Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
CDD: 345.81
AC: 115977
Roubo
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II – Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância;
IV – Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior; (Acrescentado pela Lei n. 9.426/96)
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Acrescentado pela
Lei n. 9.426/96)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15
(quinze) anos, além de multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,
sem prejuízo de multa.
(2) Objeto material: É a coisa alheia móvel (vide comentários ao crime de furto) e a pessoa.
Convém notar que é incabível a incidência do princípio da insignificância no crime de roubo,
a fim de excluir a tipicidade. Nesse sentido: STF: “Inaplicável o princípio da insignificância
ao delito de roubo (art. 157, CP), por se tratar de crime complexo, no qual o tipo penal tem
como elemento constitutivo o fato de que a subtração de coisa móvel alheia ocorra ‘mediante
grave ameaça ou violência a pessoa’, a demonstrar que visa a proteger não só o patrimônio,
mas também a integridade pessoal” (AgR no AgI 557972/MG, Relª Minª Ellen Gracie, DJ 31-
3- 2006, p. 33). Na mesma linha de raciocínio, entende o STJ: “Por tutelar bens jurídicos
diversos, o patrimônio e a liberdade ou a integridade da pessoa, resta inviável a aplicação do
princípio da insignificância ao crime de roubo” (REsp 468998/MG, 5ª T., Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, DJ 25-9-2006, p. 298). Da mesma forma, caso o objeto seja de pequeno valor, é
inadmissível estender o privilégio do art. 155, § 2º, ao crime de roubo. Nesse sentido, TJRS:
“A privilegiadora do pequeno valor da res não é compatível com o crime de roubo, praticado
com violência ou grave ameaça a pessoa, circunstâncias impeditivas, também, na forma da lei,
da substituição da pena carcerária por restritivas de direitos” (TJRS, Ap. Crim. 70008930018
7ª Câmara Criminal, Rel. Marcelo Bandeira Pereira, j. 21-10-2004). No mesmo sentido:
TJRS, Ap. Crim. 70012550679, 8ª Câmara Criminal, Relª Fabianne Breton Baisch, j. 25-10-
2006.
(3) Ação nuclear: Assim como no crime de furto, consubstancia-se no verto subtrair, isto é,
retirar de outrem a coisa alheia móvel, no entanto, trata-se de crime grave, pois a subtração é
realizada mediante o emprego de violência ou grave ameaça, ou por qualquer outro meio que
reduza a capacidade de resistência da vítima.
Violência (vis corporalis): É a força física empregada contra a vítima, da qual decorram
3
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
lesão corporal leve ou vias de fato (a lesão corporal de natureza grave e a morte qualificam o
crime), as quais restam absorvidas pelo roubo. Constitui a chamada violência própria. Nesse
ínterim, cabe salientar as figuras da “trombada” e do “arrebatamento de objeto preso ao corpo
da vítima”, as quais, dependendo do caso concreto, poderão configurar o delito de roubo ou
caracterizarem o crime de furto qualificado. Nesse sentido, STJ: “Tendo sido a vítima
agredida e derrubada durante a subtração, inclusive com o comprometimento de sua
integridade física – lesão corporal – o delito é classificado como roubo, e não como simples
furto. Precedentes”.
(4) Roubo próprio (caput): É a modalidade prevista no caput do artigo. Nele, a violência,
grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência são empregados
contra a vítima antes ou durante a subtração do bem, pois se destinam à sua apreensão. Finda
essa ação, qualquer grave ameaça ou violência posterior caracterizará o roubo impróprio.
(5) Roubo impróprio (§ 1º): Nele, a violência ou grave ameaça são empregados logo depois
da subtração, a fim de assegurar a detenção do bem, para si ou para outrem, ou assegurar a
impunidade do crime, isto é, evitar a prisão em flagrante ou a sua identificação. A demora
entre a subtração e o emprego da violência ou grave ameaça poderá caracterizar crime
autônomo (constrangimento ilegal, lesão corporal, homicídio) em concurso com o delito de
furto. Mencione-se, ainda, que nem toda violência ou grave ameaça empregada logo depois de
subtraída a coisa configurará o crime de roubo impróprio. É preciso que ela seja utilizada com
o fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
(6) Sujeito ativo: Qualquer pessoa, com exceção do possuidor ou proprietário do bem.
(7) Sujeito passivo: Pode ser o titular do direito de propriedade ou posse ou terceiro que
tenha sofrido a violência ou grave ameaça (p. ex.: o empregado de um banco).
