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DIREITO PENAL

FATO TÍPICO
Ação ou omissão humana, antissocial que, norteada pelo princípio da intervenção mínima, consiste
numa conduta produtora de um resultado que se subsume ao modelo de conduta proibida pelo
Direito Penal, seja crime ou contravenção penal.

CONDUTA

ELEMENTOS
TIPICIDADE DO FATO NEXO CAUSAL
TÍPICO

RESULTADO

TEORIA CAUSALISTA
Franz von Liszt, Ernst von Beling e Gustav Radbruch - Início do século XIX (panorama: POSITIVISMO)
Conduta = movimento corporal voluntátio que produz uma modificação no mundo exterior
perceptível pelos sentidos.
Vontade = aspecto externo (movimento corporal do agente) + aspecto interno (vontade de fazer ou
não fazer); O aspecto interno está ligado à culpabilidade.

AÇÃO TÍPICA (FATO TÍPICO) - Processo interno da vontade (sem finalidade); movimento corporal;
resultado dessa atuação.
AÇÃO DOLOSA OU CULPOSA (CULPABILIDADE) - Conteúdo da vontade.

CRIME = FATO TÍPICO + ANTIJURIDICIDADE + CULPABILIDADE


DOLO NORMATIVO

CARACTERÍSTICA E ELEMENTOS DA CONDUTA


Comportamento voluntário (dirigido a um fim)
Exteriorização da vontade

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA


1. Caso fortuito ou Força Maior
2. Involuntariedade (Estado de inconsciência completa e Movimentos reflexos)
3. Coação física irresistível (vis absoluta)

FORMAS DE CONDUTA
I. QUANTO À VOLUNTARIEDADE DO AGENTE
 CRIME DOLOSO
Elementos do dolo: volitivo e intelectivo
 Teoria da vontade: vontade consciente de querer praticar a infração - dolo direto
 Teoria da representação: previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide
prosseguir com a conduta.
 Teoria do consentimento (ou assentimento): previsão do resultado como possível e, ainda
assim, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento - dolo
eventual

ESPÉCIES DE DOLO
1. DOLO NATURAL OU NEUTRO - consciencia e vontade (teoria finalista)
2. DOLO NORMATIVO OU HÍBRIDO - consciência atual de ilicitude (integra a culpabilidade) -
teoria neoclássica ou neokantista
3. DOLO DIREITO OU DETERMINADO/ INTENCIONAL / IMEDIATO / INCONDICIONADO: o agente
prevê o resultado e atua com o fim de atingir tal resultado.
4. DOLO INDIRETO OU INDETERMINADO - não busca resultado certo e determinado.
a. Dolo alternativo - prevê pluralidade de resultados, no intuito de perfazer qualquer deles
(responde pelo mais grava).
b. Dolo eventual - prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta para realizar um
determinado evento mas assumindo o risco de provocar outro.
5. DOLO CUMULATIVO: pretende alcançar 2 resultados em sequencia (progressão criminosa)
6. DOLO DE DANO: a vontade é causar efetiva lesão
7. DOLO DE PERIGO: intenção de expor a risco o bem.
8. DOLO GENÉRICO: vontade de realizar conduta descrita no tipo, sem um fim específico (matar
alguém)
9. DOLO ESPECÍFICO: visa um fim específico que é elementar do tipo penal (sequestro com o fim de
obter vantagem)
10. DOLO GERAL (ERRO SUCESSIVO) - quando o agente supondo já ter alcançado um resultado por
ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca.
11. DOLO DE PRIMEIRO GRAU
12. DOLO DE SEGUNDO GRAU (OU DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS) - abrange os efeitos
colaterais, de verificação praticamente certa, para gerar o evento desejado.
13. DOLO DE TERCEIRO GRAU: Consequência da consequência necessária

BOMBA EM AERONAVA DOLO 2º GRAU: MORTE DOLO 3º GRAU:


