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DICAS QC- LEI 9.

613 de 1998 (Lavagem de


Capitais)

Lavagem de dinheiro, na modalidade “ocultar”, é crime permanente


O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art.
1º da Lei nº 9.613/98, quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de
crime permanente.
A característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a execução
desses crimes não se dá em um momento definido e específico, mas em um alongar
temporal.
Quem oculta e mantém oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne
conhecido.
Assim, o prazo prescricional somente tem início quando as autoridades tomam
conhecimento da conduta do agente.
STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

Alguns doutrinadores dividem a criminalização da Lavagem de Dinheiro em três gerações:


a) primeira geração: países que preveem apenas o tráfico de drogas como crime
antecedente da Lavagem de Dinheiro. As primeiras leis que criminalizavam a Lavagem de
Dinheiro utilizavam esse mecanismo, tendo sido editadas logo após a “Convenção de
Viena”;
b) segunda geração: essas leis surgiram num momento posterior, trazendo
um rol de crimes antecedentes, ampliando a repressão da lavagem. O Brasil
estava nesta fase até a edição da Lei n° 12.683/2012;
c) terceira geração: leis que estabelecem que qualquer ilícito penal pode ser
antecedente da lavagem de dinheiro. É o caso da Bélgica, França, Itália, México,
Suíça, EUA e agora o Brasil com a alteração promovida pela Lei n.° 12.683/2012.

Resuminho:
Lavagem de Capitais: Expressão que surgiu em meados de 1920/1930. Nessa época,
criminosos ganhavam dinheiro nas lavanderias.
Conceito: processo de ocultação ou dissimulação de bens, direitos e/ou valores
provenientes de infração penal antecedente, com o objetivo de trazer aparência lícita a
esses recursos.
--->Competência em regra → just. estadual.
Processado e julgado pela just. federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas. Quando atingir interesse nacional como um todo.
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Just. Federal. Ex.: infração
penal antecedente for de tráfico transnacional.
Súm.122-STJ - Compete à Just. Fed. o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art.78, II, “a”, do
CPP.
--->Bem jurídico tutelado é a ordem econômico-financeira (corrente majoritária).
--->Fases da Lavagem de Capitais
1ª) Introdução ou colocação (Placement). Objetivo → pegar o $$ sujo e inserir no
mercado p/ q seja movimentado.
2ª) Dissimulação ou ocultação (Layering). Objetivo → evitar o rastreamento, afastando-o
da origem. Objetivo → confundir.
3ª) Integração (Integration). Objetivo → integrar, no mercado formal, com aparência de
licitude.
4ª) Reciclagem (não majoritária) Para o prof. Fausto Martins de Santos existe a 4ª fase.
Objetivo → apagar todos os registros das fases anteriores.
Para a ocorrência do crime de Lavagem de Capitais não é necessário que ocorram todas as
fases.
--->É possível da punição da lavagem de capitais desde que a infração penal antecedente
seja típica e ilícita.
---> A lei brasileira que criminaliza a lavagem de dinheiro classifica-se como
de TERCEIRA GERAÇÃO.
--->a punibilidade do crime de lavagem não depende da punibilidade da infração
antecedente (art. 2º, §1º da Lei 9613/1998).
--->Punição pode ser tanto na forma de dolo direto, como de dolo eventual.
--->STJ → é possível acesso direto, pelo delegado, às informações do COAF, sem que
configure quebra de sigilo financeiro, porém, deve manter o sigilo das informações.
--->Ação controlada → art.4º-B → precisa de autorização judicial. 3 possíveis
benefícios: - Diminuição da pena de 1/3 a 2/3 e fixação de regime inicial aberto ou semi-
aberto. - Substituição da PPL por PRD. – Extinção da punibilidade pelo perdão judicial.
--->Efeitos da Condenação: interdição do exercício de cargo ou função pública de
qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência
das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de
liberdade aplicada.(Parece com a lei de tortura)
---> Não se aplica a suspensão do processo nos crimes de lavagem de dinheiro.