(8) Elemento subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade de subtrair coisa alheia móvel,
acrescido do fim especial de tê-la para si ou para outrem (animus rem sibi habendi). No roubo
impróprio, há também a finalidade de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa, para si ou para terceiro. Ao contrário do furto, o delito de roubo não admite a
possibilidade de descriminalização da conduta do agente pelo uso. Nesse sentido: “Roubo de
uso: não pode invocar furto de uso quem rouba veículo com violência ou grave ameaça”
(1) Natureza jurídica: Trata-se de crime qualificado pelo resultado (lesões graves), portanto
é um crime complexo (roubo + lesões graves). O resultado agravador pode advir de culpa
(crime preterdoloso) ou dolo (direto ou eventual). O roubo qualificado pelas lesões corporais
de natureza grave não se inclui no rol dos crimes hediondos, previstos na Lei n. 8.072/90, ao
contrário do crime de latrocínio.
(2) Lesões graves: Consideram-se como tais a lesão grave e a gravíssima (CP, art. 129, §§ 1º
e 2º). Pode ser produzida no titular do direito de propriedade ou em terceiro, isto é, em pessoa
diversa da vítima que sofre a espoliação patrimonial. A lesão leve é absorvida pelo crime de
roubo.
(3) Incidência: O agravamento da pena aplica-se tanto ao roubo próprio quanto ao impróprio.
(4) Consumação e tentativa: Trata-se de crime material. A consumação ocorre com a
subtração da res e a produção das lesões corporais graves. Nas hipóteses em que o roubo
qualificado é preterdoloso (o evento mais gravoso decorre de culpa), a tentativa é impossível,
já que o resultado agravador não era desejado, não sendo possível ao sujeito tentar produzir
um evento que não era querido. Já no resultado agravador pretendido a título de dolo, será
4
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
perfeitamente possível a tentativa, pois o evento mais grave também era almejado pelo agente.
(5) Causas de aumento de pena do § 2º: As causas de aumento do § 2º não incidem sobre as
formas qualificadas do § 3º, mas tão somente sobre o roubo na sua forma simples. Nesse
sentido: Damásio de Jesus, Código Penal anotado, cit., p. 561, e Julio Fabbrini Mirabete,
(3) Latrocínio: Trata-se de crime qualificado pelo resultado (morte), portanto, é um crime
complexo (roubo + morte). O resultado agravador pode advir de culpa (crime preterdoloso) ou
dolo (direto ou eventual). O homicídio deve ser praticado com o fim de assegurar uma das
finalidades contidas na lei (apoderar-se da res, assegurar a sua posse ou garantir a impunidade
do crime), do contrário, não será possível estabelecer um nexo causal entre o roubo e a morte
produzida e, portanto, o crime qualificado pelo resultado. Assim, a morte produzida por
ciúmes, vingança etc. caracterizará crime autônomo de homicídio em concurso com o roubo.
Não importa o número de mortes ocasionadas, o crime de latrocínio será único.
(4) Grave ameaça: Não haverá latrocínio, porém, se a morte advier do emprego de grave
ameaça, visto que a lei expressamente afirma “se da violência resultar (...)”, por exemplo,
vítima que, diante da arma de fogo apontada em sua direção, se assusta com a ameaça e morre
de ataque de asma.
(5) Sujeito passivo: Aquele que sofre a espoliação patrimonial, bem como aquele que suporta
a violência física ocasionadora do óbito, podendo ser terceira pessoa. Discute-se se a morte do
coautor ou partícipe acarreta a configuração do latrocínio. Existem duas posições. Para a
primeira, a morte do coautor ou do partícipe não configura o delito de latrocínio, pois o
resultado atingiu o próprio sujeito ativo do crime, e não o passivo. TJSP, RT 702/324,
641/314; RJTJSP 117/447, 111/531. Em sentido contrário, a segunda corrente entende que a
morte do coautor ou partícipe qualifica o crime, configurando o latrocínio, dispensando-se a
morte da vítima. Nesse sentido: STF, RTJ 145/241; TJSP, RT 788/585; e TJDFT, RT 776/630.
Ocorrendo aberratio ictus, hipótese em que, por erro de execução, vem a ser atingido o
comparsa do agente, haverá o latrocínio, pois se considera, no caso, a pessoa mirada pelo
agente.
Extorsão
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
previstas no art. 159, § § 2º e 3º, respectivamente. (Incluído pela Lei n. 11.923, de 2009)
(1) Fundamento constitucional: De acordo com o art. 5º, II, da CF, “Ninguém será obrigado
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
(2) Objeto jurídico: Tutela-se a inviolabilidade do patrimônio, a vida, a integridade física e a
tranquilidade pessoal.