DOLO 1º GRAU: MORTE DOS DEMAIS ABORTO DE
DO PILOTO PASSAGEIROS PASSAGEIRA GESTANTE

14. DOLO ANTECEDENTE, CONCOMITANTE E SUBSEQUENTE


Antecedente, inicial ou preordenado - anterior à conduta, mera cogitação
Subsequente - posterior ao crime, irrelevante penal.
Concomitante - existente no momento da ação ou omissão

15. DOLO DE PROPÓSITO E DOLO DE ÍMPETO


Propósito - vontade e consciência refletida, pensada, premeditada.
Ímpeto - repentino, sem intervalo entre a fase de cogitação e execução

FASES DA CONDUTA DOLOSA


INTERNA - Representação e antecipação do resultado + eleição dos meios + avaliação dos efeitos da
conduta
EXTERNA

 CRIME CULPOSO

Culpa inconsciente: realiza evento ilícito não querido ou aceito, mas previsível
Culpa consciente: realiza evento ilícito não querido ou aceito, mas previsto
ELEMENTOS
1. Conduta humana voluntária
2. Violação de um dever de cuidado objetivo - Se uma pessoa de inteligência média, prudente e
responsável teria condições de conhecer e evitar o perigo.
a. Imprudência (precipitação, afoiteza - forma positiva da culpa - in agendo).
b. Negligência (ausência de precaução - negativa - omissão - culpa in omitendo)
c. Imperícia (falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão)
3. Resultado naturalístico involuntário
4. Nexo entre conduta e resultado
5. Resultado (involuntário) previsível - Não previsto mas previsível, há exceção da culpa consciente.
Previsibilidade objetiva (elemento de culpa) - Previsibilidade subjetiva (culpabilidade/exigibilidade
de conduta diversa).
6. Tipicidade - em regra, a ação prevista no tipo não está descrita = Tipo penal aberto.

ESPÉCIES DE CULPA
1. CULPA CONSCIENTE, COM PREVISÃO OU EX LASCIVIA - Prevê mas espera que ele não ocorra,
supondo poder evitá-lo.
2. CULPA INCONSCIENTE, SEM PREVISÃO OU EX IGNORANTIA - Não prevê o resultado q era
previsível.
3. CULPA PRÓPRIA OU PROPRIAMENTE DITA - Não quer e não assume o risco do resultado mas
acaba lhe dando causa por negligência, imprudência ou imperícia.
4. CULPA IMPRÓPRIA OU CULPA POR EQUIPARAÇÃO, POR ASSIMILAÇÃO OU POR EXTENSÃO - por
erro evitável, imagina certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude (descriminante
putativa).

Culpa Não quer e


Previsibilidade
Inconsciente não aceita

Culpa Não quer e não aceita,


Previsão crê que pode evitar.
Consciente Afasta

Dolo Assum e o
Previsão
Eventual risco

Dolo Vontade =
Previsão
Direto querer

Juris: Racha? STJ - Dolo eventual (ver atualização pós Lei 12.971/14)

Jurisprudência: Crime praticado na condução de veículo automotor sob o efeito de álcool ou


substância de efeitos análogos – é culpa consciente e não dolo eventual – Tribunais Superiores

Compensação de culpas? Incabível no direito Penal. Pode no entanto, a culpa concorrente da vítima
atenuar a responsabilidade do acusado.
Concorrência culposa: diversos agentes realizam a conduta culposa sem liame subjetivo entre eles.

EXCLUSÃO DA CULPA
1. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
2. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
3. ERRO PROFISSIONAL
4. RISCO TOLERADO

CRIME PRETERDOLOSO
Conduta dolosa + resultado culposo mais grave (involuntário).
Ex.: Lesão corporal seguida de morte.
É espécie de crime qualificado pelo resultado.
ELEMENTOS
1. Conduta dolosa visando determinado resultado
2. A provocação de resultado culposo mais grave que o desejado (ao menos previsível)
3. Nexo causal entre conduta e o resultado
4. Tipicidade, pois não se pune o crime preterdoloso sem previsão expressa em lei.
Obs.: a culpa deve ser provada, vedada a presunção.
Obs. 2: o reincidente em crime preterdoloso, deve ser tratado como reincidente em
crime doloso.

