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Este capítulo centra-se em duas figuras típicas: o roubo e a extorsão, sendo que
entre elas, há em comum o fato de o desfalque patrimonial ter sido perpetrado
mediante violência ou grave ameaça a pessoa.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
O roubo é um crime complexo, porque atenta contra mais de um bem jurídico
protegido, ou seja, o patrimônio e a integridade corporal ou a liberdade individual.
Portanto, é um crime pluriofensivo, pois atinge mais de um bem jurídico
tutelado.
MEIOS EXECUTÓRIOS:
a) Grave ameaça;
b) Violência física;
c) Qualquer outro meio que reduza à impossibilidade de resistência da
vítima.
Protege-se no crime de roubo a inviolabilidade do patrimônio, mas também é
objeto de proteção a liberdade, a integridade física, bem como a vida (latrocínio).
O Código Penal prevê o roubo próprio e impróprio.
Roubo próprio: O constrangimento à vítima, mediante grave ameaça ou
violência (própria ou imprópria) à pessoa, é empregado no início ou
simultaneamente à subtração da coisa alheia móvel, ou seja, antes ou durante a
retirada do bem. (caput, do artigo 157).
Roubo impróprio: O agente logo após subtraída a coisa, emprega
violência ou grave ameaça a pessoa, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para outrem. (§ 1º, do art. 157 do
CP).
O princípio da insignificância é incompatível com o roubo.
Não é admissível a aplicação do privilégio do furto, previsto no
artigo 155, § 2º, ao crime de roubo.
O Roubo de uso configura crime (STJ. 5ª Turma. Resp 1.323.275-
GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/4/2014).
CAUSAS DE AUMENTO: (majorantes, art. 157,§ 2° do CP)
I. Revogado pela Lei nº 13.654/18.
O art. 157, § 2º, I, previa o seguinte:
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
O aumento se justificava por “haver maior risco à integridade física e à vida do
ofendido e de outras pessoas e pela facilitação na execução do crime” (MASSON,
Cleber. ob. cit., p. 644).
O que era ser considerado “arma” para os fins do art. 157, § 2º, I, do CP?
A jurisprudência possuía uma interpretação ampla sobre o tema.
Assim, poderiam ser incluídos no conceito de arma:
- a arma de fogo;
- a arma branca (considerada arma imprópria), como faca, facão, canivete;
- e quaisquer outros “artefatos” capazes de causar dano à integridade física do ser
humano ou de coisas, como por exemplo uma garrafa de vidro quebrada, um garfo, um
espeto de churrasco, uma chave de fenda etc.
II. Concurso de duas ou mais pessoas:
Ao contrário do furto onde sobredita causa qualifica o crime, no roubo majora a
pena.
Súmula 442 do STJ: "É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo
concurso de agentes, a majorante do roubo".
Prevalece o entendimento que os partícipes, os inimputáveis e agentes não
identificados também são computados.
III. Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância:
É imprescindível que a vítima esteja prestando serviço para alguém. Quando a vítima
está transportando seus próprios valores, não há que se falar na incidência da causa de
aumento, pois não haverá serviços de transportes.
Prevalece o entendimento que abrange qualquer tipo de valor (caminhão
transportando carne; bebidas; cigarros; eletrodomésticos).
IV. Subtração de veículo automotor:
Ao contrário do furto, onde essa circunstância qualifica o delito, no roubo
trata-se de majorante.
V. Se o agente mantem a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade:
(Crime hediondo: art. 1º, II, “a”, da Lei nº 8.072/90, redação dada pela Lei
13.964/19)
Na hipótese a privação da liberdade da vítima, é um meio necessário para o
sucesso da detenção da coisa ou para impunidade do crime (garantir a fuga).
A privação não é prolongada. Dura o tempo necessário para o sucesso da
empreitada.
Ex: Assalto a casa, coloco todos os moradores no banheiro, subtraio
pertences e vou embora.
VI. Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego .
Nessa hipótese o agente, mediante violência ou grave ameaça, subtrai
substância explosiva ou acessório que, conjunta ou isoladamente, possibilite
a sua fabricação, montagem ou emprego.
Ex: Agente que, mediante violência ou grave ameaça, subtrai uma
banana de dinamite.
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de
arma branca (Lei nº 13.964/19);
Com o advento da Lei 13.964/19, objetiva o legislador reparar um
equívoco oriundo da legislação anterior (Lei 13.654/18) que suprimiu aludida
causa de aumento.
Com o advento da Lei 13.964/19, buscou-se a correção da alteração
legislativa anterior, incluindo-se mais uma majorante, a do emprego de arma
branca.
Nesse contexto surge a indagação quanto a possibilidade da utilização
também de armas impróprias para fins de incidência da referida causa de
aumento.
A escassa doutrina acerca da matéria entende que somente é aplicável a
causa de aumento de pena no caso de emprego de arma branca, ou seja, de
objetos fabricados para utilização como arma, como um punhal ou canivete, ou,
pelo menos, que tenham lâmina ou superfície cortante, como uma faca de cozinha.
Desta feita, é necessário aguardar as decisões proferidas acerca do tema
pelo Judiciário.
Antes da Lei 13.654/18 Após as alterações da Lei 13.654/18 Após as alterações da Lei 13.964/19