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RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Superveniência de causa independente

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Relevância da omissão

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
CRIME

Fato Típico Ilicitude Culpabilidade

- Conduta - Imputabilidade
- Resultado - Potencial Consciência da ilicitude
- Nexo Causal - Exigibilidade de conduta diversa
- Tipicidade
Resultado
naturalístico

Nexo
causal
conduta
(causa)
Nos termos do artigo 13, caput, do CP considera-se causa a conduta
sem a qual o resultado não teria ocorrido. Foi adotada a teoria da
equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non), uma
vez que se considera causa qualquer condição que atribua para a
produção do resultado.
Sabendo que antecedendo um resultado temos inúmeros fatos,
como saber quais são ou não causas do evento? Deve-se somar à
teoria da conditio Bine qua non o método ou teoria da eliminação
hipotética dos antecedentes causais.
O nexo causal ganha ainda mais importância quando se verifica
que o resultado não é efeito de um só comportamento,
representando produto final de uma associação de fatores,
entre os quais a conduta do agente aparece como seu principal
(mas não é único) elemento desencadeante.
Espécies de Causas

Causa preexistente Causa concomitante Causa superveniente


Causa absolutamente
absolutamente absolutamente absolutamente
independente
independente independente independente

Causa superveniente
Causa preexistente Causa concomitante
Causa relativamente relativamente
relativamente relativamente
independente independente que não
independente independente
causa por si só o resultado

Causa superveniente
relativamente
independente que causa
por si só o resultado
Nos crimes omissivos, não existe nexo causal físico (causação
material, pois o agente não pratica nenhuma ação.

Na a lei prevê e pune a inação (conduta omissiva), na qual estará incurso o agente pelo
simples fato de não ter atuado na forma determinada. É o que ocorre, por exemplo, na omissão de socorro, no
abandono material, no abandono intelectual, na omissão de notificação de doença etc. O nexo normativo, nesses casos,
incide para estabelecer o elo entre a conduta omissiva e a omissão tipificada (basta que exista um tipo penal punindo a
abstenção e que esta ocorra por parte do agente).
Não se pode ignorar, porém, que determinados crimes omissivos próprios podem estar ligados a resultados
naturalísticos, majorantes/qualificadoras do delito, como acontece com a omissão de socorro, punida mais
rigorosamente quando da não ação ocorre lesão grave ou morte da vítima.
Na , todavia, a causalidade (também normativa) deve ser analisada sob outro prisma. Nesse

caso, a lei não tipifica a conduta omissiva, mas estabelece regras para que se possa punir o agente por ter praticado crime
comissivo por omissão.
Estamos diante de um crime de resultado material, exigindo, consequentemente, um nexo entre a ação omitida e o
resultado. Esse nexo, no entanto, não é naturalístico (a omissão não causou o resultado). O agente não causa diretamente o
resultado, mas permite que ele ocorra abstendo-se de agir quando deveria e poderia fazê-lo para evitar a sua ocorrência. `A
mãe que tricota meias ao invés de alimentar o filho, não causa a morte do bebê. Na realidade, a morte do filho é causada
pela inanição, isto é, por um processo causal que se desenvolve de forma independente“
QUESTÕES
Após discussão em uma casa noturna, Jonas, com a intenção de causar lesão, aplicou um golpe de arte marcial em Leonardo,
causando fratura em seu braço. Leonardo, então, foi encaminhado ao hospital, onde constatou-se a desnecessidade de
intervenção cirúrgica e optou-se por um tratamento mais conservador com analgésicos para dor, o que permitiria que ele
retornasse às suas atividades normais em 15 dias.
A equipe médica, sem observar os devidos cuidados exigidos, ministrou o remédio a Leonardo sem observar que era
composto por substância à qual o paciente informara ser alérgico em sua ficha de internação. Em razão da medicação
aplicada, Leonardo sofreu choque anafilático, evoluindo a óbito, conforme demonstrado em seu laudo de exame cadavérico.
Recebidos os autos do inquérito, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Jonas, imputando-lhe o crime de
homicídio doloso.
Diante dos fatos acima narrados e considerando o estudo da teoria da equivalência, o(a) advogado(a) de Jonas deverá alegar
que a morte de Leonardo decorreu de causa superveniente
A) absolutamente independente, devendo ocorrer desclassificação para que Jonas responda pelo crime de
lesão corporal seguida de morte.
B) relativamente independente, devendo ocorrer desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de
morte, já que a morte teve relação com sua conduta inicial.
C) relativamente independente, que, por si só, causou o resultado, devendo haver desclassificação para o
crime de homicídio culposo.
D) relativamente independente, que, por si só, produziu o resultado, devendo haver desclassificação para o
crime de lesão corporal, não podendo ser imputado o resultado morte.
Wallace, hemofílico, foi atingido por um golpe de faca em uma região não letal do corpo. Júlio, autor da facada, que não
tinha dolo de matar, mas sabia da condição de saúde específica de Wallace, sai da cena do crime sem desferir outros
golpes, estando Wallace ainda vivo. No entanto, algumas horas depois, Wallace morre, pois, apesar de a lesão ser em
local não letal, sua condição fisiológica agravou o seu estado de saúde.
Acerca do estudo da relação de causalidade, assinale a opção correta.

A) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa relativamente independente preexistente, e Júlio não
deve responder por homicídio culposo, mas, sim, por lesão corporal seguida de morte.

B) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa absolutamente independente preexistente, e Júlio não
deve responder por homicídio culposo, mas, sim, por lesão corporal seguida de morte.

C) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa absolutamente independente concomitante, e Júlio deve
responder por homicídio culposo.

D) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa relativamente independente concomitante, e Júlio não
deve responder pela lesão corporal seguida de morte, mas, sim, por homicídio culposo.
As causas relativamente independentes, por sua vez, originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. Daí
serem relativas, pois não existiriam sem a atuação criminosa.
Como, entretanto, tais causas são independentes, têm idoneidade para produzir, por si só, o resultado, já que não se
situam no normal trâmite do desenvolvimento causal.
Classificam-se em preexistentes (ou estado anterior), concomitantes e supervenientes.
A causa relativamente independente preexistente existe previamente à prática da conduta do agente. Antes de seu
agir ela já estava presente. Exemplo: "A", com ânimo homicida, efetua disparos de arma de fogo contra "B",
atingindo-a de raspão. Os ferimentos, contudo, são agravados pela diabete da vítima, que vem a falecer.
A causa relativamente independente concomitante é a que ocorre simultaneamente à prática da conduta. Exemplo:
"A" aponta uma arma de fogo contra "B", o qual, assustado, corre em direção a movimentada via pública. No
momento em que é alvejado pelos disparos, é atropelado por um caminhão, morrendo.
Em obediência à teoria da equivalência dos antecedentes ou "conditio sine qua non", adotada pelo artigo 13,
"caput", "in fine", do Código Penal, nas duas hipóteses o agente responde pelo resultado naturalístico. Com efeito,
suprimindo-se mentalmente a sua conduta, o resultado material, que nos exemplos acima seria a morte da vítima,
não teria ocorrido quando e como ocorreu.
Relativamente às causas supervenientes relativamente independentes, elas podem ser divididas em dois grupos, em
face da regra prevista no artigo 13, §1º, do Código Penal: (1) as que produzem por si só o resultado; (2) as que não
produzem por si só o resultado.
No que tange às causas supervenientes relativamente independentes que não produzem por si só o
resultado, incide a teoria da equivalência dos antecedentes ou da "conditio sine qua non", adotada como
regra geral no tocante à relação de causalidade (CP, art. 13, "caput", "in fine"). O agente responde pelo
resultado naturalístico, pois, suprimindo-se mentalmente a sua conduta, o resultado não teria ocorrido
como e quando ocorreu. Exemplo: "A", com intenção de matar, efetua disparos de arma de fogo contra
"B". Por má pontaria, atinge-o em uma das pernas, não oferecendo risco de vida. Contudo, "B" é
conduzido a um hospital e, por imperícia médica, vem a morrer.
Nesse caso, "B" não teria morrido, ainda que por imperícia médica, sem a conduta inicial de "A". De
fato, somente pode falecer por falta de qualidade do profissional da medicina aquele que foi submetido
ao seu exame, no exemplo, justamente pela conduta homicida que redundou no encaminhamento da
vítima ao hospital.
A imperícia médica, por si só, não é capaz de matar qualquer pessoa, mas somente aquela que necessita
de cuidados médicos. Nesse sentido é a orientação do STJ:
"O fato de a vítima ter falecido no hospital em decorrência das lesões sofridas, ainda que se alegue
eventual omissão no atendimento médico, encontra-se inserido no desdobramento físico do ato de
atentar contra a vida da vítima, não caracterizando constrangimento ilegal a responsabilização criminal
por homicídio consumado, em respeito à teoria da equivalência dos antecedentes causais adotada no
Código Penal e diante da comprovação do 'animus necandi' do agente".
Por outro lado, as causas supervenientes relativamente independentes que produzem por si só o resultado é a situação tratada
pelo §1º do artigo 13 do CP: "A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou".
Nesse dispositivo foi acolhida a teoria da causalidade adequada. Logo, causa não é mais o acontecimento que de qualquer modo
concorre para o resultado.
Muito pelo contrário, passa a ser causa apenas a conduta idônea - com base em um juízo estatístico e nas regras de experiência
("id quod plerum que accidit") -, a provocar a produção do resultado naturalístico. Não basta qualquer contribuição. Exige-se
uma contribuição adequada.
Os exemplos famosos são: (1) pessoa atingida por disparos de arma de fogo que, internada em um hospital, falece não em razão
dos ferimentos, mas sim queimada por um incêndio que destrói toda a área dos enfermos; e (2) ferido que morre durante o
trajeto para o hospital, em face de acidente de tráfego que atinge a ambulância que o transportava.
Em ambos os casos, a incidência da teoria da equivalência dos antecedentes acarretaria a imputação do resultado naturalístico
ao responsável pelos ferimentos, pois, eliminando-se em abstrato sua conduta, certamente a morte não teria ocorrido quando e
como ocorreu.
A expressão "por si só" revela a autonomia da causa superveniente que, embora relativa, não se encontra no mesmo curso do
desenvolvimento causal da conduta praticada pelo autor. Em outras palavras, depois do rompimento da relação de causalidade,
a concausa manifesta a sua verdadeira eficácia, produzindo o resultado por força própria, ou seja, invoca para si a tarefa de
concretizar o resultado naturalístico.
Nos exemplos acima mencionados, conclui-se que qualquer pessoa que estivesse na área da enfermaria
do hospital, ou no interior da ambulância, poderia morrer em razão do acontecimento inesperado e
imprevisível, e não somente a ferida pela conduta praticada pelo agente.

