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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

“A punibilidade é a consequência natural da prática de uma conduta


típica, ilícita e culpável levada a efeito pelo agente.”.

Entretanto, também é certo que o Estado, em determinadas situações


previstas expressamente em seus diplomas legais, pode abrir mão ou mesmo
perder esse direito de punir.

Razão pelo qual haverá aquilo que o CP denominou de extinção da


punibilidade.

OBS: para os autores que adotam a divisão quadripartida do conceito analítico


do crime, as causas extintivas da punibilidade conduzirão ao afastamento da
própria infração penal.

O CP, em seu art. 107, trouxe o rol das chamadas causas extintivas
da punibilidade.

Embora, este rol não seja taxativo, pois em outras passagens, a lei
pode prever fatos que possuem a mesma natureza jurídica.

Ex.: §3º do art. 312 do CP, bem como §5º do art. 89 da lei 9.099/95.

Antes da análise das mencionadas causas extintivas da punibilidade,


é preciso ressaltar que o art. 61 do CPP determina que;

“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a


punibilidade, deverá declará-lo de ofício”.

Assim, concluindo, a declaração de extinção da punibilidade somente


poderá ocorrer nos autos de um processo penal, e não quando o feito ainda
estiver em fase de inquérito policial.

OBS: parágrafo único do art. 61 do CPP.

MORTE DO AGENTE

A primeira das causas extintivas da punibilidade previstas pelo art.


107 do CP é a morte do agente.

OBS: art. 62 do CPP.

Dúvida.

Poderá, uma vez transitada em julgado a decisão que extinguiu a


punibilidade pela morte, retomar o curso normal da ação penal, no caso de
fraude, desconsiderando-se a decisão anterior?
OBS:

Ocorrendo a morte do agente, aplica-se o princípio da intranscedência


da pena, previsto pelo inciso XLV do art. 5 da CF.

ANISTIA, GRAÇA E INDULTO

Anistia

Pela anistia, o Estado renuncia ao seu ius puniendi, perdoando a


prática de infrações penais que, normalmente, tem cunho político.

OBS: nada impede que seja concedida a crimes comuns.

A concessão de anistia é de competência da União (art. 21, XVII da


CF), por intermédio do Congresso Nacional (art. 48, VIII da CF)

Pode ser concedida antes (própria) ou depois (impropria) da sentença


penal condenatória, sempre retroagindo a fim de beneficiar os agentes.

Graça e Indulto

São de competência do Presidente da República

A graça é concedida individualmente a uma pessoa específica.

O indulto é concedido de maneira coletiva.

OBS:

A graça, também é conhecida modernamente como indulto individual.

O indulto coletivo, ou simplesmente indulto, é concedido anualmente, por meio


de decreto.

OBS: art. 2, I da lei 8.072/90.

RETROATIVIDADE DE LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO


CRIMINOSO

Ou simplesmente abolitio criminis, (art. 2º do CP).

Ocorre, quando o Estado, entende por bem em não mais considerar determinado
fato como criminoso.

OBS: nenhum efeito penal permanecerá, tais como reincidência e maus


antecedentes, permanecendo, contudo, os efeitos de natureza civil.
PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO

Prescrição

A prescrição será analisada em capítulo à parte, em consequência da extensão


do tema

Decadência

É o instituto jurídico mediante o qual a vítima, ou quem tenha qualidade para


representa-lá, perde o seu direito de queixa ou de representação em virtude do
decurso de um certo espaço de tempo.

Art. 103 do CP.

Perempção

É o instituto jurídico aplicável às ações penais de iniciativa privada


propriamente ditas ou personalíssimas, não se destinando, contudo, `aquela
considerada como privada subsidiaria da pública.

Art. 60 do CPP.

OBS:

Além das hipóteses previstas no art. 60 do CPP, entende-se pela


perempção, também, havendo a morte do querelante no caso do crime previsto
no art. 236 do CP.

Art. 60, inciso I do CPP

Nessa hipótese a perda do direito de prosseguir na ação penal, é uma


sanção jurídica, impostas ao querelante por sua inércia.

