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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

104ª CIA ET

Sd 2ª Cl PM, Bruno Lanna de Oliveira Ferrari, nº 183.088-4, Turma 03


Sd 2ª Cl PM Giovanni Riani Roggini, nº182.916-7, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Igor de Oliveira Salvador, nº 182.943-1, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Jacqueline Aparecida Gama, nº 183.351-6, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Pablo Ruan Rodrigues, nº 182.823-5, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Reidner de Lima Ferreira Junior, nº182.829-2, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Vinicius Cesar Viana Porto, nº182.819-3, Turma 03

CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

Juiz de Fora
2023
Sd 2ª Cl PM, Bruno Lanna de Oliveira Ferrari, nº 183.088-4, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Giovanni Riani Roggini, nº182.916-7, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Igor de Oliveira Salvador, nº 182.943-1, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Jacqueline Aparecida Gama, nº 183.351-6, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Pablo Ruan Rodrigues, nº 182.823-5, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Reidner de Lima Ferreira Junior, nº182.829-2, Turma 03
Sd 2ª Cl PM Vinicius Cesar Viana Porto, nº182.819-3, Turma 03

CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

Trabalho complementar avaliativo apresentado


à disciplina de Direito Penal, Curso de
Formação de Soldados, Turma 03.
Instrutor: Sr 2º Sgt Wallace de Souza

Juiz de Fora
2023
1 - INTRODUÇÃO

O presente trabalho tratará sobre a temática dos crimes contra a


incolumidade pública. O direito penal em sua essência funciona como um
instrumento de proteção de bens jurídicos essenciais à sociedade, em toda a sua
diversidade.

Nesse contexto, a incolumidade pública é considerada um bem essencial, na


medida em que protege a segurança de todos os cidadãos de forma genérica,
evitando que o convívio e harmonia social sejam abalados.

Os doutrinadores Damásio de Jesus e André Estefam (2020, p.309) definem


o tema da seguinte forma:

“Os crimes aqui previstos são basicamente de perigo para um número


indeterminado de pessoas, trazendo ao seio social uma intranquilidade
generalizada, ofendendo diretamente a coletividade como um todo. O
interesse tutelado é a coletividade, muito embora dos comportamentos
delituosos geralmente advenha perigo ou dano a bens e interesses de
particulares”

Os crimes contra a incolumidade pública se dividem em três capítulos. O


Capítulo I trata dos crimes de perigo comum. Já o Capítulo II trata crimes contra a
segurança dos meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos. E o
Capítulo III aborda os crimes contra a saúde pública.

Considerando o grande número de dispositivos deste Título, o foco do


presente trabalho será abordar delitos com maior gama de aplicação e discussão
dos três capítulos citados, estudando cada artigo separadamente, com o objetivo de
entender de modo específico os respectivos tipos penais.
2- DESENVOLVIMENTO

2.1 Incêndio - art. 250, Código Penal

O incêndio, como conceitua Mirabete (1980), é a combustão de qualquer


matéria (sólida, líquida ou gasosa), com a sua destruição total ou parcial, que, por
sua proporção e condições, pode propagar-se, expondo a perigo a incolumidade
pública. Desta forma, não será qualquer fogo, mas o fogo perigoso, aquele que
acarreta risco em provocar um incêndio.
A conduta criminosa do incêndio destacada por Mirabete (1980) é a de
provocar, de algum modo, a combustão. O crime poderá ser comissivo ou omissivo
consistente em não apagar o fogo quando o agente tem o dever jurídico de fazê-lo,
como no caso do que causou de forma involuntária.
Segundo Mirabete (1980), trata-se de crime de perigo concreto, sendo
condição para o crime que acarrete perigo para a incolumidade pública. Não é
necessário que o perigo consista na combustão, havendo perigo para a
incolumidade pessoal, se o incêndio de uma coisa gera pânico que provoca perigosa
fuga ou tumulto de pessoas.
O referido delito encontra-se tipificado da seguinte forma: 

Art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o


patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º. As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em
proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada à habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência
social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

O crime pode ser doloso ou culposo (artigo 250, § 2º).


