa exigida. A coação empregada pelo agente vicia a vontade
do coagido, retirando-lhe a exigência de se comportar de modo diferente. Nesse caso, em
relação ao coagido, incide a causa de exclusão da culpabilidade decorrente da inexigibilidade de
conduta diversa.
Ex.: se o sujeito é coagido a assinar um documento falso, responde pelo crime de falsidade
o autor da coação. O coato não responde pelo crime, uma vez que sobre o fato incide a causa
de exclusão da culpabilidade. Assim, quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob
coação moral irresistível, não há culpabilidade em face da inexigibilidade de outra conduta (não
é reprovável o comportamento). A culpabilidade desloca-se da figura do coato para a do coator.
Convém sinalar que, se o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, não praticará
crime por ausência de conduta. Trata-se de causa excludente da tipicidade.
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§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.
Critério de proporcionalidade:
• Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão;
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Internação
Medida de
segurança
Tratamento
ambulatorial
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A) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez culposa, podendo ser reconhecida causa de
diminuição de pena, já que a embriaguez era completa.
B) conduta típica e ilícita, mas não culpável, diante da embriaguez culposa, afastando a culpabilidade do
agente.
C) crime de lesão corporal grave, com reconhecimento de agravante, diante da embriaguez preordenada.
D) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez voluntária.
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A) Túlio e Alfredo responderão por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e
emprego de arma de fogo, e pelo delito de estupro, em concurso material.
B) Túlio responderá por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e estupro; Alfredo responderá
por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo.
C) Alfredo e Túlio responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma
de fogo; Túlio também responderá por estupro, em concurso material.
D) Túlio e Alfredo responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma
de fogo; Túlio responderá por estupro, ao passo que Alfredo responderá por participação de menor
importância no delito de estupro.
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Logo, nos crimes apenados com detenção, não é possível ao juiz fixar o regime inicial
fechado, podendo, no entanto, haver regressão para o regime fechado, no caso, por exemplo,
de falta grave.
Súm. nº 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos
reincidentes condenados à pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias
judiciais”.
Além disso, a imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada,
não se revestindo a gravidade em abstrato do delito motivação idônea para a fixação do regime
de cumprimento de pena mais severo do que a pena aplicada exigir. É o que se extrai das Súm.
nº 718 e 719 do STF, e Súm. nº 440 do STJ.
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Tratando-se de concurso de crimes, deve-se levar em conta o total da pena imposta, por
conta da aplicação das regras do cúmulo material ou exasperação da pena. Dessa forma, se
aplicadas as regras do concurso material, concurso formal e crime continuado, e o total da pena
privativa de liberdade efetivamente imposta não exceder a 4 (quatro) anos, será possível a
substituição por pena alternativa.
No caso de condenação por crime culposo, a substituição será possível,
independentemente da quantidade da pena imposta, não existindo tal requisito, ainda que resulte
violência contra a pessoa, por exemplo, no homicídio culposo do Código Penal (art. 121, § 3º,
CP) e no homicídio culposo na condução de veículo automotor (art. 302 do CTB).
b) Natureza do crime cometido: em relação aos crimes dolosos, as penas restritivas de
direitos são aplicáveis aos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa.
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Ocorre o concurso material, também chamado de real, quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput, do CP).
Há, pois, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados.
Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas, pelo
concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico para
cada um dos delitos. Ex.: o agente pratica o crime de estupro (art. 213 do CP) e, para assegurar
a sua impunidade, mata, na sequência, a vítima (art. 121, § 2º, V, do CP). Imaginemos que o juiz
fixe, em relação ao delito de estupro, a pena de 8 (oito) anos; e em relação ao crime de homicídio
qualificado, a pena de 20 (vinte) anos. Ao final, verificando-se tratar de concurso material de
crimes, o Magistrado aplicará o sistema do cúmulo material, somando as penas, alcançando a
pena definitiva de 28 anos.
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uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69
deste Código.
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput, do CP). Há unidade de conduta e pluralidade de
crimes.
O concurso formal perfeito, ou próprio, está previsto na primeira parte do art. 70 do
CP. Ocorre quando o agente pratica duas ou mais infrações penais por meio de uma única
conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou
mais resultados, sem desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados.
Desígnio autônomo caracteriza-se pelo fato de o agente pretender, mediante uma única
conduta, atingir dois ou mais resultados. Ou seja, o agente, mediante uma ação ou omissão, age
com consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente.
Assim, se, por exemplo, o agente, na condução de veículo automotor, atropela e causa a
morte de uma pessoa e lesão corporal em outra, pratica crime de homicídio culposo na condução
de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal perfeito, já que não tinha desígnios
autônomos em relação a cada um dos resultados.
Em relação ao concurso formal perfeito, ou próprio, o Código Penal adotou o sistema
de exasperação da pena. Aplica-se a pena do crime mais grave ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.
No concurso formal imperfeito, ou impróprio, o agente, mediante uma ação ou omissão,
pretende, de forma consciente e voluntária, o resultado em relação a cada um dos crimes.
Ex.: o agente provoca fogo em uma residência com a intenção de matar todos os
moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos
moradores da residência.
A expressão “desígnios autônomos” abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual.
Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com
dolo direto e outro com dolo eventual.
No concurso formal imperfeito, ou impróprio, por conta do maior grau de reprovabilidade
da conduta do agente, visando a não beneficiar agente que agiu com desígnios autônomos em
relação a cada resultado, as penas devem ser somadas, adotando-se o critério do cúmulo
material, nos termos do art. 70, caput, 2ª parte, do CP.
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Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do
primeiro.
Para a incidência das regras do crime continuado é preciso verificar a presença de
requisitos dispostos no art. 71 do CP, consistentes: a) na pluralidade de condutas; b) na
pluralidade de crimes da mesma espécie; c) nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes.
