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DIREITO PENAL:
Prof. Gabriel Habib
Módulo I:
Livros: 1. Tratado de direito penal- cesar bitencurt, ed.
Saravia; 2. Direito penal- Rogério Greco; 3. Manual do direito
penal – Rogério Sanches.
AULA 1:
Consumação e tentativa
Paral Welgel o crime nasce na mente do agente. Iter
criminis:
COGITAÇÃO
PREPARAÇÃO
EXECUÇÃO
CONSUMAÇÃO
A primeira fase do iter criminis é a cogitação, que é uma
fase interna mental, e se o crime nasce na mente do
agente, o agente já cogita o crime. Não é punido porque é
mental.
Só a execução, em regra é punível.
Qual é o limite entre o ato preparatório e o ato executório?
A partir de que momento o agente ingressa no ato
executório e ae já poderá ser punido?
Se o ato executório é punível, eu só posso falar em
tentativa se o agente ingressar na execução.
ATOS PREPARATÓRIOS x ATOS EXECUTÓRIOS
Teorias:
1. TEORIA SUBJETIVA ou TEORIA SUBJETIVA LIMITADA
ou TEORIA OBJETIVA INDIVIDUALIZADORA ou TEORIA
DO PLANO DO AUTOR:
Para essa teoria já é possível falar em tentativa quando o
agente exterioriza de modo seguro e inequívoco a sua
intenção de praticar o delito.
De acordo em direção com seu plano mental, por isso que a
teoria é subjetiva.
A partir desse momento já se fala em ato executório, já fala
portanto em tentativa.
2. TEORIA OBJETIVO-FORMAL ou TEORIA DA ACÃO
TÍPICA (Beling):
Quando o agente pratica a conduta descrita no tipo penal.
Quando o agendo pratica a conduta no núcleo do tipo penal,
ali já começa haver ato executório, ex: no homicídio é quando
ele pratica a ação de matar; no furto ação de subtrair; na
lesão corporal a ação de lesionar o braço de outrem.
Essa teoria é a teoria MAJORITARIAMENTE ADOTADA
PELOS TRIBUNAIS.
3. TEORIA OBJETIVO-MATERIAL ou TEORIA DA
UNIDADE NATURAL (Frank):
Quando o agente por sua conduta coloca o bem jurídico em
uma situação de perigo. Exemplo: no furto por exemplo, o
agente está pulando o muro prestes à ingressar na casa da
vítima, já está colocando o patrimônio da vítima em perigo.
Ex2: No crime de homicídio – quando o agente aponta a arma
para a vítima, eu ainda não atirei, eu não pratiquei ainda a
conduta típica matar alguém, do art. 121, porem eu já
coloquei a vida daquela pessoa em perigo.
Essa teoria as vezes ela chega à ser adotada.
4. TEORIA DA UNIVOCIDADE (Carrara):
Ele diferencia atos preparatórios, de atos executórios.
Atos preparatórios são equívocos, porque eles podem ser
dirigidos à um fim criminoso ou não; ex: comprar uma arma,
eu posso comprar para matar alguém ou eu posso para ter
em minha defesa, ou à pedido de outrem.
Atos executórios são unívocos, eles sempre dirigem-se à uma
ação criminosa.
No Brasil essa teoria não foi adotada.
5. TEORIA DA HOSTILIDADE AO BEM JURÍDICO ou
TEORIA DO COMEÇO DO PERIGO CONCRETO AO BEM
JURÍDICO (Mayer e Vannini):
Para esta teoria o ato executório coloca o bem jurídico em
perigo concreto, ou seja, o ato executório ataca o bem jurídico
colocando em perigo concreto, efetivo. Já o ato preparatório
não causa nenhum perigo. Exemplo: comprar uma arma,
comprar um veneno, comprar uma faca, comprar uma corda
emprestada para te matar não causaria a partir desta teoria
nenhuma lesão à integridade física.