ERRO DE TIPO
Art. 20 do CP
O agente ignora ou tem conhecimento equivocado da realidade. A ignorância ou erro
recai sobre as elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a
determinada figura típica.

ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO

ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO


Há falsa percepção da realidade que O agente percebe a realidade,
circunda o agente equivocando-se sobre regra de conduta
A agente não sabe o que faz O agente sabe o que faz, mas ignora ser
proibido
“A” sai de festa com guarda-chuva “A” encontra um guarda-chuva na rua e
pensando ser seu, mas logo percebe que acredita que não obrigação de devolver,
errou, pois o objeto é de terceiro. porque “achado não é roubado”.

ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO


INEVITÁVEL
ESSENCIAL
EVITÁVEL

SOBRE O OBJETO
ERRO DE TIPO
SOBRE A PESSOA

ACIDENTEL NA EXECUÇÃO

RESULTADO DIVERSO
DO PRETENDIDO

SOBRE O NEXO CAUSAL

ERRO DE TIPO ESSENCIAL – Recai sobre elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que
se agregam a determinada figura típica.
 INEVITÁVEL – Justificável, escusável ou invencível – erro imprevisível, excluindo o
dolo (por não haver consciência) e culpa (pois ausente a previsibilidade).
 EVITÁVEL – Injustificável, inescusável ou vencível – erro previsível, só excluindo o
dolo (por não existir consciência), mas punindo a culpa (se prevista como crime),
pois havia possibilidade de conhecer o perigo.

 Aferição da (in)evitabilidade?
Corrente tradicional: homem médio
Corrente moderna: circunstâncias do caso concreto

ERRO DE TIPO ACIDENTAL – sobre dados secundários, periféricos do tipo. A intenção


criminosa é manifesta, incidindo naturalmente a responsabilidade penal.

 SOBRE O OBJETO (error in objecto) – Não tem previsão legal. Confunde o objeto
material (coisa) visado, atingindo outro que não o desejado.
CONSEQUÊNCIA: Considera-se o objeto material (coisa) efetivamente atingido. Não
exclui dolo e nem culpa e não isenta de pena. Rogério Sanches: Seria mais justo
considerar o objeto mais favorável ao réu.

 QUANTO A PESSOA (error in persona) – Art. 20, §3º do CP – Atinge pessoa diversa.
Execução perfeita, engana-se no momento de representar o alvo.
CONSEQUÊNCIA: Não exclui o dolo, não exclui a culpa e não isenta de pena. Devem
ser consideradas as qualidades ou condições pessoais da vítima virtual (pretendida)
– TEORIA DA EQUIVALÊNCIA.

 NA EXECUÇÃO (aberratio ictus) – Art. 73 do CP – Atinge pessoa diversa da


pretendida, embora corretamente representada.
CONSEQUÊNCIAS: Se atingir apenas a pessoa diversa da pretendida (aberratio ictus
de resultado único), será punido pelo crime, considerando-se as qualidades e
condições da vítima desejada. Se atingir também a pessoa diversa (aberratio ictus
com unidade complexa ou resultado duplo), será punido pelos 2 crimes em concurso
formal. Não exclui o dolo ou a culpa e não isenta de pena.
o Aberratio ictus por acidente – não há erro no golpe, mas desvio na
execução, podendo a pessoa visada estar ou não no local (bomba no carro,
veneno na comida e outra pessoa come).
o Erro no uso dos meios (instrumentos) de execução – erro no golpe, desvio
na execução por inabilidade do agente no manuseio ou uso dos meios
utilizados na execução do crime. A vítima se encontra no local.

 RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (Aberratio criminis, aberratio delicti) – Art. 74


do CP - o agente, por acidente, representa a situação em que o agente, também por
acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge bem jurídico distinto daquele
que pretendia atingir. Ex.: quer danificar um carro mas acaba matando o motorista.
CONSEQUÊNCIA – Só resultado diverso do pretendido: responde pelo diverso do
pretendido a título de culpa (se houver previsão legal). Se atingir também o
resultado pretendido, responderá pelos dois crimes, em concurso formal de delitos.
A regra do artigo 74 deverá ser afastada quando o resultado pretendido seja mais
grave que o produzido.

 ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL- O resultado planejado se produz, mas com nexo
diverso, de maneira diferente da planejada pelo agente.
o Erro sobre o nexo causal em sentido estrito – mediante um só ato provoca o
resultado visado, porém com outro nexo.
o Dolo geral ou aberratio causae – mediante conduta desenvolvida em
pluralidade de atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro
nexo.
CONSEQUÊNCIA – Punição por um só crime (princípio unitário), desejado desde
o início, a título de dolo, considerando o nexo ocorrido. Sanches: discorda – sem
previsão legal parece mais justo o nexo mais favorável ao réu.

ERRO DE TIPO – QUESTÕES COMPLEMENTARES

ERRO DE TIPO ESSENCIAL DELITO PUTATIVO POR ERRO DE


TIPO
Há falsa percepção da realidade. O agente não sabe o que faz.
O agente acha estar agindo licitamente Imagina estar agindo ilicitamente
Ignora a presença de uma elementar Ignora a ausência de elementar (boneco
(alguém no delito “matar alguém”. não é “alguém”)
Pratica o tipo penal sem querer Pratica um fato atípico sem querer
Ex.: atira contra pessoa imaginando ser Ex.: atira contra estátua imaginando ser
boneco pessoa.
Percebe-se que o delito putativo por erro de tipo não passa de um crime impossível
por absoluta impropriedade do objeto material (art. 17 do CP)

ERRO DE TIPO E COMPETÊNCIA PARA PROCESSO E JULGAMENTO


Determinada pela vítima efetiva (real).
ERRO DE SUBSUNÇÃO
O agente decifra equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamento, o erro
recai sobre conceitos jurídicos, ou seja, a compreensão do sentido jurídico de um
requisito (normativo) previsto no tipo legal. Difere do erro de tipo pois não há falsa
percepção da realidade.
Não exclui dolo, nem culpa e não isenta de pena.
Pode incidir a atenuante genérica do artigo 66 do CP.

ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO


Erro induzido, não espontâneo que leva o provocado à prática do delito.
Consequência: punição do agente provocador, na condição de autor mediato – se o
erro for determinado dolosamente, responde pelo crime doloso; se for determinado
culposamente, por crime culposo.
O agente provocado (autor imediato), em regra, não responde por crime, caso tenha
agido com dolo ou culpa, responderá também pelo delito.
Ex.: Médico se utiliza de enfermeira para matar seu paciente.

QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO

 CRIME COMISSIVO
Realização de conduta desvaliosa proibida pelo tipo penal incriminador. Viola o tipo penal proibitivo.

CRIME OMISSIVO
Não realização (não fazer) de determinada conduta valiosa a que o agente estava
juridicamente obrigado e que lhe era possível concretizar.

o OMISSIVO PRÓPRIO (PURO) – A conduta omissiva própria está descrita no próprio


tipo penal incriminador. Basta a desobediência, sendo, em princípio, irrelevante a
ocorrência de resultado naturalístico (o resultado serve à fixação da pena).
Prescinde da análise de nexo causal (nos casos em que incidem majorantes ou
qualificadores, a apreciação da causalidade é imprescindível, devendo-se indagar se
a ação omitida seria capaz de evitar o resultado).

o OMISSIVO IMPRÓPRIO (IMPURO, ESPÚRIO, COMISSIVO POR OMISSÃO)


Teoria Normativa – o não fazer será penalmente relevante apenas quando o
omitente possuir obrigação de agir para impedir o resultado (dever jurídico).
O omitente tem dever jurídico de impedir o resultado.
Não se resume ao dever de agir, mas pressupõe que seja possível atuar para evitar o
resultado.
Personagens que têm o dever jurídico de agir para evitar o resultado:
1. Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância
2. De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado
3. Quem, com seu comportamento anterior (licita ou ilícita, culposa ou
dolosa, punível ou não punível), criou o risco da ocorrência do resultado.