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10) FGV - 2021 - OAB – 33º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Félix, com dolo de matar seus vizinhos Lucas e Mário, detona uma granada na varanda da casa desses,
que ali conversavam tranquilamente, obtendo o resultado desejado. Os fatos são descobertos pelo
Ministério Público, que denuncia Félix por dois crimes autônomos de homicídio, em concurso material.
Após regular procedimento, o Tribunal do Júri condenou o réu pelos dois crimes imputados e o
magistrado, ao aplicar a pena, reconheceu o concurso material. Diante da sentença publicada, Félix
indaga, reservadamente, se sua conduta efetivamente configuraria concurso material de dois crimes de
homicídio dolosos. Na ocasião, o(a) advogado(a) do réu, sob o ponto de vista técnico, deverá esclarecer
ao seu cliente que sua conduta configura dois crimes autônomos de homicídio,
A) em concurso material, sendo necessária a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos.
B) devendo ser reconhecida a forma continuada e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação
de uma das penas e não do cúmulo material.
C) devendo ser reconhecido o concurso formal próprio e, consequentemente, aplicada a regra da
exasperação de uma das penas e não do cúmulo material.
D) devendo ser reconhecido o concurso formal impróprio, o que também imporia a regra da soma das
penas aplicadas.
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Observações importantes:
a) Homicídio simples (art. 121, caput): o homicídio simples se dá por exclusão, ou seja,
quando não presente nenhuma circunstância qualificadora prevista no parágrafo 2º. Via de regra
não é considerado crime hediondo, somente se for praticado mediante atividade típica de grupo
de extermínio.
b) Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º do CP): o artigo 121, § 1º, do Código Penal,
descreve o homicídio privilegiado como o fato de o sujeito cometer o delito impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
c) Homicídio qualificado (art. 121, § 2º CP): é o homicídio praticado com circunstâncias
legais que integram o tipo penal incriminador, alterando para mais a faixa de fixação da pena.
Dizem respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios e modos de execução,
reveladores de maior periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do agente. Portanto,
da pena de reclusão de 06 a 20 anos, prevista para o homicídio simples, passa-se ao mínimo de
12 e ao máximo de 30 para a figura qualificada. Tentado ou consumado, o homicídio doloso
qualificado é crime hediondo, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.072/90.
d) Feminicídio: a partir da edição da Lei nº 13.104/2015, o crime de homicídio passou a
ser qualificado também se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Nos termos do artigo 121, parágrafo 2º-A, o legislador considera que há razões de
condição de sexo feminino quando o crime envolve:
Para o STJ a qualificadora do feminicídio pode ser cumulada com o motivo torpe ou fútil
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I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua vulnerabilidade;
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela.
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Art. 122, §1º, do CP. Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal
de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
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Por fim, é de ressaltar que o suicida com RESISTÊNCIA NULA, pelos abalos ou situações
supramencionadas, incluindo-se a idade inferior a 14 anos, haverá o emprego das regras
especiais estabelecidas nos parágrafos 6º e 7º do CP.
f) Pacto de morte: é possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte,
deliberando morrer ao mesmo tempo.
Se cada uma das pessoas ingerir veneno, de per si, por exemplo, aquela que sobreviver
responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra.
Se uma delas ministrar diretamente o veneno na outra, a que sobreviver responderá por
homicídio. Em síntese, os atos executórios contra a própria vida devem partir exclusivamente da
vítima.
1.3. Infanticídio
Princípio da especialidade:
*Para todos verem: esquema.
Influência do estado
Elemento subjetivo
puerperal (perícia)
Durante o parto ou
Elemento temporal
logo após
Marco inicial: início do parto (eliminação da vida humana durante o parto ou logo após).
Antes do início do parto: aborto.
Atenção ao erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, do CP.
1.4. Aborto
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Divisão:
*Para todos verem: esquema.
Autoaborto (1)
Gestante - 124 do CP
Aborto consentido (2)
I - necessário/terapêutico:
Aborto legal - 128 do CP se não há outro meio de
salvar a gestante (não
Médico precisa de autorização da
gestante/rep. legal)
II - sentimental/humanitário:
Aborto legal - 128 do CP se a gravidez resulta de
estupro (precisa de
Médico autorização da
gestante/rep. legal)
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2. Lesão corporal
Na lesão corporal o agente atua com animus laedendi, ou seja, age com a intenção de
produzir uma lesão corporal na vítima. Assim sendo, o agente não tem intenção de matar nem
assume o risco de produzir o resultado morte, pois, em tal caso, responderia pelo crime de
homicídio.
a) Lesão corporal dolosa lesão corporal dolosa, regra geral, varia de acordo com o grau
da lesão corporal, podendo ser simples (exclusão), grave (parágrafo 1º), gravíssima (parágrafo
2º) ou seguida de morte (parágrafo 3º).
Atenção:
• Lesão corporal grave:
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A lesão corporal seguida de morte possui natureza preterdolosa, ou seja, deve o agente
agir com dolo em relação à conduta inicial (lesão corporal) e culpa em relação ao resultado morte.
Trata-se de crime expressamente subsidiário, somente podendo ser reconhecido na
impossibilidade do homicídio (se o agente agiu com dolo direto ou dolo eventual em relação ao
resultado morte).
b) Lesão corporal culposa: a lesão corporal culposa não varia de acordo com a
intensidade, sempre será culposa (se agindo com negligência, imprudência ou imperícia).
Reputação
Calúnia e
Honra objetiva social do
difamação
indivíduo
Bem jurídico:
honra
Imagem
Honra subjetiva pessoal perante Injúria
ele mesmo
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Retratação:
Ação penal:
Conforme se extrai do art. 145 do CP, nos crimes contra a honra, a regra é a de ação
penal privada da vítima ou do seu representante legal. Todavia, resultando lesão física na vítima
(injúria real com lesão corporal), apura-se o crime mediante ação penal pública incondicionada.
No entanto, com o advento da Lei no 9.099/1995, alguns autores entendem que se trata de ação
penal pública condicionada à representação, já que é a prevista para os crimes de lesão corporal
leve.