Portanto, a simples concorrência (de qualquer modo) não é suficiente para a imputação do resultado
material, produzido, anote-se, por uma causa idônea e adequada, por si só, para fazê-lo.

O artigo 13, §1º, cuidou exclusivamente das causas supervenientes relativamente independentes que
produzem por si só o resultado. Não falou das preexistentes nem das concomitantes.
Art. 14 - Diz-se o crime:

Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
ELEMENTO ESPÉCIES Quanto ao resultado
CRITÉRIO produzido na
S DA DE
PARA vítima, poderá ser
TENTATIVA TENTATIVA
PUNIÇÃO

o magistrado - Início da - Tentativa


deverá levar execução imperfeita • Tentativa branca
em conta a - Não (inacabada) (incruenta)
proximidade consumação - Tentativa
da perfeita • Tentativa vermelha
consumação. - Circunstâncias
alheias à vontade (acabada) (cruenta)
do agente, que
tinha um dolo de • Tentativa idônea
consumar o
delito
• Tentativa inidônea
INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM
TENTATIVA

Crimes Crime Crimes


culposos preterdoloso unissubsistentes

Contravenções Crimes Crimes


condicionados ao
penais habituais implemento de um
resultado
A doutrina discute se seria possível a tentativa de
dolo eventual.

Todavia, prevalece o entendimento de que é possível,


apesar da dificuldade de verificação prática.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados.

Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

Crime impossível

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o
crime.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

Na desistência voluntária e o
arrependimento eficaz, no começo, o
indivíduo quer chegar ao resultado, mas
após o indivíduo abandona.

Conceito Tanto na desistência voluntária quanto no


arrependimento eficaz, o sujeito só
responderá pelos atos até então praticados.

A desistência voluntária e o arrependimento


eficaz são incompatíveis com o crime culposo,
eis que o resultado é involuntário
ARREPENDIMENTO
POSTERIOR

O art. 16 do CP estabelece que


nos crimes cometidos sem
violência ou grave ameaça à
Conceito pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou
da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será
reduzida de 1/3 a 2/3..
REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO
POSTERIOR

Crime cometido sem


violência ou grave Reparação do dano ou Até o recebimento da
ameaça à pessoa:
admite violência contra devolução da coisa denúncia ou queixa
a coisa

Ato voluntário, não precisa ser espontâneo


Aqui há a denominada ponte de prata
CRIME IMPOSSÍVEL
Crime impossível é o quase-
crime, crime oco, tentativa
inidônea.
Conceito Segundo o art. 17 do CP
estabelece que não se pune a
tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou
por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível
consumar-se o crime.
TEORIAS TRATANDO DO CRIME IMPOSSÍVEL

