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Betim
2023
Grayce Kelly de Oliveira Caldeira
Betim
2023
Grayce Kelly de Oliveira Caldeira
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Prof. Dr. Renato Patrício Teixeira - PUC Minas (Orientador)
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Prof. Dr. Xxx - PUC Minas (Banca Examinadora)
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Prof. Dr. Xxx - PUC Minas (Banca Examinadora)
The purpose of this monograph is to discuss the good reasons and the legal
need for legalizing the practice of elective abortion up to the third month of pregnancy
in Brazil, based on the use of legal hermeneutics. To this end, we use, as the main
argument, the decision of the Federal Supreme Court (STF) in the records of the
ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) n. 54, which dealt
with the abortion of an anencephalic fetus, and the concept of death adopted by the
Brazilian legal system as a hermeneutic vector justifying the legalization of voluntary
abortion. The methodological procedure chosen was mainly the literature review,
although decision analysis was also carried out, in order to better understand the
arguments used in the aforementioned concentrated constitutionality control action.
This monograph enjoys a certain degree of interdisciplinarity, as it presents the law
and some discussions of philosophy, in order to contextualize the reader regarding
the ontological, interpretative and moral character of the abortion problem. It is
concluded that the legalization of the practice of elective abortion appears necessary
to promote the harmonization of the entire legal system, with its principles and rules
and the precedent of utmost analytical and hermeneutical importance that represents
ADPF n. 54.
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................8
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 67
REFERÊNCIAS............................................................................................... 68
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1 INTRODUÇÃO
Observa Bitencourt, por outro lado, que “o atual Código Penal (1940, com a Reforma
Penal de 1984) não define crime, deixando a elaboração de seu conceito à doutrina
nacional” (2023, p. 140), que, a saber, entende crime como fato típico, ilícito e
culpável (NUCCI, 2022).
Por fim, tendo em vista ser nacionalmente e internacionalmente mais adotada
a concepção finalista e ainda tripartida de crime e, para fins de compreendermos no
que consiste cada uma dessas três “etapas” fracionadas do conceito analítico,
falaremos a seguir, também de maneira não exaustiva, sobre o significado de
tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
A tipicidade, por sua vez, “pode ser definida como a correspondência exata ou
a adequação perfeita entre o caso concreto (fato da vida real) e a descrição contida
na norma penal incriminadora (tipo penal), produzindo o fato típico” (JALIL;
GRECO FILHO, 2023, p. 66, grifo nosso).
Saliente-se portanto que, como produto do perfeito enquadramento do fato da
vida ao tipo penal, o fato típico dá concretude à ideia de delinear “o direito de punir
abstrato e o jus libertatis a ele concernente” (ANDREUCCI, 2021, p. 96), revelando,
pois, a segurança jurídica aspirada quando da formulação das teorias do delito.
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Andreucci faz essa ressalva: “Culpabilidade não se confunde com culpa. Culpa é
elemento subjetivo do crime, encontrando-se situada no fato típico, juntamente com
o dolo” (ANDREUCCI, 2021, p. 138).
Em linhas gerais, até porque pode-se conceituar a culpabilidade de forma
normativa, mas também funcional (Roxin e Jakobs), a culpabilidade é “a reprovação
pessoal que se faz contra o autor pela realização de um fato contrário ao Direito,
embora houvesse podido atuar de modo diferente de como o fez” (BITENCOURT,
2023, p. 222). E tem hoje em dia como sendo seus elementos a imputabilidade, a
potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa (ANDREUCCI,
2021).
Estes são, então, considerando-se as principais teorias, os elementos do
crime em sua forma analítica, metódica, a forma que nos interessa aqui. Assim,
crime que é, falaremos a seguir sobre o abortamento, tanto para o direito, quanto
para a medicina, uma vez tratar-se de assunto também (e principalmente) afeto à
saúde.
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De outro modo, no aborto voluntário, ocorre a morte do feto por uma ação
humana deliberada. A conduta, então, incorrerá num dos enquadramentos penais
dispostos nos arts 124 e 126 do CP, que serão oportunamente comentados. Neste
caso, faz-se necessário uma conceituação do aborto pelas lentes do Direito Penal.
O Código não define exatamente o que significa aborto, nem mesmo aponta
os limites temporais para sua ocorrência dolosa (PRADO, 2021). Portanto, segundo
Luiz Regis Prado (2021), pode ser considerado como elemento normativo
extrajurídico do tipo, já que sua exata definição exige um juízo de valor não
exatamente jurídico, mas empírico-cultural, que é fornecido pelas ciências médicas e
biológicas.