Será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido contra
funcionário público, no exercício das funções (art. 141, II), e condicionada à requisição do
Ministro da Justiça no caso do inciso I do art. 141 (contra o Presidente da República ou Chefe
de Governo Estrangeiro).
Convém ressaltar a Súm. no 714 do STF:
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Por último, vale destacar que a injúria qualificada do parágrafo 3º do artigo 140 será de
ação penal pública condicionada à representação enquanto a injúria racial (art. 2º-A da Lei nº
7.716 de 1989) será de ação penal pública incondicionada.
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4.3. Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade
de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
Redução da
Violência Grave ameaça capacidade de
resistência
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diante de um crime mais grave que o furto, na medida em que a subtração é realizada mediante
o emprego de grave ameaça ou violência contra a pessoa, ou por qualquer outro meio que reduza
a capacidade de resistência da vítima.
Roubo próprio (artigo 157, caput) Roubo impróprio (artigo 157, § 1°)
Admite violência ou grave ameaça (violência Somente admite a violência ou grave
própria) ou violência imprópria (diminuição ameaça (violência própria).
da capacidade de resistência).
A violência ou grave ameaça é empregada A violência ou a grave ameaça é empregada
antes ou durante a subtração. após a subtração.
A violência ou a grave ameaça é empregada A violência ou grave ameaça é empregada
como meio para subtrair o bem para si ou para assegurar a impunidade ou a detenção
para terceiro. da coisa para si ou para terceiro.
4.4. Estelionato
a) Ação nuclear: consiste em induzir ou manter alguém em erro, mediante o emprego de
artifício, ardil, ou qualquer meio fraudulento, a fim de obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita em prejuízo alheio.
A característica primordial do estelionato é a fraude: engodo empregado pelo sujeito para
induzir ou manter a vítima em erro, com o fim de obter um indevido proveito patrimonial.
O meio de execução deve ser apto a enganar a vítima. Tratando-se de meio grotesco, que
facilmente demonstra a intenção fraudulenta, não há nem tentativa, por atipicidade do fato.
b) Consumação e tentativa: trata-se de crime material. Consuma-se com a obtenção da
vantagem ilícita indevida, em prejuízo alheio, ou seja, quando o agente aufere o proveito
econômico, causando dano à vítima. Via de regra, esses resultados ocorrem simultaneamente.
Há, assim, ao mesmo tempo, a obtenção de proveito pelo estelionatário e o prejuízo da vítima.
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e) Ação penal (art. 171, § 5° do CP): com o advento da Lei nº 13.964/19, a qual incluiu o
parágrafo 5° no artigo 171 do CP, o qual dispõe que a regra da ação penal no crime de estelionato
será pública condicionada à representação, com exceção nos casos em que a administração
pública (direta ou indireta), criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental ou maior de
70 anos de idade ou incapaz forem vítimas, hipóteses em que a ação penal será pública e
incondicionada.
11) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Américo é torcedor fanático de um grande clube brasileiro, que disputa todos os principais campeonatos
nacionais e internacionais. Américo recebeu a notícia de que seu clube iria jogar uma partida no estádio
de sua cidade, porém, ao tentar adquirir os ingressos, descobriu que estes já haviam se esgotado. André,
seu vizinho, torcedor do time rival, sempre incomodado com os gritos de comemoração que Américo
soltava em dias de jogo, resolveu se vingar, oferecendo ingressos falsos para Américo. Sem saber da
falsidade, Américo aceitou a oferta, porém, no momento da concretização do pagamento, percebeu, por
sua acurada expertise no tema ingressos de futebol, que os ingressos eram falsos.
Com base na situação hipotética, é correto afirmar que a conduta de André corresponde ao crime de
12) FGV - 2023 - OAB – 37° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Eduardo trabalha como porteiro do condomínio, e possui um primo, de nome Ygor, envolvido em vários
crimes. A semelhança entre ambos sempre foi notória.
Certa noite, após Eduardo se ausentar da portaria para colocar as lixeiras do prédio na rua, Ygor,
aproveitando-se dos traços físicos muito parecidos com os do seu primo, também vestido com um
uniforme idêntico, ingressa no edifício e subtrai vários pacotes endereçados aos moradores. Alguns
moradores viram a movimentação, mas pensaram que se tratava de Eduardo arrumando e conferindo os
pacotes.
Baseando-se no caso hipotético, Ygor cometeu
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B) estelionato.
C) falsa identidade.
D) furto qualificado por abuso de confiança.
13) FGV - 2023 - OAB – 37° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Silvio, mediante emprego da ameaça de “esquartejá-la com sua espada”, arrancou o cordão de ouro do
pescoço de Ana.
Após tal subtração, Silvio foi perseguido por policiais militares, que lograram prendê-lo em flagrante delito
e recuperar o bem subtraído da vítima.
É correto afirmar que Silvio cometeu crime de
A) extorsão tentada.
B) roubo tentado.
C) roubo impróprio.
D) roubo consumado.
5.3. Estupro
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Qualquer
Sujeito ativo
pessoa
Crime
bicomum
Qualquer
Sujeito passivo
pessoa
Tipo penal misto alternativo: desta feita, se o agente no mesmo contexto fático praticar
ato libidinoso diverso e conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça contra a mesma
vítima haverá apenas um crime de estupro e não concurso de crimes.
Prescindibilidade do contato físico entre o agente e a vítima: pode-se falar em crime
de estupro mesmo que não haja contato físico.
Estupro qualificado:
Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso diverso com menor de 14 anos (ainda que
não haja violência, ainda que haja o consentimento da vítima). Neste sentido vale destacar que
nos termos da súmula 593 do STF e do parágrafo 5 do artigo 217-a do CP a presunção de
vulnerabilidade será absoluta.
