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DIREITO PENAL

Conduta Culposa
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CONDUTA CULPOSA

Espécies de Conduta

As condutas podem ser classificadas quanto à forma de exteriorização da


vontade (comissiva ou omissiva) e quanto à voluntariedade (dolosa ou culposa).

Quanto à Voluntariedade

Quanto à voluntariedade, as condutas podem ser dolosas e culposas.

b) Conduta Culposa (Art. 18, II, do CP): Ocorre quando o agente produz um
resultado ilícito que lhe era previsível (ou excepcionalmente previsto) no momento
em que dirigia sua conduta para a realização de outro resultado (lícito). Na con-
duta culposa, temos a culpa como elemento normativo inserido no fato típico.
Culpa: Consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não
querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente)
ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ser evitado se
empregasse a cautela necessária.
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Quando pensar em culpa, lembre-se de uma regra:

Culpa = Conduta Voluntária + Resultado Involuntário

A culpa é composta por 6 elementos:


1) Conduta humana voluntária;
2) Violação de um dever de cuidado objetivo;
3) Resultado naturalístico involuntário;
4) Nexo causal entre conduta e resultado;
5) Resultado involuntário previsível (previsibilidade);
6) Tipicidade;

Conduta Humana Voluntária

É a ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, causando um resul-


tado involuntário. É a vontade dirigida à realização de um resultado lícito, diverso
daquele que efetivamente se produz.
Exemplo: Quando um indivíduo, para chegar a sua consulta médica no tempo
marcado, dirige de maneira imprudente e acaba causando um acidente de trân-
sito. O resultado desejado era o de chegar à consulta médica, algo lícito, porém
o resultado provocado foi o acidente de trânsito, algo ilícito. Logo, o indivíduo
será indiciado por uma conduta culposa.

Violação de um Dever de Cuidado Objetivo

O agente na culpa viola o seu dever de diligência (regra básica para o conví-
vio social). O comportamento do agente não atende o que era esperado pela lei
e pela sociedade.
Como saber se o dever de diligência foi violado? De acordo com a maio-
ria, o operador deve analisar as circunstâncias do caso concreto, pesquisando
se uma pessoa de inteligência mediana (homem médio) evitaria o perigo. Se evi-
tável pelo homem médio, caracterizada estará a violação ao dever de diligência.
Caso contrário, não.
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Formas de violação do dever de cuidado objetivo:

1. Imprudência: É a forma positiva da culpa (in agendo). Atuação sem obser-


vância das cautelas necessárias. É a ação precipitada, afoita (forma positiva de
culpa). Exemplo: Velocidade excessiva.
2. Negligência: É a forma negativa da culpa (in omitendo). Omissão da con-
duta cuidadosa imposta a todos. Exemplo: Deixar de fazer a manutenção do
veículo.
3. Imperícia: Conhecida como culpa profissional, pois somente pode ser pra-
ticado no exercício de arte, ofício ou profissão. Falta de aptidão técnica (des-
conhecimento de regra técnica). Exemplo: Cirurgião plástico que tenta realizar
uma cirurgia cardíaca.

Atenção!
• Não confunda negligência profissional com imperícia. Negligência profissional
é quando o profissional conhece a regra técnica, mas não a observa, enquanto
na imperícia, ele desconhece a regra técnica.

Resultado Naturalístico Involuntário

Em regra, o crime culposo é material (exige modificação no mundo exterior).

Atenção!
• O Art. 38 da Lei n. 11.343/2006 estabelece um crime culposo e formal.
Nesse caso, não há a necessidade de haver resultado material para
indiciar uma conduta culposa. Exemplo: Quando um médico prescreve
uma medicação sem que o paciente necessite dela, já caracteriza um
crime culposo e formal.

Nexo Causal entre Conduta e Resultado

É necessário relacionar a conduta praticada ao resultado infringido.


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Resultado Involuntário Previsível

Previsível é a possibilidade de prever o perigo advindo da conduta. A análise


deve ser objetiva.

Atenção!
• Previsão é diferente de previsibilidade.

Quando um resultado é previsível, ele deve ser previsto por quem estiver
praticando o ato; esse indivíduo deve prever que esse ato pode infringir esse
resultado. Se o indivíduo continua praticando esse ato, mesmo tendo previsto o
resultado, ele deverá ser indiciado por dolo e culpa.
E a previsibilidade subjetiva? É entendida como a possibilidade de conhe-
cimento do perigo, analisada sob o prisma subjetivo do autor, levando em consi-
deração os seus dotes intelectuais, sociais e culturais. Não é elemento da culpa,
mas será analisada pelo magistrado na culpabilidade (no estudo da exigibilidade
de conduta diversa).

Tipicidade

Para que a conduta seja punida em sua forma culposa deve haver previsão
legal expressa (art. 18, parágrafo único).
Art. 18. (...) Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode
ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Ou seja, o crime só pode ser punido em sua forma dolosa, porém, desde
que esteja expresso em lei, o crime pode, excepcionalmente ser punido em sua
forma culposa.

Espécies de Culpa
1. Culpa Inconsciente: O agente não prevê o resultado que, entretanto, era
previsível. Qualquer pessoa de diligência mediana (homem médio) teria condi-
ções de prever o risco.
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2. Culpa Consciente (com previsão/ “ex lascivia”): O agente prevê o resul-


tado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com suas habili-
dades ou com a sorte. Nesse caso o agente tem a previsão do resultado que,
entretanto, continua involuntário.
3. Culpa Própria (propriamente dita): O agente não quer e não assume
o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por imprudência,
negligência ou imperícia.
4. Culpa Imprópria: É aquela em que o agente, por erro evitável, imagina
certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude (descriminante puta-
tiva). O agente provoca intencionalmente determinado resultado típico, mas res-
ponde por culpa, por razões de política criminal. Culpa imprópria é a consequên-
cia da descriminante putativa por erro evitável.

Dolo Consciente Dolo Eventual


O resultado ilícito é previsto. O resultado ilícito é previsto.
O agente acredita sinceramente que pode
O agente assume o risco de produzi-lo.
evitar a sua ocorrência.

Atenção!
• Na culpa imprópria, o crime tem estrutura dolosa, mas é punido a título
de culpa.

Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online,
de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.
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