LAVAGEM DE CAPITAIS:
1 - crime derivado, mas independe da apuração do crime antecedente ou ainda que extinta a
punibilidade (exceto abolitio criminis e anistia);

2 - não é crime hediondo; não exige um rol taxativo de crimes antecedentes; basta o comentimento
de uma infração penal;

3 - pessoa jurídica não é sujeito ativo no crime de lavagem de capitais;

4 - há majorante se o crie é cometido por meio de organização criminosa ou forma reiterada.

Um resuminho q guardo no meu not sobre o crime de lavagem de capitais

Da leitura da nova redação do art. 1°, §5°, da Lei n 9.613/98, depreende-se que 3 (três) benefícios
distintos podem ser concedidos ao colaborador na lei de lavagem de capitais:
a) diminuição de pena de um a dois terços e fixação do regime inicial aberto ou semiaberto:
b) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
c) perdão judicial como causa extintiva da punibilidade:

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II - independem do processo e
julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz
competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento;

Pessoa Jurídica pode ser responsabilizada penalmente por crimes de lavagem de dinheiro? Resposta:
Pessoa Jurídica ainda não pode ser responsabilizada penalmente pelo crime de lavagem de capitais.

NOS CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO:


A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de
forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
Receber propina não é ato autônomo posterior ao delito de corrupção passiva, não existindo a
autonomia exigida para a tipificação do crime de lavagem de dinheiro.

O crime de lavagem de capitais, delito autônomo em relação aos delitos que o antecedam, não está
inserido no rol dos crimes hediondos.

Conforme a jurisprudência do STJ, não impede o prosseguimento da apuração de cometimento do


crime de lavagem de dinheiro a extinção da punibilidade dos delitos antecedentes. Exceto abolitio
criminis e anistia.

a) Estruturação (smurfing): o agente divide o bolo do dinheiro em diversas quantias pequenas, no


limite permissivo da legislação.
b) Mescla ( Commingling ): o agente mistura seus recursos ilícitos com os lícitos de uma empresa
verdadeira, e depois apresenta o volume total com proveniente da receita lícita da empresa. Utiliza
desde logo os recursos obtidos ilegalmente na própria empresa para pagamento de pessoal, etc., de
forma a dificultar o rastreamento.

O CRIME DE FAVORECIMENTO REAL É ABSOLVIDO PELO CRIME DE LAVAGEM DE


CAPITAIS (principio da consunção e da especialidade)

Para a configuração do crime de lavagem ou ocultação de valores, é imprescindível o especial


elemento subjetivo, sob pena de exclusão da tipicidade.

De acordo com a doutrina, a expressão "lavagem de dinheiro" teve origem nos EUA, por volta de
1920,
Pode se punir a autolavagem (selflaundering)?
· 1º posição: O ordenamento jurídico-penal brasileiro não pune a
chamada “autolavagem (selflaundering)”. Ou seja, qualquer pessoa pode ser autora
do crime de lavagem com exceção do autor do crime antecedente, pois, para este, a
utilização do produto do crime representaria exaurimento daquele crime (o
antecedente).
· 2º posição: Contudo, esse posicionamento não é colhido pela MAIORIA da doutrina e
jurisprudências nacionais. Prevalece o entendimento segundo o qual os crimes
podem ser punidos autonomamente, já que eles lesam bens jurídicos
distintos. Isso foi debatido no STF, onde ficou decidido que a selflaundering é passível
de punição, não constituindo bis in idem ou qualquer ofensa a princípios do direito penal.