Outras pessoas consideradas vulneráveis:
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14) FGV - 2023 - OAB – 37º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Antônio, de 49 anos, manteve numerosas relações sexuais consensuais com Miriam, à época com 13
anos, que tinha experiência sexual anterior, durante o namoro entre eles. Antônio tinha conhecimento da
idade de Miriam. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
15) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Robson, diretor-presidente da Sociedade Empresária RX Empreendimentos, telefona para sua secretária
Camila e solicita que ela compareça à sua sala. Ao ingressar no recinto, Camila é convidada para sentar
ao lado de Robson no sofá, pois ele estaria precisando conversar com ela.
Apesar de achar estranho o procedimento, Camila se senta ao lado de seu chefe. Durante a conversa,
Robson afirma que estaria interessado nela e a convida para ir a um motel. Camila recusa o convite e,
ato contínuo, Robson afirma que se ela não aceitar, nem precisa retornar ao trabalho no dia seguinte,
pois estaria demitida.
Camila, desesperada, sai da sala de seu chefe, pega sua bolsa e vai até a Delegacia Policial do bairro
para registrar o fato. Diante das informações apresentadas, é correto afirmar que a conduta praticada por
Robson se amolda ao crime de
A) tentativa de assédio sexual (Art. 216-A), não chegando o crime a ser consumado na medida em que
se trata de crime material, exigindo a produção do resultado, o que não ocorreu na hipótese;
B) assédio sexual consumado, uma vez que o delito é formal, ocorrendo a sua consumação
independentemente da obtenção da vantagem sexual pretendida;
C) fato atípico, uma vez que a conduta praticada por Robson configura mero ato preparatório do crime de
assédio sexual, sendo certo que os atos preparatórios não são puníveis;
D) importunação sexual (Art. 215-A), uma vez que Robson praticou, contra a vontade de Camila, ato
visando à satisfação de sua lascívia.
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16) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
No dia 31/12/2020, na casa da genitora da vítima, Fausto, com 39 anos, enquanto conversava com Ana
Vitória, de 12 anos de idade, sem violência ou grave ameaça à pessoa, passava as mãos nos seios e
nádegas da adolescente, conduta flagrada pela mãe da menor, que imediatamente acionou a polícia,
sendo Fausto preso em flagrante.
Preocupada com eventual represália e tendo interesse em ver o autor do fato punido, em especial porque
sabe que Fausto cumpre pena em livramento condicional por condenação com trânsito em julgado pelo
crime de latrocínio, a família de Ana Vitória procura você, na condição de advogado(a), para
esclarecimento sobre a conduta praticada.
Por ocasião da consulta jurídica, deverá ser esclarecido que o crime em tese praticado por Fausto é o de
A) estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP), não fazendo jus Fausto, em caso de eventual condenação,
a novo livramento condicional.
B) importunação sexual (Art. 215-A do CP), não fazendo jus Fausto, em caso de eventual condenação, a
novo livramento condicional.
C) estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP), podendo Fausto, em caso de condenação, após cumprimento
de determinado tempo de pena e observados os requisitos subjetivos, obter novo livramento condicional.
D) importunação sexual (Art. 215-A do CP), podendo Fausto, em caso de condenação, após cumprimento
de determinado tempo de pena e observados os requisitos subjetivos, obter novo livramento condicional.
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Ex.: assim, uma escritura lavrada pelo funcionário do Cartório de Registro de Imóveis é
formalmente perfeita, pois a ele incumbe formar o instrumento público. Entretanto, se essa escrita
encerrar declarações falsas prestadas pelo particular, haverá o crime de falsidade ideológica.
Sujeitos do delito
• Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo. Caso seja funcionário
público, incidirá a causa de aumento de pena prevista no parágrafo único do artigo.
Consumação e tentativa
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A exceção diz respeito ao crime de descaminho, previsto no artigo 334 do CP, no qual STF
e STJ reconhecem a insignificância para valores até R$ 20.000,00.
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Direito Penal
O peculato próprio, na realidade, constitui uma apropriação indébita, só que praticada por
funcionário público com violação do dever funcional. Antes de ser uma ação lesiva aos interesses
patrimoniais da Administração Pública, é principalmente uma ação que fere a moralidade
administrativa, em virtude de quebra do dever funcional.
a) Peculato-apropriação (artigo 312, “caput”, 1ª parte do CP): é o denominado
peculato próprio. A ação nuclear típica consubstancia-se no verbo apropriar. Assim como no
crime de apropriação indébita, o agente tem a posse (ou detenção) lícita do bem móvel, público
ou particular, e inverte esse título, pois passa a comportar-se como se dono fosse, isto é,
consome-o, aliena-o.
Exemplo: servidor que tem em sua posse um notebook funcional e assina um termo de
responsabilidade do aparelho em questão. Após determinado tempo vende esse notebook a
terceiro.
b) Peculato-desvio (artigo 312, “caput”, 2ª parte do CP): é o denominado peculato
próprio. Está previsto na segunda parte do caput do art. 312: “ou desviá-lo, em proveito próprio
ou alheio”. O agente tem a posse da coisa e lhe dá destinação diversa da exigida por lei, agindo
em proveito próprio ou de terceiro.
Exemplo: servidor do Cartório que utiliza de R$ 1.000,00 que estão aprendidos no cofre e
empresta essa importância a alguém, devolvendo os mil reais depois mas ficando com os juros.
Observação importante: não confundir peculato-desvio com o peculato-uso que é fato
atípico, uma vez que no peculato de uso há o ânimo de temporariedade com a intenção de
posterior restituição de determinado bem infungível, por exemplo, no caso do policial que se
utiliza da viatura para levar o seu filho ao colégio.
Sujeitos do delito: trata-se de crime próprio. Somente o funcionário público (art. 327,
caput) e as pessoas a ele equiparadas legalmente (art. 327, §§1º e 2º) podem praticar o delito
de peculato.
A condição especial funcionário público, como elementar do crime de peculato, comunica-
se ao particular que eventualmente concorra, na condição de coautor ou partícipe, para a prática
do crime, nos termos da previsão do art. 30 do CP. Portanto, é perfeitamente possível o concurso
de pessoas, dada a comunicabilidade da elementar do crime (art. 30).