Nesse mesmo sentido, Cezar Roberto Bitencourt também fala que o nosso
Código se limita “a adotar a fórmula neutra e indeterminada ‘provocar aborto’, algo
semelhante a, somente para exemplificar, ‘provocar homicídio’, em vez de ‘matar
alguém’” (BITENCOURT, 2022, p. 126).
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Por causa dessa inexatidão, Prado critica a visão de muitos doutrinadores que
entendem suficiente para a configuração do crime em comento a mera interrupção
da gravidez a qualquer tempo antes do nascimento, já que “a mera interrupção da
gestação, por si só, não implica aborto, dado que o feto pode ser expulso do ventre
materno e sobreviver ou, embora com vida, ser morto por outra conduta punível
(infanticídio ou homicídio)” (PRADO, 2021, p. 109). Para tanto, o autor comenta
sobre as modernas técnicas de reprodução assistida, aduzindo que o embrião pode
ser transferido para outra mulher, e que no caso de uma gravidez múltipla, a
destruição de um dos fetos não necessariamente vai interromper o processo de
gestação (PRADO, 2021).
termo feto para designar a vida intrauterina, sem adentrar às diferenciações técnicas
da literatura das ciências naturais.
As primeiras (e mais importantes a este estudo) espécies de abortamento a
serem comentadas são previstas expressamente no CP, onde encontramos tanto as
práticas proibidas quanto as permitidas. Hoje no Brasil uma mulher só pode abortar,
com os respaldos que a lei a confere, em três situações. Duas delas são
expressamente previstas no Código Penal desde 1940, no capítulo dos crimes
contra a vida e a terceira hipótese passou a figurar no ordenamento jurídico
brasileiro por meio do julgamento da ADPF n. 54, consubstanciada numa causa
excludente de tipicidade (PIERANGELI apud PRADO, 2021), que é supralegal. Se
trata essa hipótese de uma interrupção terapêutica da gravidez quando o feto é
anencéfalo, que será melhormente explicada em tópico próprio.
As situações supramencionadas são normas penais permissivas, ou seja, são
normas que excluem a tipicidade ou a antijuridicidade do fato, a culpabilidade do
sujeito ou a punibilidade do crime (JESUS, 1999). Estas normas estão esculpidas no
art. 128 do Código Penal, in verbis:
Superada tal lembrança, por assim dizer, voltemos ao estudo das espécies de
abortamento. Pois bem. Ainda se tratando de hipóteses permissavas, vale dizer que
a doutrina também conceitua um tal aborto acidental. Resumidamente, Nucci aponta
que “é a cessação da gravidez por conta de causas exteriores e traumáticas, como
quedas e choques” (NUCCI, 2022, p. 553).
No mais, todo e qualquer outra conduta de abortamento que não importe nas
excludentes de ilicitude e de tipicidade supramencionadas, é criminalizada pela
ordem vigente. São os abortos criminosos. O aborto criminoso está disposto no que
se chamou na ADPF n. 54 de “conjunto normativo ensejado pelos artigos 124 a 127
do CP”, a seguir transcrito:
Como crime de forma livre, qualquer meio e manobras abortivas podem ser
utilizadas para induzir o aborto, desde que tenha capacidade de produzir o
resultado. Por isso, benzedeiras, rezas, chás que não funcionam para tal finalidade e
similares não são aptos a provocar o aborto e por isso configuram o crime
impossível, por completa ineficácia do meio (art. 17 do CP) (BITENCOURT, 2022).
Hoje, devido ao avanço das tecnologias e à disseminação das informações, as
mulheres passaram a usar meios mais sofisticados, ou pelo menos mais eficazes.
Como se viu, o art. 127 traz a forma qualificada do crime de aborto. Nucci lista
as consequências dessa modalidade:
Luiz Régis Prado enriquece o debate apontando que essa qualificação tem
um histórico, pois existiam formas qualificadas já no Código Penal de 1890. Naquela
legislação, fazia-se a distinção entre o aborto com e sem expulsão do feto,
cominando ao primeiro pena mais gravosa. As penas eram igualmente aumentadas
se resultasse a morte da mulher (PRADO, 2021).