É doloso se por exemplo o agente põe fogo em uma casa com o objetivo de
matar seus moradores. Se a morte se consuma, há crime de homicídio qualificado
(artigo 121, § 2º, III), consumado ou tentado, em concurso formal com o de incêndio,
desde que existente perigo a uma porção indeterminado de pessoas ou casas
próximas.
Conforme o Código penal, a culpa é quando o agente deu causa ao resultado
por imprudência, negligência ou imperícia. Portanto, o Incêndio culposo quando não
há a intenção de iniciar o fogo, mas sim uma inobservância do dever objetivo de
cuidado no sentido de não deixar o fogo se iniciar ou alastrar. Em linhas gerais, será
imprudente o agente que pratica uma conduta arriscada, insensata.
Como exemplo, cita-se um pai que deixa seu filho sozinho em casa, com uma
lamparina acesa. Caso essa lamparina tenha ocasionado um incêndio, vindo a ceifar
a vida da criança, mesmo que o pai não almejasse o resultado, sua ação fora
inconsequente, concorrendo com o resultado, motivo pelo qual responderá a título
de culpa.
Para o incêndio culposo, a pena e menor, como dispõe o Código Penal:

“§ 2º. Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2


(dois) anos”.

Se a prática do incêndio vir a colocar ou expor a perigo a vida, a integridade


física ou o patrimônio de terceiros, se dará como configurado o crime.

2.2 Explosão – art. 251, Código Penal

O artigo 251 do Código Penal, traz em seu caput o crime de Explosão,


explicitado como:

Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de


outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho
de dinamite ou de substância de efeitos análogos:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.


§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos
análogos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena

§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das


hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida
qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.

O artigo pode ser dividido em 3 partes para que a análise seja feita de forma
completa e a aplicação prática seja efetiva: a necessidade da efetivação ou não da
explosão, qual a ação do indivíduo que caracteriza o crime e quais substâncias são
passíveis de enquadramento no artigo em análise. O artigo prevê uma pena de 3 a 6
anos e multa.
Já de imediato é possível analisar que a legislação pune aquele que coloca a
vida alheia e o patrimônio em perigo, não sendo necessário que o dano advindo da
explosão ocorra. A lei traz também que a ameaça deve ser realizada por aquele que
arremessa o explosivo ou simplesmente coloca-o causando risco a vida ou ao
patrimônio. Por fim é necessário também que a ameaça decorrente da possível
explosão ocorra por meio de um objeto, ou seja, a ameaça deve ser caracterizada
com a utilização de material explosivo, o que na lei é citado a dinamite ou substância
análoga.
Com essas 3 análises feitas, fica mais claro a situação em que a pena é mais
branda (vai de 1 a 4 anos e multa): quando a substância utilizada não é dinamite ou
explosivo de efeito análogo. Da mesma forma, o aumento de pena ocorre nas
situações em que a ameaça é contra os itens citados no n° II, parágrafo 1° do artigo
251 (casa habitada, edifício público e as outras já citadas) e é aumentada também
quando ocorre com o intuito de obter vantagens pecuniárias para benefício próprio
ou alheio (citado no n° I do artigo 251 também parágrafo 1°).
A modalidade culposa decorrente do uso de dinamite ou substância análoga
prevê no parágrafo 3 a detenção de 6 meses a 2 anos. Nos casos que não utilizadas
dinamites ou as substâncias análogas, a detenção é de 3 meses a 1 ano.
2.3 Uso de gás tóxico ou asfixiante – art.252, Código Penal

O presente dispositivo está disposto da seguinte forma na legislação penal:

Art. 252 Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de


outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Modalidade Culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

O gás tóxico é toda substância tóxica que se encontra no estado gasoso, ou


que para ser utilizada deve passar ao estado de gás ou de vapor, ou que é
empregada em razão de seu poder tóxico e para fins inerentes a esse poder,
(NORONHA,1977, pág. 372). O gás tóxico gera o envenenamento. Já o gás
asfixiante gera sufocação.
Nesse contexto, destaca-se que para configuração do delito é necessário que
o gás utilizado tenha proporção para atingir um número indeterminado de pessoas,
gerando um risco a todo o ambiente. Mesmo que apenas uma pessoa sinta os
efeitos do gás, se houve um perigo a um número indeterminado de pessoas, o crime
restará configurado.
A conduta descrita preteritamente admite tanto a modalidade dolosa quanto a
modalidade culposa.
O momento consumativo ocorre com a ação ou omissão que coloca o bem
comum em perigo através da utilização de gás tóxico ou asfixiante. O sujeito ativo do
crime é qualquer pessoa imputável. Já o sujeito passivo é a coletividade, sendo que
o bem jurídico tutelado é a incolumidade pública.
O crime é de ação penal pública incondicionada a representação.

