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A vida é um bem supremo, por isso nos termos do artigo 30º da

constituição da República de Angola, estabelece que o Estado


respeita e protege a vida da pessoa humana, que é inviolável. O
Direito penal visa proteger os bens jurídicos mais relevantes de
uma determinada sociedade, e como sabemos a vida humana
constitui o bem mais relevante em nossa sociedade, pois sem ela
não existiriam outros bens jurídicos.

A acção penal é, em princípio, acção finalista, dominada pela


vontade, a acção intencional, conduzida pela consciência daquilo
que se quer e pela decisão de se querer realiza-lo ou seja a acção
penal é por excelência uma acção dolosa. Assim sendo só é
possível falar em responsabilidade penal aos casos praticados com
dolo, dito de outro modo, para haver responsabilidade penal, é
necessário que o agente actue com dolo ou nos casos
especialmente previstos na lei por negligência.
Assim conforme dispõe o nº 1 do artigo 12º do código penal
Angolano, age com dolo, sob a forma de intenção, quem,
representando um facto que preenche um tipo de crime, actuar
com a intenção de o praticar. Dolo pode ser necessário ou
eventual.

A negligência é entendida como a desatenção ao dever de


cuidado, a negligência pode assumir duas formas
conceptualmente distintas: a negligencia consciente e a
negligencia inconsciente. A consciente verifica-se quando o
agente embora prevendo como possível a realização do facto
típico, age convencido de que o facto não se realizara.
A conduta do agente não é que a lei impõe para evitar o facto,
pois, este apesar da convicção do agente em contrário, acaba por
se verificar. A negligência consciente corresponde, em certa
medida ao actuar leviano.
A negligência inconsciente verifica-se quando o agente nem
sequer previu a possibilidade da realização do facto típico através
da sua conduta e contudo devia e podia ter previsto. A produção
do facto era previsível.

ELEMENTOS DA NEGLIGENCIA CONSCIENTE

1- Comportamento do Agente: exige uma conduta do agente ,


sob a forma de acção ou omissão , dominada ( negligencia
consciente ) ou dominável ( negligencia inconsciente) pela
vontade.
2- A infracção do dever de cuidado: mas é preciso averiguar se
o resultado ( a morte da vitima) era previsível e o agente
violou o dever de cuidado objectivo. O dever de cuidado
consiste, antes de tudo , em reconhecer o perigo para o bem
jurídico protegido, resultante da conduta concreta e em
orientar-se correspondentemente de acordo com isto,
omitindo a acção ou efectuando-a somente com suficientes
garantias de segurança. A medida do dever de cuidado
objectivo, isto é do, cuidado a exigir a um homem médio,
prudente e conscioso, colocado na situação concreta e no
papel social do agente. Se essa conduta é conforme as
exigências de cuidado, não se pode falar em desvalor da
conduta e em acção típica. A conduta do agente está de
acordo com a ordem jurídica.

Assim na situação em concreto é preciso perceber em


primeiro lugar qualquer motorista prudente e consciencioso
naquela ocasião não seria possível prever que a vitima
pudesse estar a andar a berma da estrada e evitado o choque.
IMPUTAÇÃO OBJECTIVA: É necessário ainda que o
resultado seja objectivamente imputável a acção de do arguido. O
resultado morte também se verificaria se a conduzisse conforme o
seu dever de cuidado, a vítima como andava a berma da estrada
seria igualmente atropelado e morreria mesmo que a viatura
seguisse velocidade prudente. Pois é necessário que se possa
estabelecer um nexo de causalidade entre a acção negligente
(violação do dever de cuidado) e o resultado proibido.

Diante disso e fruto daquilo que se produziu em sede de


audiência, a defesa pede a este tribunal a absolvição do arguido
pelos motivos expostos e não for esse o entendimento do tribunal,
que seja nos termos do artigo 47º do código penal.

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