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DIREITO PENAL II

Prof. Jordan Tomazelli Lemos


Advogado. Mestre em Direito Processual pela UFES.

E-mail
jordanlemos@professor.multivix.edu.br
Unidade V:
Extinção da Punibilidade
Extinção da Punibilidade:
jus puniendi

GRECO, p. 866.
Conceito de crime

A extinção da punibilidade só é constatada após identificação


de fato típico, ilícito e culpável, razão pela qual há sim crime
(conceito tripartite).

Doutrina minoritária adota a teoria quadripartite de crime.


Rol taxativo? (ANPP)

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:


I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito,
nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Art. 61 do CPP: Em qualquer fase do processo, o juiz, se
reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.

Reconhecimento de ofício, a qualquer tempo (inclusive após


o trânsito em julgado). Demanda ação penal em curso.
Quando há somente investigação (inquérito policial), há um
simples arquivamento.
Morte do agente

Art. 62 do CPP: No caso de morte do acusado, o juiz somente à


vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério
Público, declarará a extinção da punibilidade.

Expedição de ofício ao Cartório de Registro Civil.

A pena de multa não poderia ser cobrada em desfavor da


herança, já que seria espécie de pena (princípio da
intranscendência).

E se, após o trânsito em julgado, for descoberta a falsidade


documental?
Morte do agente
Falsidade documental

Doutrina majoritária: vedação à revisão pro societate (Pacto de


San Jose da Costa Rica, 1969 - O acusado absolvido por
sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a
novo processo pelos mesmos fatos). Responderia apenas pelo
crime de falso.

STF e STJ: a reabertura do processo não violaria coisa julgada


em razão de fato juridicamente inexistente, que não possui
capacidade de produzir efeitos.
Anistia, graça e indulto

Art. 5º, XLIII da CRFB/88: a lei considerará crimes


inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos.

Art. 2º da Lei nº 8.072/90: Os crimes hediondos, a prática da


tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto.
Anistia

Art. 187 da LEP: Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a


requerimento do interessado ou do Ministério Público, por
proposta da autoridade administrativa ou do Conselho
Penitenciário, declarará extinta a punibilidade.

Concedida pelo Congresso Nacional antes (própria) ou


depois da condenação (imprópria). Independe de aceitação.

Extingue todos os efeitos, inclusive, reincidência. Subsiste


dever de indenizar.
Anistia

Greve PMES 2017: ES concedeu anistia administrativa


(ALES), apenas em relação a PAD’s.

Concedido ao delito, não à pessoa individualizada.


Graça

Concedida pelo Presidente da República via Decreto, a


pessoa individualizada (indulto individual).

Subsistem os efeitos acessórios da condenação:


reincidência, perda mandato, suspensão direitos políticos,
etc.
Indulto

Concedida pelo Presidente da República via Decreto,


atingindo um número indefinido de condenados. Natureza
do crime e quantidade da pena aplicada.

Subsistem os efeitos acessórios da condenação.

Súmula 631 do STJ: "O indulto extingue os efeitos primários


da condenação (pretensão executória), mas não atinge os
efeitos secundários, penais ou extra penais.”
Retroatividade de lei: Abolitio
Criminis (art. 5º, XL da CF)
Art. 2º do CP: Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo


favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Efeitos secundários são extintos, permanecendo apena os


efeitos cíveis.
Retroatividade da
Jurisprudência
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que é
impossível se falar em irretroatividade de interpretação
jurisprudencial, pois o ordenamento jurídico somente proíbe
a retroatividade da lei penal mais gravosa. Isso porque a
jurisprudência corresponde apenas à melhor interpretação a
ser dada a lei já existente. (STJ - AgRg no HC 694.513/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 05/10/2021, DJe 13/10/2021).

Súmula 174, STJ: No crime de roubo, a intimidação feita com


arma de brinquedo autoriza o aumento da pena.
Decadência e Perempção
Prazo para representação e queixa previsto no art. 103 do CP.

Perempção: hipóteses previstas no art. 60 do CP. Situações


voltadas à ação penal de iniciativa pública. Não dizem respeito
às ações penais públicas (condicionada ou incondicionada) ou
à ação penal privada subsidiária da pública.

"A perempção, como perda do direito de prosseguir na ação


penal de iniciativa privada, é uma sanção jurídica, imposta ao
querelante por sua inércia, negligência ou contumácia. Não
pode ocorrer, portanto, antes de proposta a queixa."
MIRABETE, Código de processo penal interpretado, p. 121.
Prescrição

Vide trabalho do 2º Bimestre.


Renúncia / Perdão na
ação Penal Privada

Vide esclarecimentos em Unidade IV.


Retratação do Agente

Ocorre quando o suposto autor do fato reconhece o


erro e volta atrás em sua conduta. Deve haver previsão
em lei, a exemplo do art. 143 do CP (calúnia e
difamação).
Perdão Judicial
Súmula 18 STJ (em contraposição ao art. 120 do CP): A
sentença que concede perdão judicial, por ser
meramente declaratória, não produz efeitos
condenatórios de nenhuma ordem.

Art. 121, §5º do CP: Na hipótese de homicídio culposo, o


juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente
de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Perdão Judicial

JESUS, Damásio E. de. Direito penal – Parte geral, v. 1, p. 597.

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