OBS: para que seja decretada a perempção por inércia do querelante é preciso
que este tenha sido intimado para o ato.

Art. 60, inciso II do CPP

Diferente da situação anterior, nessa hipótese, para decretar a


perempção, não há necessidade de intimação dos sucessores (§4º do art. 100
do CP) para assumir a ação penal, quando ocorrer a morte ou sobrevindo-lhe
incapacidade.
Art. 60, inciso III do CPP

Duas situações importantes.

A primeira diz que a ação penal se considera perempta quando o


querelante deixa de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo.

Por ato do processo devemos entender somente aqueles nos quais a


sua presença é necessária.

A segunda fala em perempção quando o querelante, em suas


alegações finais (memoriais), deixa de pedir a condenação do querelado.

OBS: sendo o querelante pessoa jurídica, se esta se extinguir sem deixar


sucessor, também deverá ser declarada a perempção.

RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA OU PERDÃO ACEITO NOS CRIMES DE


AÇÃO PRIVADA.

Renúncia ao direito de queixa

Pode ser expressa quando formalizada por meio de declaração


assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes
especiais (art. 50 do CPP).

Tácita é aquela na qual, o ofendido pratica atos incompatíveis com a


vontade de exerce-lo (art. 104 do CP).

Ex.: convidar o autor do crime, para ser padrinho de casamento.

OBS: art. 74, parágrafo único da lei 9.009/95.

Por fim, o art. 49 do CPP determina que a renúncia do direito de


queixa, em relação a um dos autores, a todos se estenderá.

Perdão do ofendido

Esse tipo de perdão somente poderá ser concedido nas ações penais
de iniciativa privada.

Pode ser: a) processual; b) extraprocessual; c) expresso; e d) tácito.

Diz-se processual o perdão do ofendido quando levado a efeito intra-autos, após


ter sido iniciada a ação penal de iniciativa privada.

Extraprocessual quando procedido fora dos autos da ação penal de iniciativa


privada.
Expresso, quando constar de declaração assinada pelo ofendido, por seu
representante legal ou procurador com poderes especiais (art. 56 do CPP).

Tácito, quando o ofendido pratica ato incompatível com a vontade de prosseguir


na ação penal por ele iniciada (art. 106, §1º do CP).

Importante – art. 106 do CP.

Inciso I – o perdão do ofendido deverá ser dirigido a todos.

Inciso II- se o perdão for concedido por um dos ofendidos isso não prejudica o
direito dos outros.

Inciso III – demonstra a natureza bilateral do perdão esclarecendo que o


querelado tem o direito de recusá-lo.

Ou seja, para causar a extinção da punibilidade, o perdão precisa de aceitação


do querelado.

Algumas observações sobre o perdão

1) se o querelante já houver completado 18 anos, somente ele poderá conceder


o perdão, estando revogada pelo Código Civil a primeira parte do art. 52 do CPP.

2) se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver


representante legal, ou colidirem com os interesses deste com os do querelado,
a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear (art. 59 do CPP).

3) concedido o perdão mediante declaração expressa nos autos, o querelado


será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo ao mesmo tempo
ser cientificado de que seu silencio importará em aceitação (art. 58 do CPP).

Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade (art. 58, paragráfo único do
CPP).

RETRATAÇÃO DO AGENTE NOS CASOS EM QUE A LEI ADMITE

A retratação, na definição de Guilherme de Souza Nucci,

“É o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia `a


autoridade, retirando o que anteriormente havia dito”

Portanto pela retratação, o agente volta atrás naquilo que disse, fazendo com
que a verdade dos fatos seja, efetivamente, trazida `a luz.

Ex.: art. 143 e 342, §2º, do CP.

PERDÃO JUDICIAL, NOS CASOS PREVISTOS EM LEI


Inicialmente, é preciso destacar que o perdão judicial não se dirige a
toda e qualquer infração penal, mas, sim, `aquelas previamente determinadas
pela lei.

Importante – súmula 18 do STJ.

Ponto de dúvida.

A forma como o perdão judicial normalmente vem previsto a fim de


ser aplicado a determinada infração penal nos deixa a dúvida se ele é uma
faculdade do juiz ou um direito subjetivo do agente.