Para além das normas penais permissivas e incriminadoras e suas análises
já expostas, há também outras espécies de aborto elencadas pela doutrina e por
autores das ciências sociais, que convém sucintamente mencionarmos. É o caso do
aborto honoris causa, aborto econômico ou social e o aborto seletivo ou interrupção
seletiva da gravidez.
O abortamento honoris causa ou por motivo de honra é comentado por Luiz
Régis Prado com uma ótica também histórica:
jamais poderá viver é inserir a mulher numa situação torturosa, relegando-a a uma
condição de “caixão ambulante”, como defendeu Débora Diniz, no seu discurso na
tribuna do Supremo (BRASIL, [2013]).
Os grupos pró-vida, representados a maioria por católicos, evangélicos e, em
menor grau, espíritas, com todo um ritual, símbolos, vigílias e discursos metafísicos,
a seus turnos, tinham como principais argumentos questões da ética cristã,
manutenção de valores religiosos, preservação da família, sacralidade da vida etc, à
excessão de alguns poucos argumentos técnico-jurídicos, como a ilegitimidade do
STF para “legislar” sobre a questão, pois a função estatal designada e constituída
para tanto é o Legislativo; e, também, a questão do direito à vida como direito
humano, já alçado como tal em diversos documentos de direito internacional público
(LUNA, 2018).
No que concerne a estes grupos e suas encenações coletivas, Pierre
Bourdieu já tratava deste hábito em sua obra O Senso Prático. Para ele, as
encenações religiosas, além de proporcionar uma representação solene do grupo,
teriam uma intenção mais obscura e que, por serem esquemas motores e
automatismos corporais, essas práticas são absorvidas pelo senso comum e seus
agentes nem têm ciência de “que o que fazem tem mais sentido do que imaginam”
(BOURDIEU, 2009, p. 113). A operação dessa “intenção mais obscura” ele descreve
como
Tal ritualização que se deu nos arredores do STF à época refletem uma
problemática bastante temerária do ponto de vista da laicidade do estado brasileiro e
que também importa a esta pesquisa, que é o que o sociólogo José Casanova (apud
LUNA, 2018) chamou de “desprivatização da religião”. A partir dessa
desprivatização, a religião se coloca na esfera pública como força de contestação
moral e política. É o que temos hoje com a figura da bancada evangélica no
Congresso Nacional.
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Na verdade, o debate sobre o aborto não pode ser reduzido em ‘ser contra’
ou ‘ser a favor’ de sua prática. Trata-se de uma visão maniqueísta que reduz
as complexidades em torno do tema, transformando-o em uma falácia que se
resume à distinção entre aqueles que são pro-vida e aqueles que se
denominam pro-eleição. Falácia, vale dizer, porque não há lógica em afirmar
que os defensores do direito ao aborto são contra a vida. O aborto não é um
bem jurídico em si mesmo e, portanto, defender o direito ao aborto não
equivale à defesa do aborto ou à sua elevação ao status de bem jurídico
tutelável (RODRIGUES, 2015, p. 154).
Nelson Hungria, que já advogava essa tese desde 1950, foi citado pela
requerente. Tal citação refletiu uma relevância argumentativa valiosa dentro de todo
o processo, de modo que o Ministro relator transcreveu a citação em seu relatório.
Vejamos:
Luiz Regis Prado coaduna com tal raciocínio, na medida em que escreve no
seu manual que o critério da morte neocortical privilegia os aspectos da humanitude,
em detrimento do aspecto puramente biológico da vida e que, em casos como esse,
o feto quiçá pode ser considerado “tecnicamente vivo” e, portanto, não há vida
intrauterina objeto de tutela penal (PRADO, 2021).
Para que essa argumentação primordialmente pautada na biologia tivesse
validade, os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello entenderam ser necessário a
existência de critérios diagnósticos para que a gestante de feto anencéfalo tivesse o
direito de interromper a gravidez. Diante da decisão do STF e da necessidade de
garantir segurança ao ponto de a gestante eximir-se de pedir autorização judicial, o
CFM aprovou por unanimidade a Resolução CFM 1.989/2012, atendendo a
importante demanda jurídica e social (GAZZOLA; MELLO, 2015).