Então das 5 teorias, em algumas situações a teoria 3 é
adotada, porém de forma majoritária a 2 é a adotada na
jurisprudência brasileira.
O agente entrar no ato executório significa chegar direto na
consumação? Há algumas hipóteses:
Até pode acontecer, saco minha arma, desfiro um tiro
em sua cabeça e você tem morte instantânea.
Será que sempre o mero fato do agente entrar na
execução significa ir direto na consumação? Não, eu
posso atirar em você e você não morrer. Eu posso
querer matar você com 5 tiros, desferir 2 tiros e ir
embora, desistir. Eu posso desferir 5 tiros e depois
salvar você. Eu posso ter esquecido de carregar a
arma, aponto pra você, puxo o gatilho, e nada
acontece, pois não dispara. E eu posso desferir em
você alguns tiros e o crime não se consumar, por
circunstancias alheias à minha vontade. Nessa
hipóteses algumas coisas vão acontecer entre a
execução e a consumação, nesses casos o ato
executório não nos leva diretamente à consumação,
alguns institutos tem estudo aqui: Pode acontecer do
agente desistir voluntariamente de prosseguir e o
crime não se consumar: DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA;
pode acontecer do agente ingressar no ato executório,
esgota-lo e depois ele atuar em sentido contrário para
evitar a consumação do crime: ARREPENDIMENTO
EFICAZ,
Pode acontecer também de o agente iniciar o ato
executório mas depois perceber que da forma pela
qual ele executou ele JAMAIS conseguiria atingir a
consumação, jamais ele obteria a consumação, por
dois motivos: 1. Porque o meio era absolutamente
ineficaz – uma arma descarregada; 2. Ou porque o
objeto material do crime era absolutamente
impróprio- crime impossível – art. 17 CP.
Pode acontecer também de o agente ingressar na
execução e ele não desistir, não se arrepender, e o
crime ser possível, mas ele não atingiu a consumação
possível por circunstancias alheias à sua vontade. –
TENTATIVA – art. 14, II, CP
Requisitos:
a) Objetivo: impedimento eficaz do resultado. Eficaz:
evitando-se a consumação.
b) Subjetivo: voluntariedade. Não precisa ser espontâneo,
basta que seja voluntário.
Só é compatível com a tentativa ACABADA OU
PERFEITA. , que é aquela na qual o agente esgota os
atos executórios.
Redação do art. 15, CP: AE somente é compatível com os
delitos materiais, pois o tipo menciona “impede que o
resultado se produza”
É o resultado naturalístico, exigido nos crimes materiais.
É incompatível com os crimes formais e de mera conduta.
Pois a conduta do agente já é suficiente para a consumação.
Se o crime se consumar? Não se aplica o Arrependimento
Eficaz. E o agente responde pela consumação.
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CRIME IMPOSSÍVEL (art. 17):
Chamado por Franz Von Liszt de tentativa impossível.
A doutrina em geral chama de tentativa inadequada,
tentativa inidônea, tentativa impossível ou quase-crime –
SINÔNIMOS DE CRIME IMPOSSÍVEL.
No século XIX Feuerbach reanimou o debate acerca da
punibilidade do crime frustrado. Para ele somente a
tentativa perigosa poderia ser punida. A contrário sensu, a
tentativa não perigosa não poderia ser punida. Exigência de a
ação em seus aspectos externos em relação causal com o
resultado desejado.
Consequências dessa exigência:
1. Distinção entre meio e objeto da ação frustrada.
2. Mittermaier (em 1.816): distinção entre impossibilidade
absoluta e impossibilidade relativa em relação ao meio e
ao objeto.
Conceito de Von Liszt: “Dá-se tentativa impossível, quando
um ato voluntário tendente a um certo resultado é
inadequado para produzi-lo. A tentativa impossível
apresenta-se, às mais das vezes, mas não exclusivamente,
como crime frustrado, e portanto pode ser tanto tentativa
acabada como inacabada.”
