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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Ação Civil Ex Delicto������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Legitimidade Ativa e Passiva��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Competência����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Sistemas Processuais���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Sentença Absolutória���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Sentença Absolutória Imprópria��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Ação Civil Ex Delicto


Um comportamento criminoso, em diversos momentos, pode repercutir em várias áreas do
Direito, a saber, na área cível. O Art. 5º, V da CF/88 assegura a indenização pelo dano material e
moral. Como vários crimes envolvem a dilapidação do patrimônio, o próprio Código Penal previu
no Art. 91, I, que a sentença penal condenatória torna certa a obrigação de reparar o dano, por isso
é chamada de TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL, independentemente do órgão judicial que o
profira.
˃˃ CONCEITO: é uma ação proveniente do dano provocado pelo crime, com o cunho de indeni-
zar a vítima do crime e reparar o dano.
→→ ATENÇÃO! As esferas civil e penal são independentes, mas havendo negativa de autoria ou inexis-
tência de fato, além de outras hipóteses previstas em lei, a esfera penal incidirá sobre a civil.
Sendo assim, a doutrina divide dois tipos de ação civil ex delicto:
1) Em sentido estrito, de conhecimento ou cognição (Art. 64, parágrafo único do CPP): é a demanda
proposta ANTES do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, isto é, não se fundamenta
em uma sentença, devendo a parte instruir a demanda para que o juiz proponha a reparação do dano.
Pode ocorrer durante o Inquérito ou Processo. Nestes termos, o juiz cível PODERÁ (de acordo com o
STJ) suspender o processo civil (em regra, por 01 ano) até que haja julgamento penal.
2) Em sentido amplo ou de execução (Art. 63, parágrafo único, do CPP): é a demanda civil lastreada
em uma sentença penal condenatória após o trânsito em julgado. Como ocorre após a decisão, NÃO
demanda instrução probatória. Além disso, pode o juiz criminal estabelecer um valor mínimo de res-
sarcimento (Art. 387, IV do CPP), sem prejuízo da efetiva liquidação na esfera cível.
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, NO JUÍZO
CÍVEL, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a EXECUÇÃO poderá ser efetuada
pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código SEM PREJUÍZO DA LIQUI-
DAÇÃO para a apuração do dano efetivamente sofrido.
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano PODERÁ ser
proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil PODERÁ suspender o curso desta, até o jul-
gamento definitivo daquela. (grifo nosso)
→→ ATENÇÃO! Embora o parágrafo único do Art. 64 saliente a palavra PODERÁ, entende a
doutrina que a suspensão do curso do processo civil DEVERÁ acontecer, na expectativa de
não criar controvérsia entre as duas sentenças.

Legitimidade Ativa e Passiva


A legitimidade ativa da ação é da vítima, do seu representante legal (no caso de menor de 18 anos
e doente mental), e havendo óbito ou ausência, passa para os herdeiros (Art. 63 do CPP). Sendo a
vítima pobre, a ação de conhecimento ou de execução será promovida, a seu requerimento, pelo MP,
que atuará em substituição processual (Art. 68 do CPP).
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (Art. 32, §§ 1º e 2º), a execução da
sentença condenatória (Art. 63) ou a ação civil (Art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Minis-
tério Público.
→→ ATENÇÃO! As defensorias públicas, quando devidamente estruturadas, podem propor a ação
civil ex delicto, mas enquanto não houver defensoria em todos os locais, incumbe-se ao MP essa
função. Por isso o STF atentou que o Art. 68 é norma em trânsito de inconstitucionalidade.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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No polo passivo da ação irá figurar o autor do crime, sem prejuízo do efetivo responsável cível,
nas ações de conhecimento, como dispõe o Art. 64, caput:
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser
proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
→→ ATENÇÃO! A doutrina majoritária entende que o responsável civil pode invocar todo e
qualquer argumento para se livrar da ação proveniente de sentença, pois não foi parte do
processo criminal, não oportunizando devidamente o contraditório e a ampla defesa.

Competência
Cabe à vítima optar entre ajuizar a ação civil no lugar do seu domicílio ou no local do fato,
havendo concorrência de foros. Nada impede que opte por ajuizar a ação no domicílio do réu. No
caso de acidentes com veículos ou aeronaves, dispõe o novo CPC, no Art. 53, V:
Art. 53. É competente o foro:
(...)
V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de
delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

Sistemas Processuais
Os sistemas processuais são as formas de se ingressar na esfera judicial para propositura de uma
demanda. A doutrina aponta alguns tipos de sistemas:
1) Sistema da Solidariedade ou da Identidade: aqui haverá duas ações, uma cível outra criminal, desen-
volvendo-se em processo único. Pode ser movido por pessoas distintas, contra responsáveis diversos.
2) Sistema da Independência Absoluta: cada responsabilidade tramitará em um processo autônomo,
que não sofrerá influência de outro.
3) Sistema da Interdependência (ou independência relativa): prevê independência de processos,
mas com influência, em alguns casos, da ação penal na ação civil. É o sistema adotado no
Brasil (Art. 935 do CC).
Como já citado, a sentença condenatória transitada em julgado na esfera criminal gera título
executivo judicial, fixando a autoria e a materialidade, que não mais poderão ser discutidas na
esfera civil. A lei autoriza o juiz fixar, na sentença condenatória, independentemente do pedido das
partes, um valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuí-
zos sofridos pelo ofendido (CPP, Art. 387, IV):
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
(...)
IV – fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido;
Conforme a própria ressalva da Lei, isso, contudo, não impede que a vítima pretenda valor
superior ao fixado na sentença. Nesse caso, deverá valer-se da liquidação para apuração do dano
efetivamente sofrido.
→→ ATENÇÃO! Quem executa a ação de indenização é o juiz cível, visto que o CC prevê, no Art.
935, que as esferas são independentes!