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Se comporta como
dono
Apropriação
Posse legítima
Peculato
d) Peculato culposo (artigo 312, parágrafo 2° do CP): o funcionário para ser punido
insere-se na figura do garante, prevista no art. 13, § 2º. Assim, tem ele o dever de agir, impedindo
o resultado de ação delituosa de outrem. Não o fazendo, responde por peculato culposo.
Extinção da punibilidade no peculato culposo – art. 312, § 3º: deve ser completa e
não exclui eventual sanção administrativa contra o funcionário. A extinção da punibilidade
somente aproveita o funcionário, autor do peculato culposo.
Consoante a segunda parte do § 3º, no crime culposo, se a reparação do dano é posterior
à sentença irrecorrível, isto é, transitada em julgado, haverá a redução de metade da pena
imposta.
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17) FGV - 2023 - OAB – 38º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Francisco, funcionário público concursado de uma autarquia federal, recebeu de seu órgão de atuação
um notebook funcional, tendo assinado o livro de carga referente ao objeto e assumido o compromisso
de zelar pelo bem da administração. Durante suas férias, Francisco viaja para uma pousada no interior
do estado de São Paulo e leva o computador na mochila, uma vez que tinha o costume de assistir séries
através do aparelho. Durante sua estadia na pousada, Francisco leva o notebook para a piscina e o coloca
na mesa onde deixara seus demais pertences. Após se ausentar por cerca de 40 minutos para jogar uma
partida de futebol, retorna para a piscina e constata que o notebook fora furtado. Desesperado, procura
a administração do local que após analisar as câmeras de segurança não consegue identificar quem teria
subtraído o computador.
Diante dos fatos, o órgão funcional ao qual Francisco era vinculado instaura procedimento administrativo
e, ato contínuo, encaminha pedido de instauração de Inquérito na Polícia Federal que culmina no
oferecimento de denúncia por parte do Ministério Público Federal pela prática do crime de peculato
culposo. Francisco procura a repartição pública e se oferece para pagar o valor referente ao notebook, o
que é aceito, sendo certo que o ressarcimento ao erário se deu antes do julgamento da ação penal.
Diante dos fatos narrados, é correto afirmar que Francisco
A) terá direito à redução de metade da pena pelo fato de o ressarcimento ter sido feito após o recebimento
da denúncia.
B) terá direito à extinção da punibilidade pelo fato de o ressarcimento ter sido feito antes da sentença
irrecorrível.
C) não terá direito à atenuante referente à reparação do dano, prevista no Art. 65, inciso III, alínea b, do
CP, na medida em que esta exige a reparação do dano antes do recebimento da denúncia.
D) poderá ser beneficiado pelo arrependimento posterior, previsto no Art. 16 do Código Penal em razão
de ter reparado o dano antes da sentença.
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Direito Penal
Consumação e tentativa:
a) Exigência indevida: aqui o delito se consuma no momento em que é feita a exigência
do tributo ou contribuição social. Trata-se de crime formal, portanto a consumação independe do
efetivo pagamento do tributo ou contribuição social pela vítima. A tentativa é possível. Ex. carta
contendo a exigência de vantagem, a qual é interceptada antes de chegar ao conhecimento da
vítima.
b) cobrança vexatória ou gravosa: consuma-se com o emprego do meio vexatório ou
gravoso na cobrança do tributo ou contribuição social, independentemente de seu efetivo
recebimento. A tentativa é possível.
Excesso de exação – forma qualificada – art. 316, § 2º: nessa modalidade mais gravosa
do crime de excesso de exação, pune-se o funcionário público que, em vez de recolher o tributo
ou contribuição social, indevidamente exigido (§1º), para os cofres públicos, desvia-o em proveito
próprio ou alheio.
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Ação nuclear: trata-se de crime de ação múltipla. Três são as condutas típicas previstas:
• Solicitar: pedir, manifestar que deseja algo. Não há o emprego de qualquer
ameaça explícita ou implícita. O funcionário solicita vantagem, e a vítima cede por
deliberada vontade;
• Receber: aceitar, entrar na posse. Significa obter, direta ou indiretamente, para
si ou para outrem, vantagem indevida. Aqui a proposta parte de terceiros e a ela
adere o funcionário, ou seja, o agente não só aceita a proposta como recebe a
vantagem indevida. Ao contrário da primeira modalidade, é condição essencial
para sua existência que haja a anterior configuração do crime de corrupção ativa,
isto é, o oferecimento de vantagem indevida (art. 333). Sem essa oferta pelo
particular, não há como falar em recebimento de vantagem.
• Aceitar a promessa de recebê-la: nessa modalidade típica basta que o
funcionário concorde com o recebimento da vantagem. Não há o efetivo
recebimento dela. Deve haver necessariamente uma proposta formulada por
terceiros, à qual adere o funcionário, mediante a aceitação de receber a
vantagem.
Classificação:
a) Corrupção passiva própria: o funcionário, em troca de alguma vantagem, pratica ou
deixa de praticar ato de ofício para beneficiar alguém. O ato a ser praticado pode ser ilegítimo,
ilícito ou injusto. É a chamada corrupção própria. Exemplo: o funcionário do cartório criminal
solicita indevida vantagem econômica para suprimir documentos do processo judicial.
b) Corrupção passiva imprópria: também configura o crime a prática de ato legítimo,
lícito, justo. É a chamada corrupção passiva imprópria. Exemplo: Oficial de justiça solicita
vantagem econômica ao advogado, a fim de dar prioridade ao cumprimento do mandado judicial
expedido em processo em que aquele atua.
Sujeitos do delito: trata-se de crime próprio. Portanto, o delito só pode ser cometido por
funcionário público em razão da função (ainda que esteja fora dela ou antes de assumi-la). Nada
impede, contudo, a participação do particular, ou de outro funcionário, mediante induzimento,
instigação ou auxílio.
