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09/10/2019 ConJur - Lavagem de dinheiro: crime permanente ou instantâneo?

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DIREITO DE DEFESA

Lavagem de dinheiro: crime permanente ou


instantâneo?
3 de maio de 2017, 11h15 Imprimir Enviar

Por Pierpaolo Cruz Bottini

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Definir a lavagem de dinheiro como crime instantâneo ou permanente é


essencial para identificar o momento de consumação do crime. Não se trata
de uma questão etérea, sem relevância prática, mas de controvérsia
importante para fixar a possibilidade de prisão em flagrante e do termo
inicial de contagem do prazo prescricional. LEIA TAMBÉM
DIREITO DE DEFESA
Para enfrentar o tema é necessário, antes de tudo, esclarecer que a lei A contribuição de Teori Zavascki
brasileira não tipifica uma modalidade de lavagem de dinheiro, mas diversas para o Direito Penal Econômico
formas da prática delitiva, cada qual com suas especificidades e
peculiaridades. Daí porque a análise da natureza do crime, se permanente ou DIREITO DE DEFESA
instantâneo, exige o estudo de cada uma das diferentes práticas previstas na Réus podem integrar linha sucessória
Lei 9.613/98 em separado. da Presidência da República

DIREITO DE DEFESA
Da modalidade ocultar e dissimular (Lei 9.613/98, art.1o, caput)
A presunção de inocência e o sucesso
Da descrição típica da operação "lava jato"
A primeira espécie de lavagem de dinheiro é descrita nos seguintes termos,
DIREITO DE DEFESA
no caput do art.1º da Lei 9.613/98:
A Lei de Anistia e a declaração de
“Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, bens pretéritos
movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores
DIREITO DE DEFESA
provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”. O retorno da execução provisória da
pena: os porretes de Eros Grau
O dispositivo descreve dois comportamentos distintos (ocultar e dissimular),
aos quais atrela a mesma pena. Trata-se de crime de ação múltipla, com
núcleos disjuntivos, de forma que a realização de qualquer das condutas Facebook Twitter
concretiza a consumação.

A questão: os verbos indicam um crime instantâneo ou permanente? Linkedin RSS Feed

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Instantâneo é o crime consumado com a provocação de determinado estado


ou resultado, como o furto, o roubo.[1] Permanente é aquele cuja
consumação se protrai no tempo, se estende durante um período. São os
crimes de gerúndio, que estão acontecendo, como a embriaguez ao volante
(art. 306 da Lei 9.503/1997), ou a extorsão mediante sequestro (art. 159 do
CP).[2]

Há tipos penais cuja redação indica de forma clara a natureza do crime, seja
pela instantaneidade evidente (ex. furto, art. 155 do CP) ou pela permanência
evidente, como ocorre nos crimes de posse (ex. ter em depósito ou trazer
consigo drogas – Lei 11.343/2006, art. 33; possuir ou manter sob sua guarda
arma de fogo sem autorização – Lei 10.826/2003).

O mesmo não ocorre em outros tipos penais cuja redação admite


interpretações distintas. É o caso daqueles que apresentam o verbo ocultar, OFERTAS HIGHTECH
como ocorre com o caput do art. 1.º da lei em comento. Pode-se entender a
conduta como crime permanente, como uma consumação contínua, que não
cessa enquanto o bem permanecer oculto. Por outro lado, é possível
interpretar o ato de esconder como um delito instantâneo, consumado no
momento da ocultação ou dissimulação, e entender a manutenção desse
estado como mera consequência natural da conduta original. O crime se
consumaria com a ação de ocultar, sendo a manutenção da ocultação um
efeito permanente do comportamento inicial.

A solução do problema, a nosso ver, exige um labor de interpretação


teleológica, sob a ótica do bem jurídico protegido.

Existe grande controvérsia sobre o bem jurídico protegido pela norma penal R$ 2.948
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que veda a lavagem de dinheiro, mas, a nosso ver, trata-se de crime contra a 8a geração do processador
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administração da Justiça [3].
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Pois bem, a busca da natureza do crime de lavagem exige portanto, uma
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visita aos demais delitos contra a administração da Justiça previstos na
nossa lei. Vários deles indicam condutas de consumação instantânea cujos
efeitos são permanentes, e nem por isso são considerados pela doutrina ou
jurisprudência delitos de natureza permanente.

Tomemos como paradigma inicial o crime irmão da lavagem de dinheiro: o


favorecimento real.

