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Magnum Eltz
Do roubo e da extorsão
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os crimes contra o patrimônio podem envolver danos diretos à pessoa,
seja no seu físico, seja na sua esfera psíquica.
Neste capítulo, você vai ler sobre os tipos penais que tratam dos
crimes de roubo e extorsão, que representam a exata conexão entre o
dano pessoal e o dano patrimonial à vítima.
Peculiaridades do roubo
O crime de roubo, segundo Nucci (2006), é um crime que pode ser realizado
por qualquer pessoa a qualquer pessoa; ou seja, não possui em seu tipo penal
um sujeito ativo ou passivo especial. Possui como diferencial, em relação ao
crime de subtração por furto, a condição de violência perpetrada do sujeito
ativo ao sujeito passivo seguido da subtração. O tipo penal tem como valores
protegidos a integridade física e a liberdade do indivíduo. O autor traz como
exemplo de enquadramento do tipo em relação ao sujeito “[...] um auxiliar de
escritório recebe uma quantia em dinheiro para depositar no banco na conta
do patrão. Se for roubado no trajeto é vítima de crime tanto quanto o dono do
dinheiro” (NUCCI, 2006, p. 665).
O crime de roubo possui como objetos jurídicos o patrimônio, a integridade
física e a liberdade do indivíduo. Também possui como objeto material a pessoa
da qual o patrimônio fora subtraído e aquele que foi agredido ou cerceado na
sua liberdade para aquisição do patrimônio pretendido.
2 Do roubo e da extorsão
Para tanto, o autor do roubo roda com a vítima pela cidade — na modalidade
que hoje se chama de sequestro-relâmpago —, almejando conseguir saques em
caixas eletrônicos, por exemplo. Na primeira hipótese, cremos não estar configu-
rada a causa de aumento — ainda, o timo penal fala em “manter”, o que implica
sempre uma duração razoável; na segunda, está a circunstância do aumento; e, na
terceira, encontra-se o roubo seguido de sequestro, em concurso (NUCCI, 2006).
O crime de latrocínio é considerado crime hediondo (art. 1º, II, da Lei nº. 8.072, de 25
de julho de 1990). Cuidou o legislador de explicitar que é preciso haver, anteriormente,
violência, razão pela qual entendemos não estar configurada a hipótese do latrocínio,
se da grave ameaça resultar lesão grave ou morte. Há posição em sentido contrário,
exigindo mero nexo de causalidade entre o roubo e o resultado mais grave.
6 Do roubo e da extorsão
Nucci (2006) exemplifica da seguinte forma: para roubar um carro, o agente aponta o
revólver e retira a vítima do seu veículo contra a vontade dela. No caso da extorsão, o
autor aponta o revólver para o filho do ofendido, determinando que ele vá buscar o
carro na garagem da sua residência, entregando-o em um outro local predeterminado,
em que se encontra um comparsa.
As espécies de extorsão presentes no Código Penal são o tipo simples, com causa
de aumento, também chamada de majorante qualificada pelo resultado. No seu
momento consumativo, há fundamentalmente três estágios:
o agente constrange a vítima;
a vítima age;
o agente obtém a vantagem econômica.
O Superior Tribunal de Justiça afirma, em sua Súmula nº. 96, que: “[...] o crime de
extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida” (NUCCI,
2006, p. 675).
crime comum;
formal;
de forma livre;
comissivo (como regra);
permanente;
de dano;
unissubjetivo;
plurissubsistente;
passível de tentativa.
autônomo, uma espécie de usurpação de poder soberano, que era o único que
podia determinar o encarceramento de alguém.
Como se trata de crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,
tal como o sujeito passivo. O bem jurídico protegido nesse tipo penal é a liber-
dade individual, especialmente a liberdade de locomoção, isto é, a liberdade
de movimento do direito de ir, vir e ficar, bem como liberdade de escolher
o local em que deseja permanecer. Não deixa de ser, em sentido amplo, uma
espécie de constrangimento ilegal, apenas diferenciado pela especialidade
(BITENCOURT, 2018). É um crime comum, material, permanente, comissivo
ou omissivo e doloso.
Consuma-se com a efetiva restrição ou privação da liberdade de locomoção,
por tempo juridicamente relevante. Assim, se a privação da liberdade for
rápida, instantânea ou momentânea, não se configura o crime, admitindo-se,
no máximo, sua figura tentada, quem sabe, constrangimento ilegal.
Possui como qualificadoras à maior lesividade:
BITENCOURT, C. R. Tratado de Direito Penal: parte especial 2. Dos crimes contra a pessoa.
8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
NUCCI, G. S. Manual de Direito Penal: parte geral e parte especial. 2. ed. rev. atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
Leituras recomendadas
BITENCOURT, C. R. Tratado de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2009.
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2015.
FABRINI, R. N.; MIRABETE, J. F. Manual de direito penal: parte especial. São Paulo: Atlas, 2015.
GRECO, R. Curso de Direito Penal. São Paulo: Impetus, 2016.
NUCCI, G. S. Código Penal comentado. São Paulo: Editora Forense, 2016.
NUCCI, G. S. Curso de Direito Penal. São Paulo: Editora Forense, 2016.
PRADO, L. R. Curso de Direito Penal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
ZAFFARONI, E. R.; PIERANGELLI, J. H. Manual de Direito Penal brasileiro. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2008.