Teoria objetiva
Teoria Teoria objetiva
Teoria subjetiva Teoria objetiva temperada
sintomática pura
(intermediária)
ESPÉCIES DE CRIME IMPOSSÍVEL

Delito putativo por


Ineficácia absoluta Impropriedade
Teoria objetiva obra do agente
do meio absoluta do objeto
provocador
QUESTÕES

Durante uma reunião de Considerando apenas as informações


condomínio, Paulo, com o animus Inconformado com a ofensa à
sua honra, Arthur ofereceu expostas, você deverá esclarecer que
de ofender a honra objetiva do a conduta de Paulo configura crime
condômino Arthur, funcionário queixa-crime em face de Paulo,
imputando-lhe a prática do de
público, mesmo sabendo que o
ofendido foi absolvido daquela crime de calúnia. Preocupado
imputação por decisão transitada com as consequências de seu
em julgado, afirmou que Artur não ato, após ser regularmente
tem condições morais para conviver citado, Paulo procura você,
naquele prédio, porquanto se como advogado(a), para
apropriara de dinheiro do assistência técnica
condomínio quando exercia a
função de síndico.
A) difamação, não de calúnia, cabendo exceção da
verdade por parte de Paulo.
LETRA C

Observa-se que mesmo sabendo


que a vítima foi absolvida do crime B) injúria, não de calúnia, de modo que não cabe
imputado, Paulo quis ofender a honra exceção da verdade por parte de Paulo.
objetiva de Arthur. Vale destacar, que no
caso, é irrelevante a qualidade de
funcionário público, uma vez que não estava
no exercício de suas funções. Assim, não C) calúnia efetivamente imputado, não cabendo
cabe à exceção da verdade, pelo motivo exceção da verdade por parte de Paulo.
disposto no art. 138, §3º, inciso III, CP:
admite-se a prova da verdade, SALVO:
[...] D) calúnia efetivamente imputado, sendo possível o
III - se do crime imputado, embora de ação oferecimento da exceção da verdade por parte de
pública, o ofendido foi absolvido por Paulo.
sentença irrecorrível.
QUESTÕES

Regina dá à luz seu primeiro filho, Diante dos fatos acima narrados, o(a)
Davi. Logo após realizado o parto, Descobertos os fatos, Regina é
denunciada pelo crime de advogado(a) de Regina, em alegações
ela, sob influência do estado finais da primeira fase do
homicídio qualificado pela
puerperal, comparece ao berçário da asfixia com causa de aumento de procedimento do Tribunal do Júri,
maternidade, no intuito de matar pena pela idade da vítima. deverá requerer
Davi. No entanto, pensando tratar-
se de seu filho, ela, com uma corda,
asfixia Bruno, filho recém-nascido
do casal Marta e Rogério,
causando-lhe a morte.
A) o afastamento da qualificadora, devendo Regina
responder pelo crime de homicídio simples com
causa de aumento, diante do erro de tipo.

B) a desclassificação para o crime de infanticídio,


LETRA B
diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser
Com base no art. 20. §3° reconhecida a agravante pelo fato de quem se
art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo pretendia atingir ser descendente da agente.
legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei. C) a desclassificação para o crime de infanticídio,
§ 3°. o erro quando a pessoa contra a qual o crime diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo
é praticado não isenta de pena. não se considera, ser reconhecida a agravante de o crime ser contra
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, descendente, já que são consideradas as
senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.
características de quem se pretendia atingir.
Logo regina responderia pelo crime de Infanticídio D) a desclassificação para o crime de infanticídio,
art. 123.Matar, sob a influência do estado diante do erro sobre a pessoa, podendo ser
puerperal, próprio filho durante o parto ou logo reconhecida a agravante de o crime ser contra
após.
Pena. Detenção de dois a seis anos
descendente, já que são consideradas as
características de quem se pretendia atingir.
Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.

Agravação pelo resultado

Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.
Erro sobre elementos do tipo

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.

Descriminantes putativas

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível
como crime culposo.

Erro determinado por terceiro

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Erro sobre a pessoa

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
O artigo 18, I, do Código Penal, anuncia ser doloso o crime quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Dolo, portanto, pode ser
conceituado como a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta prevista no tipo penal Incriminado.
Majoritariamente, rotula-se o dolo como um componente subjetivo implícito da conduta, pertencente ao fato típico, formado por dois elementos: o volitivo, isto
é, a vontade de praticar a conduta descrita na norma, representado pelos verbos querer e aceitar; e o intelectivo, traduzido na consciência da conduta e do
resultado.

São teorias do dolo:

1) Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.


