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Unidade V

FATO TÍPICO. NEXO DE CAUSALIDADE

• É o elo que se estabelece entre a conduta e o resultado naturalístico.

• A previsão legal é do artigo 13 do Código Penal:

• Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável

a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o

resultado não teria ocorrido


1. Teorias

• Teoria da eliminação hipotética (Thyrén);

• Teoria da equivalência dos antecedentes (Glaser e Von Buri);

• Teoria da Imputação Objetiva (Roxin).


• Diante da teoria da equivalência dos antecedentes, não poderia haver uma responsabilização muito ampla, na
medida em que são alcançados todos os fatos anteriores ao crime? Os pais não responderiam pelos crimes
praticados pelo filho?
2- Concausas:
• “Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, influindo na produção do
resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se paralelamente ao seu comportamento, comissivo
ou omissivo.” (Masson)
• Podem ser: • Causa dependente: é aquela que se origina do
desdobramento causal natural. (Exemplo: morte por
sepse em razão de perfuração do intestino por
Dependentes projétil de arma de fogo);

• Causa independente :é aquela que foge do


desdobramento casual da conduta. É inesperável.
Absolutamente
Independentes • Independência absoluta: as concausas tem aptidão
para de forma independente produzir o resultado;

Relativamente • Independência relativa: o resultado decorre de


concausa que se origina da conduta do agente.
• A superveniência de causa relativamente independente:
• Art. 13 - § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,
por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

• Os crimes omissivos e o nexo de causalidade


Existem duas espécies de crimes omissivos:
a. Crime omissivo próprio ou puro: a conduta negativa é descrita no preceito primário da
lei penal. Nesse caso, o omitente responderá por sua própria conduta e não pelo resultado
(exemplo: artigo 135 do Código Penal – omissão de socorro). Nesses crimes, a simples
omissão é suficiente para a consumação, independente de qualquer resultado;
b. Crime omissivo impróprio, espúrio, impuro, promíscuo ou comissivo por omissão:
São aqueles que o agente pode praticar tanto por ação quanto por omissão. Nestes casos
o agente tem o dever jurídico de agir para evitar o resultado e, podendo, não age. Assim,
o agente não faz o que deveria ter feito. Há, portanto, a norma dizendo o que ele deveria
fazer, passando a omissão a ter relevância causal. Como consequência, o omitente não
responde só pela omissão como simples conduta, mas pelo resultado produzido, salvo se
esse resultado não lhe puder ser atribuído por dolo ou culpa.
3. O nexo de causalidade nos crimes omissivos impróprios

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

a) Dever legal: quando a lei impõe a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (exemplo: responderá por homicídio
o policial militar que assistir a um jovem sendo morto e, podendo evitar o resultado, nada faz).
b) Dever de garantidor: hipótese do agente que, por lei, não tem nenhuma obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância, no entanto assume essa obrigação por meio de um contrato (exemplo: uma babá contratada para tomar
conta de uma criança responderá pelo resultado caso aconteça algo com ela). O garantidor também pode advir da
liberalidade, ou seja, alguém que assume livremente a obrigação, independentemente de contrato.
c) Ingerência dentro da norma: agente que, com seu comportamento anterior, criou o risco para a produção do
resultado (exemplo: se alguém empurra um cardíaco na piscina, por brincadeira, deve socorrê-lo e impedir o
resultado).
No primeiro momento (o do oferecimento da denúncia), ao paciente foi imputada a conduta de ter agido
negligentemente e de modo imperito, ao não empregar os meios necessários para ministrar tratamento na
pequena vítima, sendo que no curso da instrução, sobrevieram novos elementos de prova que apontaram para
a ocorrência de possível dolo eventual na conduta do paciente. Assim, no segundo momento (o do aditamento
à denúncia), descreveu-se a conduta de o paciente haver se recusado, por duas vezes, em dias consecutivos,
a atender à vítima que já apresentava sérios problemas de saúde, limitando-se a dizer para a avó da vítima
que a levasse de volta para casa, e somente retornasse quando o médico pediatra tivesse retornado de
viagem. Em tese, o único médico plantonista, procurado mais de uma vez durante o exercício de sua
atividade profissional na unidade de saúde, cientificado da gravidade da doença apresentada pelo
paciente que lhe é apresentado (com risco de vida), ao se recusar a atendê-lo, determinando o retorno
para casa, sem ao menos ministrar qualquer atendimento ou tratamento, pode haver deixado de
impedir a ocorrência da morte da vítima, sendo tal conduta omissiva penalmente relevante devido à
sua condição de garante. (STF)
Vídeos – Aulas Complementares

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