(3) Objeto material: É a coisa móvel e imóvel.
(4) Ação nuclear: Consiste no verbo constranger (coagir, forçar, obrigar). O constrangimento
5
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
(18) Roubo e extorsão. Distinção: STJ: “Penal. Roubo. Extorsão. Diferença. No roubo e na
extorsão, o agente emprega violência, ou grave ameaça a fim de submeter a vontade da
vítima. No roubo, o mal é ‘iminente’ e o proveito ‘contemporâneo’; na extorsão, o mal
prometido é ‘futuro’ e ‘futura’ a vantagem a que se visa (Carrara). No roubo, o agente toma a
coisa, ou obriga a vítima (sem opção) a entregá-la. Na extorsão, a vítima pode optar entre
acatar a ordem ou oferecer resistência. Hungria escreveu: ‘no roubo, há contrectatio; na
extorsão, traditio’” (REsp 90097/PR, 6ª T., Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ 25-2-
1998, p. 127). No mesmo sentido, TJRS: “Distinção entre roubo e extorsão. Não há distinção
entre alguém, sob ameaça, ter o bem tomado pelo meliante ou entregá-lo diante da ordem
deste. A diferença situa-se em permitir a extorsão alguma opção à vítima, o que não se
viabiliza no roubo, bem como, naquela, ser o proveito futuro e incerto, o que, no roubo,
inocorre, diante da indispensável contemporaneidade entre a ação e a vantagem” (TJRS, Ap.
Crim. 70000743351, 7ª Câmara Criminal, Rel. Luís Carlos Ávila de Carvalho Leite, j. 23-3-
2000); e TJRS: “Extorsão”. Roubo.
Imediatidade do Constrangimento. Dispensabilidade da conduta da vítima. Distinção.
“Tratando-se de ação imediata à subjugação da vítima pelo emprego de arma, o
constrangimento de entregar a res e a dispensabilidade da conduta da vítima para a subtração
da res, o delito que se configura é o de roubo e não extorsão” (TJRS, Ap. Crim. 70010503563,
5ª Câmara Criminal, Rel. Aramis Nassif, j. 16-8-2006).
6
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
Súmula:
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Redação dada pela Lei n. 8.072/90)
§ 3º Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos. (Redação dada pela Lei n. 8.072/90)
(1) Crime hediondo: A extorsão mediante sequestro, nos termos do art. 10 da Lei n. 8.072/90,
é considerado crime hediondo, tanto em sua forma simples (caput), quanto na sua forma
qualificada (§§ 1º a 3º), estando sujeita ao tratamento mais severo da mencionada Lei.
(2) Objeto jurídico: Tutela-se a inviolabilidade patrimonial, a liberdade de locomoção e a
integridade física do indivíduo, pois se trata de crime complexo (extorsão + sequestro ou
cárcere privado).
(3) Ação nuclear: Está consubstanciada no verbo sequestrar, isto é, privar a vítima de sua
liberdade de locomoção; no entanto, ao contrário do crime do art. 148 do CP, exige-se uma
finalidade específica: a obtenção de vantagem, para si ou para outrem, como condição ou
preço do resgate. Embora haja polêmica na doutrina, entendemos que a vantagem econômica
pretendida deve ser patrimonial. Ao contrário do crime de extorsão, a lei não prevê se a
vantagem almejada é devida ou indevida: (a) Para Nélson Hungria, se for devida, haverá o
crime de exercício arbitrário das próprias razões em concurso formal com o sequestro
(Comentários, cit., v. VII p. 72). (b) Para Damásio de Jesus, a vantagem pode ser devida ou
indevida (Código Penal anotado. cit., p. 579).
(4) Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
(5) Sujeito passivo: É a pessoa que sofre a lesão patrimonial, bem como a que sofre a
privação da liberdade mediante sequestro.
(6) Elemento subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de
sequestrar a vítima, acrescido da finalidade especial de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate. Se a privação da liberdade da vítima se der
com fins libidinosos, haverá a configuração do sequestro qualificado (CP, art. 148, § 1º, V).