2.4 Desabamento ou desmoronamento – art.256, Código Penal

O Código Penal Brasileiro disciplina em seu título VIII, dos crimes contra a
incolumidade pública, artigo 256:

Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a


vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Modalidade culposa

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.

Segundo (MIRABETE,2015) a conduta tipificada no artigo 256 é a de dar


causa, provocar, promover, motivar o desabamento ou desmoronamento. O
desabamento é definido como a queda de construções ou obras construídas pelo
homem, como edifícios, casas, pontes etc. O desmoronamento refere-se à de partes
do solo (desmoronamento do morro, pedreira etc). Ainda que seja parcial o
desmoronamento ou desabamento será configurado o crime.

O crime também pode ser configurado por omissão do agente que tem o
dever jurídico de impedi-lo e consciente do perigo não o evita.

O sujeito ativo do crime poderá ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário


do imóvel que veio a desabar. Os sujeitos passivos são aqueles que tiveram seus
bens colocados em perigo, assim como o Estado.

A consumação do delito ocorre com a verificação do resultado, que se dá


com o desabamento, devendo haver uma situação de perigo. A ação penal é pública
e incondicionada.

O crime em questão admite modalidade culposa. Caso o agente não tome


as precauções devidas para evitar o desabamento ou desmoronamento por
imprudência, negligencia ou imperícia poderá esse ser qualificado na modalidade
culposa do delito. Exemplo de um trabalhador que assume encargos para os quais
não possui formação especializada e provoca desmoronamento expondo a vida
alheia a perigo.

Resultando o desabamento ou desmoronamento lesão corporal grave ou


morte aplica-se ao fato o artigo 258 do Código Penal:

“Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de


natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se
resulta morte, é aplicada em dobro.”
Importante salientar a existência de contravenções penais (Decreto Lei
3688/41) correlacionadas ao crime em questão.

Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou


na execução, dar-lhe causa: Pena - multa, de um a dez contos de réis, se o
fato não constitui crime contra a incolumidade pública.

30. Omitir alguem a providência reclamada pelo Estado ruinoso de


construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe incumbe: Pena -

multa, de um a cinco contos de réis.

2.5 Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento –


art.257, Código Penal

Dispõe o artigo 257 do Código Penal Brasileiro:

Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação,


naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer
meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento;
ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

As condutas de subtrair, inutilizar e ocultar devem ser praticadas na


efetividade do incêndio, inundação ou calamidade, pois sem essas circunstancias o
crime seria caracterizado como crime contra o patrimônio, tais como roubo e furto. A
primeira parte do artigo trata da subtração ou obstaculização de uso de
equipamentos para combate ao incêndio, por exemplo, extintores, mangueiras, etc.
A segunda parte do artigo já aborda o impedimento ou dificultação, por qualquer
motivo, de equipamento essencial combate ao perigo, socorro ou salvamento.

O sujeito ativo do crime poderá ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário


dos equipamentos não disponibilizados para o socorro. O sujeito passivo será a
coletividade.
O delito em questão só admite a forma dolosa. Sua consumação pode se
dar em dois momentos distintos, a depender da conduta do agente. A primeira
hipótese é quando o agente efetivamente subtrai, oculta ou inutiliza o material citado
no tipo penal. A segunda hipótese é quando o agente pratica o ato que efetivamente
impede ou dificulta o serviço narrado na segunda parte do tipo penal.

A tentativa é possível, e a ação penal é publica incondicionada. O art. 257 é


delito de perigo abstrato, de modo que o perigo é presumido e dispensa
comprovação.

2.6 Epidemia – art.267, Código Penal

O referido dispositivo legal assim dispõe:

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:

Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)

§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.

§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se


resulta morte, de dois a quatro anos.

Trata-se de tipo penal que criminaliza a propagação de germes patogênicos a


um número indeterminado de pessoas dentro da sociedade. De acordo com os
doutrinadores Damásio de Jesus e André Estefam (2020, p.380) “para a tipificação
do fato é necessário que os germes patogênicos disseminados pelo agente
acometam de doença infecciosa um número considerável de pessoas, não sendo
consideradas epidemia as doenças infecciosas que atinjam uma ou outra pessoa, ou
que atinjam plantas ou animais”. Interessante destacar que o verbo propagar
significa disseminar, difundir.

Ademais, o sujeito ativo do tipo penal pode ser qualquer pessoa. O sujeito
passivo é a coletividade em geral.

Ressalta-se, ainda, que a epidemia seguida de morte (modalidade qualificado


do parágrafo primeiro) é considerado um delito de natureza hedionda.
2.7 Infração de medida sanitária preventiva – art.268, Código Penal.