Sentença Absolutória
Havendo sentença de absolvição por inexistência de fato, negativa de autoria ou excludentes, não
há que se falar em demanda de ação civil (Arts. 65 e 66 do CPP).
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Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil PODERÁ ser proposta quando
não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
No entanto, o Art. 67 salienta que cabe a ação civil em outros casos:
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
→→ ATENÇÃO! Tourinho Filho, entre outros doutrinadores, afirma que em havendo inexistên-
cia de fato ou excludente de ilicitude, o arquivamento do IP faz coisa julgada cível!
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade;
O artigo 107 do CP estabelece uma série de formas da extinção da punibilidade. No caso de extinção
da punibilidade do agente por Abolitio Criminis ou morte, a doutrina entende que PERSISTIRÁ o dever
de indenizar, logo, cabível a ação civil. O mesmo ocorre em havendo a prescrição, renúncia, retratação e o
perdão judicial. Anistia, graça e indulto igualmente não impedem a ação civil.
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
O Art. 386 do CPP estabelece as hipóteses cabíveis de absolvição, por isso é preciso analisar cada
hipótese per si:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I – estar provada a inexistência do fato;
Como já visto, a inexistência material do fato impede a propositura da ação civil ex delicto. A
argumentação é que se torna incoerente uma absolvição criminal associada com uma futura conde-
nação civil.
II – não haver prova da existência do fato;
Pelo princípio do favor rei, ou in dubio pro reo, o juiz acaba por absolver o réu em sentença abso-
lutória. Isso não impede a propositura da ação civil.
III – não constituir o fato infração penal;
O fato praticado pelo agente pode não estar tipificado como crime, mas pode constituir ilícito civil.
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
Ora, se o réu não concorreu com o crime, não há sentido em abrir as portas para a indenização civil.
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
Fato semelhante ao inciso II, tal qual deverá ser tratado da mesma forma, ou seja, é hipótese per-
missiva de ação civil.
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º
do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
Neste caso, o réu foi absolvido porque existem circunstâncias que excluem o crime ou isentam de
pena. A regra aqui é que não cabe a pretensão indenizatória da esfera civil. No entanto, excepcional-
mente poderá haver ação civil nos casos:
a) Estado de necessidade agressivo (Arts. 929 e 930 do CC): trata-se de uma situação de perigo
em que é sacrificado o bem de terceiro diverso daquele causador de perigo. O ato apenas será
legítimo quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessários, não excedendo os
limites do indispensável para a remoção do perigo.
b) Legítima defesa real e aberratio ictus (erro na execução): caberá ação civil na legítima defesa
real quando o acusado tiver atingido terceiro inocente. Em havendo erro na execução, caberá
a ação indenizatória.
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E quanto às excludentes de ilicitude e aberratio ictus putativa, cabe ação civil? A doutrina majori-
tária entende que essa decisão não faz coisa julgada civil, portanto não impede a implantação da ação
indenizatória.
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Por fim, de forma análoga aos demais casos, a falta de provas não impede a propositura da ação civil.
→→ ATENÇÃO! Em regra, as excludentes de culpabilidade não impedem a ação civil!

Sentença Absolutória Imprópria


Essa ação julga improcedente a pretensão punitiva estatal, aplicando neste caso uma medida de
segurança. O juiz reconhece o fato típico e antijurídico, mas afasta a culpabilidade do agente. Nestes
casos, é cabível a ação civil de conhecimento contra o próprio incapaz ou contra o seu responsável
legal (Art. 932 do CC).
Exercícios
01. João foi vítima de um crime de furto praticado por Pedro. A res furtiva não foi recuperada
pela vítima. Instaurado inquérito, apuraram-se a autoria e a materialidade e ofereceu-se a
denúncia contra Pedro.
Nessa situação hipotética, a propositura da ação civil ex delicto contra Pedro
a) estará prejudicada, por haver litispendência.
b) independerá da existência da ação penal.
c) será inadmissível, pois ninguém pode ser punido duas vezes pela prática do mesmo fato.
d) dependerá do trânsito em julgado da sentença penal.
e) dependerá da condenação do acusado por órgão jurisdicional colegiado.
02. Sobre a ação civil, assinale a afirmativa INCORRETA.
a) A ação de ressarcimento de danos poderá ser proposta no juízo cível contra o autor do crime
e, se for o caso, contra o responsável civil.
b) A decisão que julgar extinta a punibilidade não impedirá a propositura da ação civil.
c) O despacho de arquivamento do inquérito não impedirá a propositura da ação civil.
d) Intentada a ação penal, o juiz da ação civil não poderá suspender o curso desta até o julga-
mento definitivo daquela.
Gabarito
01 - B
02 - D
Referências Bibliográficas
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Processual Penal. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
TÁVORA, N.; ALENCAR, R.R. Curso de Direito Processual Penal. 12. ed. Salvador: JusPodivm,
2017.

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