* Doutrina:
Autolavagem (selflaundering): Há países em que o autor da infração antecedente não
pode responder pelo crime de lavagem (selflaundering), atendendo-se à reserva contida no
art. 6°, item 2 , "e", da Convenção de Palermo ("Se assim o exigirem os princípios
fundamentais do direito interno de um Estado Parte, poderá estabelecer-se que as
infrações enunciadas no parágrafo 1º do presente artigo não sejam aplicáveis às pessoas
que tenham cometido a infração principal "). Interpretando-se o referido dispositivo, fica
claro que deve estar expresso na legislação interna o fato de não ser punível o
mesmo agente por ambos os crimes.
O Supremo Tribunal Federal tem precedentes no sentido de que o crime de lavagem de
capitais não funciona como mero exaurimento da infração antecedente, já que a
Lei n° 9.613/98 não exclui a possibilidade de que o ilícito penal antecedente e a lavagem
de capitais subsequente tenham a mesma autoria, sendo aquele independente em relação
a esta. Nessas hipóteses, em que o autor da lavagem é o mesmo autor da
infração antecedente, por ambos os delitos deverá responder em concurso
material, com a aplicação cumulativa das penas (CP, art. 69), salvo se praticá-los em
uma mesma ação, quando, então, ter-se-á concurso formal impróprio (CP, art. 70, última
parte).

* Fonte: Legislação Criminal Especial Comentada - Renato Brasileiro, p. 283.

Apenas a título de complementação, fiz um resumo com os principais tópicos cobrados


sobre a lei de lavagem de capitais:
- É uma lei de terceira geração, ou seja, pode ser qualquer infração antecedente;
- Fases: 1 – COLOCAÇÃO (Placement): introduz o dinheiro no sistema;
2 - OCULTAÇÃO (Layering): movimenta o dinheiro;
3 – INTEGRAÇÃO (Integration): torna o dinheiro lícito;
OBS: PARA A OCORRÊNCIA DO CRIME NÃO PRECISA OCORRER TODAS AS FASES
- a infração antecedente não precisa ter trânsito em julgado. Não precisa nem ter autoria
conhecida, apenas indícios da existência do crime;
- JUSTA CAUSA DUPLICADA: a denúncia do crime de lavagem precisa estar instruída
com indícios suficientes da existência do crime antecedente;
OBS: Se o crime antecedente não existiu o crime de lavagem fica prejudicado, muito
embora seja independente.
- É possível o princípio da insignificância;
- COLABORAÇÃO PREMIADA: Pode ocorrer a qualquer tempo. Para ser beneficiado, o
colaborador deve prestar esclarecimentos que conduzam à APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES
PENAIS, à IDENTIFICAÇÃO DOS DEMAIS COAUTORES E PARTÍCIPES ou à LOCALIZAÇÃO
DOS BENS, DIREITOS OU VALORES objetos do crime.
Benefícios: 1 - DIMINUIÇÃO DE PENA DE 1 A 2/3 E FIXAÇÃO DO REGIME
INICIAL ABERTO OU SEMIABERTO;
2 - SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE
DIREITOS;
3 - PERDÃO JUDICIAL COMO CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE;
- NÃO SE APLICA O ART. 366 DO CPP: Se o réu for citado por edital e não comparecer, o
processo não será suspenso, devendo ser nomeado defensor e prosseguindo o feito.
- MEDIDAS ASSECURATÓRIAS:
1 – SEQUESTRO;
2 - ESPECIALIZAÇÃO E REGISTRO DA HIPOTECA LEGAL;
3 - ARRESTO PRÉVIO À ESPECIALIZAÇÃO E REGISTRO DA HIPOTECA LEGAL E
ARRESTO SUBSIDIÁRIO DE BENS MÓVEIS;
4 - PRODUTO DIRETO DA INFRAÇÃO ANTECEDENTE (PRODUCTA SCELERIS);
5 - PRODUTO INDIRETO DA INFRAÇÃO ANTECEDENTE (FRUCTUS SCELERIS);
6 - PRODUTO DIRETO DA LAVAGEM DE CAPITAIS PRODUTO INDIRETO DA
LAVAGEM DE CAPITAIS;
7 - PATRIMÔNIO LÍCITO DO ACUSADO.
- É possível a ALIENAÇÃO ANTECIPADA (introduzida pela Lei 12.683/12): venda
antecipada de bens (móveis ou imóveis), direitos ou valores constritos em razão de medida
cautelar patrimonial ou que tenham sido apreendidos, desde que haja risco de perda do
valor econômico pelo decurso do tempo.
OBS: Legitimados: JUIZ (ex officio), MP, Próprio acusado, Terceiro interessado,
Assistente de acusação.
- É possível a AÇÃO CONTROLADA, desde que deferida pelo Juiz;
- São efeitos da condenação a perda da fiança independentemente de o acusado ter ou
não quebrado a fiança ou de ter se apresentado ou deixado de se apresentar para cumprir
a pena.