“Art.349. Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de


receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito de crime”

Trata-se de crime bastante similar à lavagem de dinheiro, pois o ato de


tornar seguro o proveito do crime supõe uma ocultação do mesmo, afetando
a administração da Justiça.

Tal delito é considerado pela doutrina crime instantâneo [4].

Ora, se a ocultação prevista no crime de favorecimento real é caracterizada


pela instantaneidade, o mesmo tratamento merece o crime de lavagem de
dinheiro, uma vez que inexiste distinção qualitativa entre eles.

O mesmo ocorre com o crime de falso testemunho (art. 342 do CP). O tipo
penal indica, dentre outros, o ato de calar a verdade, que não tem outro
sentido distinto de ocultar a verdade, aproximando-se do verbo “ocultar”
usado no caput do art.1º da Lei de Lavagem de Dinheiro.

Trata-se de um ato de mascaramento que afeta de forma permanente a


administração da Justiça. No entanto, o delito é classificado pacificamente

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como instantâneo pela doutrina [5]

Em suma, se a ocultação de bens do favorecimento real e a ocultação da


verdade no falso testemunho se consumam no instante da conduta – ainda
que a afetação da administração da Justiça se alongue no tempo – o mesmo
tratamento merece o delito de lavagem de dinheiro na forma ocultar ou
dissimular.

Portanto, uma interpretação sistemática e teleológica aponta para a


natureza instantânea do  crime de lavagem de dinheiro, na forma do caput do
art. 1º da Lei 9.613/98.

Da possibilidade de cessação dos efeitos


A despeito do exposto, há quem sustente que os crimes permanentes se
caracterizam pela criação de um estado de coisas antijurídico resolúvel pelo
agente. Em outras palavras, sempre que o autor do delito puder interromper
a permanência, a afetação do bem jurídico, por sua vontade, haverá um
crime permanente.

Nesse sentido, como na lavagem de dinheiro o autor da ocultação teria à sua


disposição o poder de desocultar, de revelar o bem ou seus atributos, o delito
teria natureza permanente.

Não parece a melhor posição.

Fosse a capacidade de restituição do status quo ante o elemento definidor dos


crimes permanentes,[6] delitos como o furto também teriam essa natureza,
pois o autor pode a qualquer tempo devolver os bens e fazer cessar a lesão
patrimonial[7]. O mesmo pode ser dito dos já mencionados crimes contra a
administração da Justiça. Porém, essa reversibilidade dos efeitos não é
suficiente para que tais delitos sejam caracterizados como permanentes.

O que define o crime permanente, portanto, não é a possibilidade de cessação


dos efeitos da conduta inicial por parte do autor, mas o alongamento da
consumação no tempo [8] Na extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP) ou
na redução à condição análoga à de escravo (art. 149 do CP) há uma
continuidade da situação antijurídica que não decorre apenas da
manutenção do status quo, mas da continua afetação do bem jurídico por
atos reiterados do agente delitivo. Há um esforço permanente para submeter
o objeto jurídico ao domínio do autor, que tem controle total não apenas
sobre a cessação dos efeitos, mas sobre o contexto de antijuridicidade.

Em outras palavras, não basta que do ato decorram efeitos permanentes.


Para que exista o crime permanente é necessária uma consumação
permanente. A compressão do bem jurídico devem exigir um esforço, uma
vigilância constante, para além da mera inércia. Um gasto de energia, ainda
que menor do que aquele despendido no ato inicial. Uma coisa é a extorsão
mediante sequestro, onde a manutenção do estado de privação de liberdade
exige uma atenção constante, que revela uma continua consumação do
crime. Outra é o falso testemunho, onde o agente oculta a verdade, e os
efeitos nocivos de seu ato perduram no tempo independentemente de seus
esforços ou vigilância. No primeiro caso, o crime é permanente. No último, é
instantâneo, de efeitos permanentes.

No crime de lavagem de dinheiro - na forma do caput do art.1º da Lei em


comento – basta a ocultação para que o delito esteja consumado. Não se faz
necessário o acompanhamento ou a manutenção do mascaramento, ou
mesmo sua reinserção na econômica. Os atos de ocultação e dissimulação
criam um estado de coisas que se desliga do ato inicial, porque para sua

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manutenção não é necessário um esforço, um gasto de energia adicional –


embora ele possa ocorrer em determinados casos.

Da equiparação à ocultação de cadáver


Por fim, resta enfrentar um último argumento: a comparação da ocultação
prevista no tipo penal em comento com a ocultação de cadáver (art. 211 do
CP), de ocultação de documento (parte do art. 305 do CP) ou de receptação na
modalidade ocultação (art.180 do CP), todos considerados crimes
permanentes pela doutrina e jurisprudência.