OMISSÃO PRÓPRIA OMISSÃO IMPRÓPRIA


Dever genérico de agir Dever jurídico especial/específico
Descrito em tipo penal mandamental Descrito em cláusula geral e não no tipo
Não há personagens próprios Pressupõe dever específico, atinge o garantidor
Responde por crime omissivo Responde por crime comissivo (praticado por
omissão)
Subsunção direta entre o fato e a norma Subsunção indireta (aplicação combinada do
art. 13, § 2º do CP com o tipo penal referente ao
resultado ocorrido.

o Inconstitucionalidade dos crimes omissivos impróprios = Paulo Queiroz. A grande maioria é


pacífica no entendimento da constitucionalidade.
Afronta aos princípios da legalidade, pessoalidade da pena e proporcionalidade.
Legalidade: Utilização de cláusula geral e vaga.
Pessoalidade: Imputar ao garante (salva vidas, médico, mãe) fato de exclusiva responsabilidade de
terceiro ou puramente causal resulta na ilegitimidade da imputação.
Igualdade: É desproporcional a equiparação da simples omissão à ação.

 CRIME DE CONDUTA MISTA


Tipo penal composto de ação seguida de omissão.
Ex.: Apropriação de coisa achada.

RESULTADO
Da conduta podem advir dois resultados: naturalístico ou normativo (indispensável).

Quanto à existência de resultado naturalístico:


1. Crimes materiais – o tipo descreve conduta e resultado (indispensável à
consumação)
2. Crimes formais – O tipo descreve conduta e resultado (dispensável). Consumação
ocorre na conduta.
3. Crimes de mera conduta – O tipo descreve apenas a conduta

Lesão/dano
Perigo presumido (crime de
Abstrato perigo abstrato - tráfico de
Resultado
drogas)
normativo

Perigo Determinado - prova de perigo


de alguém (expor ou abandonar
recém nascido para ocultar
desonra própria)

Concreto
Indeterminado - prova de perigo
da coletividade (Condução
inabilitada de veículo)

Qual resultado (naturalístico ou normativo) integra o crime?


A doutrina clássica entendia que o naturalístico, mas esse entendimento resultaria na
existência de crimes sem resultado (formais e de mera conduta). De forma a harmonizar a
doutrina com o artigo 13 do Código Penal, é necessário o entendimento de que o resultado
que compõe e estrutura do crime é o normativo, este presente em todos os crimes.

NEXO CAUSAL
Relação de produção entre a causa eficiente e o efeito ocasionado, pouco importando seja
mediato ou imediato.

Busca aferir se o resultado pode ser atribuído, objetivamente, ao sujeito ativo como obra do
seu comportamento típico.

Artigo 13, caput CP – Teoria da equivalência dos antecedentes causais (equivalência das
condições, teoria da condição simples, teoria da condição generalizadora ou da conditio sine
qua non) – Maximilian von Buri e Stuart Mill – 1873 – Todo fato sem o qual o resultado não
teria ocorrido é causa.

CONDITIO SINE QUA NON + TEORIA DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA DOS ANTECEDENTES


CAUSAIS (Thyrén, 1894) = Causa é todo fato que, suprimido mentalmente, o resultado não
teria ocorrido como ocorreu ou no momento em que ocorreu (TEORIA DA CAUSALIDADE
OBJETIVA OU EFETIVA DO RESULTADO).