Fases da Lavagem
1ª Colocação (placement) – Introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro. Ex
Smurfing, divisão das vultuosas quantias em pequenos depósitos para não levantar
suspeitas. Na 1ª fase, denominada fase de ocultação ou colocação (placement stage), os
criminosos procuram livrar-se materialmente das somas de dinheiro que geraram suas
atividades ilícitas. O efetivo arrecadado é normalmente transferido a uma zona ou
localidade distinta daquela de onde se originou, colocando-se, em seguida, em
estabelecimentos financeiros tradicionais ou não tradicionais, ou ainda em outros tipos de
negócios de variadas condições. A característica principal dessa fase é a intenção de
desfazimento material das somas arrecadadas, sem ocultar a identidade dos titulares.
2ª Dissimulação ou Mascaramento (Layering) – São feitas várias movimentações
financeiras com o objetivo de dificultar o rastreamento da origem ilícita dos valores. Numa
2ª etapa, conhecida como fase de escurecimento controle ou dissimulação (layering
stage), oculta-se a origem dos produtos ilícitos, mediante a realização de numerosas e
complexas, transações financeiras. Busca-se fazer desaparecer o vínculo existente
entre o delinquente e o bem procedente de sua atuação. Essa fase visa a desligar os
fundos de sua origem, gerando um complexo sistema de amontoamento de transações
financeiras, no intuito de dificultar sua descoberta pelas autoridades.
3ª Integração (integration) – Após dar aparência licita ao dinheiro ilícito, esses são
reitroduzidos no sistema financeiro como se fossem lícitos, servindo inclusive para financiar
novas atividades criminosas. Na 3ª fase, Fase de Integração ou Reinversão
(integration stage), o capital ilicitamente obtido já conta com aparência de legalidade;
logo, pode ser utilizado no sistema econômico e financeiro como se se tratasse de dinheiro
licitamente obtido. Os sistemas de integração introduzem os produtos lavados na
economia de maneira que pareçam investimentos normais, créditos ou investimentos de
poupança. Os procedimentos de integração situam os fundos obtidos com a lavagem na
economia.
FAUSTO DE SANCTIS identifica, ainda, uma 4ª FASE, chamada fase de reciclagem
(recycling stage), que consiste na ação de limpar os rastros, encerrando contras
bancárias, sacando valores, simulando venda de bens,. etc com o objetivo de dificultar
ainda, mais a descoberta de toda operação
ilícita.
STF – A consumação do
crime não depende da ocorrência das três fases.

Destarte, ante a nova redação do art. 1°, § 5°, da Lei n° 9.613/98, desde que aferida
sua eficácia objetiva, é possível que a colaboração premiada seja celebrada
durante toda a persecução penal- fase investigatória e fase judicial-, assim
como na fase de execução penal. Tratando-se de norma mais benéfica para o colaborar,
este novo regramento acerca da possibilidade de celebração do acordo de colaboração
premiada a qualquer tempo pode retroagir para beneficiar condenados por lavagem de
capitais, mesmo que a decisão condenatória tenha transitado em julgado antes
da vigência da Lei n° 12.683/12.
Fonte: Renato Brasileiro de Lima - LEGISLAÇÃO CRIMINAL ESPECIAL COMENTADA - 2016.
Lei 9.613, Art. 1, § 5 A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em
regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-
la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe
colaborar espontaneamentecom as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam
à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, OU à
localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

No art. 10, da lei 9.613, que cria o COAF, resta consagrada a política “knou your costumer”, ou
seja, conheça seu cliente. Isso significa que as instituições financeiras têm a obrigação de conhecer
seus correntistas e seus padrões de atividades financeiras e, existindo incompatibilidade de tais
movimentações com seus padrões atuais, deve a instituição comunicar à autoridade financeira
responsável para investigação.

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