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Há, assim, uma especialização no que toca ao bem jurídico tutelado. Por isso é
que há condutas descritas nesse capítulo que encontram paradigmas em outros tipos penais, como
acontece no crime do art. 357 – exploração de prestígio – que encontra paradigma no art. 332 – tráfico
de influência – sendo certo que o art. 357 prevalece pela especialidade, como também o art. 356 que é
especial ao art. 314.
O crime do art. 339 foi alterado pela lei 14.110/20. Consiste numa causação de
instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de
processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra
alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: Pena.
Reclusão, de dois a oito anos, e multa.
“Inquérito policial é o procedimento inquisitivo instaurado pela polícia Judiciária para apuração de
infrações penais. Não há necessidade da instauração formal do procedimento, bastando que ocorra o
início de uma investigação, como quando são ordenadas diligências para apuração preliminar sobre a
existência de determinado fato.
Procedimento investigatório criminal, mais conhecido como PIC, é a investigação criminal realizada no
âmbito do Ministério Público para a apuração de infração penal de natureza pública.
Antes do advento da Lei 10.028/2000, que inseriu no tipo a investigação administrativa, o inquérito
civil e a ação por ato de improbidade administrativa, pacífico se mostrava o entendimento de que o
processo judicial a que alude a norma era apenas o de natureza penal. Atualmente, também está
abrangido o processo civil decorrente da propositura de ação civil pela prática de ato de improbidade
administrativa. Como a simples instauração do inquérito civil já é ato configurador do delito, com muito
mais razão também deve ser o processo decorrente da propositura de uma ação de improbidade
administrativa.
Processo administrativo é aquele que tramita perante a administração pública para apuração de uma
infração ético-disciplinar. A nova redação do dispositivo não mais contempla a mera sindicância
administrativa ou procedimento similar, que normalmente antecedem a instauração do processo
administrativo disciplinar e servem para angariar indícios da prática da infração administrativa.
Inquérito civil é o procedimento administrativo e inquisitivo instaurado no âmbito do Ministério Público
para apuração de fatos que importem violação a interesses coletivos, difusos e individuais homogêneos.
Geralmente, ele antecede a propositura de uma ação civil pública que é movida para a tutela desses
interesses. No caso, o inquérito civil deve ter sido instaurado para a apuração da prática de ato de
improbidade administrativa, como deixa claro a parte final do tipo penal.
Ação de improbidade administrativa é a movida para o reconhecimento de infração de natureza civil
descrita na Lei 8.429/1992, que pode ensejar ao funcionário público a perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio, reparação integral do dano, quando houver, a perda da função
pública, a suspensão dos direitos políticos, a proibição de contratar com o Poder Público por
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determinado tempo e o pagamento de multa. Também pode atingir o particular, inclusive empresa, que
age em concurso com o funcionário público ou do ato ímprobo se beneficie direta ou indiretamente.” 1
A descrição de fatos sem imputação quando se sabe que o fato não existiu gera o
crime do art. 340
O dolo, nesse caso, é o DOLO DIRETO. O sujeito sabe que a situação não
ocorreu.
Outro fato que distingue o crime do art. 340 da denunciação caluniosa é que
nesta pode acontecer de o sujeito narrar um fato que não aconteceu, imputando-o a determinada pessoa,
como também pode narrar um fato que ocorreu, imputando-o a pessoa que sabe ser inocente. Assim, a
denunciação caluniosa pode se dar através dessas duas condutas distintas. Já a comunicação falsa
exige-se que o crime narrado não tenha ocorrido. A comunicação falsa do crime é fulcrada na
inexistência do crime, enquanto na denunciação caluniosa tem fulcro na imputação falsa a alguém.
No crime do art. 340, não se admite o fracionamento da conduta, daí porque não
há a possibilidade de tentativa.
O crime ou será inexistente ou terá sido praticado por pessoa diversa da que se
auto-acusa.
O fato é que, neste crime, também não haverá lugar para tentativa. Ou o sujeito
se acusa ou não se acusa. Não há a necessidade de que se instaure os procedimentos para a investigação
do crime. Basta, para caracterizar a consumação, que a autoridade tome conhecimento da autoacusação.
Aliás, só há a possibilidade da tentativa se a confissão se der por escrito e esse documento se extravie.
Justamente por ser crime de mão própria é que se discute se admite concurso de
agente. Uma coisa é certa: por ser de mão própria o crime não admite a coautoria. A dúvida reside na
possibilidade de existir participação ou não no crime.
