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Art. 250 do Código Penal - Decreto – Lei nº 2.

848 de 7 de dezembro de 1940

Incêndio
Para a compreensão do direito penal, o incêndio deve estar vinculado à provocação do perigo
coletivo, ou seja, potencialmente lesiva a pessoas ou coisas. Deste modo não é necessário que
se provoque as chamas, sendo suficiente que se promova a combustão e tenha proporções
suficientes para expor a vida, a integridade física ou patrimônio de terceiros em perigo. O mero
ato de queimar algumas folhas de papel ou acender um cigarro não constitui o delito.

Como o incêndio se caracteriza em um crime comum e a sua conduta provoca perigo a bens
alheios, ele pode ser praticado por qualquer pessoa, até mesmo por um proprietário de coisa
particular que incendeia seu imóvel, provocando perigo alheio. Mas se caso ele provoca incêndio
em um lugar ermo e sem pessoas próximas, o fato não se subsumirá ao art.250 do Código Penal.

Classificação Jurídica
O crime de incêndio é comissivo, comum, doloso ou culposo, que admite qualquer meio
executivo e pode ser praticado por um agente ou por vários, assim como é praticado por qualquer
pessoa. É caracterizado como material ou de resultado, pois, requer a produção do resultado
naturalístico para o efeito de consumação, é instantâneo logo que a consumação se produz
imediatamente após o inicio do fogo. Ademais, caracteriza-se como perigo concreto ou real, pois
se constitui da elementar do tipo e é transcende, ou seja, deixa vestígios.

Sujeitos do Crime
O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa. Pois, trata-se de crime comum, podendo ser
inclusive o proprietário da coisa incendiada, que vem a colocar em risco a incolumidade alheia. E,
o sujeito passivo é a coletividade.

Consumação e Tentativa

A consumação se dá no momento em que o fogo se propala e coloca em risco, em concreta


situação de perigo, o patrimônio, a vida ou integridade física de terceiros, sendo plenamente
possível a tentativa quando o incêndio não chegar a se iniciar por motivos alheios a vontade do
autor.

Incêndio, doloso ou culposo


Se tratando de causar incêndio, a lei permite a responsabilização do agente em duas
modalidades, dolosa ou culposa.

Em ambas, a classificação do incêndio constitui-se em infração que deixa vestígios, deste modo
determina a lei processual penal que seja indispensável à realização de exame de corpo de delito
para a averiguação dos vestígios deixados, em que os peritos devem verificar os termos
dispostos no art. 173 do CPP, sendo estes a causa e o lugar em que tenha começado, assim
como a extensão do dano e o seu valor, como as demais circunstanciam que interessarem à
elucidação do fato. Caso aja a inexistência destas provas instruindo a ação penal, impedirá a
condenação do agente como foi decidido pelo Superior Tribunal de Justiça

Classificação
Será doloso o incêndio ocasionado de maneira proposital e plenamente consciente mas sem
alvo previamente concebido, como por exemplo, o incêndio praticado em casa habitada em que
a conduta de quem penetra na residência de terceira pessoa, seciona a mangueira condutora e,
após retirar o botijão do fogão, coloca fogo no gás, improvisando um lança-chamas rudimentar,
com o qual ateia fogo nos móveis e utensílios que guarneciam o imóvel, destruindo tudo ao seu
alcance.

Será caracterizado como incêndio culposo o que for causado por imprudência, negligência ou
imperícia. Ou seja, é o agente que pratica uma conduta arriscada e insensata, como por
exemplo, uma mãe que deixa sua filha sozinha em casa, com uma lamparina acesa, e essa
lamparina tenha ocasionado um incêndio, vindo a ceifar a vida da criança. Não que essa mãe
almejasse o resultado, mas sua ação fora inconsequente, concorrendo com o resultado.

Incêndio por omissão

Por se tratar de um crime comissivo, o incêndio pode ser realizado também por omissão,
desde que o sujeito posso agir para evitar o resultado e que possua o dever jurídico de fazê-lo.
Essas omissões estão divididas em três:

a) Quando o ominente possui o dever legal, por exemplo, um bombeiro diante uma situação
de incêndio deixa de combatê-lo e permite que o fogo se propague.
b) Quando se assumiu a responsabilidade de impedir o resultado, como por exemplo, um
funcionário contratado percebe um curto-circuito na fiação em um local que contem
material inflamável e mesmo podendo intervir não toma nenhuma ação, ocasionando a
destruição e queima do imóvel
c) E, pelo principio da ingerência, quando, por exemplo, alguma visita que estava fumando
um cigarro permite, por descuidado pessoal que caia cinzas no carpete e causa incêndio
e mesmo que em condições de apagar o fogo, omitiu-se.

Desobediência Civil

Entendemos por desobediência civil a atitude da população que revoltadas contra o poder
estatal descumprem suas prescrições como forma de protesto. Essas revoltas são
transformadas em tumulto e quebra-quebra. Cita-se de exemplo quando moradores de certo
bairro inconformados com certas atitudes de policiais incendeiam um ônibus.

Penas
As penas no crime de incêndio que consiste em expor perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem tem pena de reclusão, de três a seis anos, e multa

Aumento de pena

§ 1º - As penas aumentam-se de um terço:

I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;

ART. 250 § 1 INC.

II – Se o incêndio é:

a) em casa habitada ou destinada a habitação;

b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;

c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;

d) em estação ferroviária ou aeródromo;

e) em estaleiro, fábrica ou oficina;

f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;

g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;

h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

Incêndio culposo

§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

E, caso resulta-se lesão corporal, a pena aumenta-se pela metade. Caso resulta morte aplica-se
pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. Ademais, as penas também serão
aumentadas de um terço em razão do móvel delitivo ou do local em que praticado e do resultado
naturalístico.

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