O referido tipo penal assim dispõe:

Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir


introdução ou propagação de doença contagiosa:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é


funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico,
dentista ou enfermeiro.

O crime previsto acima é considerado uma norma penal em branco. Isto é, há


a necessidade de uma complementação legislativa para configurar o crime, na
medida em que a infração a determinação do poder público deve estar prevista em
outro diploma legal.

A intenção do legislador é proteger o respeito às determinações do Poder


Público emanadas no contexto de proteção à saúde da população.

Segundo Damásio de Jesus e André Estefam (2020, p.385):

“A determinação do Poder Público pode constar de qualquer ato normativo


(portaria, decreto, lei etc.), que deverá conter preceitos imperativos e não
simples recomendações ou conselhos à população. Como Poder Público
deve entender-se qualquer autoridade que aja nos limites de sua
competência, podendo ser federal, estadual ou municipal.”

Um exemplo recente da configuração do referido tipo legal se deu com a


pandemia de Covid-19. Durante o período de contágio do vírus, foram promulgadas
diversas normas administrativas nos âmbitos federais, estaduais e municipais do
país. Dentre estas, o uso obrigatório da máscara, bem como outras medidas
preventivas eram de conhecimento geral.

Nesse contexto, caso um Policial Militar observasse um cidadão infringindo


norma pública que determinava o uso obrigatório de máscara, poderia efetuar a
prisão em flagrante pelo supracitado tipo penal, lavrando o respectivo TCO em razão
da pena. Para a consumação do delito bastaria a infringência da norma emanada
pelo Poder Público, sendo irrelevante que a conduta introduza ou propague o
coronavírus. Verifica-se, portanto, um crime de mera conduta e de perigo abstrato,
no qual o momento consumativo é a violação, dolosa, da norma pública
administrativa. Há que se ressaltar, entretanto, que existe posição contrária, com
fundamenta na utilização do direito penal como ultima ratio.

2.8 Charlatanismo – art.283, Código Penal

Assim dispõe o Código Penal:

Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

O referido tipo legal criminaliza busca o infrator que objetiva enganar a


credulidade pública mediante promessas de cura. A promessa de cura não é pura e
simples, mas deve, necessariamente, ser por meio secreto (oculto, ignorado) ou
infalível (eficiência garantida).

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é a coletividade.

O crime é formal, bastando o anúncio da cura nos moldes mencionados


acima. Não há a necessidade, ainda, de habitualidade na conduta, sendo suficiente
a sua prática uma única vez.
3- CONCLUSÃO

Feito o estudo dos principais delitos dos crimes contra a incolumidade pública
percebe-se a importância da tipificação de tais condutas no ordenamento penal
nacional.

A proteção da incolumidade pública é dever do Estado. A incolumidade


pública afeta diretamente a vida diária da população e, caso desrespeitada, pode
acarretar grandes desastres.

Nesse ponto, destacam-se as palavras de Damásio de Jesus e André


Estefam (2020, p.310):

“A previsão de crimes contra a incolumidade pública é relativamente recente


nas legislações modernas. Advém da evolução na economia e nas relações
interindividuais que se verificam na sociedade. De fato, hoje, múltiplas
ofensas a direitos e interesses mais significativos do homem são
perpetradas não contra o indivíduo isoladamente considerado, mas contra
toda a coletividade. O jurista, atento a tal realidade, necessita da criação de
novos instrumentos que possam proteger tais interesses, que pertencem
antes a toda uma comunidade. Daí a atual denominação de tais interesses:
interesses difusos, visto que seus titulares não são identificados ou
identificáveis. Antes, pertencem eles a toda a comunidade”

Dessa forma, o direito penal surge para inibir determinados comportamentos


de modo a proteger a vida, a integridade física e a ordem da coletividade em geral.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Código Penal. DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.


Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em:
12 de janeiro de 2023.

JESUS, Damásio de. Parte Especial: crimes contra a propriedade imaterial a


crimes contra a paz pública – arts.184 a 288-A do CP; atualização André
Estefam. Direito Penal vol. 3 – 24 ed, São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

MIRABETE, Julio Fabbrini. Código penal comentado. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2015.
NORONHA, E. Magalhães. Direito penal, volume III. São Paulo, Saraiva, 1977.

ROMANO, Rogério Tadeu. O crime de desabamento ou desmoronamento.


Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5846, 4 jul. 2019.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/73401. Acesso em: 14 jan. 2023.

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