7
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
(7) Momento consumativo: Consuma-se com o sequestro, ainda que por curto espaço de
tempo. Independe, por conseguinte, da obtenção da vantagem econômica. Trata-se, portanto,
de crime formal ou de consumação antecipada. Nesse sentido: STJ: “Extorsão mediante
sequestro. Crime permanente. – Consumação. Reiterado entendimento pretoriano sobre
operar-se tal crime no local do sequestro da vítima, e não no da entrega do resgate” (STJ,
EDcl no HC 5826/CE, 5ª T., Rel. Min. José Dantas, j. 18-11-1997, DJ 15-12-1997, p. 66461).
É também crime permanente. A prisão em flagrante, portanto, pode ser realizada a qualquer
momento.
(8) Tentativa: É possível. Dessa forma, se o agente não logra privar a vítima de sua liberdade
de locomoção por circunstâncias alheias à sua vontade, provada a sua intenção específica de
obter vantagem econômica, haverá o crime de tentativa de extorsão mediante
(1) Crime hediondo: A forma qualificada prevista no § 1º constitui crime hediondo, nos
termos do art. 1º, IV, da Lei n. 8.072/90. A pena será de reclusão, de doze a vinte anos, se
presentes algumas das circunstâncias previstas.
(2) Hipóteses: (a) Sequestro por mais de 24 horas: (vide art. 148, § lº, III, o qual se refere ao
sequestro que dura mais de 15 dias); (b) Sequestro de menor de 18 ou maior de 60 anos:
Cuidava-se aqui da vítima menor de 18 anos e maior de 14 anos, uma vez que o art. 9º da Lei
n. 8.072/90 previa um aumento de pena de metade se a vítima não fosse maior de 14 anos de
idade (CP, art. 224, a). No entanto, uma vez que o art. 224 do CP foi revogado expressamente
pela Lei n. 12.015/2009 e as condições nele previstas integram tipo autônomo específico (CP,
art. 217-A — estupro de vulnerável), que não tem aplicação genérica sobre outros delitos, não
há mais que se cogitar da incidência da aludida causa de aumento de pena nos delitos
patrimoniais (arts. 157, § 3º; 158, § 2º; 159 caputs e seus §§ 1º, 2º e 3º). Desse modo, a
qualificadora em estudo passou a abranger também a vítima com idade igual ou inferior a 14
anos. No tocante ao sequestrado maior de 60 anos, referida qualificadora foi incluída no § 1º
pelo art. 110 da Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso). (c) Sequestro
praticado por bando ou quadrilha: É a quadrilha ou bando do art. 288 do CP (reunião
permanente de mais de três pessoas para cometer crimes).
(1) Crime hediondo: A extorsão mediante sequestro, qualificada pela lesão corporal de
natureza grave ou morte, constitui crime hediondo, nos termos do art. 1º, IV, da Lei n.
8.072/90.
(2) Natureza jurídica: Trata-se de crime qualificado pelo resultado. A lesão corporal grave
ou morte deve ser causada culposa ou dolosamente. Entende-se que o resultado agravador
deve ser provocado na vítima do sequestro e não em terceira pessoa.
(4) Pena: Na hipótese da lesão corporal grave, a pena será de reclusão, de 16 a 24 anos. Na
hipótese de morte, a pena será de reclusão, de 24 a 30 anos. É a pena mais elevada do Código
Penal.
(1) Causa de diminuição de pena. Delação eficaz ou premiada: Foi criada pela Lei dos
Crimes Hediondos (art. 7º) especificamente para o crime de extorsão mediante sequestro
praticado em concurso. A Lei n. 9.269/96, posteriormente, deu ao § 4º do art. 159 do CP a
seguinte redação: “§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à
8
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
Extorsão indireta
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém,
documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra
terceiro:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
(2) Ação nuclear: Consubstancia-se nos verbos: exigir (reclamar, obrigar), como garantia de
dívida, documento que possa dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro;
ou receber, isto é, aceitar, como garantia de dívida, documento daquela natureza fornecido por
iniciativa da própria vítima. Não é necessário que o procedimento criminal seja efetivamente
instaurado contra o devedor, basta que tenha potencialidade lesiva para tanto. Exige o tipo
penal que o agente abuse da situação da vítima, isto é, se valha de sua situação de premente
necessidade, de desespero, para extorquir-lhe garantias ilícitas em troca da prestação
econômica.
(3) Objeto material: É o documento que possa dar causa a procedimento criminal. Há
julgado do STJ no sentido de que “Para a configuração do delito de extorsão indireta, é
necessário que o documento exigido ou recebido pelo credor se preste a instauração de
procedimento criminal viável contra o devedor, o que não ocorre com o cheque pré-datado,
dado em garantia de dívida, porquanto a sua emissão, em tais condições, não constitui crime”
(STJ, REsp 1094/RJ, 6ª T., Rel. Min. Costa Leite, j. 12-12-1989, DJ 5-2-1990, p. 463).