Ex.: o §5º do ar. 121 do CP.

Perdão judicial no código de trânsito brasileiro

Embora o projeto de lei que disciplinou o CTB tivesse feito previsão


do perdão judicial em seu art. 300, o Presidente da República entendeu por bem
vetá-lo.

Sob o argumento de que “o artigo trata do perdão judicial já


consagrado pelo Direito Penal. Deve ser vetado, porém, porque as hipóteses
previstas pelo §5º do art. 121 e §8º do art. 129 do CP disciplinam o instituto de
forma mais abrangente.

OBS: art. 291 do CTB.

Perdão judicial e a lei n 9.807.99

A lei 9. 807, estabeleceu normas para a organização e a manutenção


de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas, bem
como dispôs sobre a proteção de acusados ou condenados que tenha
voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao
processo penal.

O seu art. 13 cuida especificamente do perdão judicial.

Primeiramente, devemos descobrir quais foram as infrações penais


abrangidas pelo referido diploma legal.

Embora o art. 13 da lei 9.807/99 não diga expressamente, podemos


concluir, mediante interpretação teleológica, que a ideia-força que motivou a
edição do referido artigo foi de ser aplicado ao delito de extorsão mediante
sequestro, (art. 159 do CP).

Perdão judicial e a lei de organização criminosa (lei 12.850/2013).

A lei 12.850, previu, na seção I do capítulo I, art. 4, a chamada colaboração


premiada.
PRESCRIÇÃO

A prescrição é uma das situações em que o Estado, em virtude do


decurso de certo espaço de tempo, perde seu ius puniendi.

Prevista no art. 107, IV, regulada pelos arts. 109 a 119 do CP.

Natureza jurídica da prescricao

Cezar Roberto Bitencort preleciona que,

“Para o ordenamento jurídico brasileiro, é instituto de direito material, regulada


pelo CP e, nessas circunstâncias, conta-se o dia do seu inicio”.

Espécies de Prescrição

A legislação penal prevê duas espécies de prescrição, a saber:

Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória

Por intermédio da prescrição da pretensão punitiva, o Estado perde


a possibilidade de formar o seu título executivo de natureza judicial.

O réu continua sendo primário e sem antecedentes penais.

A vítima não terá como executar o decreto condenatório.

Contudo, se a prescrição disser respeito à pretensão executória, o


Estado, em razão do decurso de tempo, somente terá perdido o direito de
executar sua decisão.

O condenado, se praticar novo crime, é considerado reincidente.

A vítima terá à sua disposição o título executivo judicial, (art. 475-N do CPC).

Prescrição Antes de Transitar em Julgado a Sentença.

Previsão legal – art. 109 do CP.

O primeiro cálculo a ser feito deve recair sobre a pena máxima


cominada em abstrato para cada infração penal.

OBS:

Esses prazos fornecidos pelos incisos do art. 109 do CP servirão também para
aqueles relativos à pena já concretizada na sentença condenatória.

Prescrição Das Penas Restritivas de Direito

Diz o parágrafo único do art. 109 do CP:


“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade”.

Exceção:

No que diz respeito ao delito de consumo de drogas, (art. 28 da lei 11.343), o art.
30 determinou:

“Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observando,


no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do CP”.

Prescrição Depois de Transitar em julgado a Sentença Penal Condenatória

O caput do art. 110 do CP determina que:

“A prescrição depois de transitada em julgada a sentença penal


condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no
artigo anterior, os quais aumentam de um terço, se o condenado é reincidente”.

O caput do art. 110 deverá ser conjugado com o seu §1º, que diz:

“A prescrição, depois da sentença condenatória com transito em


julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela
pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
anterior à da denúncia ou queixa”.

A doutrina, considera a hipótese do art. 110 do CP como a de


prescrição da pretensão executória.

Embora, Rogério Greco, discorda desse ponto de vista.

Portanto, o trânsito em julgado da sentença é um dos requisitos da


prescrição da pretensão executória.

Mas não o único, conforme veremos mais adiante ao estudarmos as


diversas modalidades de prescrição.