A nosso ver, a distinção entre a lavagem de dinheiro e os crimes


mencionados encontra-se na própria redação legal. O art.1º caput da Lei
9.613/98 não descreve um ato de ocultação de bens mas de certas
características destes bens. Pune-se o escamoteamento da origem,
propriedade, localização, disposição, movimentação ou propriedade dos
objetos de origem ilícita, e não do objeto em si.

Assim, aquele que furta uma obra de arte e a expõe a público, com um
certificado de origem falso, pratica o ato de lavagem de dinheiro. Ainda que o
objeto não esteja oculto – ao contrário, está exposto – o delito está
consumado porque sua origem foi mascarada pela fraude documental.
Portanto, a ocultação refere-se a um atributo do bem – sua origem – sendo
irrelevante se o bem em si está escondido ou às vistas. Evidente que na
forma de mascarar a localização o bem se torna – em regra – oculto em si.
Mas nas demais modalidades não há necessariamente um encobrimento do
produto do crime. O que importa é verificar se alguns de seus atributos
foram suprimidos ou alterados, possibilitando uma futura reinserção do
bem na econômica com aparência de legalidade. E tal supressão ou alteração
é ato instantâneo, embora seus efeitos possam perdurar no tempo.

Pelo exposto, seja pelo bem jurídico protegido, seja pela ausência de esforço
para a manutenção dos efeitos da conduta, seja pela redação do tipo legal,
conclui-se que a lavagem de dinheiro, na modalidade prevista no caput do
art.1º da Lei 9.613/98, é crime instantâneo.

A análise dos demais dispositivos será apresentada na Parte 2 do presente


estudo.

1 Roxin, Claus. Derecho Penal. Parte General. 2. ed. Madrid: Thomson/Civitas,


2006. t. I. p. 329. Para Reale Jr., os crimes permanentes são aqueles nos quais
a situação lesiva perdura no tempo, protraindo-se a situação antijurídica,
com o aumento do prejuízo originado pelo fato. (Reale Jr., Miguel.
Instituições de direito penal: parte geral. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
p.270).

2 Santos, Juarez Cirino. Manual de direito penal. Parte Geral. São Paulo:
Conceito, 2011. p.55.

3 BOTTINI, Pierpaolo Cruz e BADARÓ, Gustavo, Lavagem de dinheiro, 3a


edição, São Paulo: RT, 2016, p.89. No mesmo sentido: Bacigalupo, Enrique.
Estudios comparativos del derecho penal de los Estados Miembros de la Unión
Europea sobre la represión del reciclaje o blanqueo de dinero ilícitamente
obtenido. España en la Europa Comunitaria: Balance de diez años, 1995. p.
451; De Grandis, Rodrigo. O exercício da advocacia e o crime de lavagem de
dinheiro. In: DE CARLI, Carla Veríssimo (org.). Lavagem de dinheiro.
Prevenção e controle penal. p. 123; MAIA, Rodolfo Tigre. Lavagem de
dinheiro. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 58, embora também aponte os
bens jurídicos violados nos delitos antecedentes como afetados pela lavagem
de dinheiro; Podval, Roberto. O bem jurídico do delito de lavagem de dinheiro.

https://www.conjur.com.br/2017-mai-03/direito-defesa-lavagem-dinheiro-crime-permanente-ou-instantaneo 4/8
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RBCCrim, vol. 24, p. 209-222. São Paulo: Ed. RT, out/1988. p. 221; Antolisei,
Francesco. Manuale di Diritto Penale. Parte Speciale I. 12. ed. Milano: Giuffrè,
1991. p. 376.

4 Nucci, Guilherme de Souza. Código Penal comentado. 13. ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 1285, Greco,
Rogério. Código Penal: comentado. 2 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009, p. 845,
Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado direito penal, 5: parte especial: dos
crimes contra a administração pública, dos crimes praticados por prefeitos.
4. ed. rev., atual., e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 389. Para Prado, Luiz
Regis. Comentários ao Código Penal. 8. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 998 “Consuma-se o delito com a
prestação do auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime, ainda que
esse escopo não seja efetivamente alcançado.” Noronha, E. Magalhães. Direito
penal, v.4. São Paulo: Saraiva, 1962, p. 524,