(4) Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar o delito em tela.
(5) Sujeito passivo: É a pessoa que cede à exigência, como o terceiro contra o qual pode ser
instaurado o procedimento criminal.
(6) Elemento subjetivo: É o dolo, isto é, a vontade livre e consciente de exigir ou receber
documento que pode dar causa a procedimento criminal, acrescido do fim específico de obter
o documento como garantia de dívida (o chamado dolo de aproveitamento).
(7) Momento consumativo: Dá-se com a simples exigência do documento (crime formal) ou
com o seu efetivo recebimento (crime material).
9
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
(8) Tentativa: Na modalidade exigir, a tentativa somente será possível se a exigência for
realizada por escrito e não chegar ao conhecimento da vítima por circunstâncias alheias à
vontade do agente. Na modalidade receber, a tentativa é perfeitamente possível.
(9) Ação penal. Lei dos Juizados Especiais Criminais: Trata-se de crime de ação penal
pública incondicionada. É perfeitamente cabível a suspensão condicional do processo, de
acordo com o art. 89 da Lei n. 9.099/95.
Alteração de limites
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha
divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
(1) Convenção Americana sobre Direitos Humanos: De acordo com o art. 21 da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), promulgada no Brasil
pelo Decreto n. 678, de 6-11-1992, “toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A lei
pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus
bens, salvo mediante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade pública ou de
interesse social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei”.
(2) Fundamento constitucional: De acordo com o art. 5º, XXII, da CF, é garantido o direito
de propriedade.
(3) Objeto jurídico: Tutela-se de forma direta a posse, e indireta, a propriedade dos bens
imóveis.
(4) Ação nuclear: São duas as ações nucleares típicas: suprimir, isto é, fazer desaparecer ou
deslocar, isto é, transferir para outro local, no caso a linha divisória da propriedade como
tapume (por ex.: cercas de arame, de madeira etc.), marco (por ex.: árvores, pedras etc.) ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória (por ex.: cursos d’água etc.).
(5) Sujeito ativo: Há duas posições: (a) Para Nélson Hungria, somente o confinante do
imóvel pode praticar o crime em estudo (Comentários, cit., v. VII, p. 89). (b) Para E.
Magalhães Noronha, o futuro comprador do imóvel também pode ser sujeito ativo (Direito
penal, cit., v. 2, p. 284).
(7) Elemento subjetivo: É o dolo, isto é, a vontade livre e consciente de alterar os sinais
indicativos da linha divisória da propriedade imóvel, acrescido do fim especial de apropriar-
se, no todo ou em parte, de coisa alheia móvel. Se a intenção do agente não for a de apossar-
se do imóvel para seu uso e fruição, o crime poderá ser outro: dano (CP, art. 163), exercício
arbitrário das próprias razões (CP, art. 345), fraude processual (CP, art. 347). Se, logo em
seguida à alteração de limites, houver invasão da propriedade mediante o emprego de
violência ou grave ameaça, ou mediante o concurso de pessoas, haverá a configuração do
crime de esbulho possessório (art. 161, § 1º, II).
(8) Momento consumativo: Trata-se de crime formal, pois a consumação ocorre com a
supressão ou deslocamento dos sinais indicativos da linha divisória da propriedade, desde que
provada a intenção de se apossar do bem, embora na doutrina haja posicionamento no sentido
de tratar-se de infração material.
10
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
(10) Concurso de crimes (§ 2º): Se houver emprego de violência (física) contra a pessoa,
haverá o concurso entre os crimes de lesão corporal (as vias de fato são absorvidas) ou morte
e de alteração de limites.
(11) Ação penal. Lei dos Juizados Especiais Criminais: A ação penal será, via de regra, de
iniciativa privada, se a propriedade for particular e não houver o emprego de violência. Se,
entretanto, a propriedade não for particular ou houver emprego de violência, a ação penal será
pública. Trata-se de infração de menor potencial ofensivo, estando sujeita às disposições da
Lei n. 9.099/95. A suspensão condicional do processo e a transação penal são cabíveis nos
crimes de ação penal pública incondicionada. Sobre a possibilidade de esses institutos
incidirem nos crimes de ação penal privada, vide comentários ao art. 138 do CP.