O tipo admite o dolo eventual. Dessa forma, se existir dúvida, ela deve ser explicitada para que se dê o
valor devido ao depoimento.
Também não será qualquer afirmação falsa que fará nascer o crime de falso
testemunho, porque a afirmação que não reflete a realidade, mas não tem qualquer potencialidade de
causar algum tipo de dano à administração da justiça, será atípica por ausência de potencialidade lesiva.
Assim, se o sujeito fizer uma afirmação inidônea, mas essa afirmação não é
capaz de interferir na decisão que será proferida no bojo do procedimento onde foi feita a afirmação,
não haverá crime algum.
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Para que a Administração da Justiça possa ser lesionada com a prática do crime
de falso testemunho, por conta de uma decisão equivocada, o falso deve versar sobre uma situação
jurídica ou de fato que tenha efetivamente a possibilidade de interferir no futuro, no destino da decisão.
Mas se Juiz admitir o depoimento de qualquer uma dessas pessoas e ela mentir,
prestando um depoimento falso, estará caracterizado o crime porque a vedação do CPP quanto ao
depoimento é sobre fatos verdadeiros. Se a pessoa prestar um depoimento falso, não estará
caracterizada a situação proibitiva do Código de Processo Penal, pois ela não estará se pronunciando
sobre fatos verdadeiros, mas sim falsos, o que importa na prática do crime do art. 343.
Mas o crime de falso admite, no §2º, uma escusa, ou seja, o fato deixará de ser
punível se o agente se retratar ou declarar a verdade, desde que isso ocorra antes da sentença a ser
proferida no processo em que foi prestado o depoimento falso.
O tipo prevê, assim, uma retratação que surtirá efeito no plano da culpabilidade,
retratação essa vinculada ao momento de proferimento da sentença onde o ilícito do falso testemunho
ocorreu.
Ex. Quem pratica o crime de receptação não pode ter praticado o crime
de furto a ele antecedente. Quem pratica o homicídio não pode praticar
o crime de favorecimento pessoal.
Ex. W empresta ferramenta para X para que ele arrombe uma casa e
cometa furto, sendo assim partícipe do crime. Após o cometimento do
crime, esse sujeito foge e pede auxílio a Y, que o esconde em casa. Y
responderá pelo crime do art. 348.
Logo, se o sujeito não estiver sendo procurado, não estará caracterizado crime
algum, não havendo tipicidade na conduta do agente que hospedar esse sujeito em casa. O tipo
demanda que o autor do crime seja procurado pela autoridade pública pois só assim o auxílio à
subtração poderá estar configurado. A subtração é sinônimo de fuga.
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O tipo de favorecimento pessoal refere-se ao autor de CRIME, logo, o auxílio
dado a autor, coautor, ou partícipe de CONTRAVENÇÃO PENAL não caracterizará o crime do art.
348.
Quem auxiliar a fuga de agente de crime apenado com pena de reclusão terá
uma pena cominada mais grave. Se o agente cometeu uma contravenção, não haverá tipicidade na
conduta e se o agente cometeu crime em que é cominada pena de detenção estará configurada a hipótese
de privilégio - §1º.
O tipo não pune a conduta do pai, filho, cônjuge que ajuda o outro a fugir, pois o
direito penal sempre dá destaque à manutenção da união familiar, configurando, assim, PERDÃO
JUDICIAL.
O crime de receptação prevê um núcleo verbal que pode trazer confusão com o
crime de favorecimento real que é o RECEBER. O próprio tipo do favorecimento real estabelece que
somente será sujeito do crime aquele que, fora dos casos de coautoria (leia-se também participação) e
receptação, auxiliar o criminoso.
Caso concreto:
A questão versa sobre a tipificação da conduta de Paulo Victor como incursa no delito de favorecimento
real, previsto no art.349, do Código Penal, uma vez que ele prestou auxílio ao irmão a tornar seguro o
proveito do crime de roubo anteriormente praticado. Não há que se falar em participação no delito de
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roubo, pois ele somente teve conhecimento de sua prática após a consumação do delito. Ainda, o fato de
ser irmão do autor do crime antecedente não pode ser utilizada como tese defensiva para fins de isenção
de pena, pois a escusa absolutória, por expressa previsão legal, somente se aplica ao delito de
favorecimento pessoal, conforme estabelece o §2º, do art.348, do Código Penal.
Letra d