O então ministro da saúde José Gomes Temporão, durante sua fala nas
audiências públicas, garantiu que o SUS detinha toda a instrumentalidade adequada
para operacionalizar o diagnóstico de anomalias com 100% de certeza e de atender
a mulher, qualquer que seja a decisão quanto a manter ou não a gravidez (BRASIL,
[2013]). Para entender melhor o brilhantismo da invenção que permite tais
diagnósticos, Gollop informa que
Sabe-se que a morte é a única certeza de tudo que está vivo, visto seu
caráter natural e, logo, determinado. Sabe-se também que, no entanto, a forma
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como encaramos e lidamos com ela pode variar de cultura para cultura, pois a
produção dos sentidos e da linguagem já não é mais do reino animal, mas do reino
humano, dos signos (CHAUÍ, 2000). Portanto, para cada código moral, poderá
corresponder uma forma de luto diferente ou talvez nenhum luto.
Uma coisa, porém, parece ser observada em todas as culturas. As várias
visões sobre a morte sempre tentam definir em que momento ela acontece, mas
também e principalmente o que acontece com a alma após a morte. O termo alma
geralmente é utilizado para designar o indivíduo ou o que faz de uma pessoa ela
mesma e, com isso, o entendimento de diversas culturas sobre a morte é a de que o
corpo e o indivíduo/alma não são a mesma coisa, podem ser separados com a
eventualidade da morte (ANTONUCCI; SGANZERLA; SCHIAVINI; RODRIGUES
NETO; LEHMANN; SIQUEIRA, 2022).
lícito o aborto “por vontade da gestante até a 12º semana de gestação”, conforme
citado.
No entanto, em 10/07/2018, por meio de uma nota de esclarecimento
constante no portal oficial do CFM com o nome “CFM esclarece sua posição sobre
interrupção da gestação”, em atenção às discussões da sociedade a respeito da
ADPF n. 442 proposta pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) visando a
descriminalização do aborto por não recepção parcial dos artigos 124 e 126 do
Código Penal pela CF/88, o CFM posicionou-se de forma contrária à de 2013: “Com
respeito à interrupção antecipada da gestação, o Conselho Federal de Medicina
(CFM) esclarece publicamente que não se manifestou a favor do aborto” (CFM
ESCLARECE [...], 2018).
Apesar dessas aparentes contradições, corroborando a ideia de que o feto
anencéfalo é um feto sem a formação mínima do cérebro apta para ser ele
considerado vivo, o CFM, por meio da Resolução n. 1.949/10, revogou a Resolução
CFM n. 1.752/04, que dispunha sobre o transplante de órgãos e tecidos de
anencéfalos, com autorização dos pais, inclusive dizendo:
Essa resolução, não obstante, também foi revogada, o que ocorreu por meio
da resolução CFM n. 2.293/2021, que foi criada “com o propósito de consolidação
das normas em vigência” (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2021). Essa
resolução de 2021 tem como ementa: “Revoga resoluções que perderam o objeto” e
isso ocorreu porque, segundo a exposição de motivos ofertada pelo próprio
Conselho: “alterações promovidas por leis, decretos, resoluções do CFM ou
decisões judiciais fazem com que seja inapropriado ao CFM manter em vigência
resoluções conflituosas com instrumentos legalmente superiores” (CONSELHO
FEDERAL DE MEDICINA, 2021). No entanto, conforme se constata a partir desta, a
44
Nessa mesma linha, Luiz Regis Prado afirma que “Em face da dimensão
sociocultural do bem jurídico, a orientação do processo
criminalização/descriminalização subordina-se às regras axiológicas imperantes em
cada momento histórico” (2018, p. 77).
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Até bem pouco tempo, o adultério era tipificado como crime no Código
Penal, mas, a partir de 2005, deixou de o ser. Isso não significa que o
adultério passou a ser amplamente aceito por toda a sociedade, bem ao
contrário, é causa de separação de inúmeros casais de diferentes classes
sociais. Com a descriminalização, o adultério deixou de ser crime, mas não
se tornou conduta automaticamente autorizada, nem tampouco um direito
para aquele que o pratica. A descriminalização tem um único efeito: ao
retirar da legislação penal, o Estado não pode mais intervir publicamente
naquela situação e o agente não pode mais sofrer nenhuma persecução de
natureza criminal (JÚNIOR IBAIXE, 2021).
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os anencéfalos são fetos que não possuem o órgão-sede que, por seu
desenvolvimento evolutivo, diferencia os seres humanos de outros animais.
É o cérebro que permite ou possibilita a personalização da humanitude,
tarefa impossível para aqueles que não o possuem (DINIZ, 2009).
