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UFMS/FADIR

DIREITO PENAL

Profa. Dra. Andréa Flores

Aula 6

FATO FATO FATO


TÍPICO/TIPICIDADE ILÍCITO/ILICITUDE CULPÁVEL/CULPABILIDADE
(Art. 13 ao Art. 20, (Art. 23, Art. 24 e Art. (Art. 20, §1º, Art. 21, Art 22,
caput) 25) Art. 26, caput, Art. 27 e
Art.28, §1º)
CONDUTA (AÇÃO OU EXCLUDENTES:
OMISSÃO) ESTADO DE IMPUTABILIDADE
RESULTADO (OFENSA NECESSIDADE CONHECIMENTO DA
AO BEM JURÍDICO) LEGÍTIMA DEFESA ILICITUDE DO FATO
NEXO CAUSAL ESTRITO EXIGIBILIDADE DE
TIPICIDADE FORMAL + CUMPRIMENTO DO CONDUTA DIVERSA
TIPICIDADE MATERIAL DEVER LEGAL
EXERCÍCIO REGULAR EXCLUDENTES:
DO DIREITO INIMPUTABILIDADE
DESCONHECIMENTO DA
ILICITUDE DO FATO
INEXIGIBILIDADE DE
CONDUTA DIVERSA

Iter Criminis (Caminho do Crime) (art. 14 ao 17 do CP)

_____________!__________________________!
__________________Consumação

Cogitação Atos preparatórios Atos executórios

Consumação

Art. 14, I – o crime é consumado quando nele se reúnem todos os elementos do crime

Tentativa

Art. 14, II – ocorre tentativa quando, iniciados os atos executórios, o crime não se
consuma por circunstâncias alheais à vontade do agente.

Art. 121, caput, c.c art. 14, II, do CP


Art. 155, caput, c.c art. 14, II do CP

1 a 4 anos – 1/3 a 2/3

A tentativa é uma tipificação por extensão. Ex. art. 121, caput, c.c art. 14,
II do CP.

A tentativa é uma causa de diminuição de pena variável de 1/3 a 2/3 e o


magistrado deve fundamentar a escolha do quantum de acordo com o iter criminis
percorrido.

_____________!__________________________!_2/3____1/2____1/3_Consumação

Cogitação Atos preparatórios Atos executórios

Crimes que não admitem a tentativa:

- crimes culposos

- crimes preterdolosos

- crimes omissivos próprios

- crimes unissubsistentes (único ato)

Desistência Voluntária

Art. 15. Ocorre a desistência voluntária quando o agente, iniciados os


atos executórios, desiste de prosseguir na execução do crime.

_____________!__________________________!__________________Consumação

Cogitação Atos preparatórios Atos executórios

Fórmula de Frank

Na tentativa o agente queria, mas não pode, na desistência o agente


podia, mas não quis.

Na desistência opera-se uma desclassificação e o agente responde pelos


atos até então praticados.

Ex.: Queria matar, desferiu um golpe na vítima, mas se afastou deixando-


a viva, mesmo podendo dar outros golpes para matá-la. Responde pelos atos até
então praticados, ou seja, responderá somente pela lesão causada.
Arrependimento Eficaz

Art. 15. Ocorre o arrependimento eficaz quando o agente, iniciados os


atos executórios, pratica nova conduta para impedir que o resultado ocorra.

_____________!__________________________!__________________Consumação

Cogitação Atos preparatórios Atos executórios

No arrependimento opera-se uma desclassificação e o agente responde


pelos atos até então praticados.

Ex.: queria matar, desferiu um golpe na vítima, mas se arrepende e a leva


para o hospital. A vítima sobrevive. Responde pelos atos até então praticados, ou seja,
responderá somente pela lesão causada.

Arrependimento Posterior (consumação)

Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

_____________!__________________!________________Consumação X 2/3 a 1/3

Cogitação Atos preparatórios Atos executórios

Requisitos:

- crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa;

- reparação do dano ou restituição do bem;

- até o recebimento da denúncia ou queixa; (pode ocorrer na fase policial)

- ato voluntário do agente.

É causa de diminuição da pena variável de 1/3 a 2/3. O juiz deve


fundamentar a escolha do quantum na presteza da restituição.

Casos específicos:

Estelionato por meio de cheque Súmula 554 STJ

Peculato culposo art. 312, §3º


Crimes tributários e de apropriação indébita previdenciária extingue a
punibilidade.

Crime Impossível (Art. 17)

Trata-se de uma tentativa não punível, portanto, embora o agente tenha


adentrado aos atos executórios, jamais chegaria à consumação, seja por:

_____________!__________________________!__________________Consumação

Cogitação Atos preparatórios Atos executórios

a) absoluta ineficácia do meio; ou


b) absoluta impropriedade do objeto (bem jurídico).

Exs.: crime de aborto de mulher que não estava grávida (absoluta impropriedade do
objeto) ou crime de aborto ingerindo substância que não tinha propriedade abortiva
(absoluta ineficácia do meio).

