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Modalidade culposa
Da Tipicidade Objetiva e Subjetiva: São duas as condutas típicas previstas no caput do artigo
261: (a) expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia; ou (b) praticar (realizar,
executar) qualquer ato tendente a impedir (interromper, obstruir) ou dificultar (tornar difícil, custoso,
embaraçar) navegação marítima, fluvial ou aérea (tipo autônomo/misto
alternativo/anormal/congruente).
Embarcação é entendida como sendo não apenas o navio propriamente dito, mas qualquer outra
construção flutuante destinada a transporte coletivo – de pessoas ou bens –, sendo indiferente sua
força motriz, sua forma ou composição (v.g., barco, lancha, barco a vela, balsa).
Aeronave é qualquer aparelho – mais leve ou mais pesado que o ar, capaz de transportar pessoas
ou coisas pelo espaço.
Configura a conduta em apreço a prática de qualquer ato apto a expor a perigo ou capaz de impedir
ou dificultar o transporte marítimo, fluvial ou aéreo, tais como: “provocar o abalroamento ou colisão
de embarcações ou aeronaves, ou o investimento de umas ou outras contra resistências passivas;
fazer brecha em embarcação, ensejando a invasão das águas; destruir ou remover aparelhos ou
peças indispensáveis à orientação ou à segurança da embarcação ou aeronave; apagar, inutilizar ou
deslocar sinais guiadores; remover boias ou faróis; colocar falsos faróis, ou transmitir falsos avisos;
tornar impraticável algum ancoradouro ou campo de pouso etc.”
O delito é de perigo concreto, – exige, para a sua caracterização, a existência de efetivo perigo à
incolumidade pública, de modo que o delito só se consuma com a real ocorrência do perigo para o
bem jurídico.
O tipo subjetivo é integrado pelo dolo – consciência e vontade de expor a perigo embarcação ou
aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação
marítima, fluvial ou aérea. Consuma-se com o advento da situação de perigo (art. 261, caput). A
tentativa é admissível. Se o fim do sujeito ativo é matar ou ofender a integridade física ou a saúde de
determinada pessoa, responde pelo delito de homicídio qualificado (art. 121, §2.º, III) ou de lesão
corporal (art. 129), consumados ou tentados, em concurso formal com o delito previsto no artigo 261.
E se o agente praticar “sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e
vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras
instalações congêneres”, incorre nas penas previstas no artigo 15 da Lei 7.170/1983 (Lei de
Segurança Nacional). Logo, o delito pode ser assim classificado: comum, de perigo concreto, de
forma livre e plurissubsistente.
Da prática do crime com o fim de lucro: Se o agente pratica o crime – em qualquer de suas
modalidades (art. 261, caput ou §1.º) – com o intuito de obter vantagem econômica para si ou para
outrem, incorre no disposto no §2.º do artigo 261, aplicando-se também a pena de multa. A prática
do delito com o fim de lucro atua na medida da culpabilidade, visto que é maior a gravidade do juízo
de reprovação pessoal que incide sobre a conduta típica e ilícita.
Para reconhecimento da qualificadora, exige-se que a obtenção da vantagem econômica seja o
motivo que desencadeou a resolução delitiva, ou seja, que a conduta seja realizada em decorrência
desse motivo. Dado que o ânimo de lucro deve ser o motivo propulsor da resolução delitiva,
residindo a maior reprovabilidade da conduta na mera representação do proveito, dispensável, para
a caracterização da qualificadora, a obtenção da vantagem visada.
Da forma qualificada: se do sinistro doloso resulta lesão corporal de natureza grave, a pena
privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. Se do sinistro
culposo resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço (art. 263).
Da pena e ação penal: Reclusão, de dois a cinco anos (art. 261, caput). Se do fato resultar
naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave, a pena é
de reclusão, de quatro a doze anos (art. 261, §1.º). Aplica-se também a pena de multa, se o agente
pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem (art. 261, §2.º). No
caso de culpa, se ocorre o sinistro, detenção, de seis meses a dois anos (art. 261, §3.º). Se do
sinistro doloso resulta lesão corporal de natureza grave, aumenta-se a pena de metade; se resulta
morte, é aplicada em dobro. Se do sinistro culposo resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de
metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço
(art. 263). Na forma culposa, a competência para processo e julgamento é dos Juizados Especiais
Criminais (art. 61, Lei 9.099/1995), sendo cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei
9.099/1995). A ação penal é pública incondicionada.
