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ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE TRANSPORTE MARÍTIMO, FLUVIAL OU AÉREO:

Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar


qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo

§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou


destruição de aeronave:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Prática do crime com o fim de lucro

§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de


obter vantagem econômica, para si ou para outrem.

Modalidade culposa

§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos

Do Bem Jurídico tutelado e Sujeitos do delito: Tutela-se a incolumidade pública, no particular


aspecto da segurança dos meios de transporte marítimos, fluviais ou aéreos. Sujeito ativo do delito
pode ser qualquer pessoa, sem distinção – até mesmo o proprietário da embarcação ou aeronave
(delito comum). Já o sujeito passivo se volta à coletividade.

Da Tipicidade Objetiva e Subjetiva: São duas as condutas típicas previstas no caput do artigo
261: (a) expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia; ou (b) praticar (realizar,
executar) qualquer ato tendente a impedir (interromper, obstruir) ou dificultar (tornar difícil, custoso,
embaraçar) navegação marítima, fluvial ou aérea (tipo autônomo/misto
alternativo/anormal/congruente).
Embarcação é entendida como sendo não apenas o navio propriamente dito, mas qualquer outra
construção flutuante destinada a transporte coletivo – de pessoas ou bens –, sendo indiferente sua
força motriz, sua forma ou composição (v.g., barco, lancha, barco a vela, balsa).
Aeronave é qualquer aparelho – mais leve ou mais pesado que o ar, capaz de transportar pessoas
ou coisas pelo espaço.
Configura a conduta em apreço a prática de qualquer ato apto a expor a perigo ou capaz de impedir
ou dificultar o transporte marítimo, fluvial ou aéreo, tais como: “provocar o abalroamento ou colisão
de embarcações ou aeronaves, ou o investimento de umas ou outras contra resistências passivas;
fazer brecha em embarcação, ensejando a invasão das águas; destruir ou remover aparelhos ou
peças indispensáveis à orientação ou à segurança da embarcação ou aeronave; apagar, inutilizar ou
deslocar sinais guiadores; remover boias ou faróis; colocar falsos faróis, ou transmitir falsos avisos;
tornar impraticável algum ancoradouro ou campo de pouso etc.”

O delito é de perigo concreto, – exige, para a sua caracterização, a existência de efetivo perigo à
incolumidade pública, de modo que o delito só se consuma com a real ocorrência do perigo para o
bem jurídico.
O tipo subjetivo é integrado pelo dolo – consciência e vontade de expor a perigo embarcação ou
aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação
marítima, fluvial ou aérea. Consuma-se com o advento da situação de perigo (art. 261, caput). A
tentativa é admissível. Se o fim do sujeito ativo é matar ou ofender a integridade física ou a saúde de
determinada pessoa, responde pelo delito de homicídio qualificado (art. 121, §2.º, III) ou de lesão
corporal (art. 129), consumados ou tentados, em concurso formal com o delito previsto no artigo 261.
E se o agente praticar “sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e
vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras
instalações congêneres”, incorre nas penas previstas no artigo 15 da Lei 7.170/1983 (Lei de
Segurança Nacional). Logo, o delito pode ser assim classificado: comum, de perigo concreto, de
forma livre e plurissubsistente.

Do sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo: se do fato resulta naufrágio, submersão ou


encalhe de embarcação ou queda ou destruição de aeronave, configura-se a qualificadora constante
do §1.º (delito qualificado pelo resultado).
Naufrágio é a perda – total ou parcial – do navio por qualquer causa, o que conduz ao rompimento,
tombamento ou ruína da embarcação.
Submersão é o afundamento – parcial ou total – da embarcação.
Encalhe é o impedimento à flutuação, verificando-se usualmente quando a quilha do navio se
encaixa em banco de areia ou qualquer outro obstáculo.
Queda de aeronave é a sua precipitação ou projeção ao solo ou sobre as águas; destruição, o seu
perecimento, parcial ou total. Tal qualificadora opera na magnitude do injusto, demonstrando maior
desvalor do resultado.
Consuma-se com o efetivo sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo (art. 261, §1.º). Não se
admite a tentativa.
Se o atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo ou o sinistro são
perpetrados por meio de incêndio ou explosão, há a absorção do delito insculpido no artigo 261
pelos delitos acostados no artigo 250, §1.º, II, c, ou no artigo 251, §2.º, respectivamente.