CAUSALIDADE OBJETIVA – Tende regresso ao infinito – Na perspectiva do Finalismo é


necessário perquirir a causalidade psíquica (dolo e culpa).

Identificação da Identificação da Identificação do


causa do crime causa elemento subjetivo
efetiva/determinante
Fundamento Teoria da Teoria da eliminação Causalidade psíquica
equivalência dos hipotética dos (dolo ou culpa)
antecedentes antecedentes causais
causais
Resultado Causa é todo Causalidade objetiva Imputação do
antecedente sem o (é criticado, pois não resultado
qual o resultado não impede o regresso ao (responsabilidade
teria ocorrido como infinito). penal pelo fato
ocorreu. voluntariamente
praticado).

 CONCAUSAS
Absolutamente independentes – a causa efetiva do resultado não se origina, direta ou
indiretamente, do comportamento concorrente, paralelo, podendo ser preexistente,
concomitante ou superveniente. Em se tratando de concausa absolutamente independente,
não importa a espécie, o comportamento paralelo será sempre punido na forma tentada.
Relativamente independentes – A causa efetiva do resultado se origina, ainda que
indiretamente, do comportamento concorrente. As causas se conjugam para produzir o
evento final, isoladamente consideradas, não seriam capazes de ocasionar o resultado.

Preexistentes

ABSOLUTAMENTE
Concomitantes
INDEPENDENTES

Supervenientes
CONCAUSAS
Preexistentes

RELATIVAMENTE
INDEPENDENTES
Concomitantes
Por sí só produz o
resultado
Supervenientes
Não produz o resultado
por si só.
Golpe de faca (para matar mas
sem ser capaz de alcançar o
PREEXISTENTES intento) em hemofílico (morre
pela doença) CAUSALIDADE SIMPLES – O
Com intenção de matar, atira, resultado é imputado ao agente de
Homicídio
RELATIVAMENTE
INDEPENDENTES

CONCOMITANTES mas erra o alvo. Vítima morre por


consumado. acordo com o dolo. (Art. 13, caput,
ataque cardíaco CP)
Responde pelo
NÃO POR SÍ SÓ: Mesma linha de resultado causado.
desdobramento causal, evento Responde pelo resultado causado.
previsível. Tiro com intenção de
matar, vítima é levada ao hospital
e morre em decorrência de erro
médico
SUPERVENIENTES POR SÍ SÓ: Evento imprevisível Atirador: responde CAUSALIDADE ADEQUADA (condição
que sai da linha de por tentativa qualificada ou individualizadora (Von
desdobramento causal. Vítima de Responde pelo seu Kries) – Art. 13, § 1º do CP.
tiro é levada ao hospital e o dolo e não pelo
mesmo pega fogo e o paciente resultado.
morre.
 TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
Karl Larenz (1927) e Richard Honig (1930) e atualmente representada por Claus Roxin e
Gunther Jakobs.

Delimita a imputação objetiva do resultado ao agente, evitando o regresso ao infinito gerado


pela causalidade simples (teoria da equivalência dos antecedentes causais) e aprimorando a
causalidade adequada (o que se aproxima, mas não se confunde).

Determina que, além do nexo físico (causa/efeito) também sejam usados critérios
normativos no momento da atribuição do resultado.

1º Filtro: teoria da conditio sine qua non

2º Filtro: causalidade psíquica (dolo e culpa)

3º Filtro: teoria da imputação objetiva

Requisitos (Roxin) – Nexo Normativo:

1. Criação ou incremento de um risco proibido (prognose póstuma objetiva) –


excluem-se as condutas que estão dentro do risco permitido (fabricação de
automóvel).
2. Realização do risco no resultado – Não será causa o comportamento do agente se o
evento causado fisicamente pela sua conduta não estiver na linha de
desdobramento causal normal da sua ação ou omissão.
Se o resultado é produto exclusivo do risco anterior (erro médico), então é atribuído
ao autor desse risco (falha médica) – paciente já em recuperação recebe
medicamento errado.
Se o resultado é produto combinado de ambos os riscos (lesões em razão do disparo
e falha médica), então pode ser atribuído aos respectivos autores, embora o atirador
responsa por dolo e o médico por culpa.
3. O resultado esteja compreendido no âmbito de alcance do tipo -

 CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS


O que determina a ligação entre a conduta omissiva do agente e o resultado lesivo é o nexo
estabelecido pela lei (normativo). A estrutura da conduta omissiva é essencialmente
normativa, não naturalística.