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qualquer proveito, vantagem, podendo ser patrimonial ou moral. Quanto ao interesse patrimonial,
importa distinguir algumas situações:
• Se o ato praticado, retardado ou omitido tiver sido objeto de acordo anterior entre
o funcionário e o particular, visando aquele indevida vantagem, o crime passará a
ser outro: corrupção passiva;
• Se houver, anteriormente à prática ou omissão do ato, a exigência de vantagem
indevida pelo funcionário público, haverá o crime de concussão.
18) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Para satisfazer sentimento pessoal, já que tinha grande relação de amizade com Joana, Alan, na condição
de funcionário público, deixou de praticar ato de ofício em benefício da amiga. O supervisor de Alan,
todavia, identificou o ocorrido e praticou o ato que Alan havia omitido, informando os fatos em
procedimento administrativo próprio.
Após a conclusão do procedimento administrativo, o Ministério Público denunciou Alan pelo crime de
corrupção passiva consumado, destacando que a vantagem obtida poderia ser de qualquer natureza para
tipificação do delito.
Confirmados os fatos durante a instrução, caberá à defesa técnica de Alan pleitear sob o ponto de vista
técnico, no momento das alegações finais,
A) o reconhecimento da tentativa em relação ao crime de corrupção passiva.
B) a desclassificação para o crime de prevaricação, na forma tentada
C) a desclassificação para o crime de prevaricação, na forma consumada.
D) o reconhecimento da prática do crime de condescendência criminosa, na forma consumada.
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Direito Penal
A regra, pois, é que a atividade da lei penal se dê no período de sua vigência; a extra-
atividade, representada pela retroatividade da lei mais benéfica e pela ultratividade, configura
exceção a esta regra.
Ultratividade quer dizer que se a lei antiga for mais favorável, prevalecerá ao tempo da
vigência da lei nova, mesmo estando revogada.
A retroatividade da lei mais benéfica significa que a lei mais benigna prevalece sobre a
mais severa, prolongando-se além do instante de sua revogação ou retroagindo ao tempo em
que não tinha vigência.
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Por conferir tratamento severo, a novatio legis incriminadora, por evidente, não retroage
para alcançar fatos praticados antes da sua vigência, tendo eficácia, portanto, somente em
relação aos fatos praticados a partir da sua vigência.
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A) lei em vigor em janeiro de 2020, momento em que foi consumado o crime imputado, aplicando-se ao
Direito Penal o princípio do tempus regit actum;
B) lei em vigor a partir de fevereiro de 2020, ainda que mais gravosa, aplicando-se ao Direito Penal, em
relação ao tempo do crime, o princípio da ubiquidade.
C) lei em vigor em janeiro de 2020, por ser aplicável ao Direito Penal o princípio da irretroatividade da lei
penal mais gravosa;
D) lei em vigor a partir de fevereiro de 2020, ainda que mais gravosa, em razão da natureza permanente
do crime imputado a Ricardo.
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2.2. Condições
Durante o período do sursis, o condenado deve cumprir determinadas condições, sob
pena de ser revogada a medida e ter de cumprir a sanção privativa de liberdade. Essas condições
são: a) legais: impostas pela lei (arts. 78, § 1º, e 81 do CP); b) judiciais: impostas pelo juiz na
sentença (art. 79 do CP).
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3. Livramento condicional
3.1. Conceito
Trata-se de um instituto de política criminal, destinado a antecipar o retorno do condenado
ao convívio social, mediante determinadas condições e de forma precária, desde que
preenchidos os requisitos legais.
3.2. Requisitos
Os requisitos do livramento condicional, de ordem objetiva e subjetiva, encontram-se no
art. 83 do CP.
Os requisitos objetivos estão previstos no art. 83, I, II, IV e V, do CP, vinculando-se à pena
e à reparação do dano.
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1 HC 102.278/RJ. Superior Tribunal de Justiça. Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora Convocada do TJ/MG), 6 a Turma, julgado em
03/04/2008.
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de drogas. Nesse caso, não terá direito a livramento condicional, por ser reincidente específico
por crime de natureza hedionda e equiparado.
c) Reparação do dano, salvo efetiva impossibilidade: nos termos do art. 91, I, do CP,
a condenação torna certa a obrigação de indenizar o dano resultante do crime. Assim, o
condenado não pode obter o livramento condicional enquanto não reparar o dano causado, salvo
quando insolvente.
Na prática, esse requisito tem limitado alcance, uma vez que, via de regra, os condenados
são pessoas pobres, absolutamente insolventes, sem a menor possibilidade de reparar o dano
causado.
d) Bom comportamento durante a execução da pena: o bom comportamento
carcerário, via de regra, é aferido com base no atestado emitido pelo diretor do estabelecimento
carcerário, considerando-se a conduta do condenado ao longo da execução da pena. Em outras
palavras, para a verificação do requisito subjetivo não se leva em conta o crime praticado pelo
condenado, mas seu comportamento durante o cumprimento da pena.
Convém sinalar, por pertinente, que a prática de falta grave não interrompe o prazo para
a concessão do livramento condicional. É o que se extrai da Súm. nº 441 do STJ, segundo a qual
“A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”.
De acordo com a Súm. nº 439/STJ, “admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades
do caso, desde que em decisão motivada”.
e) Não cometimento de falta grave nos últimos doze meses: a Lei nº 13.964/2019
acrescentou mais um requisito para a obtenção do livramento condicional, consistente no não
cometimento de falta grave nos últimos 12 meses de execução da pena.
As hipóteses de falta grave durante a execução da pena estão previstas no art. 50 da Lei
nº 7.210/1984.
Se o condenado praticou falta grave ao longo dos últimos 12 meses, não terá direito à
obtenção do livramento condicional, ainda que preenchidos os demais requisitos.
f) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído: trata-se de uma exigência
salutar para o retorno do condenado ao convívio social, mas, infelizmente, de pouca efetividade
prática, por conta da carência ou dificuldade de inserção do apenado no mercado de trabalho.