Merece destaque ainda, a menção na parte final do caput do art. 110


do CP, que diz:

Os prazos previstos pelo art. 109 serão aumentados em um terço se


o condenado for reincidente.

OBS: súmula 220 do STJ.

Momento Para o Reconhecimento da Prescrição

Entendemos que o Juiz somente poderá declarar se já houver um


processo em andamento. Art. 61 do CPP.
Prescrição Retroativa e Superveniente (intercorrente ou Subsequente)

Diz-se retroativa,

 A prescrição calculada com base na pena aplicada na sentença penal


condenatória recorrível;
 Com trânsito em julgado para o Ministério Público ou para o querelante;
 Contada a partir da data do recebimento da denúncia, até a data da
publicação da sentença, ou acórdão condenatórios recorríveis.

Dúvida:

A prescrição retroativa diz respeito à pretensão punitiva ou à pretensão


executória do Estado?

Considera-se como superveniente

A prescrição a que é contada a partir da publicação da sentença ou acórdão


condenatórios recorríveis,

Tomando por base o transito em julgado para a acusação ou o improvimento do


seu recurso

Assim, para que se possa concluir pela prescrição superveniente:

a) deve existir uma sentença ou acórdão condenatório recorrível, fixando uma


pena, que será utilizada para efeitos de cálculo, de acordo com o art. 109 do CP.

b) deverá ter ocorrido o trânsito em julgado para a acusação (MP ou querelante).

c) não pode ter ocorrido a prescrição retroativa.

d) será calculada para frente, ou seja, a partir da sentença ou do acórdão


condenatório recorrível.

OBS:

Da mesma forma que a prescrição retroativa, a prescrição superveniente atinge


a pretensão punitiva do Estado, uma vez que não permite a confecção do título
executivo judicial.

Termo Inicial da prescrição Antes de Transitar em Julgado a Sentença Final

Determina o art. 111 do CP.

Art. 111. Prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a


correr:

I- Do dia em que se consumou;


II- No caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;

III- Nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;

IV- Nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do


registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido;

V- Nos crimes contra a dignidade sexual de criança e adolescentes, previstos


neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.

OBS:

Vale frisar que todas essas hipóteses dizem respeito ao início do prazo para a
contagem da prescrição da pretensão punitiva do Estado.

Termo Inicial da Prescrição após a Sentença Condenatória Irrecorrível

O art. 112 do CP diz:

Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:

I- Do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação,


ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;

II- Do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da


interrupção deva computar-se na pena.

OBS:

Havendo a fuga do condenado, a prescrição será contada pelo tempo restante


de pena a cumprir, de acordo com o art. 113 do CP.

Prescrição da Multa

O art. 114 do CP, diz:

Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:

I- Em dois anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

II- No mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de


liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou
cumulativa aplicada.

OBS: Entendemos que tais prazos prescricionais dizem respeito tanto à


pretensão punitiva quanto à pretensão executória do Estado.

Redução dos Prazos Prescricionais


Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando
o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data
da sentença, maior de 70 (setenta) anos

Causas Suspensivas da Prescrição

São aquelas que suspendem o curso do prazo prescricional, que


começa a correr pelo tempo restante, após cessadas as causas que a
determinaram.

O CP dispõe sobre as causas suspensivas no art. 116 dizendo:

Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I- Enquanto não resolvida, em outro processo, questão que dependa o


conhecimento da existência do crime (arts. 92 a 94 do CPP).

II- Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

OBS:

“O parágrafo único do art. 116 do CP ressalva, ainda que, depois de


passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o
tempo em que o condenado está preso por outro motivo”.

Outras hipóteses de suspensão da prescrição

- §6º do art. 89 da lei 9.099/95.

- art. 366 do CPP.

- art. 368 do CPP.

- art. 9º da lei 10. 684.

Causas Interruptivas da Prescrição

As causas interruptivas têm o condão de fazer com que o prazo, a partir delas,
seja reiniciado, desprezando-se, para esse fim, o tempo anterior ao marco
interruptivo (art. 117, §2º do CP).

Previstas no art. 117 do CP, de forma taxativa.