Omissão própria: Nexo normativo incide para estabelecer o ele entre a conduta omissiva e a
omissão tipificada (basta que exista um tipo penal punindo a abstenção e que esta ocorra
por parte do agente).

Omissão Imprópria: Nexo de evitação – se imaginada a ação devida, o resultado deixasse de


ocorrer, existe o nexo (de evitação), imputando-se o resultado ao omitente.
TIPICIDADE PENAL

Teorias tradicionais Tipicidade penal = tipicidade formal (mero ajuste do fato à


norma penal incriminadora).
Teorias modernas Tipicidade penal = Tipicidade formal + tipicidade material
(relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado).
Teoria da Tipicidade Tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade
Conglobante (Zaffaroni) conglobante (soma da tipicidade material e atos
antinormativos)

TIPICIDADE CONGLOBANTE
É imprescindível verificar não apenas a subsunção formal fato/tipo e a relevância da lesão ou
perigo de lesão, mas também se o comportamento é antinormativo, leia-se, não
determinado ou incentivado por qualquer ramo do Direito.

A tipicidade conglobante tem como consequência a transferência do estrito cumprimento de


um dever legal e do exercício regular de direito incentivado da ilicitude para a tipicidade,
servindo como suas causas de exclusão.

ESPÉCIAS DE TIPICIDADE FORMAL


 ADEQUAÇÃO TÍPICA IMEDIATA OU DIRETA – ajuste entre o fato e a norma penal
sem depender de dispositivo complementar. Através de um único dispositivo se
alcança a subsunção entre a conduta e o tipo penal – “matar alguém”.
 ADEQUAÇÃO TÍPICA MEDIATA OU INDIRETA – O ajuste entre o fato e a norma
somente se realiza através da conjugação do tipo penal com uma norma de
extensão.
a) Norma de extensão temporal – ex.: tentativa
b) Norma de extensão pessoal e espacial – ex.: participação
c) Norma de extensão causal – ex.: omissão imprópria

ELEMENTOS DO TIPO PENAL


 Elementos objetivos – aspectos materiais e normativos
 Descritivos (aspectos materiais da conduta)
 Normativos (compreensão passa por um juízo de valor)
 Científicos (transcendem o mero elemento normativo)

 Elementos subjetivos
 Positivos (a finalidade que deve animar o agente para que o fato seja típico
– “para juntos consumirem”).
 Negativos (finalidade que não deve animar o agente – “sem objetivo de
lucro”).
 Modais (relacionados a circunstâncias de tempo, local e modo de execução
– “violência ou grave ameaça a pessoa logo depois de substraída a coisa”.