EXERCICIOS SOBRE APLICAÇÃO DA LEI PENAL

1. João, brasileiro, praticou crime em Portugal, onde foi condenado e cumpriu


sua pena. Poderá ser aplicada a lei penal brasileira neste caso? Justifique.
Resposta: Não, pois trata-se de aplicação da lei penal condicionada às
condições do art. 7º, §2º, dentre elas a de não ter cumprido a pena no
estrangeiro face ao princípio da nacionalidade ativa (art. 7º, II, b).
2. João, brasileiro, praticou crime de falsificação de passaporte brasileiro
quando se encontrava em Portugal, onde foi condenado e cumpriu sua pena.
Poderá ser aplicada a lei penal brasileira neste caso? Justifique.
Resposta: sim, pois trata-se da aplicação da lei penal incondicionalmente face
ao princípio da defesa e proteção da fé pública brasileira previsto no art. 7º, I,
b. Neste caso, aplica-se a regra do art. 8º, descontando-se o tempo cumprido
no estrangeiro.
3. João foi condenado a 5 anos, 4 meses e 15 dias de reclusão. Considerando
que João foi preso dia 04 de maio de 2020, quando terminará de cumprir sua
pena, caso não haja interrupção no cumprimento?
Resposta: 04.05.20
15.04.05
19.09.25 – 1 dia = 18.09.25
4. João foi condenado por crime de homicídio culposo praticado na direção de
veículo automotor (art. 302 do CTB) a 2 anos de detenção e a 5 meses de
suspensão da CNH. Errou o magistrado na fixação das penas, tendo em vista
que o Código Penal prevê que a pena restritiva (suspensão de CNH) deve
substituir a pena privativa de liberdade?
Resposta: Não, pois no CTB o tempo e a aplicação da suspensão da CNH tem
regras próprias (Princípio da Especialidade art. 12)

EXERCÍCIOS SOBRE RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

1. João, querendo matar Pedro, desferiu um tiro contra este. Pedro foi socorrido
e levado ao hospital, mas em razão da gravidade do ferimento, acabou
morrendo por broncopneumonia. João responderá pelo resultado morte?
Justifique.
Resposta: A broncopneumonia é uma causa superveniente relativamente
independente considerada desdobramento da conduta, portanto, João
responderá pelo resultado morte (art. 13, caput).

2. João, querendo matar Pedro, desferiu um tiro contra este. Pedro foi socorrido
e levado ao hospital, mas o médico que o atendeu era seu inimigo e ministrou
medicação errada para provocar a morte de Pedro. João responderá pelo
resultado morte? Justifique.
Resposta: A medicação errada é uma causa superveniente relativamente
independente que, por si só, provocou o resultado, portanto, João não
responderá pelo resultado morte (art. 13, §1º)

3. João, querendo matar Pedro, desferiu um tiro contra este. Pedro foi socorrido
e levado ao hospital, mas morreu em decorrência de erro médico. João
responderá pelo resultado morte? Justifique.
Resposta: o erro médico é uma causa superveniente relativamente
independente que, por si só, provocou o resultado, portanto, João não
responderá pelo resultado morte (art. 13, §1º)

4. João, criança de 10 anos, se afogou quando brincava num lago de um clube.


Pedro, salva-vidas, não socorreu João porque no momento estava
paquerando uma moça. Maria, madrasta de João, não o socorreu porque
queria a morte do enteado. Paty que se encontrava à beira do lago tomando
sol, não o socorreu porque havia feito um tratamento no cabelo e não
poderia molhá-lo. João morreu afogado. Como os agentes (salva-vidas,
madrasta e Paty) serão responsabilizados?
O salva-vidas e a madrasta responderão por homicídio, trata-se de crime
omissivo impróprio em que há relevância na omissão em razão do art. 13,
§2º. Já Paty responderá por crime de omissão de socorro (art. 135 do CP) é
crime omissivo próprio.

Exercícios sobre Iter Criminis

1. João, querendo matar Pedro, ministra um veneno em sua bebida. Pedro toma o
veneno, mas antes que comece a passar mal, João ministra um antídoto. Pedro
sobrevive sem nada sentir. Como João será responsabilizado?
João não será responsabilizado, por ter ocorrido arrependimento posterior
consumado

2. João, querendo matar Pedro, ministra um veneno em sua bebida. Pedro toma o
veneno, mas antes que comece a passar mal, sua esposa descobre a conduta de
João e o leva ao hospital. Pedro faz uma lavagem intestinal e sobrevive. Como
João será responsabilizado?
João será responsabilizado por tentativa de homicídio, pelo ato não ter sido
consumado mediante a intenção de mata-lo

3. João, querendo matar Pedro, ministra um veneno em sua bebida. Pedro toma o
veneno, mas antes que comece a passar mal, João ministra um antídoto.
Contudo o antídoto não faz efeito e Pedro morre. Como João será
responsabilizado?
João responderá por homicídio, pelo arrependimento eficaz não ter sido eficaz

4. João, querendo matar Pedro, ministra um veneno em sua bebida. Pedro toma o
veneno, mas nem passa mal. João descobre que a substância foi trocada e
ministrou um adoçante na bebida de Pedro. Como João será responsabilizado?
João não será responsabilizado

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