Forma qualificada
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou
sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258
Da tipicidade objetiva e subjetiva: As condutas típicas previstas no artigo 262 são: (a) expor a
perigo outro meio de transporte público; (b) impedir-lhe (interromper, obstruir) ou dificultar-lhe (tornar
difícil, custoso, embaraçar) o funcionamento (tipo penal misto alternativo/anormal/congruente). O
objeto material é outro meio de transporte público, que entende-se como não apenas aquele
exercido pelo Estado ou Autarquia, mas todo aquele que serve ao interesse público. Trata-se de
delito de perigo concreto. Exige-se, para a sua configuração, a existência de real perigo à
incolumidade pública. No delito de perigo concreto, a exigência do perigo integra o tipo, como
elemento normativo, de modo que só se consuma com a ocorrência do perigo para o bem jurídico.
Faz-se mister comprovar se o perigo de fato ocorreu ou não, no caso em exame.
O tipo subjetivo é integrado pelo dolo (direto ou eventual) consciência e vontade de expor a perigo
outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento. Consuma-se em
estudo com o advento da situação de perigo (art. 262, caput). A tentativa é admissível.
Do desastre culposo: conforme §2° do art. 262, a forma culposa se verifica quando o agente
provoca o desastre pela inobservância do dever objetivo de cuidado exigível.
Da forma qualificada: Se do desastre (art. 262, §1.º) resulta lesão corporal de natureza grave, a
pena privativa de liberdade é aumentada pela metade; se resulta morte, é aplicada em dobro (art.
263). Se do desastre culposo (art. 262, §2.º) resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade;
se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço (art. 263)
Da ação penal: A competência para processo e julgamento das figuras previstas no caput e no §2.º
é dos Juizados Especiais Criminais (art. 61, Lei 9.099/1995), sendo admissível também a suspensão
condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995). A ação penal é pública incondicionada.
ARREMESSO DE PROJÉTIL
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por terra,
por água ou pelo ar:
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos;
se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de
subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços. (Incluído pela Lei nº 5.346, de
3.11.1967)
Causa de aumento de pena: Aumenta-se a pena de um terço até a metade se o dano ocorre em
virtude de subtração (furto) de material essencial ao funcionamento dos serviços (art. 265, parágrafo
único).
Pena e ação penal: Cominam-se penas de reclusão, de um a cinco anos, e multa (art. 265, caput).
Cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995). A ação penal é pública
incondicionada.
§ 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação de utilidade pública,
ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Da tipicidade objetiva e subjetiva: As condutas típicas previstas no artigo 266, caput, são: a)
interromper (fazer cessar, paralisar) ou perturbar (modificar, atrapalhar, desorganizar) serviço
telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico; b) impedir (obstar, não permitir) ou dificultar (tornar difícil
ou custoso, embaraçar, retardar) o seu restabelecimento (tipo autônomo/misto
cumulativo/normal/congruente). A enumeração dos serviços prevista é taxativa, não se admitindo a
interpretação analógica para abarcar, por exemplo, o serviço postal (vide, a propósito, art. 40, Lei
6.538/1978) ou radiotelefônico. Faz-se necessário que o serviço afetado seja público – ainda quando
exercido por concessionário.
Trata-se de perigo abstrato, dessa forma, sendo suficiente a simples comprovação de uma atividade
finalista. Não se exige, portanto, que o perigo – inerente à ação – seja demonstrado. É possível a
prática do delito por omissão. É o que ocorre, por exemplo, na hipótese de o empregado deixar de
determinar ou realizar os reparos ou correções essenciais ao restabelecimento do serviço telefônico,
podendo fazê-lo, dando lugar a situação de perigo comum. O tipo subjetivo é integrado unicamente
pelo dolo – a saber, consciência e vontade de interromper ou perturbar serviço telegráfico,
radiotelegráfico ou telefônico, de impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento. A consumação se
verifica com a prática de qualquer uma das condutas previstas, ou seja, com a efetiva interrupção ou
perturbação do serviço, ou com o impedimento ou obstrução de seu pronto restabelecimento. A
tentativa é perfeitamente admissível.
Da causa de aumento de pena: Aplicam-se as penas em dobro se o delito é cometido por ocasião
de calamidade pública (v.g., catástrofe, infortúnio) – artigo 266, §2.º.
Pena e ação penal: cominam-se penas de detenção, de um a três anos, e multa (art. 266, caput e
§1.º). Nessa hipótese é cabível a suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/1995). A
ação penal é pública incondicionada.