MODALIDADES DE TIPOS PENAIS


1. TIPO CONGRUENTE (SIMÉTRICO) – Quando apresentar simetria entre os elementos
objetivos e subjetivos.
2. TIPO INCONGRUENTE – Não apresentar essa simetria - crime formal (o autor quer
mais do que o legislador entende necessário), tentado (subjetivamente completo,
mas objetivamente incompleto) e preterdoloso (a intenção do agente fica aquém do
que realmente alcança).
3. TIPO NORMAL – Apenas elementos objetivos
4. TIPO ANORMAL – Elementos objetivos, subjetivos e/ou normativos (Para os
finalistas, todos os tipos são anormais, os que reúnem elementos objetivos e
subjetivos são complexos).
5. TIPO SIMPLES – Apenas um núcleo caracterizador da conduta.
6. TIPO MISTO – Duas ou mais condutas nucleares.
 Alternativo
 Cumulativo
7. TIPO FECHADO – Descreve por completo a conduta criminosa.
8. TIPO ABERTO – É incompleto, demandando do intérprete um esforço
complementar. Difere da norma penal em branco, pois nesta a complementação é
normativa e não interpretativa.
9. TIPO FUNDAMENTAL – Estabelece a forma básica por meio da qual o delito pode ser
cometido.
10. TIPO DERIVADO – Inserção de circunstâncias que o qualificam ou aumentam ou
diminuem a pena.
11. TIPO DE AUTOR – A punição recai em alguém em razão de sua condição pessoal
(perde cada vez mais espaço).
12. TIPO DE FATO – Pune pelo perigo ou pelo dano que representa.
DIREITO PENAL
ILICITUDE

= ANTIJURIDICIDADE
Conduta típica nã o justificada, espelhando a relaçã o de contrariedade entre o fato típico
e o ordenamento jurídico como um todo. Independente da corrente doutriná ria que se
adote, a ilicitude sempre faz parte do crime.
A presença da antijuridicidade consiste na constataçã o de que a conduta típica
(antinormativa) nã o está permitida por qualquer causa de justificaçã o (preceito
permissivo).

RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE


A) TEORIA DA AUTONOMIA OU ABSOLUTA INDEPENDÊ NCIA
Ernst Ludwig von Beling (1906)Fato típico nã o desperta juízo de valor no campo
da ilicitude. Excluída a ilicitude do fato, permanece típico.

B) TEORIA DA INDICIARIEDADE OU DA “RATIO COGNOSCENDI”


Mayer (1915) – Tipicidade gera presunçã o relativa de ilicitude (nã o há
independência absoluta), portanto desperta indícios. Se comprovada legítima
defesa, exclui-se a ilicitude, e o fato permanece típico.

C) TEORIA DA ABSOLUTA DEPENDÊ NCIA OU “RATIO ESSENDI”


Mezger (1930) – Cria conceito de tipo total do injusto, levando a ilicitude par ao
campo da tipicidade. Excluindo-se a ilicitude, nã o há fato típico.

D) TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO


O tipo é composto por elementos positivos (expressos) e elementos negativos
(implícitos – causas excludentes de ilicitude). Relaçã o de dependência absoluta
entre fato típico e ilicitude.

DOUTRINA MAJORITÁ RIA BRASILEIRA: INDICIARIEDADE OU RATIO COGNOSCENDI


Consequência: a presunção de ilicitude determina que o ônus da prova sobre a existência
de causa de exclusão da ilicitude seja da defesa (de quem alega). Em caso de dúvida sobre
a excludente, o juiz CONDENA (não se aplica in dubio pro reo quando o ônus é da defesa).
Porém, com a mudança do CPP em 2008 e a redação do artigo 386 impõe: Havendo dúvida,
deve ser condenado (não se aplica in dubio pro reo), no caso de dúvida razoável, o réu deve
ser absolvido. Foram relativizados os efeitos da Teoria da indiciariedade do ônus
probatório.
Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça:
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se
houver fundada dúvida sobre sua existência;

CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE (DESCRIMINANTES OU JUSTIFICANTES)


Além das elencadas no artigo 23, existes justificantes na parte especial do có digo, como
o art. 128 do CP (aborto justificado) ou o art. 1470 do CC (apropriaçã o justificada).
Causa supralegal pacificamente reconhecida pela doutrina: consentimento do ofendido.

1. ESTADO DE NECESSIDADE
Artigo 24 do CP.
Sopesamento de bens.
Traduz uma faculdade entre os titulares dos bens jurídicos, e um direito perante o
Estado.

REQUISITOS
A) PERIGO ATUAL
A maioria da doutrina ensina que o perigo eminente nã o autoriza a descriminante.
 Real
 Putativo – nã o exclui a ilicitude.
B)

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