Da prática do crime com o fim de lucro: Se o agente pratica o crime – em qualquer de suas
modalidades (art. 261, caput ou §1.º) – com o intuito de obter vantagem econômica para si ou para
outrem, incorre no disposto no §2.º do artigo 261, aplicando-se também a pena de multa. A prática
do delito com o fim de lucro atua na medida da culpabilidade, visto que é maior a gravidade do juízo
de reprovação pessoal que incide sobre a conduta típica e ilícita.
Para reconhecimento da qualificadora, exige-se que a obtenção da vantagem econômica seja o
motivo que desencadeou a resolução delitiva, ou seja, que a conduta seja realizada em decorrência
desse motivo. Dado que o ânimo de lucro deve ser o motivo propulsor da resolução delitiva,
residindo a maior reprovabilidade da conduta na mera representação do proveito, dispensável, para
a caracterização da qualificadora, a obtenção da vantagem visada.

Do Sinistro Culposo: a forma culposa verifica-se quando o agente provoca o naufrágio, a


submersão ou o encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave pela inobservância
do dever objetivo de cuidado exigível (art. 261, §3.º).

Da forma qualificada: se do sinistro doloso resulta lesão corporal de natureza grave, a pena
privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. Se do sinistro
culposo resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço (art. 263).

Da pena e ação penal: Reclusão, de dois a cinco anos (art. 261, caput). Se do fato resultar
naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave, a pena é
de reclusão, de quatro a doze anos (art. 261, §1.º). Aplica-se também a pena de multa, se o agente
pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem (art. 261, §2.º). No
caso de culpa, se ocorre o sinistro, detenção, de seis meses a dois anos (art. 261, §3.º). Se do
sinistro doloso resulta lesão corporal de natureza grave, aumenta-se a pena de metade; se resulta
morte, é aplicada em dobro. Se do sinistro culposo resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de
metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço
(art. 263). Na forma culposa, a competência para processo e julgamento é dos Juizados Especiais
Criminais (art. 61, Lei 9.099/1995), sendo cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei
9.099/1995). A ação penal é pública incondicionada.

ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE OUTRO MEIO DE TRANSPORTE:


Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o
funcionamento:

Pena - detenção, de um a dois anos.

§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos.

§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Forma qualificada

Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou
sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258

Do bem jurídico tutelado e os sujeitos do delito: tutela-se a incolumidade pública, em especial a


segurança dos meios de transporte não compreendidos em outros dispositivos. No que se refere ao
polo ativo, por se tratar de delito comum, pode ser qualquer indivíduo. No polo passivo encontramos
a coletividade em geral.

Da tipicidade objetiva e subjetiva: As condutas típicas previstas no artigo 262 são: (a) expor a
perigo outro meio de transporte público; (b) impedir-lhe (interromper, obstruir) ou dificultar-lhe (tornar
difícil, custoso, embaraçar) o funcionamento (tipo penal misto alternativo/anormal/congruente). O
objeto material é outro meio de transporte público, que entende-se como não apenas aquele
exercido pelo Estado ou Autarquia, mas todo aquele que serve ao interesse público. Trata-se de
delito de perigo concreto. Exige-se, para a sua configuração, a existência de real perigo à
incolumidade pública. No delito de perigo concreto, a exigência do perigo integra o tipo, como
elemento normativo, de modo que só se consuma com a ocorrência do perigo para o bem jurídico.
Faz-se mister comprovar se o perigo de fato ocorreu ou não, no caso em exame.
O tipo subjetivo é integrado pelo dolo (direto ou eventual) consciência e vontade de expor a perigo
outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento. Consuma-se em
estudo com o advento da situação de perigo (art. 262, caput). A tentativa é admissível.

Do desastre em transporte público: conforme qualificadora disposta no §1°, se o fato resulta


desastre, o delito se qualifica pelo resultado. Ademais, é preciso lembrar que, se o atentado contra a
segurança de outro meio de transporte ou desastre é perpetrado por meio de incêndio ou explosão,
há a absorção do delito insculpido no artigo 262 pelos delitos acostados no artigo 250, §1.º, II, c, ou
no artigo 251, §2.º, respectivamente. Consuma-se o delito em estudo com o efetivo desastre em
transporte público (art. 262, §1.º). Não se admite a tentativa.