(1) Noções gerais: O crime em estudo tutela a inviolabilidade patrimonial, sobretudo a posse
do bem imóvel. Tutela-se também a integridade física e a liberdade da vítima. Pune-se, assim,
a invasão de terreno ou edifício alheio, a qual é realizada com o emprego de violência (física)
ou grave ameaça (promessa de mal sério e idôneo a intimidar) contra a pessoa (e não contra
coisa) ou mediante o concurso de mais de duas pessoas. Discute-se se esse número mínimo
seria composto de três (incluído o autor) ou quatro pessoas (o autor e mais três participantes).
A invasão é para o fim de esbulho possessório (elemento subjetivo do tipo), do contrário, o
crime poderá ser outro (violação de domicílio, exercício arbitrário das próprias razões). O
objeto material do crime é o terreno ou edifício alheio. Qualquer pessoa pode praticar o crime
em tela, com exceção do proprietário do bem. Se este invadir bem seu que se encontra na
posse de outrem (locação), entende Hungria que não há o perfazimento do citado delito
(Nélson Hungria, Comentários, cit., v. VII, p. 92). No caso do condomínio pro diviso, entende
Noronha que pode ocorrer o crime em estudo (Direito penal, cit., v. 2, p. 295). Sujeito passivo
é o indivíduo que legitimamente detém a posse do bem imóvel. A consumação se dará com a
invasão da propriedade. A tentativa é perfeitamente possível.
(2) Concurso de crimes. Ação penal e Lei dos Juizados Especiais Criminais: Além de a
violência funcionar como elemento constitutivo do crime, o agente responderá pelo concurso
11
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
material de delitos se dela advier lesão corporal ou morte (as vias de fato restam absorvidas).
Sobre a ação penal e Lei dos Juizados Especiais Criminais, vide comentários ao caput do art.
161.
(3) Ilícito civil e ilícito penal: STF: “Esbulho possessório. Não se confundem o ilícito civil
com o criminal. Para que este se configure é necessário que haja invasão do terreno alheio.
Não basta ataque a posse. O art. 161, II, exige que a afronta seja contra a propriedade.
Discussão no juízo civil em que o paciente e o outro litigante discutem a posse invocando
ambos a qualidade de proprietários. Inadequação da justiça criminal para dirimir a
controvérsia. Falta de justa causa para a instauração da ação penal. Recurso provido para
conceder o habeas corpus” (STF, RHC 55857/SP, 1ª T., Rel. Min. Soares Munoz, j. 8-11-1977,
DJ 2-12-1977).
(6) Invasão de terras e crime contra o patrimônio: STJ: “Furto – Invasão de terras MLST –
Prisão preventiva – Garantia da ordem pública – Necessidade – Ausência de provas de
participação dos acusados – Inviabilidade de exame – Bons antecedentes e primariedade.
Inexistência de constrangimento ilegal. Um dos pacientes, após solto em razão do
relaxamento de prisão em flagrante, voltou a delinquir, liderando, juntamente com João
Batista da Fonseca, a invasão à sede da Fazenda Tangará pelo MLST, apropriando-se de
diversos equipamentos, armas e utensílios, utilizando-se, para tanto, de extrema violência
(alguns membros estavam encapuzados e fortemente armados). Em decorrência disso, no dia
21 de março do corrente ano, foi determinada novamente a prisão dos acusados. Destarte, a
prisão cautelar, no caso, motivou-se nos pressupostos do art. 312, do CPP (...)” (STJ, RHC
11542/MG, 5ª T., Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 9-10-2001, DJ 20-5-2002, p. 166). O STJ já
se manifestou no sentido de que a subtração de produtos alimentícios para o próprio consumo,
por parte dos chamados trabalhadores rurais ‘sem-terra’, não caracteriza crime político (STJ,
CC 22641/MS, 3ª S., Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 22-3-2000, DJ 22-5-2000, p. 66).
(1) Noções gerais: O tipo penal em estudo tutela a posse ou propriedade do semovente (gado
ou rebanho). Pune, assim, a supressão (eliminação) ou alteração (modificação) da marca ou
12
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
sinal indicativo da propriedade do bem (gado ou rebanho alheio), a qual deve ser indevida
(elemento normativo do tipo). Qualquer pessoa pode praticar o delito em tela, sendo vítima o
proprietário do gado ou rebanho marcados. O elemento subjetivo do crime é o dolo. Para
Magalhães Noronha, é necessário o escopo específico de apoderar-se dos semoventes (Direito
penal, cit., v. 2, p. 301). Mirabete assinala que o fim específico é o de estabelecer dúvida
acerca da propriedade do animal (Manual, cit., v. 2, p. 301). O crime se consuma no momento
da supressão ou alteração da marca ou sinal distintivo, ainda que realizado em um único
animal.