2) Teoria da representação: fala-se em dolo sempre que o agente tem a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta.
3) Teoria do consentimento (ou assentimento): fala-se em dolo sempre que o agente tem a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide
prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento".

O Direito Penal brasileiro, em seu artigo 18, adota as teorias da vontade (para o dolo direto) e do consentimento (para o dolo eventual):

Art. 18, I, CP. Dolo Teoria


Diz-se o crime doloso
Quando o agente Direto Direto Vontade
quis o resultado.
ou assumiu o risco Indireto, da espécie Assentimento
de produzi-lo eventual
O crime culposo, previsto no art. 18, II, do Código Penal, consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou
aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que podia ser evitado se
empregada a cautela esperada.
Houve época em que parte da doutrina sustentava ser desnecessária a punição do crime culposo, pois a conduta de que resulta a lesão não é
impulsionada por sentimento contrário ao direito e, consequentemente, não haveria motivo para punir alguém com a finalidade de aplacar sua
periculosidade quando esta, na realidade, não se revela.
Com o decurso do tempo, a punição da culpa passou a ser exigida; não mais se discute sua necessidade, especialmente nos dias atuais, em que
as relações sociais se tornam a cada dia mais variadas e complexas, abrindo espaço para condutas descuidadas, que acabam por atingir bens
jurídicos de patente relevância. Não se trata de punir em virtude de periculosidade, mas de estabelecer a proteção penal a bens jurídicos
contra ações ou omissões que, embora não direcionadas ao resultado lesivo, são baseadas na falta de cuidado objetivo e devem ser
desestimuladas.
De acordo com a doutrina majoritária, a culpa deve ser tratada como elemento normativo da conduta, inserida no fato típico.

São elementos estruturais do crime culposo:


(A) Conduta humana voluntária
(B) Violação de um dever de cuidado objetivo
(1) Imprudência
(2) Negligência
(3) Imperícia
(C) Resultado naturalístico involuntário
(D) Nexo entre conduta e resultado
(E) Resultado (involuntário) previsível
QUESTÕES
Pretendendo causar unicamente um crime de dano em determinado estabelecimento comercial, após discussão
com o gerente do local, Bruno, influenciado pela ingestão de bebida alcoólica, arremessa uma grande pedra em
direção às janelas do estabelecimento. Todavia, sua conduta imprudente fez com que a pedra acertasse a cabeça
de Vitor, que estava jantando no local com sua esposa, causando sua morte. Por outro lado, a janela do
estabelecimento não foi atingida, permanecendo intacta. Preocupado com as consequências de seus atos, após
indiciamento realizado pela autoridade policial, Bruno procura seu advogado para esclarecimentos.
Considerando a ocorrência do resultado diverso do pretendido pelo agente, o advogado deve esclarecer que Bruno
tecnicamente será responsabilizado pela(s) seguinte(s) prática(s) criminosa(s):

A) homicídio culposo e tentativa de dano, em concurso material.

B) homicídio culposo, apenas.

C) homicídio culposo e tentativa de dano, em concurso formal.

D) homicídio doloso, apenas.


Contravenções penais (art. 4º, da LCP) que estabelece não ser punível a tentativa.

Crimes culposos nos tipos culposos, existe uma conduta negligente, mas não uma vontade finalisticamente dirigida ao resultad
incriminado na lei. Não se pode tentar aquilo que não se tem vontade livre e consciente, ou seja, sem que haja dolo.

Crimes habituais são aqueles que exigem uma reiteração de condutas para que o crime seja consumado. Cada conduta isolada
um indiferente para o Direito Penal.

Crimes omissivos próprios o crime estará consumado no exato momento da omissão. Não se pode admitir um meio termo, o
seja, o sujeito se omite ou não se omite, mas não há como tentar omitir-se. No momento em que ele devia agir e não age, o crim
estará consumado.

Crimes unissubsistentes são aqueles em que não se pode fracionar a conduta. Ou ela não é praticada ou é praticada em su
totalidade. Deve-se ter um grande cuidado para não confundir esses crimes com os formais e de mera conduta, os quais podem
ou não admitir a tentativa, o que fará com que se afirme uma coisa ou outra é saber se eles são ou não unissubsistentes.

Crimes preterdolosos são aqueles em que há dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Ex. lesão corporal seguida de morte
Havendo culpa no resultado mais grave, o crime não admite tentativa.

Crimes de atentado são aqueles em que a própria tentativa já é punida com a pena do crime consumado, pois ela está descrit
no tipo penal.
Erro sobre a ilicitude do fato

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

Coação irresistível e obediência hierárquica

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

Legítima defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança
pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

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