Inciso I- pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

Frisa-se que, o CP, exige, o recebimento, e não somente o oferecimento da


denúncia ou da queixa.

OBS:
- O aditamento da denúncia ou da queixa não interrompe a prescrição, a não ser
que contenha novos fatos que se traduzem em nova infração penal, ou que
importe em inclusão de novo acusado.

- Se o anterior despacho de recebimento da denúncia for anulado, o prazo


prescricional será interrompido somente a partir do novo despacho de
recebimento da peça inicial.

- O despacho que rejeita a denúncia ou a queixa, como se percebe, não tem


força interruptiva da prescrição.

Inciso II - Pronúncia:

A pronúncia é o ato formal de decisão pelo qual o juiz, nos casos competência
do Tribunal do júri, encerra a primeira etapa do julgamento.

Portanto, nos processos de competência do Júri, a decisão de pronúncia


interrompe a prescrição, contando-se tal marco interruptivo a partir da sua
publicação em cartório.

Inciso III- decisão confirmatória da pronúncia

O acórdão que confirma a decisão de pronúncia interrompe a prescrição.

Deve ser acrescentada ainda a hipótese de o tribunal pronunciar o


réu, anteriormente impronunciado ou absolvido sumariamente pelo juiz.

Inciso IV - Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis.

Podemos concluir que somente a publicação da sentença penal condenatória


recorrível interrompe a prescrição,

Não possuindo essa força, portanto, aquela de natureza absolutória.

OBS:

- Se, porventura, a primeira sentença penal condenatória vier a ser anulada pelo
tribunal, deixará de interromper a prescrição.

A interrupção ocorrerá com a publicação de nova decisão.

- Por acórdão condenatório recorrível, podemos entender aquele confirmatório


da sentença condenatória de primeiro grau ou o que condenou, pela primeira
vez, o acusado.

- No concurso de pessoas, em razão da norma prevista no §1º do art. 117 do


CP, o efeito interruptivo se estende a todos os réus, inclusive sobre eventual
delinquente absolvido.

Inciso V- início ou continuação do cumprimento da pena


A data de início ou continuação do cumprimento da pena interrompe
a prescrição da pretensão executória do Estado.

Caso o condenado fuja, o prazo prescricional começa a correr a partir


da sua fuga, e será regulado pelo tempo restante da pena.

Inciso VI - reincidência

Embora exista posição em contrário, entendemos que a reincidência,


tem o poder de interromper a prescrição da pretensão executória, a partir da data
do trânsito em julgado da sentença que condenou o agente pela pratica de novo
crime.

Efeitos da Interrupção

O §1º do art. 117 do CP diz que:

“excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da


prescrição, produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes
conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles”.

Prescrição no Concurso de Crimes

Diz o art. 119 do CP que:

“No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena


de cada um, isoladamente”.

Prescrição pela Pena em Perspectiva (ideal, hipotética ou pela pena virtual)

Muito se tem discutido a respeito daquilo que se convencionou


chamar de reconhecimento antecipado da prescrição em razão da pena em
perspectiva.

Posição do STJ - Súmula 438.

Entendemos que a posição, é equivocada, com base nas condições


da ação, mais precisamente o interesse de agir, na modalidade utilidade.

Prescrição e Detração

Pode ocorrer a hipótese em que o agente tenha sido preso


cautelarmente durante o processo.

Esse período de prisão cautelar deverá ser deduzido quando do


efetivo cumprimento da pena, de acordo com o art. 42 do CP.

No entanto, pergunta-se:
Seria possível levar a efeito a detração, para efeito de reconhecimento
da prescrição da pretensão punitiva do Estado?

Imprescritibilidade

A Constituição Federal, excepcionando a regra da prescritibilidade,


elegeu duas hipóteses em que a pretensão punitiva ou mesmo executória do
Estado não são atingidas, a saber:

1- A prática de racismo (art. 5, XLII, da CF), prevista pela lei 7.716/89.

2- A ação de grupos armados, civis ou militares, contraordem constitucional e o


Estado Democrático (art. 5, XLIV, da CF), com moldura na lei 7.170/83.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 22. ed. rev. Rio de
Janeiro: Impetus, 2020.

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