Ao referir-se a “trabalho que lhe foi atribuído”, fica claro que não se trata apenas das
atividades laborais desenvolvidas no interior do cárcere, mas também se refere ao trabalho
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efetuado fora da prisão, por exemplo, o serviço externo, tanto na iniciativa privada como na
pública.
g) Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto: a lei não
determina que o apenado deve ter emprego assegurado no momento da liberação. O que a lei
exige é a aptidão, isto é, a disposição, a habilidade, a inclinação do condenado para viver às
custas de seu próprio e honesto esforço.
h) Constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não
voltará a delinquir na hipótese de condenado por crime doloso, cometido com violência
ou grave ameaça: tratando-se de condenado por crime doloso cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento fica subordinada, além dos requisitos do art. 83
do CP, à constatação, mediante perícia, de condições pessoais que façam presumir que o
liberado não voltará a delinquir (art. 83, par. ún., do CP).
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Diante do caso narrado, acerca da possibilidade de Ronaldo vir a obter livramento condicional, assinale
a opção correta.
A) Não poderá obter livramento condicional em razão do não cabimento do instituto para crimes hediondos
com resultado morte.
B) Poderá obter o livramento condicional após o cumprimento de 2/3 da pena em razão de o latrocínio
ser crime hediondo, além de atender aos demais requisitos do art. 83 do Código Penal.
C) Poderá obter o livramento condicional após cumprir 1/3 da pena em razão de ser primário e possuir
bons antecedentes, além de atender aos demais requisitos do art. 83 do Código Penal.
D) Poderá obter o livramento condicional após cumprir 1/2 da pena em razão de o crime por ele praticado
ser hediondo, além de atender aos demais requisitos do art. 83 do Código Penal.
Qualquer
Sujeito ativo
pessoa
Crime
bicomum
Sujeito Qualquer
passivo pessoa
Características importantes:
a) Crime bicomum: no que tange ao sujeito ativo podemos afirmar que o delito em
questão possui natureza comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, da mesma forma
que qualquer pessoa também poderá figurar como sujeito passivo.
Entretanto, se o crime for cometido contra criança, adolescente ou idoso, ou ainda contra
mulher por razões da condição de sexo feminino temos a aplicação de causa de aumento de
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Súmula A cooperação
Coisa alheia e
da vítima é
móvel 582 do STJ dispensável
Roubo
X
Extorsão
Vantagem Súmula A cooperação
econômica da vítima é
indevida 96 do STJ indispensável
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concentra-se no fato de a extorsão exigir a participação ativa da vítima fazendo alguma coisa,
tolerando que se faça ou deixando de fazer algo em virtude da ameaça ou da violência sofrida.
b) Consumação: a extorsão atinge a consumação com a conduta típica imediatamente
anterior à produção do resultado visado pelo sujeito. Para a consumação, portanto, o agente deve
atingir o segundo estágio, isto é, a consumação ocorre quando a vítima cede ao constrangimento
imposto e faz ou deixa de fazer algo. Esse é o entendimento que prevalece na doutrina. Nesse
sentido, a Súm. n° 96 do STJ: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção
da vantagem indevida”.
A tentativa é admissível. Ocorre quando o sujeito passivo, não obstante constrangido pelo
autor por meio da violência física ou moral, não realiza a conduta positiva ou negativa pretendida,
por circunstâncias alheias à sua vontade.
c) Extorsão qualificada (art. 158, §2°): as duas hipóteses (lesão corporal grave ou morte)
elencadas, como no roubo, caracterizam condições de exasperação da punibilidade em razão
da maior gravidade do resultado. Inusitadamente, o legislador deixou de considerar hediondo o
crime de extorsão qualificada pelo resultado morte, ao dar nova redação ao art. 1º, III, da Lei nº
8.072/1990, que passou a prever como crime hediondo somente a extorsão qualificada pela
restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º).
d) Sequestro-relâmpago (art. 158, §3º): nada mais é do que uma modalidade qualificada
do delito de extorsão, na qual a privação da liberdade da vítima é condição indispensável para
obtenção da vantagem econômica pretendida pelo agente. Trata-se de crime hediondo, nos
termos do artigo 1º, inciso III da Lei nº 8.072/90.
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A) apenas o crime de sequestro do artigo 148 do CP, uma vez que o resgate não foi pago.
B) crime de extorsão qualificada mediante restrição de liberdade (sequestro-relâmpago) previsto no artigo
158, parágrafo 3º do CP.
C) crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP) na modalidade tentada, considerando a
natureza material do delito e que não houve pagamento de resgate.
D) crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP) na modalidade consumada, considerando a
natureza formal do delito e que eventual pagamento não é necessário para fins de consumação.
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7. Dano
Art. 163 do Código Penal
Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
(Dano qualificado):
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais
grave;
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de
autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviços públicos;
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.
(Ação penal):
Art. 167 do Código Penal
Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
mediante queixa.
Observações importantes:
Destruir quer dizer arruinar, extinguir ou eliminar. Inutilizar significa tornar inútil ou
imprestável alguma coisa aos fins para os quais se destina. Deteriorar é a conduta de quem
estraga ou corrompe alguma coisa parcialmente.
O delito de dano somente é punido na forma dolosa, não havendo punição para a forma
culposa.
De acordo com o art. 167, a ação penal privada é cabível no crime de dano simples (art.
163, caput, do CP) e dano qualificado pelo motivo egoístico ou prejuízo considerável.
A ação penal pública incondicionada é cabível nas demais hipóteses.
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§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor
e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
(Dispositivos importantes):
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime
de que proveio a coisa.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração
as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no
§ 2º do art. 155
§ 6º - Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia
mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista
no caput deste artigo.
Observações importantes:
Nos termos do art. 180, caput, do CP, a receptação é o fato de adquirir, receber,
transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de
crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Já a forma qualificada é praticada no exercício de atividade comercial ou industrial e tem
como elemento subjetivo o dolo, seja direto ou eventual.