É bastante comum lermos sobre como o cérebro da espécie homo sapiens, por seu
desenvolvimento e capacidade de cognição, propiciou ao ser humano se diferenciar
completamente das demais vidas no planeta Terra. A mente humana nos permite a
produção dos sentidos, que caracteriza a nossa humanitude e que permite a
fabricação da cultura. Donceel apud Dworkin fala sobre isso utilizando a terminologia
“atividade espiritual”, vejamos:
(CHAUÍ, 2000). Sem essa capacidade de exercer sua inteligência, o ser humano
perderia aquilo que mais o faz ser humano, e esse também foi pensamento utilizado
na crescente consideração do critério da morte encefálica mundo afora.
A famosa frase de Epicuro que diz que a morte nada é para nós: quando
existimos a morte não é e quando a morte existe, nós não somos (EPICURO,
2002), embora seja essencialmente voltada para explicar mais sobre sua filosofia
helenista e para transmitir a ideia de que não devemos ver a vida como um fardo e
nem a morte com medo, de certa forma parece ratificar o nosso pensamento, pois
também demonstra que o corpo e a pessoa são instâncias separadas, mas
dependentes: assim que a morte se instalar (corpo humano perde suas funções
vitais), a pessoa não estará mais presente, visto que o cérebro estará morto. Por
isso concordamos com Luigi Ferrajoli quando ele diz: “Que há um tipo de vida antes
do nascimento é correto, um dado da realidade, mas passar dessa constatação a
sustentar que o que existe no interior materno é uma pessoa implica um salto lógico,
uma falácia argumentativa” (FERRAJOLI, 2020), visto que a palavra pessoa
prescinde de aspectos valorativos e não meramente biológicos (FERRAJOLI, 2020).
Além do mais, apesar de que exista uma vida biológica ali no iniciozinho da
gestação, sem nem mesmo dispor de atividade cerebral desenvolvida a ponto de se
criar sentimentos e significados e até mesmo sensação de dor (DWORKIN, 2003),
essa vida - em desenvolvimento - tem um valor intrínseco? A ideia de que a vida tem
um sentido e um valor intrínsecos, inerentes, é uma concepção proveniente das
religiões, visto que nós os seres humanos somos tidos como criação, e tudo que é
criado, é criado com algum propósito (QUAL O [...], 2022). De fato, a pespectiva
cristã é um bom exemplo: para o cristianismo, a vida representa um dom divino,
sacralizado e intangível, donde se forja que o início da vida humana se dá com a
concepção e, em decorrência, que entre o embrião, o feto e o recém nascido não há
diferenças, assim como entre o aborto e o homicídio (TESSARO, 2008).
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No entanto, face ao estado laico, tal ideal não pode ser aplicado a todos como
uma lei o é, uma vez que não cabe ao governo o poder, ex officio, de proteger
valores intrínsecos, os quais devem ficar a cargo da consciência individual
(DWORKIN, 2003).
Então, não há de se argumentar que a mulher que deseja abortar é suja e egoísta a
ponto de deliberadamente infligir dor a um ser inocente, caso exerça sua autonomia
e proceda ao abortamento no início da gestação.
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E não teria como ser diferente, afinal de contas, perguntar quando começa a
vida humana é equivalente a perguntar por que razão um indivíduo no Brasil com 17
anos, 11 meses e 29 dias não pratica crime, contudo no dia seguinte sim, caso mate
alguém. Linhas convencionais para fins sociais e jurídicos sempre podem ser
formuladas (ALMEIDA; MUÑOS, 1999), até porque a finalidade das normas é o ser
humano.
A antropóloga Letícia da Nóbrega Cesarino cita a filósofa inglesa Mary
Warnock, que parece concordar com essa ideia e, após, faz um comentário
importante sobre a vida ser um processo contínuo:
A autonomia traz à tona também, acrescento eu, o tema do aborto. Aliás, não
só por mim, mas também por Sandi e Braz: “Por serem braços dialéticos da bioética
latino-americana, os conceitos de vulnerabilidade e autonomia podem ser, também,
princípios bioéticos orientadores das discussões sobre o aborto” (2010, p. 145). Ou
seja, princípios específicos que vêm informar sobre questões muito caras ao
exercício da gestão da própria saúde e corpo, até mesmo em sua seara existencial.
Assim, fica posta a sua especial importância para a temática abordada neste
trabalho.
vem do grego: autos (eu mesmo, si mesmo) e nomos (lei, norma, regra).