5 Noronha, E. Magalhães. Direito penal, v.4. São Paulo: Saraiva, 1962, p. 494,
sem grifos. No mesmo sentido, Nucci, Guilherme de Souza. Código Penal
comentado. 13 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2010, p. 1269; Greco, Rogério. Código Penal: comentado. 2 ed.
Niterói, RJ: Impetus, 2009, p. 829; Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado direito
penal, 5: parte especial: dos crimes contra a administração pública, dos
crimes praticados por prefeitos. 4 ed. rev., atual., e ampl. São Paulo: Saraiva,
2010, p. 340. Para Prado, “Consuma-se o delito com o encerramento do ato
processual do depoimento, ou com a entrega do laudo pericial, do cálculo, da
tradução, ou com a realização da interpretação falsa. Faz-se mister que o
depoimento seja efetivamente concluído – reduzido a termo e devidamente
assinado (art. 216, CPP). Até então, pode ele ser retificado ou alterado pelo
depoente, o que pode impedir a consumação da falsidade.”. Prado, Luiz
Regis. Comentários ao Código Penal. 8. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 977.

6 Garcia, Basileu. Instituições de direito penal. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
vol. I, t. I. p. 324; Bettiol, Giuseppe, Direito Penal. São Paulo: Ed. RT, 1971. vol.
I.

7 Para Herzberg, o furto tem como seu elemento central a ruptura da posse e
não a manutenção da coisa alheia, (in Gómez-Aller, Jacobo Dopico. Omission
e injerencia em Derecho Penal. Valencia: Tirant lo Blanch, 2006. p.443). No
mesmo sentido, Bartoli, Roberto. Sulla strutura del reato permanente: un
contributo critic. Rivista Italiana di Diritto e Procedura Pebale, Milano, v.4,
n.1, p.137-176, jan/mar 2001, p.145.

8 Bitencourt aponta a “continuidade da ação do agente” como elemento


diferenciador do crime permanente do crime instantâneo de efeitos
permanentes (Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte
Geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 255).

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Pierpaolo Cruz Bottini é advogado e professor de Direito Penal na USP. Foi membro do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e secretário de Reforma do
Judiciário, ambos do Ministério da Justiça.

Revista Consultor Jurídico, 3 de maio de 2017, 11h15

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COMENTÁRIOS DE LEITORES
4 comentários

FAVORECIMENTO X OCULTAÇÃO
Marcelo Fi. (Advogado Sócio de Escritório)

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4 de maio de 2017, 14h01

"Ora, se a ocultação prevista no crime de favorecimento real é caracterizada pela


instantaneidade, o mesmo tratamento merece o crime de lavagem de dinheiro, uma vez
que inexiste distinção qualitativa entre eles."

No favorecimento, o autor não possuí o bem, não dispõe dele e não pode fazer cessar os
efeitos do favorecimento. Já no de ocultação, o autor possui o bem e pode fazer cessar a
conduta a qualquer momento. Na minha visão, essa é uma distinção fundamental.

TUDO MUITO BOM, MAS...


Duns Escoto (Outros)
4 de maio de 2017, 13h10

Afirma o articulista: "manutenção não é necessário um esforço, um gasto de energia


adicional — embora ele possa ocorrer em determinados casos."

Se em alguns casos pode ocorrer, tais casos são o suficientes para reiniciar a contagem da
prescrição e instaurar o estado de flagrância. Com efeito, o próprio texto é contraditório.

Para exemplificar, basta que o agente, receoso das investigações, refaça o ato de
documentação da origem ou destino dos valores. Isso não é só manutenção da posse (caso
do furto), mas a repetição da pratica do núcleo do tipo (ocultar).

Portanto, a tese da instantaneidade fica estranha, pois será necessário analisar as


eventuais condutas (causas) que foram necessárias para que os valores se mantivessem
oculto (efeitos).

Vale destacar que não estou falando dos atos de manutenção de posse como foi colocado
para mostrar que o critério não funciona no furto (do poder de reversão do agente), mas
sim das novas condutas de ocultar, mesmo quando o agente suspeita que o esconderijo é
frágil ou a probabilidade de descobrimento seja alta.

CORREÇÃO DE ERRO
dviccari (Oficial de Justiça)
3 de maio de 2017, 18h25

Ao que parece, há um erro neste parágrafo:

"Portanto, uma interpretação sistemática e teleológica aponta para a natureza


permanente do crime de lavagem de dinheiro, na forma do caput do artigo 1º da Lei
9.613/98".

Não seria natureza instantânea, segundo a opinião do autor?

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Comentários encerrados em 11/05/2017.


A seção de comentários de cada texto é encerrada 7 dias após a data da sua
publicação.

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