É pressuposto do crime de receptação a existência de crime anterior. Trata-se de delito
acessório, em que o objeto material deve ser produto de crime antecedente, chamado de delito
pressuposto.
Para a concretização do crime de receptação não importa se houve a condenação do
autor do crime anterior. Porém, é necessário evidenciar-se a existência do crime anterior.
A receptação culposa constitui o fato de o sujeito adquirir ou receber coisa que, por sua
natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece,
deve presumir-se obtida por meio criminoso (art. 180, § 3º).
Nos termos do art. 180, § 5º, 1ª parte, do CP, na hipótese da receptação culposa, se o
criminoso é primário, deve o juiz, tendo em consideração determinadas circunstâncias, deixar de
aplicar a pena. No caso, fixaram a doutrina e a jurisprudência que, além da primariedade, deve-
se exigir o seguinte: a) diminuto valor da coisa objeto da receptação; b) bons antecedentes; c)
ter o agente atuado com culpa levíssima.
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QUALQUER PESSOA
RECEPTAÇÃO CRIME COMUM (exceto o agente que
concorreu para o crime
anterior)
Exemplo: agente
Ocultar coisa que sabe
oculta carro que
ser produto de crime em $$ - proveito
sabe ser produto de
RECEPTAÇÃO proveito próprio ou econômico
crime, mas quer ficar
(art. 180 do CP) alheio
com as rodas
X
Prestar a criminoso, fora Exemplo: agente
FAVORECIMENTO Agente não visa
dos casos de co-autoria oculta carro que
REAL proveito
ou de receptação, sabe ser produto de
(art. 349 do CP) econômico
auxílio destinado a cirme para auxiliar o
próprio ou de
tornar seguro o proveito ladrão
terceiro
do crime (camaradagem)
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A) será isento de pena, pois cometeu crime patrimonial sem violência ou grave ameaça contra
ascendente.
B) poderá ser responsabilizado criminalmente pelo delito de furto, desde que Mauro represente
criminalmente.
C) será responsabilizado criminalmente pelo delito de furto, não fazendo jus a escusa absolutória.
D) não cometeu crime, uma vez que o dinheiro subtraído pertencia a sua família.
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Diante da gravidade das acusações, a Corregedoria resolve instaurar processo administrativo disciplinar
em desfavor de João para melhor apurar os fatos. Após intensa investigação e oitiva de todos os
funcionários lotados na unidade judiciária em questão, o processo administrativo disciplinar restou
arquivado.
Após alguns meses, restou comprovado que a denúncia que pairava sobre João era completamente
descabida e que o autor da denúncia anônima era Diego, tendo a Corregedoria de Justiça encaminhado
o expediente à Delegacia de Polícia responsável para apurar a conduta de Diego no âmbito criminal.
Diante dos fatos narrados, é correto afirmar que Diego
A) cometeu o delito de comunicação falsa de crime ou contravenção penal previsto no artigo 340 do CP.
B) cometeu o delito de denunciação caluniosa previsto no artigo 339 do CP sem aplicação de causa de
aumento de pena.
C) cometeu o delito de denunciação caluniosa previsto no artigo 339 do CP com aplicação de causa de
aumento de pena em razão do anonimato.
D) não cometeu crime contra a administração da justiça pois o processo administrativo restou arquivado,
devendo sua conduta ser enquadrada, no máximo, como crime de calúnia previsto no artigo 138 do CP.
Conduta nuclear: trata-se de crime de ação múltipla, pois três são as ações típicas:
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a) “Fazer afirmação falsa”. Segundo a doutrina, cuida-se aqui da falsidade positiva, pois o
agente declara a ocorrência de fato inverídico. Ex.: testemunha que, para forjar um álibi em favor
do acusado, afirma falsamente que, no momento do crime, ele estava em sua companhia.
b) “Negar a verdade”. Essa modalidade constitui a chamada falsidade negativa, pois o
agente tem ciência da verdade, mas nega o que sabe. Ex.: testemunha de acusação que nega
falsamente que a vítima de homicídio tenha anteriormente tentado estuprar a filha do acusado.
c) “Calar a verdade”. É, segundo a doutrina, a chamada reticência. Aqui há o silêncio a
respeito do que se sabe ou se recusa em manifestar a ciência que se tem dos fatos. Há, assim,
resistência por parte do agente em declarar a verdade. Não há, ao contrário das demais
modalidades, qualquer afirmação falsa ou negativa. Ex.: perito que omite dados relevantes ao
elaborar o laudo pericial, de forma a criar prova benéfica ao acusado.
Crime de mão própria: trata-se de crime de mão própria (de atuação pessoal ou de
conduta infungível). Nesse passo, somente pode ser cometido pelo sujeito em pessoa. São
sujeitos ativos desse delito a testemunha, o perito, o tradutor, o contador ou o intérprete
Consumação: é crime formal, não exigindo, portanto, para a sua consumação, resultado
naturalístico. Consuma-se o falso testemunho com o encerramento do depoimento. Em tese, o
crime consuma-se no momento em que é proferido o falso; contudo, como o depoente pode
retificar o que foi declarado até o encerramento do depoimento, entende-se consumado o crime
nesse exato instante.
Retratação: no caso, o agente, antes da sentença no processo em que ocorreu o falso
testemunho, declara a verdade. Na realidade, o crime já se consumou no momento em que o
depoimento foi encerrado, contudo, a lei faculta ao agente o direito de arrepender-se antes da
prolação da sentença de primeiro grau, possibilitando com isso o esclarecimento da verdade dos
fatos e, consequentemente, a extinção da punibilidade. Trata-se, portanto, de condição resolutiva
da punibilidade. Embora já consumado o crime, a punição depende, ainda, de o agente não se
retratar ou declarar a verdade, oportunamente.
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8–D 9–C 10 – D 11 – C 12 – A 13 – D 14 – A
15 – B 16 – A 17 – B 18 – C 19 – D 20 – D 21 – A
22 – D 23 – C 24 – C
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