Do desastre culposo: conforme §2° do art. 262, a forma culposa se verifica quando o agente
provoca o desastre pela inobservância do dever objetivo de cuidado exigível.
Da forma qualificada: Se do desastre (art. 262, §1.º) resulta lesão corporal de natureza grave, a
pena privativa de liberdade é aumentada pela metade; se resulta morte, é aplicada em dobro (art.
263). Se do desastre culposo (art. 262, §2.º) resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade;
se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço (art. 263)

Da ação penal: A competência para processo e julgamento das figuras previstas no caput e no §2.º
é dos Juizados Especiais Criminais (art. 61, Lei 9.099/1995), sendo admissível também a suspensão
condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995). A ação penal é pública incondicionada.

ARREMESSO DE PROJÉTIL
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por terra,
por água ou pelo ar:

Pena - detenção, de um a seis meses.

Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos;
se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço

Do bem jurídico protegido e sujeitos do delito: Tutela-se a incolumidade pública, no especial


aspecto da segurança dos meios de transporte público. Protege-se a segurança dos veículos
destinados ao transporte coletivo, ameaçados pelo arremesso de projétil quando em movimento.
Qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo do delito, enquanto delito comum. Sujeito passivo é
a coletividade, logo, um número indeterminado de pessoas ou coisas.
Da tipicidade objetiva e subjetiva: A conduta típica prevista no artigo 264, caput, consiste em
arremessar (atirar, lançar com força) projétil – qualquer coisa ou objeto sólido e pesado que se lança
no espaço – contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por terra, por água ou
pelo ar. Trata-se de delito de perigo abstrato. Dessa forma, o perigo constitui unicamente a ratio
legis, isto é, o motivo que inspirou o legislador a criar a figura delitiva. O perigo não aparece aqui
como elemento do tipo objetivo, e o delito se consuma mesmo que no caso concreto não se tenha
verificado nenhum perigo para o bem jurídico tutelado, sendo suficiente a simples comprovação de
uma atividade finalista. Não se exige, portanto, que o perigo – inerente à ação – seja comprovado.
O arremesso é compreendido aqui em sentido amplo – pode ter sido feito manualmente ou através
de qualquer aparelho. O tipo subjetivo é integrado apenas pelo dolo – a saber, consciência e
vontade de arremessar projétil contra veículo. Consuma-se o crime com o simples arremesso do
projétil, não sendo necessário que este efetivamente atinja o alvo visado (delito de mera
conduta/instantâneo). Logo, perfaz-se o delito com o mero lançamento, mesmo quando o projétil –
idôneo à criação do perigo comum – não logra alcançar o veículo destinado ao transporte público.
Não se admite a tentativa.
Da forma qualificada: Se do arremesso de projétil resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de
6 (seis) meses a 2 (dois) anos; se resulta morte, a pena é a do artigo 121, §3.º (homicídio culposo),
aumentada de 1/3 (um terço) (art. 264, parágrafo único). Tais resultados qualificadores (lesão/morte)
são imputados ao agente a título de culpa.
Da pena e ação penal: Comina-se pena de detenção, de um a seis meses (art. 264). Se do
arremesso de projétil resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos; se resulta morte, a pena é a do artigo 121, §3.º (homicídio culposo), aumentada de 1/3 (um
terço) (art. 264, parágrafo único). A competência para processo e julgamento dos delitos previstos
no caput e no parágrafo único, 1.ª parte, é dos Juizados Especiais Criminais (art. 61, Lei
9.099/1995). A suspensão condicional do processo é cabível (art. 89, Lei 9.099/1995). A ação penal
é pública incondicionada
ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA:
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou
qualquer outro de utilidade pública:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de
subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços. (Incluído pela Lei nº 5.346, de
3.11.1967)