Aquele que tem o poder para dar a si mesmo a lei, a norma, a regra é
autônomo e goza de autonomia ou liberdade. Autonomia significa
autodeterminação. Quem não tem a capacidade racional para a autonomia
é heterônomo. Heterônomo vem do grego: hetero (outro) e nomos; receber
de um outro a lei, a norma ou a regra (CHAUÍ, 2000, p. 566).
Conforme se infere da conceituação dada pela filósofa, quem tem o poder para se
auto governar goza, então, de liberdade.
Sobre liberdade, a princípio, registre-se que é impraticável enumerar as
liberdades às quais uma pessoa tem direito, uma vez que o terreno da liberdade é
estabelecido de forma negativa, como tudo o que não é proibido (ROSS, 2000).
Robert Alexy, embora exponha as objeções à teoria do direito geral de liberdade em
sua obra Teoria dos Direitos Fundamentais, concorda: “a concepção de um direito
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geral de liberdade tem mais vantagens que desvantagens” (ALEXY, 2006, p. 345).
Ele o compreende como não apenas o direito que protege o “fazer” humano (ações,
situações e posições jurídicas do titular de direitos fundamentais), mas também o
“ser” fático e jurídico dos seres humanos contra intervenções, para o exercício mais
amplo possível da liberdade (ALEXY, 2006).
Temos, então, que esses direitos de autonomia privada e liberdade sobre o
próprio corpo são abstratos, “os dispositivos constitucionais que impõem a liberdade
e a igualdade são abstratos” (DWORKIN, 2003, p. 207). E que, portanto, a negação
deles traduz-se num ataque também de proporções muito maiores, verdadeiramente
simbólicas. Dworkin fala até mesmo de um ataque à democracia.
Tal qual categoriza Dworkin (apud BONFIM, 2021), existem três princípios
caracterizadores da democracia e um deles é o chamado “princípio da
independência”. Este princípio informa que a independência ética e moral dos
membros da comunidade é a marca de uma democracia comunitária (DWORKIN,
apud BONFIM, 2021). Ao explicar este princípio em Dworkin, Bonfim ainda enfatiza
que:
pois impõe à mulher uma concepção moral coletiva cujos efeitos deletérios são
suportados integralmente por elas” (2021).
A instância política da negação da autonomia é comentada por Rubens
Casara. Para ele, o totalitarismo e o fascismo são, antes de tudo, uma linguagem,
que pode muito bem se concretizar quando o estado ignora, subestima ou mesmo
nega a autonomia dos seus indivíduos:
O Estado Total é, antes de tudo, uma fórmula, uma linguagem, que se
propõe a anunciar um novo Estado, síntese e unidade de todo valor489. Em
apertada síntese, o Estado Total é a bússola norteadora dos movimentos
fascistas, cujo discurso oficial preconiza que tudo está no Estado. Nesse
contexto de reflexão, enquadram-se no ideário fascista as práticas que se
direcionam ao Estado Total, definido em oposição ao indivíduo, ao mesmo
tempo em que negam sua alteridade de autonomia. Há, portanto, em cada
ato facista uma parcela daquilo que Mussolini chamou de ‘feroz vontade
totalitária’490 (CASARA, 2015, p. 273).
4.4 A decisão do Supremo Tribunal Federal proferida nos autos da ADPF n. 54:
vetor de hermenêutica jurídico-penal autorizativo da legalização da prática de
abortamento eletivo no Brasil
Sempre haverá, sim, uma pré-compreensão, afinal de contas, “Todo ponto de vista é
a vista de um ponto” (BOFF, 2014, p. 12).
Ousamos dizer, inclusive, que os estudantes de direito e seus operadores têm
um certo vício em dar ênfase para a famosa “vontade do legislador” como se isso
bastasse, numa simplicidade de pensar que no texto estará todo o sentido. E esse
vício, para Eros Grau, advém de uma longa tradição que nos faz pensar que apenas
interpretamos a norma quando ela é de difícil compreensão, sendo que, quando não
o é, não interpretamos, pois bastaria simplesmente seguir a tal vontade do legislador
(2006). Entretanto, este é um erro:
Continua:
O que se pode concluir pela lição dos autores é que a norma jurídica é
produto do texto que se transforma com a interpretação, concomitantemente
63
sem o cérebro, o organismo não sobrevive por muito tempo e, ainda que
sobrevivesse, não teria característica subjetiva alguma a ser partilhada
intersubjetivamente. Funções orgânicas e atos reflexos não interessam ao
Direito como objeto de proteção daquilo que se designa por vida na
linguagem jurídica (BRASIL, [2013], p. 108 de 433).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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