Von Liszt: A razão da punibilidade da tentativa reside no
caráter perigoso da ação. Se faltar esse caráter na tentativa,
ela deixa de ser criminosa. Assim, temos a seguinte regra:
“punível é a tentativa perigosa, impune deve ficar a tentativa
não perigosa. ”
Von Liszt: A tentativa é perigosa quando o ato suscita a
possibilidade iminente da realização do resultado.
Como saber se a tentativa era perigosa ou não perigosa?
Aquela ação não deve ser analisada de forma genérica
(de forma generalizada). E sim, de acordo com a
circunstâncias particulares daquele caso concreto.
Devem ser consideradas as circunstâncias conhecidas
pelo agente no momento da sua ação. Momento ao qual,
o julgador deve remontar-se.
A tentativa será não perigosa quando a ação do agente
se mostrar completamente inadequada para produzir o
resultado, de acordo com as circunstâncias notórias ou
as circunstâncias conhecidas pelo agente no momento
da sua conduta.
Teorias sobre o crime impossível: essas teorias buscam
explicar quando eu tenho o crime impossível e quando eu
tenho tentativa.
1. Teoria subjetiva: subjetivismo, intenção do agente. Para
esta teoria para que exista tentativa basta que o agente haja
com vontade de praticar a infração penal. O agente é punido
pela sua intenção. Não se considera meio, objeto, basta a
intenção do agente. Esta teoria não foi adotada.
2. Teoria sintomática: leva em consideração se a realização
da conduta por parte do agente revela a sua periculosidade,
mesmo que seja caso de crime impossível se a conduta
revelar-se perigosa tem tentativa. Essa teoria não é adotada.
3. Teoria objetiva pura: objetiva considera apenas dados
objetivos. Essa teoria preconiza que não haverá tentativa, e
sim crime impossível, se o meio for ineficaz ou se o objeto for
impróprio. Para essa teoria não se faz distinção entre meio
absolutamente ou relativamente ineficaz. E não se faz
distinção entre objeto absolutamente ou relativamente
impróprio. Em qualquer caso, seja relativamente ou
absolutamente não haverá crime.
4. Teoria objetiva temperada, moderada ou matizada: para
essa teoria só haverá crime impossível se o meio for
ABSOLUTAMENTE ineficaz, ou o objeto for
ABSOLUTAMENTE impróprio, ou seja, tem que ter a
inidoneidade absoluta.
HIPÓTESES DE CRIME IMPOSSÍVEL:
Meio absolutamente ineficaz ou objeto absolutamente
impróprio.
Meio: tudo aquilo que o agente utiliza no ato executório. Exs:
um revolver, uma pistola, uma faca, uma corda. A
inidoneidade do meio tem que ser analisada no caso concreto.
Objeto: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta
criminosa. É aquele objeto que não existe antes do ato
executório.
A inidoneidade do meio ou do objeto é analisada EX POST, ou
seja, eu só verifico depois.
Sempre que for causa de crime impossível o agente estará em
situação de erro, o agente não sabe que o meio é
absolutamente ineficaz, e ele não sabe que o objeto é
absolutamente impróprio, ele age em erro sobre esses
elementos. Então o erro é fundamental ao crime impossível,
sem erro não se fala em crime impossível.
Súmula 145- flagrante preparado, conduta atípica. “ O
flagrante preparado é um grande circo onde o agente é o
palhaço principal”.
Diferença entre crime impossível e delito putativo:
- Putatividade é situação imaginária. Então delito putativo é o
delito que só existe na imaginação do agente, o crime não
existe. O agente pratica uma conduta pensando que é crime,
mas não é.
- No crime impossível a conduta é criminosa, só que o meio é
absolutamente ineficaz ou o objeto é absolutamente
imprópria.
- O delito putativo também é chamado de crime de ensaio.
Crime consumado
Tentativa