Do bem jurídico tutelado e sujeitos do delito: Tutela-se a incolumidade pública, em particular a


segurança dos serviços de utilidade pública. Sujeito ativo do delito em análise pode ser qualquer
pessoa, sem nenhuma distinção, uma vez que este é delito comum. No polo passivo, novamente a
coletividade.
Da tipicidade objetiva e subjetiva: A conduta típica prevista no artigo 265, caput, consiste em
atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer
outro de utilidade pública . O agente atenta contra a segurança – isto é, torna incerta ou insegura a
prestação dos serviços – ou contra o funcionamento dos serviços de utilidade pública – de modo que
possa perturbar sua regular atividade, com risco de paralisação ou cessação.O delito em apreço é
de perigo abstrato. O perigo não surge aqui como elemento do tipo objetivo e o delito se consuma
mesmo que no caso concreto não se tenha verificado nenhum perigo para o bem jurídico tutelado
(incolumidade pública), sendo suficiente a simples comprovação de uma atividade finalista. Não se
exige, portanto, que o perigo – inerente à ação seja comprovado.
O tipo subjetivo é integrado apenas pelo dolo – consciência e vontade de atentar contra a segurança
ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública.
Consuma-se com a execução pelo agente de qualquer ato apto a perturbar a segurança ou o
funcionamento dos serviços de utilidade pública. A tentativa é perfeitamente admissível.

Causa de aumento de pena: Aumenta-se a pena de um terço até a metade se o dano ocorre em
virtude de subtração (furto) de material essencial ao funcionamento dos serviços (art. 265, parágrafo
único).

Pena e ação penal: Cominam-se penas de reclusão, de um a cinco anos, e multa (art. 265, caput).
Cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995). A ação penal é pública
incondicionada.

INTERRUPÇÃO OU PERTURBAÇÃO DE SERVIÇOS TELEGRÁFICO, TELEFÔNICO,


INFORMÁTICO, TELEMÁTICO OU DE INFORMAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA (Redação dada
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência

Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou


dificultar-lhe o restabelecimento:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

§ 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação de utilidade pública,
ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)

§ 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública.


(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)

Do bem jurídico tutelado e sujeitos do delito: Tutela-se a incolumidade pública, em particular


aspecto da regularidade do funcionamento dos serviços telegráficos, radiotelegráficos ou telefônicos.
Protege-se, portanto, a normalidade dos serviços de telecomunicações. Qualquer pessoa pode ser
sujeito ativo do delito em exame, ja que este é delito comum. No campo do sujeito passivo, tem-se a
coletividade.

Da tipicidade objetiva e subjetiva: As condutas típicas previstas no artigo 266, caput, são: a)
interromper (fazer cessar, paralisar) ou perturbar (modificar, atrapalhar, desorganizar) serviço
telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico; b) impedir (obstar, não permitir) ou dificultar (tornar difícil
ou custoso, embaraçar, retardar) o seu restabelecimento (tipo autônomo/misto
cumulativo/normal/congruente). A enumeração dos serviços prevista é taxativa, não se admitindo a
interpretação analógica para abarcar, por exemplo, o serviço postal (vide, a propósito, art. 40, Lei
6.538/1978) ou radiotelefônico. Faz-se necessário que o serviço afetado seja público – ainda quando
exercido por concessionário.
Trata-se de perigo abstrato, dessa forma, sendo suficiente a simples comprovação de uma atividade
finalista. Não se exige, portanto, que o perigo – inerente à ação – seja demonstrado. É possível a
prática do delito por omissão. É o que ocorre, por exemplo, na hipótese de o empregado deixar de
determinar ou realizar os reparos ou correções essenciais ao restabelecimento do serviço telefônico,
podendo fazê-lo, dando lugar a situação de perigo comum. O tipo subjetivo é integrado unicamente
pelo dolo – a saber, consciência e vontade de interromper ou perturbar serviço telegráfico,
radiotelegráfico ou telefônico, de impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento. A consumação se
verifica com a prática de qualquer uma das condutas previstas, ou seja, com a efetiva interrupção ou
perturbação do serviço, ou com o impedimento ou obstrução de seu pronto restabelecimento. A
tentativa é perfeitamente admissível.
Da causa de aumento de pena: Aplicam-se as penas em dobro se o delito é cometido por ocasião
de calamidade pública (v.g., catástrofe, infortúnio) – artigo 266, §2.º.
Pena e ação penal: cominam-se penas de detenção, de um a três anos, e multa (art. 266, caput e
§1.º). Nessa hipótese é cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995). A
ação penal é pública incondicionada.

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