A tentativa é perfeitamente possível.
(2) Tentativa: É admissível.
(3) Ação penal e Lei dos Juizados Especiais Criminais: Trata-se de crime de ação penal
pública incondicionada. É cabível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n.
9.099/95).
CAPÍTULO IV - DO DANO
Dano
(2) Ação nuclear: Consubstancia-se nos verbos destruir (eliminar, desmanchar, extinguir),
inutilizar (tornar imprestável, inadequado à sua finalidade) ou deteriorar (estragar, reduzir o
valor da coisa), no caso, a coisa alheia móvel (inclusive a perdida pelo dono). O crime tanto
pode ser praticado por ação como por omissão. O emprego de fogo ou água poderá colocar
em risco a incolumidade pública e, portanto, configurar outros crimes mais graves (CP, arts.
250 e 254).
(3) Sujeito ativo: Qualquer pessoa, exceto o proprietário; do contrário, poderá estar
caracterizada a conduta do art. 346 do CP.
(6) Momento consumativo: Consuma-se com a ocorrência, total ou parcial, do dano. Exige-
se o exame de corpo de delito para a sua comprovação.
(8) Concurso de crimes: Trata-se de crime subsidiário, de forma que, se constituir meio para
13
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
a prática de delito mais grave, restará absorvido, por exemplo, furto qualificado mediante
rompimento de obstáculo.
(9) Outros dispositivos legais: Vide arts. 208, 210 e 305 do CP.
(10) Princípio da insignificância: STJ: “Não configura o crime de dano a conduta do preso
que destrói, inutiliza ou deteriora os obstáculos materiais à consecução da fuga, porque
ausente o elemento subjetivo do injusto, o fim especial de agir, ou seja, o propósito de causar
prejuízo ao titular do objeto material do crime – animus nocendi. Precedentes da 5ª e 6ª T. O
injusto penal, como fato típico e ilícito, exige a congruência do desvalor da ação e do desvalor
do resultado. O desvalor do resultado consiste na lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
protegido. Inexistindo o desvalor do resultado, porque ausente ou ínfima a lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico protegido, o que se evidencia no dano ao Estado avaliado em R$ 10,00
(dez reais), não há injusto penal, não há tipicidade. Aplicação do princípio da insignificância.
O resultado do habeas corpus aproveita ao corréu quando fundado em motivos que não sejam
de caráter exclusivamente pessoal (CPP, art. 580). Ordem concedida, para absolver o paciente,
estendendo-a ao corréu” (STJ, HC 25657/SP, 6ª T., Rel. Min. Paulo Medina, j. 4-12-2003, DJ
23-8-2004, p. 276). Sobre o princípio da insignificância, vide também comentários ao art. 1º,
item 7.
(11) Ação penal: Há duas regras: (a) É cabível ação penal privada, de acordo com o art. 167
do Código Penal, no crime de dano simples (caput) e no qualificado (somente na hipótese do
inciso IV do parágrafo único). (b) É cabível a ação penal pública incondicionada nas demais
hipóteses do art. 167 do CP.
(12) Lei dos Juizados Especiais Criminais: O crime de dano simples (caput) constitui
infração penal de menor potencial ofensivo; sobre a possibilidade da incidência do benefício
da suspensão condicional do processo nos crimes de ação penal privada, vide comentários ao
art. 138 do CP. O crime de dano qualificado (parágrafo único, I a III), porém, não constitui
infração de menor potencial ofensivo, mas admite a suspensão condicional do processo (art.
89 da Lei n. 9.099/95).
Dano qualificado
(1) Com violência ou grave ameaça à pessoa (inciso I): Cuida-se aqui da violência física ou
moral empregada contra a vítima ou terceira pessoa, a fim de assegurar a destruição,
inutilização ou deterioração do bem.
(2) Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime
mais grave (inciso II): O uso dessas substâncias qualifica o dano, se o fato não constitui
crime mais grave por colocar em risco a incolumidade pública (CP, arts. 250 ou 251). Trata-se
de crime expressamente subsidiário.
14
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
(4) Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (inciso IV): Motivo
egoístico, segundo Hungria, é “a expectativa de um ulterior proveito pessoal indireto, seja
econômico, seja moral” (Comentários, cit., v. VII p. 111). O prejuízo considerável para a
vítima que qualifica o dano deve ser aferido em relação à situação econômica do ofendido.
Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente
em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
15
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
Apropriação indébita
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
(3) Sujeito ativo: Aquele que tem a posse ou detenção lícita do bem. O condômino, sócio ou
coerdeiro podem praticar o crime em tela, no momento em que tornam sua a coisa comum.
(4) Sujeito passivo: É a pessoa física ou jurídica, titular do direito patrimonial diretamente
atingido pela ação criminosa ou o possuidor do bem (usufrutuário, locatário etc.).
(5) Elemento subjetivo: É o dolo, isto é, a vontade livre e consciente de apropriar-se da coisa
alheia móvel, pressupondo o propósito de assenhorear-se dela definitivamente, ou seja, de não
restituir, agindo como se dono fosse, ou de desviá-la do fim para que foi entregue. É o
denominado animus rem sibi habendi. Uma das formas de execução do crime em tela é a não
restituição do bem e a recusa em devolvê-lo. No entanto, a simples demora na restituição do
bem ou a sua recusa a tanto pode não denotar o propósito de apropriar-se do bem,
16
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
configurando, muitas vezes, um mero ilícito civil. Segundo a doutrina, a apropriação indébita
para uso, nos mesmos moldes do crime de furto, não configura o crime em tela. Não há
previsão da modalidade culposa.
(7) Tentativa: Tratando-se de crime material, em tese, ela seria possível. O conatus, porém,
não seria admissível na hipótese de negativa de restituição.
(8) Reparação do dano: Incide a regra do art. 16 do CP, não havendo que se falar em
extinção da punibilidade. STJ: “Diz a jurisprudência que a devolução da coisa alheia móvel
antes do recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. Agravo regimental improvido”
(STJ, AgRg no EREsp 684412/SP, Rel. Min. Nilson Naves, j. 8-3-2006, DJ 2-5-2006, p. 248).
Se a reparação do dano ocorrer após o oferecimento da denúncia, incidirá a atenuante genérica
prevista no art. 65, III, b, do CP.
(9) Ilícito penal e ilícito civil: STJ: “O ilícito civil se caracteriza pelo inadimplemento sem
justa causa de uma obrigação (STJ, RHC 6.791/RJ, 6ª T.) e não se confunde com o penal que
reclama conduta dolosa (STF, HC 75.500/RJ, 1ª T.)”.
(14) Apropriação indébita e leasing: STJ: “RHC. Apropriação indébita. Leasing. Ação
penal. Trancamento. 1. Mostra-se aberrante a aceitação pura e simples da possibilidade de
prisão por dívida fora dos casos previstos e expressos na Constituição Federal, que não podem
ser dilargados. A execução do inadimplemento do leasing deve ser feita sobre o patrimônio do
devedor e não por via de ação penal por apropriação indébita. O entendimento pretoriano, a
propósito da característica básica do leasing é ser predominantemente uma operação
financeira, onde a posse é deferida com o pagamento das prestações. O bem, neste caso, é
entregue não para guarda, mas em decorrência do financiamento. Difere a hipótese da
alienação fiduciária porque nela, ao contrário do leasing, o legislador, como exagerada
garantia do credor, incluiu a figura do depositário. 2. O descumprimento do contrato pelo
arrendatário (REsp 155999/MG)
Aumento de pena
17
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
(1) Em depósito necessário (inciso I): A doutrina diverge acerca da abrangência dessa causa
especial de aumento de pena: (a) O dispositivo alcança apenas o depósito miserável (efetuado
por ocasião de alguma calamidade, como incêndio, inundação, naufrágio ou saque, cf. art. 647
do CC), não estando incluído o depósito legal (aquele que se faz em virtude de uma obrigação
legal), que configurará o crime de peculato.
18
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
(11) Apropriação indébita privilegiada: Está prevista no art. 170 do Código Penal. Incide
sobre as figuras simples e assemelhadas acima mencionadas.
(3) Recolher contribuições devidas à Previdência Social que tenham integrado despesas
contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços (II): (vide o
revogado art. 95, e, da Lei n. 8.212/91).
(4) Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem
sido reembolsados à empresa pela Previdência Social (III): (vide o revogado art. 95, f, da
Lei n. 8.212/91).
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
19
Prof. Rodrigo Teófilo Alves
Faculdade Três Pontas - FATEPS
Apontamentos extraídos da obra: Código Penal Comentado – Prof. Fernando Capez e Stela
Prado. Editora Saraiva.
20
Prof. Rodrigo Teófilo Alves